PSICOPATOLOGIA E PSICODIAGNÓSTICO

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Transcrição da apresentação:

PSICOPATOLOGIA E PSICODIAGNÓSTICO A ABORDAGEM FENOMENOLÓGICA - EXISTENCIAL Profª Alessandra Oliveira Henriques Curso de Psicologia

EXISTENCIALISMO E FENOMENOLOGIA Heidegger – EXISTENCIALISMO Focaliza sua atenção na questão do ser humano em particular, tentando caracterizar, em sua obra fundamental, os traços distintivos da existência humana. Para esse objetivo, ele entende que o único método que lhe permite alcançar este propósito é a fenomenologia. FENOMENOLOGIA - Husserl

MÉTODO FENOMENOLÓGICO Husserl – Fenomenologia Segundo Romero (1997): “Fundar um método que proporcionasse um conhecimento indubitável e radical, com um ponto de partida evidente, sem nenhum pressuposto. Trata-se de apreender os fenômenos tais como emergem na consciência pura do sujeito, na experiência vivida”

DESCRIÇÃO FENOMENOLÓGICA Centralizar a experiência vivida pelo sujeito. Captar o acontecer experiencial tal como o sujeito o manifesta por sua expressão verbal ou escrita, objetiva ou subjetiva. Indagar os modos de manifestar-se de um determinado fenômeno Examinar o significado e sentido que esse fenômeno possa comportar, tal como ele é apreendido pela análise reflexiva.

ESSÊNCIA DO FENÔMENO Nas múltiplas e variadas manifestações de um fenômeno, sempre podemos detectar um núcleo comum e um significado que percorrem e unificam essa variedade fenomenológica (Romero, 1997).

Intencionalidade da consciência Sempre consciência de algo Relação com os objetos Toda vivência é uma forma de relação que o sujeito estabelece com os diversos objetos que constituem seu mundo. Compreensão do significado que esse mundo particular tem para cada sujeito

Liberdade O homem é ontologicamente livre. Por sermos livres, somos igualmente responsáveis. Diante dos determinismos inerentes à condição humana é que tem sentido a liberdade. Quando afirmamos que somos livres, estamos afirmando que sempre temos alguma possibilidade de escolha, uma margem de opção.

Sartre e a liberdade “A existência precede a essência”, A essência só é revelada e, de certo modo, construída por meio da existência, da relação com o mundo É o dado ou recebido na constituição humana. “Não importa o que me foi dado, o importante é o que eu faço com o que recebi”. A sujeição aos determinismos também é uma forma de escolher.

Temporalidade e Finitude O homem é finito e ciente de sua finitude. O ser para a frente de si mesmo nada mais é do que o ser para a morte. É essa certeza inaceitável que fundamenta a ambigüidade do horizonte existencial. Todos os mitos de tempo são mitos de cataclismos, que buscam no fim do mundo uma promessa de ressurreição... o tempo é criação do homem, não apenas na forma de parâmetro que facilita a ordenação das ações humanas, mas sobretudo como tentativa de negar a morte. Augras (1986) Cronologia existencial

Angústia Existencial Condições existenciais inerentes Ser consciente Escolher e decidir - Liberdade Ser responsável Aceitar sua finitude Aceitar seus limites Responder às possibilidades Resistir às derrotas Construir sua singularidade na solidão (unicidade de sua vivência) Vencer o Nada (morte) como um ‘deus’ – ilusão de controle

Métodos de abordagem dos fenômenos Método compreensivo Método dialético

Método compreensivo Compreensão ≠ explicação Explicar é determinar causas Compreender implica conhecer os motivos e relacionar fenômenos – relação motivacional Estabelecer relações de sentido Ex: causas biológicas e motivos existenciais e psicológicos

Método dialético Relação como diferente Conflito entre os opostos – força propulsora do desenvolvimento humano Tensão entre as polaridades Constante processo de organização e desorganização A saúde encontra-se nesse fogo de interações. Pois cada estado de equilíbrio alcançado destrói o estado anterior. A vida procede dialeticamente. Ordem e desordem são etapas constantes no desenvolver do homem e do mundo. Augras (1986)

PSICOPATOLOGIA Abordagem fenomenológica existencial Karl Jaspers – Psicopatologia Geral (1913) Husserl – Fenomenologia Pura (1913) – método Heidegger – Ser e Tempo (1927) – junção do Existencialismo e Fenomenologia

Retomando o conceito de Homem... Ser pluridimensional Livre Inserido em um mundo dotado de sentido particular Aberto às suas possibilidades Consciente de sua finitude Consciente de sua responsabilidade de escolha capaz de inventar e cuidar de sua própria existência mediante a práxis.

