MUDANÇAS CLIMÁTICAS E DESASTRES NATURAIS - Lições da Região Serrana para o Alerta, Respostas e Prevenção de Riscos Carlos Machado de Freitas (ENSP/FIOCRUZ)

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Desastres e desenvolvimento
Advertisements

PLANO MULTIRISCOS - FORTALECIMENTO DAS CAPACIDADES DE PRONTIDÃO E RESPOSTA FRENTE A EVENTOS E DESASTRES DE DE INTERESSE DE SAÚDE PÚBLICA Carlos Machado.
POLÍTICAS DE SAÚDE em Atenção à Criança e ao Adolescente
OUTROS EVENTOS DE MENOR FREQÜÊNCIA NO BRASIL
Saneamento Básico Professora e enfermeira : Carla Gomes e Patrícia Lins.
Uma visão teórica de um Sistema de Vigilância
Monitoramento Ambiental Comunitário de Áreas de Risco de Deslizamentos nos Morros Urbanos de Antonina.
“Funções Essenciais de Saúde Pública” nas Américas
DOS ACIDENTES À JUSTIÇA AMBIENTAL: O CASO DA INDÚSTRIA PETROQUÍMICA
SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE SAÚDE EM DESASTRES
COORDENAÇÃO GERAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL
Gestão de Risco de Desastres no SUS Guilherme Franco Netto
Área de Produção Editorial e Gráfica Núcleo de Comunicação Secretaria de Vigilância em Saúde 23 e 24 de junho de 2010 Capacitação em Eventos VIGILÂNCIA.
Capacitação em Eventos
Mudanças Climáticas e Saúde: Eventos extremos climáticos e desastres de origem natural relacionados ao clima 1ª Oficina de Trabalho de Elaboração do.
GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
Políticas Sociais em Saúde Pública
Desenvolvimento Sustentável Prof Marlon A Santos
CENTRO DE OPERAÇÕES DE EMERGÊNCIA
Plano de Emergência Ricardo Rodrigues Serpa.
Proposta Técnica Preliminar
TECNOLOGIAS DE GESTÃO DO CUIDADO EM SAÚDE
Cuidados em saúde nos abrigos
A Defesa Civil O que é Defesa Civil?
A DEFESA CIVIL NOS MUNICÍPIOS
Paulo Mustrangi Carlos Francisco de Paula – Cel B.M.
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE DEFESA CIVIL Habitações Saudáveis e Desastres
Introdução ao Gerenciamento de Abrigos Temporários
DENGUE ABRIL 2008.
CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO
Políticas para redução dos desastres C. de Ville de Goyet.
As Lições da Crise Hídrica na Região Metropolitana de São Paulo
Marco Lógico Um método para elaboração e gestão de projetos sociais Luis Stephanou abril de 2004 (refeito em agosto de 2004)
VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL: Desastres Naturais VIGIDESASTRES
RESPONDENDO AOS DESASTRES: Uma ação intersetorial
Programa de prevenção de riscos ambientais – PPRA
Vigilância Sanitária Controle de alimentos, pragas e vetores
ABORDAGEM ECOSSISTÊMICA EM SAÚDE
MARIA AUXILIADORA ZANIN
Ouvidoria como Instrumento de Gestão  Uma manifestação, quando registrada na Ouvidoria, recebe um tratamento que a torna parte dos processos em nossas.
Função Planejamento GUI I
Atividades Físicas e Atendimento de Emergência
Apresentação Diagnóstico Social
VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL: Fatores Biológicos
Curso “Aproveitamento de água de chuva em cisternas para o semi-árido”
Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA/UNEP)
MONITORAMENTO CLIMATOLÓGICO DO ESTADO DE SÃO PAULO- ORIVALDO BRUNINI PESQUISADOR IAC PRESIDENTE – FUNDAG FUNDAG- COMITÊS- SAA/IAC CATI.
A essencialidade da Gestão em Saúde Publica
ÁGUA ESGOTAMENTO SANITÁRIO
VIGILÂNCIA EM SAÚDE.
O Que é são Riscos ?.
Disciplina: Educação Ambiental
Ana Lucia Monteiro IV encontro da Rede Nacional de Pessoas vivendo com HIV/Aids Atibaia, 06 de agosto de 2011.
SAÚDE DO TRABALHADOR.
Audiência Pública Audiência Pública Ações e Medidas para Controle de Riscos Programa de Urbanização, Regularização e Integração de Assentamentos Precários.
Reunião de Coordenadores Estaduais de Proteção e Defesa Civil
Gerência de Projetos de Software
CAMPANHA DA FRATERNIDADE ECUMÊNICA 2016 VER A NOSSA CASA COMUM “ CASA COMUM, NOSSA RESPONSABILIDADE CASA COMUM, NOSSA RESPONSABILIDADE.
Saúde Coletiva Saúde : “ È um completo estado de bem estar físico mental e social, e não meramente a ausência de doença” ( OMS 1948). Saúde: “ È um bem.
X FÓRUM NACIONAL DE DEFESA CIVIL 25 a 27 de setembro - Joinville/SC.
Mudanças climáticas, Pobreza e Desiguladades: fortalecendo a participação social no apoio a populações atingidas em desastres climáticos. Seminário Proposta.
Serviço de Proteção em Estado de Calamidade Pública e Situação de Emergência Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS X Fórum Nacional.
PLANO DE CONTINGÊNCIA ESPECIFÍCO DO ACES ENTRE O DOURO E VOUGA II- AVEIRO NORTE PARA ONDAS DE CALOR.
twitter.com/funasa.
Vigilância em Saúde.
SAÚDE O QUE É A SAÚDE?. Ter saúde significava simplesmente a ausência de doença física.
AÇÕES DO GOVERNO FEDERAL FORTALECENDO A DEFESA CIVIL - O PLANO NACIONAL DE GESTÃO DE RISCOS E RESPOSTA A DESASTRES NATURAIS Ministério da Saúde Joinville/SC,
André Castro dos Santos Clauber Barão Leite Haline de Vasconcellos Rocha.
A Questão da Promoção da Saúde Prof. Samuel Pontes Enfermeiro ACPE-UNIPLAN 1º Semestre
Transcrição da apresentação:

MUDANÇAS CLIMÁTICAS E DESASTRES NATURAIS - Lições da Região Serrana para o Alerta, Respostas e Prevenção de Riscos Carlos Machado de Freitas (ENSP/FIOCRUZ) Carlos Machado de Freitas

REDUÇÃO DO IMPACTO DAS EMERGÊNCIAS E DESASTRES EM SAÚDE Uma das Funções Essenciais da Saúde Pública (OPAS, 2002) é: REDUÇÃO DO IMPACTO DAS EMERGÊNCIAS E DESASTRES EM SAÚDE Carlos Machado de Freitas

Para a Redução do Impacto das Emergências e Desastres em Saúde são previstas as seguintes ações: o desenvolvimento de políticas, o planejamento e a realização de ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e reabilitação para reduzir o impacto dos desastres sobre a saúde pública um enfoque integral com relação aos danos e a origem de todas ou cada uma das emergências ou desastres possíveis na realidade do país a participação de todo o sistema de saúde e a mais ampla colaboração intersetorial e interinstitucional na redução do impacto de emergências ou desastres Carlos Machado de Freitas

ANO DE 2005 – DOIS MARCOS INTERNACIONAIS PARA A PREPARAÇÃO E RESPOSTA Regulamento Sanitário Internacional (OMS) Marco de Ação de Hyogo (EIRD) Carlos Machado de Freitas

PRESSUPOSTOS PARA O DIAGNÓSTICO DAS CAPACIDADES DE ALERTA, RESPOSTAS E PREVENÇÃO Marco de ação internacional (Hyogo e RSI) & Proposições de políticas públicas nacionais (CNSA, CNDCAH, CNMA) Marco legal (Leis, Decretos e Portarias) setores saúde, defesa civil e meio ambiente (sobreposições e ausências) Carlos Machado de Freitas

Carlos Machado de Freitas

Aproximadamente 60% dos serviços dos ecossistemas estão sendo degradados ou utilizados de modo insustentável, com custos difíceis de estimar, mas crescentes. Existem evidências estabelecidas, ainda que incompletas, de que estas mudanças vem aumentando as chances de mudanças não-lineares nos ecossistemas, o que inclui a aceleração de mudanças abruptas e irreverssíveis Carlos Machado de Freitas

doenças emergentes e reemergentes Estas mudanças trazem consigo o potencial de importantes conseqüências para os seres humanos doenças emergentes e reemergentes alterações abruptas da qualidade da água colapso na produção de alimentos mudanças no clima regional e global Carlos Machado de Freitas

