CANCRO NO SERVIÇO DE ANATOMIA PATOLÓGICA DO HOSPITAL CENTRAL DE MAPUTO

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
«Forte do Bom Sucesso (Lisboa) – Lápides 1, 2, 3» «nomes gravados, 21 de Agosto de 2008» «Ultramar.TerraWeb»
Advertisements

EXERCÍCIOS RESULTADO.
Propriedades físicas representativas de
EVOLUÇÃO E DESAFIOS DAS EXPORTAÇÕES DE CARNES DE AVES E SUÍNOS
Palestras, oficinas e outras atividades
Patrocinadopor Novas tecnologias para o diagnóstico e prevenção das infecções em terapia intensiva Alexandre R. Marra Hospital Israelita.
A busca das mulheres para alcançar seu espaço dentro das organizações
Vamos contar D U De 10 até 69 Professor Vaz Nunes 1999 (Ovar-Portugal). Nenhuns direitos reservados, excepto para fins comerciais. Por favor, não coloque.
João Lúcio de Azevedo ESALQ/USP, UMC, UCS, CBA
Exercício do Tangram Tangram é um quebra-cabeças chinês no qual, usando 7 peças deve-se construir formas geométricas.
MISSÕES ESTADUAIS.
Nome : Resolve estas operações começando no centro de cada espiral. Nos rectângulos põe o resultado de cada operação. Comprova se no final.
SIDA E SARCOMA DE KAPOSI EM CRIANÇAS EM ÀFRICA
Exercícios Porcentagem.
Curso de ADMINISTRAÇÃO
PUCRS - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PEDIATRIA E SAÚDE DA CRIANÇA Início do Mestrado: 1995 Início do Doutorado: 2004 Formou 63 Mestres e 3 doutores Conceito.
ENCONTRO NACIONAL DOS ADMINISTRADORES TRIBUTÁRIOS Belém, 19 de setembro de 2011 Jorge Castro SEFAZ/MA Representante do CONFAZ na SE/CGSN FISCALIZAÇÃO.
Por que trazer o Prêmio para o Brasil Ronaldo A. F. Nogueira Diretor IMF Editora/Revista RI.
Queixas músculo-esqueléticas como causa de alto índice de absenteísmo
1 Actividade Física e Desportiva Dos Alunos da Escola Secundária Manuel de Arriaga Escola Secundária Manuel de Arriaga Ano lectivo 2009/10 Departamento.
Renda até 2 SM.
República Federativa do Brasil Reforma do Estado, Investimento e Poupança Públicos MINISTRO GUIDO MANTEGA São Paulo, 14 de setembro de 2004 I FÓRUM DE.
Indicadores do Mercado de Meios Eletrônicos de Pagamento
Diagnósticos Educativos = Diagnósticos Preenchidos 100% = 1.539
PESQUISA SOBRE PRAZO MÉDIO DA ASSISTÊNCIA NA SAÚDE SUPLEMENTAR
Justificativas Racionalização do uso do Plano – evitar desperdícios Correção de distorções Tratamento isonômico para cônjuges servidores Manutenção da.
Bolha Posição de máx. W2 Ponto de Estagnação
CATÁLOGO GÉIA PÁG. 1 GÉIA PÁG. 2 HESTIA PÁG. 3.
PROCESSOS PRINCIPAIS Alunos - Grau de Satisfação 4971 avaliações * Questões que entraram em vigor em 2011 ** N.A. = Não Aplicável Versão: 07/02/2012 INDICADORES.
LINHAS MAIS RECLAMADAS Ranking Negativo para Fiscalização Direcionada Nivel de Serviço ANO III – Nº 01.
LINHAS MAIS RECLAMADAS Ranking Negativo para Fiscalização Direcionada Conservação - Frota ANO IV – Nº 11.
LINHAS MAIS RECLAMADAS Ranking Negativo para Fiscalização Direcionada Conduta Auxiliar ANO V – Nº 02.
LINHAS MAIS RECLAMADAS Ranking Negativo para Fiscalização Direcionada Nivel de Serviço ANO III – Nº 2.
Trabalho sobre Cor Thiago Marques Toledo.
