SOFRIMENTO NO TRABALHO

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Transcrição da apresentação:

SOFRIMENTO NO TRABALHO Entrevista concedida pelo Prof. Wanderley Codo (do Laboratório de Psicologia do Trabalho da Universidade de Brasília – PST-UnB) à jornalista Heloísa Torres do Programa Almanaque da Globo News

Trabalho e Saúde Mental Pesquisas demonstram que o trabalhador desgasta o que usa. As Doenças Mentais têm sido chamadas de Mal do Século XXI pelos psicólogos. O trabalho sempre pode comprometer a Saúde Mental das pessoas. Os primeiros estudos são de 1917. Agora está acontecendo um deslocamento das forças físicas para a cabeça (ex: Lula). Essa é uma das causas para a Saúde Mental ser a 2ª. Causa de afastamento do trabalho. As doenças osteomusculares (ex: LER) são as 1as., mas elas têm um componente psicossomático.

Doenças Mentais do Trabalho Qualquer Doença Mental pode ser atribuída ao trabalho. O trabalho é uma esfera da vida tão importante quanto a sexualidade, a família, a educação, as relações sociais e afetivas, etc. Assim como qualquer Doença Mental pode ser atribuída à sexualidade, qualquer problema mental pode ser atribuído ao trabalho.

Diagnóstico do Trabalho Faz-se um Levantamento Epidemiológico, que indica o que é idiossincrático (da estrutura de cada um: família, trabalho, classe social). Se você perdeu o pai ou a mãe é provável que fique deprimida, mas é pouco provável que 30% das pessoas tenham perdido a mãe ao mesmo tempo. Faz-se o Diagnóstico Integrado do Trabalho. Envolve observações, entrevistas, aplicação de instrumentos. É um processo interdisciplinar (conta com o administrador, psicólogo, sociólogo, assistente social, médico, etc.). A idéia é perceber a dimensão subjetiva do trabalho (novidade). No séc. XXI, a marca do trabalho é a subjetividade isto é, como cada um representa a sua experiência com o trabalho: a Saúde e a Doença Mental. Ex: a discussão popular sobre o estresse.

Trabalho e Síndrome de Burnout Ocorre entre cuidadores (profissionais da educação e da saúde). Ex: professores: a relação afetiva professor-aluno é extremamente complicada. Sentem uma impossibilidade de resolver afetivamente o drama de ensinar, que gera uma desistência simbólica. Sintomas da Síndrome de Burnout: Exaustão emocional (você fica cansado já quando levanta, conta os dias para as férias, sai correndo do trabalho, etc.); Despersonalização (vira-se um objeto e perde-se a identidade: não se vê diferenças pessoais entre um e outro); Baixo Comprometimento: você não quer participar do processo, foge de reuniões, etc.

Síndrome de Burnout: características Incidência: Acontece mais em lugares ricos do que pobres. Em cidades pequenas se dá maior importância ao cuidador, que se sente mais prestigiado, honrado, respeitado, do que na cidade de São Paulo, onde ele é anônimo. Dificuldade de identificação: Indivíduos poliqueixosos, porque ele tem uma dor que ele não sabe identificar e busca uma explicação, mas o médico examina e diz que ele não tem nada. Depoimento de uma professora: passa a maior parte do tempo na escola, leva trabalho pra casa, se envolve muito. Fica nervosa.

Doenças Mentais: enfrentamento Como se livrar do problema do professor: É preciso de um Programa de Valorização do Profissional em todos os sentidos; em nível social, de salário, de status dentro da sociedade. Suporte social: criar uma estrutura de apoio por parte da comunidade, dividindo a responsabilidade. Como se livrar do problema do bancário: Síndrome do Trabalho Vazio: um sofrimento de perda do que nunca teve, é uma dificuldade de visualizar o produto do seu trabalho. A idéia é enriquecer o trabalho: num banco, a pessoa tem que trabalhar como uma máquina e, como uma, não pode falhar. É preciso que o profissional se identifique no trabalho (conheça e seja reconhecida pelos clientes) e se construa através daquilo que faz.

Doenças Mentais: homens x mulheres Antigamente, acreditava-se que as mulheres apresentavam mais histeria e os homens mais obsessões. Com as mudanças provocadas pela maior entrada da mulher no mercado de trabalho, a situação se inverteu: homens com histeria (funções de cuidado; saúde e educação) e mulheres com obsessão (cargos de chefia). Portanto, doenças que antes se pensava que eram ligadas ao gênero (masculino e feminino), na verdade é uma doença ligada ao trabalho (a função que se desempenha).

Trabalho e loucura Os livros publicados pelo Laboratório de Psicologia do Trabalho (Trabalho, humanização e cultura, Saúde mental e trabalho, Educação: carinho e trabalho e Trabalho enlouquece) pretendem dar acesso às pessoas sobre o seu sofrimento. O trabalho pode enlouquecer as pessoas tanto quanto qualquer coisa importante na vida das pessoas. Tudo o que for importante para sua identidade pode provocar sofrimento psíquico, pode ser portador da loucura: suas relações na escola, na família, no trabalho, etc.

Atendimento clínico do trabalho Os clínicos não estão preparados para lidar como o trabalho. Eles acham normal que algo que aconteceu na infância provocou um problema mental para a vida inteira, mas algo que você faz 8 horas por dia, 5 dias por semana, durante 20/30 anos provoca um problema de saúde mental, eles acham estranho. Desenvolvemos uma clínica que pensa o sofrimento a partir do trabalho, o que permite uma intervenção muito mais rápida do que quando se é ignorante a respeito da dimensão do trabalho.

Saúde Mental no trabalho: os patrões e o futuro Quando começamos a estudar, os empresários tinham muito medo das conclusões. Eles achavam que ia perturbar a imagem da empresa (lugar onde as pessoas adoecem). Eles vêm percebendo que a saúde mental é um aliado da produtividade. Saúde mental e trabalho é um dos grandes problemas para se resolver em termos da estrutura de produção. Ou temos um trabalho prazeroso ou não teremos trabalho (produtividade). Cada ver mais a nossa felicidade depende exatamente da saúde mental do trabalhador.