Carlos Machado de Freitas

As mudanças climáticas e seus efeitos se caracterizam por: globais em escala; potencial de impactos à longo prazo; serem complexos; possuirem alto grau de variabilidade e incertezas; envolver diferentes organizações e valores; envolver diferentes interesses (sociais e econômicos) em jogo; exigirem decisões sob condições de urgência Carlos Machado de Freitas

Questões para refletirmos sobre as lições que podemos aprender dos desastres para o alerta, respostas e prevenção Carlos Machado de Freitas

Quadro 1 - Causas das enchentes Mudanças climáticas Aquecimento global Chuvas intensas e localizadas Furacões e ciclones Monsões Derretimento intensivo de neve e geleiras Tsunamis Causas atribuídas aos fenômenos e eventos “naturais” Descarte inadequado de lixo Intensificação da agricultura Construções de barragens e hidrelétricas Desmatamento e erosão do solo Causas atribuídas as atividades humanas Carlos Machado de Freitas

Ocupação das margens de rios e córregos; As causas do desastre na Região Serrana segundo o relatório do CEPED/SC o intervalo entre os eventos está diminuindo, e entre os fatores que contribuem para o risco de desastres aponta-se: Ocupação das margens de rios e córregos; Modos de construção inadequados para regiões de encosta; Problemas de drenagem de água; Acúmulo de lixo nas encostas e desmatamento; Urbanização e falta de terrenos próprios para ocupação em áreas seguras Carlos Machado de Freitas

Carlos Machado de Freitas

Quadro 5 – Respostas sociais às enchentes Monitoramento do clima e previsão meteorológica acopladas a um sistema de alerta eficaz Monitoramento da vulnerabilidade em relação as condições de saneamento, saúde e de ocupação em áreas de risco acopladas a políticas e ações de planejamento sobre o uso e ocupação do solo Estruturação de sistemas de monitoramento e vigilância sobre os as enchentes (eventos), áreas e grupos vulneráveis, e suas conseqüências para a saúde, permitindo aprendizado contínuo para a preparação e respostas as necessidades de saúde pós-enchentes (curto, médio e longo prazos) Monitoramento socioambiental e vigilância em saúde como instrumentos para prevenção e melhoria das respostas Carlos Machado de Freitas

Quadro 5 – Respostas sociais às enchentes (continua) Avaliação das necessidades de evacuações das áreas acoplada a organização de abrigos e alojamentos temporários imediatamente no período pós-enchente e de casas temporárias para os que perderam suas habitações Avaliação do sistema de abastecimento de água e da qualidade da mesma acoplado ao rápido tratamento e fornecimento de água potável para população Avaliação das áreas em que o sistema de coleta e disposição do lixo, bem como de coleta e tratamento de esgoto foram mais afetados acoplado a ações rápidas de coleta e disposição do lixo, reparo do sistema de coleta e tratamento de esgoto e enterro de animais mortos Capacidade de avaliações rápidas das áreas afetadas para identificar impactos, riscos e necessidades sociais, ambientais e de saúde da população afetada (1) Carlos Machado de Freitas

Quadro 5 – Respostas sociais às enchentes (continua) Avaliação dos alimentos disponíveis e e descarte dos contaminados acoplada a distribuição de mantimentos, utensílios de cozinha e alimentos para os desalojados, bem como higienização dos mesmos Avaliação do impacto sobre serviços fundamentais para as crianças como creches e escolas acoplada ao restabelecimento rápido dos mesmos Capacidade de avaliações rápidas das áreas afetadas para identificar impactos, riscos e necessidades sociais, ambientais e de saúde da população afetada (2) Carlos Machado de Freitas

Quadro 5 – Respostas sociais às enchentes (continuação) Controle de vetores de hospedeiros de doenças, do nível individual ao coletivo Intensificação das ações de vigilância em saúde da exposição da população aos riscos de doenças e dos efeitos sobre a saúde Vacinação rápida para o risco de doenças para a população nas áreas afetadas Provisão de serviços (tendas de saúde, hospitais de campanha, laboratórios) e pessoal de saúde (médicos, enfermeiras, terapeutas, técnicos de laboratório) extras nas áreas afetadas Capacidade de respostas do setor saúde (vigilância em saúde, controle de hospedeiros e vetores de doenças, vacinações, atenção e cuidado, educação e conscientização em relação aos riscos e problemas de saúde) (3) Carlos Machado de Freitas