Indicadores do Mercado de Meios Eletrônicos de Pagamento Setembro de 2006.
Indicadores do Mercado
1 Indicadores do Mercado de Meios Eletrônicos de Pagamento Junho de 2006 Indicadores do Mercado de Meios Eletrônicos de Pagamento Junho de 2006.
1 Indicadores do Mercado de Meios Eletrônicos de Pagamento Dezembro de 2006.
LINHAS MAIS RECLAMADAS Ranking Negativo para Fiscalização Direcionada Conservação - Frota ANO IV – Nº 12.
FISCALIZAÇÃO DIRECIONADA CONSERVAÇÃO - FROTA ANO III – Nº 03.
FISCALIZAÇÃO DIRECIONADA CONDUTA - AUXILIAR ANO III – Nº 05.
FISCALIZAÇÃO DIRECIONADA NÍVEL DE SERVIÇO ANO I – Nº 7.
FISCALIZAÇÃO DIRECIONADA CONSERVAÇÃO - FROTA ANO III – Nº 11.
FISCALIZAÇÃO DIRECIONADA CONDUTA - AUXILIAR ANO III – Nº 02.
FISCALIZAÇÃO DIRECIONADA NÍVEL DE SERVIÇO ANO I – Nº 4.
FISCALIZAÇÃO DIRECIONADA NÍVEL DE SERVIÇO ANO II – Nº 01.
Os números a seguir, representam as notas de
Funcionários - Grau de Satisfação 2096 avaliações
LINHAS MAIS RECLAMADAS Ranking Negativo para Fiscalização Direcionada Conservação - Frota ANO V – Nº 01.
PERFIL DOS BENEFICIÁRIOS E NÃO-BENEFICIÁRIOS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA EM TERMOS DE MERCADO DE TRABALHO: CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS E SUBSTANTIVAS Alessandra.
Tributação da Exportação nas Empresas optantes pelo Simples Nacional
Projeto Marcas que Eu Gosto 1 PROJETO MARCAS QUE EU GOSTO Estudos Quantitativo de Consumidores Janeiro / 2005.
1/40 COMANDO DA 11ª REGIÃO MILITAR PALESTRA AOS MILITARES DA RESERVA, REFORMADOS E PENSIONISTAS - Mar 06 -
CÂNCER DE COLO DO ÚTERO RODRIGO CÉSAR BERBEL.
Projeto Medindo minha escola.
LINHAS MAIS RECLAMADAS Ranking Negativo para Fiscalização Direcionada Conservação - Frota ANO V – Nº 03.
Cruz Alta Nossa Velha - Nova Parte 51 CRUZ ALTA VISTA DO ESPAÇO – Parte
LINHAS MAIS RECLAMADAS Ranking Negativo para Fiscalização Direcionada Conduta - Auxiliar ANO V – Nº 04.
Exposições Ambientais e Impacto na Saúde
SairPróximo Itens de Seleção Probabilidades e Combinatória Cálculo de Probabilidades. Regra de Laplace. ITENS DE SELEÇÃO DOS EXAMES NACIONAIS E TESTES.
SairPróximo Itens de Seleção Probabilidades e Combinatória Cálculo Combinatório. Problemas de Contagem. ITENS DE SELEÇÃO DOS EXAMES NACIONAIS E TESTES.
1 Aplicações do Fecho Regular. 2 A interseção de uma linguagem livre de contexto e uma linguagem regular é uma linguagem livre de contexto livre de contexto.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Olhe fixamente para a Bruxa Nariguda
LINHAS MAIS RECLAMADAS Ranking Negativo para Fiscalização Direcionada Nível de Serviço ANO III – Nº 09.
LINHAS MAIS RECLAMADAS Ranking Negativo para Fiscalização Direcionada Conduta - Auxiliar ANO V – Nº 07.
Datas da Páscoa 1980 à 2024.
Equipe Bárbara Régis Lissa Lourenço Lucas Hakim Ricardo Spada Coordenador: Gabriel Pascutti.
AVALIAÇÕES FÍSICAS EVOLUÇÃO PILAR FÍSICO. QUADRO FERJ 85% 79%78% 82% 91% EM MAIO DE 2007 ERAM 56% DE APROVADOS 93% 92% 95%
LEILÃO nº 3/2014 Dia 12 de setembro, às 14 horas.
Transcrição da apresentação:

