Curso para Preletores - 2009 Aprendendo com os indígenas americanos sobre a Visão de Mundo Natural 1.

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Curso para Preletores Aprendendo com os indígenas americanos sobre a Visão de Mundo Natural.
Transcrição da apresentação:

Curso para Preletores Aprendendo com os indígenas americanos sobre a Visão de Mundo Natural 1

Estudaremos a Cosmovisão dos índios da América buscando elementos da cultura desses povos para entender como essa Cosmovisão: 1.Orienta o modo de viver destes povos 2.Manifesta-se na relação destes povos com o meio ambiente 3.Pode colaborar para a Paz Mundial dentro da perspectiva do MIPF 2

Há uma profunda sabedoria que orienta a Cosmovisão dos povos indígenas. Há mais semelhanças do que diferenças entre a Cosmovisão dos diversos povos pesquisados. 3

A População Nativa do continente americano Na América Central e em partes da América do Sul três civilizações podem ser identificadas: Maia, que viveu entre os séculos IV a.C. e IX a.C. na atual floresta tropical da Guatemala, Honduras e Ilhas Yucatan (Península) – região sudeste do México; 4

Asteca, que viveu na atual região do México entre os séculos XI e XVI. 5

Inca, habitante das áreas montanhosas denominadas Andes, que viveu nos territórios que hoje são o Equador, o Peru, Bolívia, o norte do Chile e o noroeste da Argentina. 6

Na região em que se localizam o Brasil, o Paraguai e o Uruguai, havia em torno de 1400 nações, no ano

Por que as ações dos europeus contra esses povos resultaram na súbita redução dessas populações e até mesmo a total extinção de algumas nações? Por que os europeus não aproveitaram toda a sabedoria desses povos? 8

Mercantilismo: A riqueza de um homem e de uma nação é medida pela quantidade de moedas em ouro e prata. 9

Cristianismo O pensamento Cristão predominante na Europa durante o século XV. De um lado o conceito de paraíso, do outro, o de inferno. A luta entre o bem e o mal também fazia parte da crença Cristã, na época da colonização. 10

Assim, quando os colonizadores aqui chegaram trouxeram consigo: 1) o desejo de explorar e levar consigo todas as riquezas possíveis, estando eles então alinhados com o pensamento mercantilista da época e... 11

2) o pensamento cristão, que fez com que estes colonizadores enxergassem nas práticas e rituais indígenas não o sublime, ou uma expressão de sua cultura e visão de mundo, mas principalmente o demoníaco. 12

Uma das distinções importantes a serem feitas entre os europeus que chagavam ao Novo Mundo e os nativos americanos que eram os habitantes está na sua forma de pensar. O pensamento europeu é caracterizado pela lógica e poderia ser descrito como sendo linear. 13 Visão de mundo

As pessoas que ali chegavam podiam ser frequentemente descritas como rudes individualistas que viam o mundo de uma perspectiva pessoal e analisavam as coisas com uma atitude mental de causa e efeito. 14 Visão de mundo

Os índios nativos americanos, pelo contrário, podem ser descritos como tendo um pensamento circular. Isso é muito mais intuitivo e inclusivo. Os nativos americanos procuravam considerar todas as criaturas viventes deste mundo e do próximo, quando precisavam tomar uma decisão. 15 Visão de mundo

A União Céu-Terra: a Cosmovisão dos Povos Indígenas A maioria dos povos indígenas, acredita: 1. na existência de um espírito superior que criou todas as coisas existentes; 16

2. Sagrado é expresso e mostrado no Universo por meio dos espíritos de cada animal e planta. Todos podem se ligar com o espírito do Criador por meio dos espíritos individuais. 17 A União Céu-Terra: a Cosmovisão dos Povos Indígenas

Os povos indígenas acreditam que há uma totalidade por trás de todas as coisas existentes e que elas se inter-relacionam com o todo e com o divino. 18

O modo de organizar essa relação, Universo, Terra, Natureza e Homem, pode variar de nação para nação, porém, há um elemento similar entre todos esses povos que está embasado em três pilares: a importância de estar presente consigo mesmo, com o cosmos e com o mistério que está por trás de tudo que existe. 19

Canto Navaho: Na beleza eu caminho. Com a beleza diante de mim, eu caminho. Com a beleza atrás de mim, eu caminho. Com a beleza abaixo de mim, eu caminho. Com a beleza acima de mim, eu caminho. Com a beleza em torno de mim, eu caminho Tudo se encerra na beleza. 20

A Terra não é um amontoado de extraordinários recursos que podem ser explorados de acordo com nossa conveniência. A Terra é vista pelos povos indígenas como uma Mãe, está viva. 21

Pautados por esta visão estes povos conseguem perceber, naturalmente, a teia que liga e torna a ligar todas as coisas entre si e com Deus. Essa teia abrange toda a realidade. 22

Como eles estabelecem essa relação, os povos indígenas, sentem-se mergulhados nessa realidade divina na qual os antepassados se encontram. 23

Quando celebram, eles procuram ter uma experiência de encontro com Deus e com todos os povos antigos e homens sábios de suas tribos, que já faleceram. 24

A reverência e o respeito com os quais abraçam todas as coisas surge da percepção deles de que tudo é um sinal da presença do celestial e das energias divinas. 25

