Curso: Engenharia Ambiental Disciplina: Química Analítica Aplicada

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Transcrição da apresentação:

Curso: Engenharia Ambiental Disciplina: Química Analítica Aplicada UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA Curso: Engenharia Ambiental Disciplina: Química Analítica Aplicada EQUILÍBRIOS DE SOLUBILIDADE E PRECIPITAÇÃO

EQUILÍBRIOS DE SOLUBILIDADE E PRECIPITAÇÃO Dissolução e da precipitação de eletrólitos pouco solúveis no solvente água. Estabelece-se um equilíbrio químico, sujeito às mesmas leis comentadas anteriormente, mas com uma característica especial: como coexistem as fases líquida e sólida trata-se de um equilíbrio heterogêneo

Sais e hidróxidos facilmente solúveis, um exemplo familiar é o sal cloreto de sódio (NaCl). Sais insolúveis, tais como o carbonato (CaCO3) e o sulfato de cálcio (CaSO4). Na realidade não existe um composto totalmente insolúvel, sendo esse termo via de regra reservado para aqueles eletrólitos com solubilidade inferior a 0,01 mol L-1.

5.1. A dissolução de eletrólitos Uso de alguns conceitos de Termodinâmica Compostos iônicos no estado sólido consistem de um arranjo espacial de íons, formando o que se chama retículo cristalino ou cristal, um arranjo estável de cátions e ânions.

Para promover a dissolução de um cristal iônico, o solvente age por meio de dois processos: Primeiramente ele tem que sobrepor a energia de estabilização do retículo cristalino. A água é um solvente com constante dielétrica, , relativamente elevada e quando ela se introduz entre os íons atua como um isolante e enfraquece a energia de associação entre os íons Uma vez separados, o solvente tem que impedir que os íons voltem a se associar, o que é feito através do processo de solvatação

Soluções aquosas: estas ligações pode ser do tipo de ligações de hidrogênio ou de hidratação (solvatação) Figura 1. Dissolução do açúcar em água. Figura 2. Dissolução do NaCl em água.

Dois fatores contribuem para a entalpia de solvatação: 1- a habilidade inerente ao solvente em se coordenar fortemente aos íons envolvidos (Solventes polares são capazes de se coordenar com eficiência através da interação íon-dipolo) e 2- o tipo de íon, particularmente seu tamanho, que determina a força e o número de interações íon-dipolo.

CaCO3(s)  Ca2+(aq) + CO32-(aq) 5.2. Existem sais insolúveis mesmo? Quando o sal CaCO3 é posto em contato com água ? Precipita no fundo - Uma porção muito pequena de CaCO3 consegue se dissolver e dizemos que a solução se tornou saturada. CaCO3(s)  Ca2+(aq) + CO32-(aq) Abreviação aq indica que os íons estão solvatados

Carbonato de cálcio essa constante vale 4,8 10-9 Como todo equilíbrio químico, este também é caracterizado por uma constante de equilíbrio, denominada constante do produto de solubilidade, representada por Ks. Ks = [Ca2+][CO32-] Carbonato de cálcio essa constante vale 4,8 10-9 Ex.; Ag2SO4(s)  2Ag+(aq) + SO42-(aq) Ks = [Ag+]2[SO42+] = 1,6 10-5 Ca3(PO4)2(s)  3Ca2+(aq) + 2 PO43-(aq) Ks = [Ca2+]3[PO43-]2 = 2,1 10-33

A fase sólida não aparecer na equação da constante de equilíbrio Por que? Quando uma quantia desses sais é adicionada a um volume de água, não importa o quanto permaneça depositado no fundo de um recipiente: a quantidade que pode ser dissolvida na solução sobrenadante, a uma certa temperatura, será sempre a mesma.

As questões básicas quando estamos dissolvendo um eletrólito pouco solúvel são: 1- quanto dele se dissolve em água ? 2- qual a concentração de seus íons na solução saturada? 3-quais são os fatores que afetam esse processo?

Substância Fórmula  Kps  hidróxido de alumínio Al(OH)3  2 x10-32  carbonato de bário BaCO3  8,1 x10-9  cromato de bário BaCrO4  2,4 x10-10  fluoreto de bário BaF2  1,7 x10-6  iodato de bário Ba(IO3)2 1,5 x10-9  permanganato de bário BaMnO4 2,5 x10-10  oxalato de bário BaC2O4  2,3 x10-8  sulfato de bário BaSO4  1,0 x10-10  hidróxido de berílio Be(OH)2 7,0 x10-22  hipoclorito de bismuto BiClO  7,0 x10-9  sulfeto de bismuto  Bi2S3  1,0 x10-97  carbonato de cádmio CdCO3  2,5 x10-14  oxalato de cádmio CdC2O4  1,5 x10-8  sulfeto de cádmio CdS  l,0 x10-28  carbonato de cálcio CaCO3  8,7 x10-9  fluoreto de cálcio CaF2  4,0 x10-11  hidróxido de cálcio Ca(OH)2 5,5 x10-6 