CANCRO NO SERVIÇO DE ANATOMIA PATOLÓGICA DO HOSPITAL CENTRAL DE MAPUTO ESTUDO RETROSPECTIVO DE 18 ANOS (1991-2008) Cesaltina Ferreira Lorenzoni,MD, MSc Especialista em Anatomia Patológica I ª JORNADAS CIENTÍFICAS DO HOSPITAL CENTRAL DE MAPUTO

Estrutura da apresentação INTRODUÇÃO EPIDEMIOLOGIA DO CANCRO JUSTIFICAÇÃO PARA O ESTUDO OBJECTIVOS MATERIAL E MÉTODOS RESULTADOS E DISCUSSÃO CONCLUSÕES RECOMENDAÇÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Introdução (1) Causa multifactorial 90% - factores ambientais, potencialmente preveníveis (tabaco, maus hábitos alimentares, sedentarismo, exposição ocupacional, má higiene pessoal, actividade sexual promíscua, consumo excessivo de álcool, entre outros). 43% dos cancros associam-se a: Tabaco Infecções Maus hábitos alimentares Silva, 1999; Stewart e Kleihues, 2003

Introdução (2) O cancro é um importante problema de saúde pública Elevadas taxas de morbimortalidade Em 2002 – 24,6 milhões de pessoas viviam com cancro 10,9 milhões de novos casos 6,7 milhões de mortes Em 2020 estima-se que o número de novos casos de cancro irá aumentar para 15 milhões e que o numero de mortes irá aumentar para 12 milhões Ferlay et al, 2004; Parkin et al, 2005, Stewart e Kleihues, 2003, WHO, 2005 4

Incidência e mortalidade do cancro no mundo Situação no mundo Stewart e Kleihues, 2003 Cancros mais frequentes no mundo em ambos os sexos: cancros do pulmão (12,3%), mama (10,4%) (Parkin et al, 2005a). Cancros mais mortais: pulmão (17,8%) estômago (10,4%) e fígado (8,8%) (Stewart e Kleihues, 2003)

Situação na África Sub-Sahariana Incidência na África Sub-Sahariana Stewart e Kleihues, 2003

Situação em Moçambique Poucos estudos: 1º Registo do Cancro – base populacional (ex-Lourenço Marques) – década de 50-60. 2º Registo do cancro - base laboratorial (Serviço de Anatomia Patológica do HCM) – 1970-90. Último registo de Maputo. Desde 2005: Registo do cancro da Cidade da Beira – ( base populacional) .

Justificação Em Moçambique as DNT, onde está incluído o cancro, são um problema importante de saúde pública e constituem uma das prioridades para o presente quinquénio (MISAU, 2008; PARPA II, 2006). Dados do cancro em Moçambique são escassos. O conhecimento da situação actual do cancro é fundamental para estabelecimento de acções de prevenção e tratamento precoce. Os registos de cancro são instrumentos fundamentais para o estudo do cancro. Os registos de cancro com base em diagnóstico anatomopatológico são importantes fontes de informação, particularmente na ausência de registos de base populacional.

Objectivos do estudo Objectivo geral: Contribuir para o conhecimento do perfil do cancro a partir dos casos diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo entre os anos 1991 e 2008. Objectivos específicos: Descrever as principais localizações anatómicas dos cancros Descrever a frequência absoluta e relativa, e a sua distribuição por idade, sexo, raça, proveniência e métodos de diagnóstico Descrever os diferentes tipos histológicos Descrever as tendências de distribuição dos cancros mais frequentes ao longo do tempo e por grupos etários

Material e métodos (1) Tipo, Local e População de estudo Estudo descritivo, retrospectivo. Todos os casos de cancro consecutivamente diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica (SAP) do Hospital Central de Maputo. Período de 18 anos (de 01/01/1991 – 31/12/2008). Recolha a partir de Requisições e Livros de registo do SAP. Aprovado pelo Comité Nacional de Bioética para a Saúde (CNBS) .

Material e métodos (2) Dados de identificação da análise: Número da análise Nome Residência Proveniência Dados demográficos: Idade Sexo Raça Dados de diagnóstico: Data do diagnóstico Método de diagnóstico Localização (topografia) Morfologia  Base e análise de dados Base em Access. Análise em SPSS (versão 15.0) e STATA (versão 11.0).

Resultados e Discussão

Total de cancros com proveniência conhecida Número de cancros e respectivas percentagens por província (entre parentesis e a azul) diagnosticados entre 1991-2008, em relação ao número de habitantes (em milhares e a preto – censo de 1997). Usou-se para o cálculo das percentagens, o número total de cancros com proveniência conhecida (15163casos). Figura adaptada de INE, 2º censo geral da população, 1997 Tete 1,227.8 hab. Niassa Cabo Delgado Nampula Zambézia Sofala 1,370.7 hab. Manica 1,041.0 hab. Inhambane 1,158.9 hab. Maputo Cidade 989.4 hab. Maputo Provincia 832.1 hab. Gaza 1,118.5 hab. (52; 0,0%) (328; 2,0%) (7; 0,0%) (146; 1,0%) (233; 2,0%) (97; 1,0%) (10; 0,0%) (87; 1,0%) (393; 3,0%) (100; 1,0%) (13710; 89,0%) Total de cancros 16150 Total de cancros com proveniência conhecida 15163 Total de cancros da Cidade da Maputo 13710

Total de cancros provenientes da Cidade da Maputo Frequência trienal de cancros provenientes da Cidade de Maputo, em percentagens, ambos os sexos, SAP-HCM, 1991-2008 Total de cancros provenientes da Cidade da Maputo 13710 casos

