FREYRE, Gilberto“Características gerais da colonização portuguesa do Brasil: formação de uma sociedade agrária, escravista e híbrida”. In. Casa grande.

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Transcrição da apresentação:

FREYRE, Gilberto“Características gerais da colonização portuguesa do Brasil: formação de uma sociedade agrária, escravista e híbrida”. In. Casa grande & senzala. Rio de janeiro: record, 2001 Aluna: Lia Patatt

A colonização portuguesa do fácil mercantilismo, no Brasil passa para agrícola, utilizando-se do trabalho escravo dos índios e mais tarde do negro trazido da África .

A vocação de aventurar-se pelo mundo desconhecido, faz parte da origem e da localização de Portugal – entre a África, do homem da pele queimada e da Europa, do homem germânico, do direito romano, do cristianismo bem como maometanismo; misturas que contribuíram para a formação da nova cultura.

A facilidade de adaptação é característica do êxito do português navegador do séc. XV. Essa mobilidade foi um dos segredos da vitória, mesmo sendo um povo de número inexpressível, bem como a miscibilidade do português com mulheres negras e índias, permitindo assim o domínio de vastas terras.

Na conquista das terras o clima também foi fator de influência do povo português, pois outros povos europeus brancos habitantes do clima frio sucumbiram ao calor dos trópicos, com o surgimento de doenças desconhecidas.

Destaca-se algumas mudanças no povo português no Brasil : na alimentação do trigo para mandioca, na lavoura pela diversidade de solo bem como a sua infertilidade, insetos e vermes nocivos ao homem. Já o colonizador inglês dos Estados Unidos encontrou condições de vida física semelhantes a pátria-mãe.

O colonizador português deslocou a base da economia que era a extração da riqueza mineral, vegetal ou animal, para solidificar-se com a agricultura trazendo para cá famílias, sementes, instrumentos agrícolas bem como escravos africanos.

Na área penal perseguia-se mais aqueles que buscavam açoitar o homicida. Estupradores eram incentivados vir para o pais por interesse da Coroa, no intuito de aumentar o número de pessoas.

O sucesso dos portugueses nas novas terras da América dá-se às experiências acumuladas no séc. xv na Ásia e na África, como conhecimento de certas plantas e a capacidade do negro para o trabalho agrícola.

A formação social se processa no Brasil de 1532 em diante tendo a família rural ou semi rural por unidade, quer das pessoas casadas vindas do reino quer das famílias aqui constituídas entre colonos e caboclas ou índias.

Dentre as dificuldades encontradas por Portugal está a diferença entre os povos já colonizados e por ele visitado, como a Ásia, que produziam especiarias, aqui encontraram um povo simples que tinha como alimento a base da mandioca. A alternância dos períodos de secas e enchentes prolongadas era outro fator dificultoso.

Os rios também tiveram fatores primordiais ao desenvolvimento, pois através deles bandeirantes e missionários venciam suas quedas em busca do ouro e escravos, bem como de almas para o Senhor, respectivamente.

Para a formação do povo brasileiro, Portugal não se preocupa em fazer uma raça pura. Era somente exigido que a pessoa fosse católica. Deslocava-se um frade a todo o navio para examinar a fé, a religião do adventício. Diferente da colonização anglo-saxão que se preocupava com a raça, o tipo físico, não importando a religião.

O catolicismo foi o cimento da unidade do Brasil. Era uma sociedade de extremos: os brancos das casas-grandes e os negros das senzalas. Os grandes proprietários de terras e os pretos seus escravos.

Na formação da nossa sociedade, o mau regime alimentar decorrente da monocultura, por um lado, e por outro da inadaptação ao clima, agiu sobre o desenvolvimento físico e sobre a eficiência econômica. Essa deficiência alimentar atingia não somente escravos como também os próprios senhores de engenhos.

Escritores relatam que não raro era visto em casa estarem os senhores dos engenhos mal vestidos, bem como suas esposas. Mas na igreja apareciam com anéis e braceletes em ouro.

Os escravos negros no Brasil, com toda a deficiência de seu regime alimentar, eram os elementos melhor nutrido em nossa sociedade patriarcal. Deles numerosos descendentes conservaram bons hábitos alimentares.

Depois do descalabro da Abolição estendida com igual intensidade aos negros e pardos já desamparados da assistência patriarcal das casas-grandes e privados do regime alimentar das senzalas .

Da ação da sífilis pode-se dizer que foi uma doença por excelência das casas-grandes e das senzalas. O filho do senhor de engenho contraia quase brincando entre negras e mulatas ao desvirginar-se precocemente aos doze ou aos treze anos. Pouco depois dessa idade o menino era donzelão.

O brasileiro ostentava a marca de sífilis como quem ostenta uma ferida de guerra. De todas as influências sociais talvez a sífilis tenha sido, depois da má nutrição, a mais deformadora da plástica e a mais depauperadora da energia econômica do mestiço brasileiro

A tradição conservadora no Brasil sempre se tem sustentado do sadismo do mando, disfarçado em princípio de Autoridade ou defesa da Ordem. Entretanto estas duas místicas – a da Ordem e a Liberdade, a da Autoridade e a da Democracia – é que se vem equilibrando entre nós a vida política, precocemente saída do regime de senhores e escravos.

Na verdade, o equilíbrio continua a ser entre as realidades tradicionais e profundas: sadistas e masoquistas, senhores e escravos, doutores e analfabetos, indivíduos de cultura predominantemente européia e outros da cultura principalmente africana e ameríndia.

A formação brasileira tem sido, na verdade, um processo de equilíbrio de antagonismos. Antagonismos de economia e de cultura. A cultura européia e a indígena. A européia e a africana. A africana e a indígena. A economia agrária e a pastoril. A agrária e a mineira. O católico e o herege.

O jesuíta e o fazendeiro. O bandeirante e o senhor de engenho O jesuíta e o fazendeiro. O bandeirante e o senhor de engenho. O paulista e o emboaba. O pernambucano e o mascate. O grande proprietário e a pátria. O bacharel e o analfabeto. Mas predominando sobre todos os antagonismos o mais geral e o mais profundo: o senhor e o escravo.

É verdade que agindo sempre, entre tantos antagonismos contundentes, amortecendo-lhes o choque ou harmonizando-os, condições de confraternização e de mobilidade social peculiares ao Brasil.

O Homem Cordial Para Sérgio Buarque, o Estado não é uma continuidade da família. Dá o exemplo de tal confusão com a história de Sófocles sobre Antígona e seu irmão Creonte, onde havia um confronto entre Estado e família. A impossibilidade que o brasileiro tem em se desvincular dos laços familiares a partir do momento que esse se torna um cidadão, gera o “homem cordial”.

O Brasil é uma sociedade onde o Estado é apropriado pela família, os homens públicos são formados no círculo doméstico, onde laços sentimentais e familiares são transportados para o ambiente do Estado, é o homem que tem o coração como intermédio de suas relações, ao mesmo tempo em que tem muito medo de ficar sozinho.

Novos Tempos Há na sociedade brasileira atual, um apego muito forte ao recinto doméstico, uma relutância em aceitar a superindividualidade. O bacharelado era muito almejado por representar prestígio na sociedade colonial urbana.

Para ele a democracia foi no Brasil “sempre um mal-entendido” Para ele a democracia foi no Brasil “sempre um mal-entendido”. Os grandes movimentos sociais e políticos vinham de cima para baixo, o povo ficou indiferente a tudo.

Muitos traços da nossa intelectualidade ainda revelam uma mentalidade senhorial e conservadora. Fala da importância da alfabetização para o Brasil.