oxalato de cálcio CaC2O4  2,6 x10-9  sulfato de cálcio CaSO4  1,9 x10-4  brometo de cobre I CuBr  5,2 x10-9  cloreto de cobre I CuCl  1,2 x10-6  iodeto de cobre I CuI  5,1 x10-12  tiocianeto de cobre I CuSCN  4,8 x10-15  hidróxido de cobre II Cu(OH)2  1,6 x10-19  sulfeto de cobre II CuS  9,0 x10-36  hidróxido de ferro II Fe(OH)2  8,0 x10-16  hidróxido de ferro III Fe(OH)3  4,0 x10-38  iodato de lantânio La(IO3)3  6,0 x10-10  cloreto de chumbo II PbCl2  1,6 x10-5  cromato de chumbo II PbCrO4  1,8 x10-14  iodeto de chumbo II PbI2  7,1 x10-9  oxalato de chumbo II PbC2O4  4,8 x10-10  sulfato de chumbo II PbSO4  1,6 x10-8  sulfeto de chumbo II PbS  8,0 x10-28 

fosfato de amônio-magnésio MgNH4PO4  2,5 x10-13  carbonato de magnésio MgCO3  l,0 x10-5  hidróxido de magnésio Mg(OH)2  1,2 x10-11  oxalato de magnésio MgC2O4  9,0 x10-5      hidróxido de manganês II Mn(OH)2  4,0 x10-14  sulfeto de manganês II MnS  1,4 x10-15  brometo de mercúrio I Hg2Br2  5,8 x10-23  cloreto de mercúrio I Hg2Cl2  1,3 x10-18  iodeto de mercúrio I Hg2I2  4,5 x10-29  sulfeto de mercúrio II HgS  4,0 x 10-53  arseniato de prata Ag3AsO4  1,0 x10-22 

brometo de prata AgBr  4,0 x10-13  carbonato de prata Ag2CO3  8,2 x10-12  cloreto de prata AgCl  1,0 x10-10  cromato de prata Ag2CrO4  1,1 x10-12  cianeto de prata Ag[Ag(CN)2]  5,0 x10-12  iodato de prata AgIO3  3,1 x10-8  iodeto de prata AgI  1,0 x10-16  fosfato de prata Ag3PO4  1,3 x10-20  sulfeto de prata Ag2S  2,0 x10-49  tiocianeto de prata AgSCN  1,0 x10-12  oxalato de estrôncio SrC2O4  1,6 x10-7  sulfato de estrôncio SrSO4  3,8 x10-7  cloreto de talio I TlCl  2 x10-4  sulfeto de talio I Tl2S  5 x10-22  ferrocianeto de zinco Zn2Fe(CN)6  4,1 x10-16  oxalato de zinco ZnC2O4  2,8 x10-8  sulfeto de zinco ZnS  1,0 x10-21 

5.3. Cálculo da solubilidade de um eletrólito pouco solúvel A quantidade do eletrólito pouco solúvel que se dissolve no solvente água, denominada, solubilidade e expressa pelo símbolo S, pode ser deduzida a partir da expressão de Ks. EX.: AgCl: cada mol que se dissolve produz 1 mol de Ag+ e 1 mol de Cl-. Quando S mols se dissolvem temos

AgCl(s)  Ag+ + Cl- 1 1 1 S S S [Ag+] = S [Cl-] = S Ks = [Ag+][Cl-] = 1,8 10-10 Ks = S2 S = Ks = 1,8 10-10 = 1,3 10-5 mol L-1 [Ag+] = 1,3 10-5 mol L-1 [Cl-] = 1,3 10-5 mol L-1

Quando 1 mol de Zn(OH)2 se dissolve resulta em 1 mol de Zn e 2 mols de OH-. Quando S mols se dissolvem temos: Zn(OH)2(s)  Zn2+(aq) + 2 OH-(aq) 1 1 2 S S 2S [Zn2+]=S [OH-]=2S Ks = (S)(2s)2 Ks = 4(S)3 3 Ks 3 4,5 10-17 S =  =  = 2,2 10-6 mol L-1 4 4 Conseguimos dissolver 2,2 10-6 mol Zn(OH)2 em 1 L de água a 25oC e obtemos uma solução que é 2,2 10-6 mol Zn2+ e 4,4 10-6 mol L-1 em OH-.

Produto de Solubilidade em termos de Concentração e de Solubilidade

Temperatura 5.4. Efeitos sobre o equilíbrio de dissolução-precipitação O efeito da temperatura sobre a solubilidade é variável; algumas substâncias têm com a elevação da temperatura um maior grau de dissolução, enquanto para outros ocorre o oposto. Um sal se dissolve absorvendo energia, e, conseqüentemente, resfriando o meio deveremos promover elevação de temperatura para favorecer o processo de dissolução.