Frequência dos cancros diagnosticados da Cidade de Maputo por sexo, raça e proveniência. SAP-HCM, 1991-2008 Sexo Frequência % Masculino 5808 42,4 Feminino 7846 57,2 Sem informação 56 0,4 Raça Negra 12413 90,5 Branca 239 1,7 Mista 338 2,5 Outras 66 0,5 654 4,8 Proveniência HCM 12237 90 Hospitais Gerais 920 6 Clínicas/consultórios privados 418 3 Centros de Saúde 124 1 11 Total 13710 100

Grupo Etário Sexo Total Masculino Feminino Sem informação N % 0 – 4 139 2,4 99 1,3 4 7,1 242 1,8 5 – 9 168 2,9 143 3 5,4 314 2,3 10 – 14 122 2,1 79 1,0 1 202 1,5 15 – 19 156 2,7 171 2,2 330 20 – 24 225 3,9 349 4,4 . 0,0 574 4,2 25 – 29 316 544 6,9 860 6,3 30 – 34 350 6,0 768 9,8 5 8,9 1123 8,2 35 – 39 424 7,3 830 10,6 1255 9,2 40 – 44 414 903 11,5 1322 9,6 45 – 49 471 8,1 793 10,1 1267 50 – 54 445 7,7 787 10,0 9 16,1 1241 9,0 55 – 59 449 560 1014 7,4 60 – 64 571 644 6 10,7 1221 65 – 69 493 8,5 408 5,2 2 3,6 6,6 70 – 74 475 285 762 5,6 75 – 79 235 4,0 164 399 80 – 84 128 74 0,9 85 – 89 68 1,2 46 0,6 115 0,8 SI 159 199 2,5 363 2,6 5808 100,0 7846 56 13710 100 N – número de casos. SI – sem informação Frequência dos cancros diagnosticados, provenientes da Cidade de Maputo, por grupos etários e por sexo, SAP-HCM, 1991-2008

Frequência de cancros provenientes da Cidade de Maputo por métodos de diagnóstico, SAP-HCM, 1991-2008

Distribuição percentual das dez localizações de cancro mais frequentes, por sexo, no SAP-HCM, 1991-2008

Incidência do cancro/100 000 hab. ex-Lourenço Marques ,1956-60 Localização No. casos (todas as idades) % Incidência ajustada a idade Fígado 264 65.5 101.7 Bexiga 24 6.0 17.1 Linfomas não-Hodgin 18 4.5 5.2 Pele (excepto melanomas) 13 - 7.6 Próstata 10 2.5 9.0 Todos locais 403 100 184 Homens Localização No. Casos (todas as idades) % Incidência ajustada a idade Fígado 61 31.0 31.4 Colo útero 42 21.3 29.1 Bexiga 21 10.7 14.0 Boca 10 5.1 7.0 Pele (excepto melanomas) 9 - 7.6 Todos locais 197 100 122.2 Mulheres Prates e Torres, 1969

Registo do cancro, Serviço de Anatomia Patológica – HCM, 1970-90 Frequência do cancro por sexo (3 mais frequentes) Homens Localização % Fígado 34.8 Pele 14.0 Gânglio linfático 6.2 Outras localizações 45.0 Mulheres Localização % Colo do útero 25.6 Fígado 14.2 Pele 10.5 Outras localizações 49.8 N= 13194 (homens – 46%; mulheres – 52%; sem informação – 2%)

Distribuição dos dez cancros mais frequentes por sexo e por grupos etários, SAP-HCM, 1991-2008 15-34 anos 35-54 Anos

55- 64 Anos

≥ 65 Anos

Frequência trienal de cancros provenientes da Cidade de Maputo, em percentagens, ambos os sexos, SAP-HCM, 1991-2008

Distribuição dos cancros mais comuns ao longo do tempo, SAP-HCM, 1991-2008 Cancro do Colo do Útero Cancro da Mama feminina Cancro da Próstata Cancro do Esófago 25

Linfoma nao-Hodgkin Sarcoma de Kaposi Cancro da conjuntiva Cancro do Fígado

Cancro na Infância

Distribuição percentual dos dez cancros mais frequentes por sexo no grupo etário dos 0-14 anos, SAP-HCM, 1991-2008

Frequência por grupos etários, dos 5 cancros mais frequentes na infância, SAP-HCM, 1991-2008

Limitações Registo de base laboratorial Alguma insuficiência de dados

Conclusões (1) Este estudo é o mais actualizado em relação ao perfil do cancro na Cidade de Maputo. Observa-se um aumento em 21% de número de casos de cancro diagnosticados ao longo dos 18 anos. O cancro do colo do útero é o mais frequente mesmo considerando ambos os sexos em conjunto e reflecte provavelmente a ausência de programas de rastreio. Na mulher, os cancros mais frequentes são os cancros do colo do útero, da mama e o sarcoma de Kaposi. No homem, lideram o cancro da próstata, o sarcoma de Kaposi e o cancro do fígado. Na infância os cancros mais comuns são os linfomas não Hodgkin e o sarcoma de Kaposi.