De acordo com a Cosmologia andina, por exemplo, seres vivos e mortos e alguns objetos inanimados como montanhas, lagos, rios têm o que eles chamam de camaquen que é uma força vital inerente, 26 A União Céu-Terra: a Cosmovisão dos Povos Indígenas

Esta visão está de acordo com a visão do mundo que é sustentado pelo budismo e também pela Seicho-No-Ie, onde se afirma que montanhas, rios, ervas, solo, tudo é a manifestação do Buda, 27

Para ter a sua espiritualidade manifestada, os povos indígenas tentam reviver a ligação céu- terra para se sentirem unos com o Universo. Eles assim o fazem ao usar constantemente a natureza como um canal que conduz à unidade com o espírito escondido e inerente em tudo. 28 A União Céu-Terra: a Cosmovisão dos Povos Indígenas

Os rituais e cerimônias são instrumentos de interpretação para regeneração, e são a energia espiritual das partes que compõem o todo. O Sagrado está imerso e dentro de diversos elementos da Natureza. Esse é o caminho espiritual da maioria dos povos indígenas. Esse é um convite, independente da crença de cada um, para seguirmos esse caminho. (Frei Betto e Marcelo Barros) 29 A União Céu-Terra: a Cosmovisão dos Povos Indígenas

O papel do xamã ou pajé, que é o líder espiritual dos povos indígenas, é justamente o de estabelecer ou restaurar a ligação entre a comunidade e o mundo invisível. Dessa forma, o xamã promove, por meio de seus rituais, a harmonia entre o homem e a Mãe Natureza, e quando o paciente conscientiza-se dessa harmonia, ele se recupera. 30 A União Céu-Terra: a Cosmovisão dos Povos Indígenas

Portanto, a Cosmovisão que afirma serem os seres animados e inanimados, como montanhas, lagos, rios possuidores decamaquen, a força vital inerente, me parece importante para servir como conceito básico para que as pessoas modifiquem a visão antropocêntrica de mundo e passem a sentir- se parte da natureza, A União Céu-Terra: a Cosmovisão dos Povos Indígenas

... permitindo, dessa forma, a edificação de uma postura mental-espiritual mais ecológica, de não-agressão e cuidado no trato com o meio natural, o que logicamente, contribuirá para a paz mundial, pois esse tipo de visão e fé permite dar sustento a uma atitude de vida mais harmoniosa. 32 A União Céu-Terra: a Cosmovisão dos Povos Indígenas

Sob este aspecto podemos concluir que os povos indígenas são como os ecologistas, pois estudam seu ambiente, sabem como adaptar- se aos diferentes ecossistemas, e, além disso, adaptam os ecossistemas aos seus objetivos. 33 Existência e coexistência com a natureza

É interessante notar como a postura mental espiritual desses povos fazia-os agir de forma a integrar-se ao meio ambiente. Exemplo: Agricultura conhecida como itinerante 34 Existência e coexistência com a natureza

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Dessa maneira, há um entendimento implícito no pensamento dos povos indígenas com relação à igualdade entre todos os seres. Isso difere do conceito do homem moderno o qual considera-se, em muitos casos, dominador dos outros elementos. 38

Em resumo, de acordo com a Cosmovisão dos povos indígenas, tudo tem vida e, portanto, é fundamental decifrar as mensagens da natureza, sempre repletas de significados a serem interpretados. 39 Conclusão

Se é verdade que estamos vivendo em um sistema social e econômico que privilegia a acumulação, a depredação, o consumismo, a extrema exploração, também é verdade que esta realidade pode ser mudada quando o ser humano adotar outro comportamento mental-espiritual em relação à vida. 40 Conclusão

Com relação a isso, acredito que será necessário aprender com outras tradições e crenças, as quais nos ajudam a construir uma cultura voltada para a comunhão entre nações, e ainda mais – uma cultura em comunhão com o próprio universo. 41 Conclusão

Os povos indígenas, que têm uma percepção acurada do espírito divino, que existe no interior de todos os seres, e percebem a inter- relação existente entre os diversos elementos que os cercam, podem fornecer uma grande ajuda nesse sentido. 42 Conclusão

Essa sabedoria precisa ser resgatada e aprofundada pela humanidade em processo de unificação, para colocarmos sob controle e darmos um sentido ético e construtivo ao imenso poder tecnológico que conquistamos. 43 Conclusão

Ao mesmo tempo, as religiões devem repensar sua espiritualidade, aproveitando os diversos ensinamentos construídos pelas sociedades humanas, isto é, devemos começar um processo imediato de união interna daquilo que parece estar separado, adotando comportamentos de reverência e gratidão à vida, transformando crenças em atitudes e ações. 44 Conclusão

Precisamos reforçar este comportamento reverente em nossa cultura materialista e amplamente profana. É importante restaurar a consciência ancestral, segundo a qual o visível é parte do invisível. O ser humano precisa sentir- se parte de um Todo, precisa urgentemente se conscientizar de que seu destino está vinculado a uma relação viva e sincera com a Fonte originária de todo os seres 45 Conclusão

Entretanto, Frei Betto e Marcelo Barros observam que o ser humano só mudará a sua forma de relacionar-se com os seus semelhantes e com os outros seres vivos, se optar por um olhar de amor sobre o Universo e, ao aprofundar a relação consigo mesmo, aceitar vislumbrar por trás de cada ser do universo a marca divina. 46 Conclusão

E com relação a isso, percebe-se que há lições a serem aprendidas com os povos indígenas do continente americano. 47 Conclusão