O Tempo e a História O devir histórico O passado, o presente e o futuro
O tempo e a História O homem mesopotâmico tinha um interesse irreprimível pelo devir histórico. Devoção pelo passado leva à redacção e compilação de textos dos mais diversos géneros e formas literárias, tendo em comum o conteúdo histórico e o carácter historiográfico.
A Semântica pānānu ou mahru: warkātu: Sentido temporal: o passado. Sentido espacial: o que está diante de nós. warkātu: Sentido temporal: o futuro. Sentido espacial: o que está atrás de nós. Percepção do tempo diferente da representação espacial do tempo que conhecemos no Ocidente.
Representação gráfica do tempo Modelo linear ou cíclico? Tempo linear e tempo cíclico coexistem. O tempo linear encontra expressão nos textos de carácter historiográfico que registam e compilam os eventos obedecendo a uma sequência cronológica. Tempo cíclico. O homem mesopotâmico vê a história estruturada em ciclos. É o tempo mítico. Inspiração na própria natureza.
Lista Real Suméria After the kingship descended from heaven, the kingship was in Eridug. In Eridug, Alulim became king; he ruled for 28800 years. Alaljar ruled for 36000 years. 2 kings; they ruled for 64800 years. Then Eridug fell and the kingship was taken to Bad-tibira. In Bad-tibira, En-men-lu-ana ruled for 43200 years. En-men-gal-ana ruled for 28800 years. Dumuzid, the shepherd, ruled for 36000 years. A realeza é o marco essencial. Foi criada em Kish. A duração dos reinados. A hegemonia passa de cidade para cidade até chegar à I dinastia de Isin, cerca de 1800. Sequência artificial. Legitimação da monarquia e da dinastia.
O devir histórico: uma visão pragmática O homem mesopotâmico desconfia do que é novo. Procura no passado analogias que ajudem a compreender o presente e a confiar no futuro.
Visão de progresso? O conceito de superação A inscrição de fundação de Iahdun-Lim «Desde os longínquos dias em que deus construiu Mari, nenhum rei a residir em Mari chegou ao mar, conquistou as montanhas de cedros, as altas montanhas, nem cortou as suas árvores».
Um mundo sem sobressaltos O mundo deve andar sem sobressaltos ou rupturas. O homem mesopotâmico sabe que a tranquilidade do devir histórico depende da vontade dos deuses. O homem procura antecipar os desígnios divinos e interagir com os deuses, procurando assegurar a sua benevolência. A sua preocupação essencial e a sua inquietação fundamental assentam no futuro imediato.
Um mundo sem sobressaltos Não se regista uma ideia absoluta do tempo ou de eternidade. O conceito de duração é traduzido pela sucessão do tempo.
O devir histórico no Antigo Testamento O Deuteronomista concebe pela primeira vez um Israel total numa perspectiva global sobre a história da nação. O Javeísta toma os mitos cosmogónicos e fundacionais e articula-os com a tradição acerca da história do povo. 1. O problema da datação.
O devir histórico no Antigo Testamento Isaías e Jeremias e algumas passagens de Naum (1,4) e de Habacuc (3,8) reflectem uma ideia de caos que é usada para estruturar a percepção da história. Olhei para a terra e ei-la vaga e vazia; para os céus mas não tinham luz. Olhei para as montanhas e ei-las que tremiam e todas as colinas eram abaladas. Olhei e eis que não havia seres humanos e todas as aves dos céus tinham fugido. (Jr.4,23-25) O texto evoca Gn.1,2. Misturam-se desordem social, cósmica, etc. Mas não é uma visão apocalíptica ou escatológica. Outras passagens: Is.17,13 e Sl.114,3.5.
O mito e a História A historicização do mito consiste na sua racionalização através da utilização de categorias históricas. A mitologização da História significa a aplicação de categorias míticas à visão historiográfica. Os mitos cosmogónicos e fundacionais são etiológicos. Visão geográfica Visão antropológica
Percepção da História na literatura profética vetero-testamentária Os livros proféticos não reflectem sobre o fim dos tempos. Não discorrem sobre o fim da história ou da ordem cósmica. O horizonte é muito mais limitado.
A Apocalíptica Partilha características com a profecia: a linguagem, a imagética, o meio. No entanto, ganha contornos específicos. O horizonte da apocalíptica é universal e definitivo na sua visão da história. O fim do ciclo do passado-presente, muitas vezes o fim do mundo, implicam a re-criação e uma nova ordem.