Conclusões (2) A epidemia do HIV/SIDA em Moçambique e a maior capacidade de detecção diagnóstica trouxe mudanças do padrão de ocorrência dos cancros: O aumento da frequência dos cancros da próstata, do esófago e da mama, está provavelmente em relação com uma maior capacidade de detecção e precisão diagnóstica. O aumento da frequência do sarcoma de Kaposi, dos linfomas não Hodgkin, do cancro da conjuntiva e de alguns cancros do colo do útero esta provavelmente em relação com a epidemia do HIV/SIDA. A distribuição destes cancros não poupou qualquer idade.

Recomendações Melhorar o sistema de registo de dados recolhidos por rotina. Implementar a curto prazo um Registo do Cancro de Base Populacional para a cidade de Maputo. Reforçar e prosseguir com programas de prevenção e de detecção precoce dos cancros mais comuns. Realizar estudos na população, sobre factores de risco dos cancros mais comuns para estabelecer programa de prevenção adequados

Referências bibliográficas Anyanwu, S.N.C. (2008). Temporal treands in breast cancer presentation in the third word. Journal of Experimental & Clinical Cancer Reserarch 27:1756-9966-27-17. Arlin, Z.A., Mittelman, A., Gebhard et al (1983). Chonic lymphocytic leukaemia in a bisexual man. Cancer Invest 1:549-50. Ateenyi-Agaba, C. (1995) Conjunctival squamous-cell carcinoma associated with HIV infection in Kampala, Uganda. Lancet 345: 695–696. Bah, E., Parkin, M.D., Hall, A.J. et al (2001). Cancer in the Gambia: 1988-97. Br J Cancer 84:1207-14. Biggar, R.J., Melbye, M., kestems, L. et al. (1984). Kaposi’s sarcom in Zaire is not associated with HTLV-III infection. N Engl. J. Med 311: 1051-52. Bijlsma, F. (1981). Malignant tumours in Mozambiquan Africans with special reference to primary liver carcinoma. Trans. R. Soc. Trop. Med. Hyg 75:451-4. Bosch, F.X., Lorincz, A., Munoz, N. et al (2002).The causal relation between human papillomavirus and cervical cancer. J Clin Pathol 55:244-65. Bonser, G.M. Cancer hazards of pharmacy. (1967). Br.Med. J 4:129-34. Bradshaw, E., McGlashan, N.D., Fitzgerld, D. et al (1982). Analyses of cancer incidence in black gold miners from Southern Africa (1964-79). Br. J. Cancer 46:737-48. Brinton, L. A., Hamman, R.F., Huggins, G.R. et al (1986). Sexual and reproductive risk factors for invasive squamous cervical cell cancer. J. NatI. Cancer Inst 79: 23-30. Brinton, L.A., Reeves, W.C., Brenes, M.M. et al. (1989) Parity as a risk factor for cervical cancer. Am. J. Epidemiol 130: 486-96. Carrilho, C., Gouveia, P., Cantel, M. et al (2003). Characterization of Human papillomavirus infection, P53 and Ki-67 expression in cervix cancer of Mozambican women. Pathol Res Pract 199:303-11. Carrilho, C., Cirnes, L., Alberto, M. et al (2005). Distribution of HPV infection and tumour markers in cervical intraepithelial neoplasia from cone biopsies of Mozambican women. J Clin Pathol 58:61-68. Carrilho, C., Modcoicar, P., Cunha, L., et al (2009). Prevalence of Helicobacter pylori infection, chronic gastritis, and intestinal metaplasia in Mozambican dyspeptic patients. Virchows Arch 454:153-60. Castellsague, X., Klaustermeier, J.E., Carrilho, C. et al (2008): Vaccine-related HPV genotypes in women with and without cervical cancer in Mozambique:Burden and potential for prevention. Int J Cancer 122:1901-04. Cotran, R., Kumar, V., Robbins, S., (2004): Patologia Estrutural e Funcional. 7ª Edição, Guanabara- Rio de Janeiro, pp 213-1149 Cuzick, J., de Stavola, B., McCance, D.et al. (1989). Case-control study of cervix cancer in Singapore. Br. J. Cancer 60: 238-43.