Quadro 5 – Respostas sociais às enchentes (continuação) Ações de cuidados e apoio psicosocial às populações afetadas para prevenir e monitorar os efeitos de longo prazo dos Transtornos do Estresse Pós Traumático Programas de educação em desastres e saúde para a população (riscos das enchentes, alertas, evacuações, potenciais impactos sobre a saúde, primeiros socorros e ressuscitação, ações necessárias para prevenir doenças) Capacidade de respostas do setor saúde (vigilância em saúde, controle de hospedeiros e vetores de doenças, vacinações, atenção e cuidado, educação e conscientização em relação aos riscos e problemas de saúde) (4) Carlos Machado de Freitas

Quadro 5 – Respostas sociais às enchentes (continuação) Programas de treinamento para profissionais de saúde de áreas vulneráveis ou afetadas, com ênfase em primeiros socorros, tratamento e prevenção de doenças relacionadas às enchentes Medidas estruturais de reparos e reconstrução de instalações e vias de comunicação, assim como de habitações Capacidade de respostas do setor saúde (vigilância em saúde, controle de hospedeiros e vetores de doenças, vacinações, atenção e cuidado, educação e conscientização em relação aos riscos e problemas de saúde) (5) Carlos Machado de Freitas

Quadro 5 – Respostas sociais às enchentes (continuação) Planejamento de ações conjuntas e coordenadas do setor saúde com outros setores governamentais (defesa civil, meio ambiente, forças armadas, agricultura, comunicação, transportes, polícia, etc) e em diferentes níveis (municipais, estaduais e federais), além de empresas privadas (comunicação, transportes, etc.) e organizações não-governamentais Capacidade de respostas do setor saúde (vigilância em saúde, controle de hospedeiros e vetores de doenças, vacinações, atenção e cuidado, educação e conscientização em relação aos riscos e problemas de saúde) (6) Carlos Machado de Freitas

Para a Redução do Impacto dos Desastres em Saúde são previstas as seguintes ações: o desenvolvimento de políticas, o planejamento e a realização de ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e reabilitação para reduzir o impacto dos desastres sobre a saúde pública um enfoque integral com relação aos danos e a origem de todas ou cada uma das emergências ou desastres possíveis na realidade do país a participação de todo o sistema de saúde e a mais ampla colaboração intersetorial e interinstitucional na redução do impacto de emergências ou desastres Carlos Machado de Freitas

1) Período posterior aos eventos e desastres PRESSUPOSTOS PARA O DIAGNÓSTICO DAS CAPACIDADES DE ALERTA, RESPOSTAS E PREVENÇÃO 1) Período posterior aos eventos e desastres Gestão de Emergências ou de Desastres Avaliações e constituição de uma memória coletiva sobre esta gestão, quando o planejamento e preparação são colocados em prática e confrontados com complexidade e incertezas que suplantam capacidade de previsão e, muitas vezes, de alerta e respostas) Carlos Machado de Freitas

PRESSUPOSTOS PARA O DIAGNÓSTICO DAS CAPACIDADES DE ALERTA, RESPOSTAS E PREVENÇÃO O desastre é, por definição, um evento em que a normalidade é alterada e o funcionamento da sociedade e de suas instituições sofre não somente uma mudança quantitativa, mas também qualitativa e que exige que o alerta e preparação de respostas das fases pré-eventos possam lidar com a complexidade e incertezas que o evento gera para as respostas em situações reais Carlos Machado de Freitas

PRESSUPOSTOS PARA O DIAGNÓSTICO DAS CAPACIDADES DE ALERTA, RESPOSTAS E PREVENÇÃO O objetivo das respostas nos desastres é reduzir os danos gerados e controlar os riscos futuros para que as perdas e danos não aumentem. A gestão de emergências ou de desastres é sempre a gestão do risco novo (mesmo quando conhecido), evitando um segundo desastre que poderá ocorrer ou não em função da capacidade de conexão entre a preparação e resposta formalizada e planejada responder de modo adaptativo as situações reais, bem como do tempo de recuperação Carlos Machado de Freitas

Obrigado e bom dia para todos Carlos Machado de Freitas carlosmf@ensp.fiocruz.br Carlos Machado de Freitas