BaSO4(s)  Ba2+(aq) + SO42-(aq) Efeito do íon comum O efeito do íon comum é uma simples aplicação do princípio de Le Chatelier. No equilíbrio químico em uma solução saturada do sal BaSO4, cujo Ks vale 1,1 10-10, as concentrações de Ba2+ e SO42- serão iguais a 1,05 10-5 mol L-1 BaSO4(s)  Ba2+(aq) + SO42-(aq) Se 10 mL de solução 2 mol L-1 do sal solúvel BaCl2 forem adicionados a 1 L da solução saturada, - aumento significativo da concentração de Ba2+, uma perturbação ao estado de equilíbrio. reação entre íons SO42- e Ba2+ para formar BaSO4 sólido. diminuindo a solubilidade do sal

Efeito da força iônica - efeito dos íons não comuns Qual seria, por exemplo, a solubilidade do AgCl em uma solução 0,01 mol L-1 de NaNO3? Aumentando-se a concentração de íons na solução saturada estaremos aumentando a força iônica  do meio e isso significa diminuir o coeficiente de atividade fi e a atividade dos íons em solução. A força iônica  do meio será determinada pelos íons Na+ e NO3-, pois a contribuição dos íons Ag+ e Cl- será desprezível devido a suas baixas concentrações na solução saturada

Diminuir a atividade, ou seja, a concentração efetiva dos íons numa solução saturada leva a fase sólida a se dissolver para se contrapor àquela ação. Assim, o efeito do aumento da força iônica através de íons não comuns é o de aumentar a solubilidade.

CaCO+(s)  Ca2+(aq) + CO32-(aq) Efeito da concentração de íons hidrogênio – efeito do pH Quando o íon OH- é um constituinte do eletrólito pouco solúvel como Fe(OH)3, Ca(OH)2, entre outros, o aumento de pH e, consequentemente, da concentração de OH- no meio pode ser considerado como um efeito do íon comum. CaCO+(s)  Ca2+(aq) + CO32-(aq) CO32- + H2O  OH- + HCO3- HCO3- + H2O  OH- + H2CO3 solução participa de um equilíbrio ácido-base:

Efeito da formação de complexos A solubilidade de um eletrólito pouco solúvel será afetada, se no meio existir um agente capaz de formar complexos com os íons constituintes do sal. - se trata de uma competição entre equilíbrios: AgCl(s)  Ag+(aq) + Cl-(aq) Ks = 1,8 10-10 Ag+ + NH3  [Ag(NH3)]+ K1 = 2,34 103 Ag[NH3]+ + NH3  [Ag(NH3)2]+ K2 = 6,90 103

À medida que os íons Ag+ são liberados na solução, eles participam de um equilíbrio de formação de complexos. Por uma simples aplicação do princípio de Le Chatelier percebe-se que, se íons Ag+ são retirados da solução para formar complexos, a concentração deles vai diminuir. Para minimizar esse efeito, a fase sólida AgCl vai se dissolver, repor os íons Ag+, e assim neutralizar a perturbação sobre o equilíbrio de dissolução-precipitação. Portanto, espécies complexantes aumentam a solubilidade de um eletrólito pouco solúvel.

5.5. Precipitação Vamos considerar o equilíbrio de dissolução-precipitação sob outro aspecto: o de formação de substâncias pouco solúveis. Suponha que temos 1 litro de solução de BaCl2 0,004 mol L-1, a qual para nossos objetivos será considerada apenas como solução 0,004 mol L-1 de Ba2+. Adicionamos uma gota (0,05 mL) de solução 0,002 mol L-1 em SO42- e desejamos saber se ocorre precipitação de BaSO4.

Se o sal BaSO4 é insolúvel, porque não haveria de ocorrer obrigatoriamente a precipitação? A resposta é: ocorrerá precipitação apenas se as concentrações de Ba2+ e SO42- no meio atenderem a uma condição: [Ba2+][SO42-]  Ks O composto só ira se precipitar se a solução estiver saturada em íons Ba2+ e SO42-.

Ex.: Solução 0,004 mol L-1 Ba2+ qual deverá ser a concentração de SO42- necessária para saturar o meio? Ks = 1,0 10-10 = [Ba2+][SO42-] 1,0 10-10 = (0,004)[SO42-] [SO42-] = 2,5 10-8 mol L-1 Essa é a concentração de íon sulfato exigida para se dar início à precipitação Apenas 1 gota de solução 0,002 mol L-1 de SO42- adicionada a 1 litro de solução 0,004 mol L-1 de Ba2+ é suficiente para que ocorra precipitação de BaSO4.