de Sanjose, S. , Munoz N. , Bosch, F. X. et al. (1994) de Sanjose, S., Munoz N., Bosch, F.X. et al. (1994). Sexually Transmited agents end cervical neoplasia in Colombia and Spain. Int J Cancer 56:358-63. Dgedge, M., Novoa, A., Macassa, G.et al. (2001). The burden of disease in Maputo city, Mozambique: registerede and autopsied deaths in 1994. Bulletin of the World Health Organization 79:546-52. Didelot-Rousseau, M.N., Nagot, N., Costes-Martineau, V. et al. (2006). Documento sobre Plano De Acção PAara A Redução Da Pobreza Absoluta 2006-2009 (PARPA II) em Moçambique. Doll, R. (1969). The geography distribution of cancer. Br J Câncer Vol xxiii, Nº1. Echimane, A.K., Ahnoux, A.A., Adoubi, I et al. (2000). Cancer Incidence in Abidjan, Ivory Coast First Results from the Cancer Registry, 1995-1997 American Cancer Society 89:653-63. Elling, D., Ching, C. (1988) 3-year analysis of gynecologic neoplasm treated at the Central Maputo Hospital. Zentralbl Gynakol 110:667–70. Feldmeier, H., Krantz, I. (1993). A synoptic inventory of needs for research on women and tropical parasitic diseases. I. application to urinary and intestinal schistossomiasis. Acta Trop 55: 117-138, 1993. Frisch, M., Biggar, R.J., Goedert, J.J. (2000) Human papillomavirus-associated cancers in patients with human immunodeficiency virus infection and acquired immunodeficiency syndrome. J Natl Cancer Inst 92: 1500–1510. Gonzalez, C., Ismail, M. (1994). Carcinoma da Bexiga e Schistoasomiase vesical em Maputo, Mocambique (1978-1982). Revista Médica de Moçambique 4: 10-13. Gouveia, P., Hideky, H., David, L.. et al. ( 1998). "HPV Detection in Actinic Intraepithelial Atypia and Carcinoma of the Human Conjuntiva". XV Conference of European Association for Cancer Research (EARC) (Estocolmo). Resumo publicado no respectivo livro de resumos. Harington, J.S., Bradshaw, E. & McGlashan, N.D. (1983). Changes in primary liver and oesophageal cancer rates among black goldmines. S Afr Med J 64:650. Harington, J.S., McGlashan, N.D., Bradshaw, E. et al (1975). A spatial and temporal analysis of four cancer rates among black gold miners from Southern Africa. Br J Cancer 31:665-78. Harris, R. W. C., Brinton, L. A., Cowdell, R. H. et al (1980) Characteristics of women with dysplasia or carcinoma in situ of the cervix uteri. Br J Cancer 42: 359-69. Holcombe, C. (1992). Helicobacter pylori: the African enigma. Gut 33:429–31. INE. (1998). Instituto Nacional de Estatísticas: II Recenseamento Geral da População 1997- Resultados definitivos, Maputo, Moçambique. Ioachim, H.L., Cooper, M.C., & Hellman, G.C. (1985). Lymphomas in men al high risk for Acquired Imune Deficiency Syndrome (AIDS)- study of 21 cases. Cancer 56: 2831-42. Kestelyn, P., Stevens, A.M., Ndayambaje, A. et al (1990) HIV and conjunctival malignancies. Lancet 336: 51–52.

