Um olhar sobre relações entre autor, crítico e obra de arte

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TEORIA E CRÍTICA DA ARTE Prof. Dr. Isaac Antonio Camargo Departamento de Arte Visual Universidade Federal de Uberlândia TEORIA E CRÍTICA DA ARTE Prof.
Transcrição da apresentação:

Um olhar sobre relações entre autor, crítico e obra de arte Crime Delicado

A obra de arte Criação humana com objetivo simbólico, belo ou de representação de um conceito determinado. Esculturas, pinturas, literatura, arquitetura, filme, música, artefato decorativo etc.

Como definir uma obra de arte? Uma obra de arte se difere de um objeto comum. O objeto comum possui apenas uma função prática e útil na sociedade e, geralmente, é produzido em série por indústrias. Porém, existem obras de arte que também podem apresentar uma utilidade prática. Contexto histórico e cultural e o significado de arte.

O valor da obra de arte Quais os critérios de julgamento? Quem os faz? Por quê e para quê os faz? Para quem os faz?

A crítica e suas significações Do grego crinein, significa separar, julgar. A crítica é uma avaliação que julga o valor de uma obra de arte, a lógica de um raciocínio, a moralidade de uma conduta etc.

A crítica e suas significações Análise, feita com maior ou menor profundidade, de qualquer produção intelectual (de natureza artística, científica, literária, etc.); Capacidade de julgar; Opinião desfavorável ;

O crítico e suas significações Que ou quem critica, analisa; Da crítica ou a ela relativo; Propenso à crítica, à censura; Em que há crise ou a revela; Difícil de suportar; Em que se está exposto a perigo; Que é muito importante; Pessoa que tem por profissão a apreciação de obras ou eventos, sobretudo culturais.

O crítico O homem sábio O profissional acadêmico O leitor especialista O leitor comum Qualquer sujeito, alfabetizado ou não

Com base em que se critica? Objetividade Subjetividade Sabedoria Conhecimento Informação Leituras Avaliação Teorias

O crítico e a crítica Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?

O autor

O estatuto do autor A morte do autor (1968, Roland Barthes) “O autor reina ainda nos manuais de história literária, nas biografias de escritores, nas entrevistas das revistas, e na própria consciência dos literatos, preocupados em juntar, graças ao seu diário intimo, a sua pessoa e a sua obra; a imagem da literatura que 2 podemos encontrar na cultura corrente é tiranicamente centrada no autor, na sua pessoa, na sua história, nos seus gostos, nas suas paixões; a crítica consiste ainda, a maior parte das vezes, em dizer que a obra de Baudelaire é o falhanço do homem Baudelaire, que a de Van Gogh é a sua loucura, a de Tchaikowski o seu vício: a explicação da obra é sempre procurada do lado de quem a produziu, como se, através da alegoria mais ou menos transparente da ficção, fosse sempre afinal a voz de uma só e mesma pessoa, o autor, que nos entregasse a sua «confidencia».”

O estatuto do autor A morte do autor (1968, Roland Barthes) “Sabemos agora que um texto não é feito de uma linha de palavras, libertando um sentido único, de certo modo teológico (que seria a «mensagem» do Autor-Deus), mas um espaço de dimensões múltiplas, onde se casam e se contestam escritas variadas, nenhuma das quais é original: o texto é um tecido de citações, saldas dos mil focos da cultura.” “Uma vez o autor afastado, a pretensão de «decifrar» um texto torna-se totalmente inútil. Dar um Autor a um texto é impor a esse texto um mecanismo de segurança, é dotá-lo de um significado último, é fechar a escrita. Esta concepção convém perfeitamente à critica, que pretende então atribuir-se a tarefa importante de descobrir o Autor (ou as suas hipóstases: a sociedade, a história, a psique, a liberdade) sob a obra: encontrado o Autor, o texto é «explicado», o critico venceu; não há pois nada de espantoso no fato de, historicamente, o reino do Autor ter sido também o do Critico, nem no de a critica (ainda que nova) ser hoje abalada ao mesmo tempo que o Autor.”

O estatuto do autor O que é um Autor? (1969, Michel Foucault) “ ‘Que importa quem fala?’...O apagamento do autor tornou-se desde então, para a critica, um tema cotidiano. Mas o essencial não é constatar uma vez mais seu desaparecimento; e precisa descobrir, como lugar vazio - ao mesmo tempo indiferente e obrigatório -, os locais onde sua função é exercida.”

O estatuto do autor O que é um Autor? (1969, Michel Foucault) “ ‘Quem fala?’ A luz das ciências humanas contemporâneas, a idéia do indivíduo como autor último de um texto, e principalmente de um texto importante e significativo, parece cada vez menos sustentável.”

O estatuto do autor O Autor (1999, Antoine Compagnon) A presunção de intencionalidade “[...] trata-se de sair desta falsa alternativa: o texto ou o autor. Por conseguinte, nenhum método exclusivo é suficiente”.

O leitor “Depois que a atenção ao texto permitiu contestar a autonomia e a supremacia do autor, a importância conferida à leitura abalou o fechamento e a autonomia do texto.” (A. Compagnon, p.163)

Qual é o crime delicado? Antônio Martins (Marco Ricca) é um crítico teatral. Observador não somente de peças, mas também de pessoas, tem seus conceitos mudados quando conhece Inês (Lilian Taublib), cuja personalidade é oposta à do crítico. Desinibida, Inês, que não tem uma perna, entra na vida de Antônio de forma a desestruturá-lo ao despertar uma paixão inédita no cínico e frio jornalista. Ela mantém uma relação ambígua com o pintor José Torres Campana (Felipe Ehrenberg), famoso por seus quadros eróticos que têm como modelo o próprio artista e a jovem. A relação desperta ciúme doentio em Antônio e o conduz em uma espiral de ansiedade, ciúmes, perturbação e ilusão.