La Ruche, G. , You, B. , Mensah-Ado, I. , et al. (1998) La Ruche, G., You, B., Mensah-Ado, I., et al. (1998). Human papillomavirus and human immunodeficiency virus infections: relation with cervical dysplasia-neoplasia in African women. Int J Cancer 76: 480–6. Langley, C.L, Benga-De, E., Critchlow, C.W., et al. (1996) HIV-1, HIV-2, human papillomavirus infection and cervical neoplasia in high-risk African women. AIDS 10: 413–417. Leroy, V., Ladner, J., De Clercq, A.et al. (1999) Cervical dysplasia and HIV type 1 infection in African pregnant women:cross sectional study, Kigali, Rwanda. The Pregnancy and HIV Study Group (EGE). Sex Transm Infect 75: 103–106. Lessells, R.J., Cooke, G.S. (2008) Effect of the HIV epidemic on liver cancer in Africa. Lancet 371: 1504. Lippman, S.M., Hawk, E.T. (2009). Cancer Prevention: From 1727 to Milestones of the Past 100 years. Cancer Res 69:5269-84. Lunet, N., Barros, H. (2003). Helicobacter pylori infection and gastric cancer: facing the enigmas. Int J Cancer 106:953–60. Macrae, S.M., Cook, B.V. (1975). A retrospective study of the cancer patterns among hospital in patients in Botswana 1969-72. Br J Cancer 32:121-33. Mandelblatt, J.S., Fahs, M., Garibaldi, K., et al (1992). Association between HIV infection and cervical neoplasia: a implication for clinical care women at risk for both conditions. AIDS 6: 173-178. Mbulaiteye, S.M., Katabira , E.T, Wabinga, H.et al. (2006) Spectrum of cancers among HIV-infected persons in Africa: the Uganda AIDS-Cancer Registry Match Study. Int J Cancer 118: 985–990. McGlashan, N.D., Harington, J.S., Chelkowska, E. (2003). Changes in the geographical and temporal patterns of cancer incidence among back gold miners working in South Africa 1964-1996. Br J Cancer 88:1361-9. Meda ,N., Sangare, L., Lankoande ,S.et al. (1997). Pattern of sexually transmited deseases among pregnant women in Burkina Nze-Nguema, F., Sankaranarayanan,R., Barthelemy, M. et al (1996):Cancer in Gabon, 1984-1993: a pathology registry based relative frequency study. Br J Câncer 59: 805-809. Torres, F. O. (1969). As variações da incidência das neoplasias malignas em várias áreas do globo, põem problemas de natureza etiológica e profilática. Rev. Ciênc. Med., Lourenço Marques 2:195-202. Torres, F. O. (1969a). O Cancro em Moçambique e Sua Prevenção. Rev. Ciênc. Med., Lourenço Marques 2:163-9. Torres, F. O. (1969b). O Cancro em Moçambique. Influência dos factores mesológicos Rev. Ciênc. Med., Lourenço Marques 1:1-229. OMS. (1977). A classificação internacional das doenças para oncologia( CID-O). Genebra, pp 1-41. Orem, J., Otieno, M.W., Remick, S.C., (2004) AIDS-associated cancer in developing nations. Curr Opin Oncol 16: 468–476.

Parazzini, F. , La Vecchia, C. , Negri, E. et al (1978 ) Parazzini, F., La Vecchia, C., Negri, E. et al (1978 ).Reproductive factors and the risk of invasive and intraepithelial cervical neoplasia. Nt J Cancer 21: 432-37 Faso, West Africa: potential for a clinical manangment based on simple approaches. Genitourn Med 73:188-93. MISAU. (2008). Plano estratégico nacional de prevenção e controle das doenças não transmissíveis para o período 2008-2014. Moodley, J.R., Hoffman, M., Carrara, H.et al. (2006) HIV and pre-neoplastic and neoplastic lesions of the cervix in South Africa: a casecontrol study. BMC Cancer 6: 135–140. Mqoqi, N., Kellett, P., Sitas, F. et al (2004). Incidence of Histologically Diagnosed Cancer in South Africa, 1998-1999. Report of National Cancer Registry of South Africa. Newton, R., Ziegler, J., Beral, V.et al. (2001). A case control study of human immunodeficiency virus infection and cancer in adults and children residing in Kampala, Uganda. Int J Cancer 92: 622–627. Parkin, M.D., Stjernsward, J., Muir, C.S. (1984). Estimates of the world wide frequency of twelve major cancers. Bulletin of the World Health Organization 62:163-82. Parkin , M.D. (1986): Cancer Occurence in Developing Countries. Lyon: IARC Scientific publication: 75:1-130. Parkin, M.D., Muir C.S., Whelan, S.L. et al (1992). Cancer Incidence In Five Continents. Volume VI. Lyon: IARC Scientific publication: 120. IARC- WHO, IARC Press pp 221. Parkin, M.D.,Vizcaino, A.P., Skinner, M.E.G. et al (1994). Cancer Patterns and Risk Factors in African Population of Southwestern Zimbabwe, 1963-1977. cancer Epidemiol Biomarkers & Prevention 3:537-47. Parkin, D.M., Ferlay, J., Hamdi Cherif, M. et al. (2003) Cancer in Africa: Epidemiology and Prevention. Lyon: IARC Scientific publication: 153. Parkin, D.M, Whelan, S.L., Ferlay, J. et al (2005) Cancer Incidence in Five Continents, Vol. I to VIII. IARC Cancer Base nu7. Lyon: IARC non serial publication: 56. Parkin , D.M., Pisani, P., Bray, F. (2005a). Global cancer Statistics, 2002. A cancer journal for clinicians 55:77,8,9. Piot, P., Plummer, F.A., Mhalu, F.S., et al (1988). AIDS: An International Perspective. Cience. 239:573-79. Pisani, P., Parkin, D.M., Munoz, N. et al (1997). Cancer and infection: estimates of the attributable fraction in 1990. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev 6: 387 – 400. Pisani, P., Bray ,F., Parkin, D.M. (2002): Estimates of the worldwide prevalence of cancer for 25 cancers in the adult population. International Journal of Cancer 97:72– 81. Prates, M.D., Torres, F. O. (1965): A Cancer survey in Lourenço Marques, Portuguese East Africa. Journal of the National Cancer Institute 35:729-57. Robertson, M.A., Harington , J.S., Bradshaw E. (1971): Observations on Cancer Patterns Among Africans in South Africa. Br J Cancer 25. Sasco, J.A., Jaquet, A., Boidin, E. et al (2010): The Challenge of AIDS-Related Malignancies in Sub- Saharan Africa. PLoS ONE 5:8621.

Schottenfeld, D.J.B.D. (2006): Alleviating The Burden of Cancer: A Perspective on Advances Challenges, and Future Directions. Cancer Epidemiol Biomarkers 15:2049-55. Silva, I. (1999): Cancer epidemiology : Principles and Methods. Lyon: IARC-WHO. Sinfield, R.L., Molyneux ,E.M., Banda, K.. et al. (2007). Spectrum and presentation of pediatric malignancies in the HIV era: experience from Blantyre, Malawi, 1998–2003. Pediatr Blood Cancer 48:515–520. Sitas, F., Parkin, D.M., Chirenje, M. et al (2008): Cancer in Indigenous Africans- cause and control. Lancet Oncol 9:786-95. Somdyala, I.M.N., Marasas, F.O.W. et al (2003). Cancer patterns in four districts of the Transkei region 1991 – 1995, S Afr Med J 93: 144-48. Spurrett, B., Jones, D.S., Stewart, G. (1988). Cervical dysplsia and HIV infection. Lancet I: 237-38. Stewart, B.W., Kleihues, P. (2003). World Cancer Report. Lyon: IARCPress, pp 223-227. Sun, E.C., Fears, T.R., Goedert, J.J. (1997) Epidemiology of squamous cell conjunctival cancer. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev 6: 73–77. Temmerman, M., Tyndall, M.W., Kidula, N. et al. (1999) Risk factors for human papillomavirus and cervical precancerous lesions, and the role of concurrent HIV-1 infection. Int J Gynaecol Obstet 65: 171–181. Thun , M.J., DeLancey, J.A, Center, M.M. et al (2010): The global burden of cancer: priorities for prevention. Carcinogenesis 31:100-10. Traquinho, G.A., Júlio, A., Thompson, R. (1994) Bilharziose vesical em Boane, Provincia de Maputo. Revista Medica de Moçambique 5: 20-4. Traquinho, G.A., Quintó, L.I., Nalá, R.M. et al (1998). Schistosomiasis in northern Mozambique. Trans R Soc Trop Med Hyg 92:279-81. Van Rensburg, S.J., Cook, Mozaffari, P., Van Schalkwyk, D.J. et al (1985) Hepatocellular carcinoma and dietary aflatoxin in Mozambique and Transkei. Br J Cancer 51:713-26. Wabinga, H.R., Parkin, D.M., Wabwire-Manger, F. et al (2000); Trends in Cancer Incidence in Kyadondo County, Uganda, 1960-1997. Br J Cancer 82:1585-92. Waddell, K.M., Lewallen, S., Lucas, S.B. et al. (1996) Carcinoma of the conjunctiva and HIV infection in Uganda and Malawi. Br J Ophthalmol 80: 503–508. WHO (2005). Preventing Chronic Disease: a Vital Investment. Yamada, R., Sasagawa, T., Kirumbi, L.W. et al. (2008) Human papillomavirus infection and cervical abnormalities in Nairobi, Kenya,an area with a high prevalence of human immunodeficiency virus infection. J Med Virol 80: 847–855. (Authores Não listados) (1992) 1993 revised classification system for HIV infection and expanded surveillance case definition for AIDS among adolescents and adults. MMWR Recomm Rep 41: 1–19.

Obrigada pela atenção!

Cancro e HIV/SIDA o risco de cancros aumenta consideravelmente em pessoas imunodeprimidas (Parkin et al, 2003) a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana virus-1 (HIV-1) está associada com o aumento do risco de desenvolver Sarcoma de Kaposi e linfomas não-Hodgkin (Stweart e Klehues, 2003) A frequência das lesões precurssoras do cancro do colo do útero está aumentada nas mulheres infectadas pelo HIV (Mandelblatt et al, 1992) O cancro invasor do colo do útero é actualmente condição de SIDA numa doente HIV positiva, tal como o sarcoma de Kaposi e o linfoma não Hodgkin (autores não listados, MMWR Recomm Rep, 2003)