Psicopatologia Vivência de sofrimento Vítima e presa a um destino sombrio Existência sem realizações e gratificações Impotência de mudança Sacrifício alienante e inevitável Percepção distorcida de si mesmo e do mundo

Desenvolvimento – aspecto relacional Relação com o outro Constituição do sujeito O ser se determina quando em relação, não existe o eu em si, pois o eu é posterior à relação, é a partir dessa relação que o eu delimita sua própria existência (Buber, 1979) Agentes socializadores: pais, família, educadores, sociedade geral Primazia do outro – superação Processo de autoconsciência Questionamento de si mesmo e do mundo Conflito na relação indivíduo/meio – tensão básica

Saúde x doença “...haverá doença se esse conflito subsistir em termos de desordem, permanecendo o indivíduo num comportamento estereotipado, invariante, alheio às suas possibilidades e do ambiente, ou reagindo inadequadamente... a saúde do indivíduo será avaliada em sua habilidade para recuperar o equilíbrio e superar a crise na relação com o ambiente, utilizando então sua capacidade criadora para transformar esse meio inadequado em mundo satisfatório. (Augras, 1986)

Angústia existencial ≠ angústia sintomática Angústia sintomática - perturbadora, limitante e restringe a liberdade, levando o sujeito a utilizar mecanismos repetitivos, em um circuito fechado interminável. Sentimentos negativos, conflitos, baixa auto-estima e impotência e insatisfação Resultante de conflitos e de um processo de alienação de si mesmo. Angústia existencial - inerente à condição humana. Estimula o questionamento da situação e motiva a procura de novos caminhos. Experiência de liberdade e responsabilidade. É originada por circunstâncias que põem em jogo os valores de sentido, ou que estão associados a decisões definitivas.

PSICODIAGNÓSTICO Kierkegaard - nenhum princípio, sistema ou idéia geral pode dar conta de explicar ou descrever a realidade humana, a vivência particular de cada pessoa. A realidade é o que aparece à consciência. A subjetividade é a realidade. A própria realidade é aquela de que o indivíduo tem maior conhecimento. (Penha, 1982). O psicólogo não tenta explicar e enquadrar a pessoa examinada em categorizações e parâmetros arbitrariamente teorizados, pois ele acredita que a vivência dessa pessoa é sua própria explicação, sendo ela a melhor interprete de si mesma.

PSICODIAGNÓSTICO Fenômeno único Totalidade Nível de crescimento ou de maturidade Projetos de vida Contexto existencial “é uma investigação intuitiva compreensiva dos mistérios da história da vida de uma existência singular”. Petrelli (1999)

PSICODIAGNÓSTICO 1º PASSO Observar e escutar a pessoa por inteiro Suspender todos os conhecimentos a priori, preconceitos e hipóteses pré-formadas Aceitar e respeitar a singularidade existente na pessoa a ser diagnosticada.

PSICODIAGNÓSTICO 2º PASSO Descrever cada experiência significativa Sentido fundamental mediante um método compreensivo fenomenológico Sentido possível que o discurso e a experiência vivida têm para a própria pessoa.

PSICODIAGNÓSTICO 3º PASSO Buscar as relações de sentido entre as diversas experiências vividas pelo sujeito Relações entre os aspectos universais da existência humana na construção de uma história de vida particular, de sua existência, sempre única e incomparável.

PSICODIAGNÓSTICO 4º PASSO Fazer uma leitura diagnóstica descritiva Significação dada pelo próprio sujeito Associar aos princípios teóricos pertinentes à história particular.

PSICODIAGNÓSTICO Uma quantidade muito grande de fenômenos da existência, cada vez mais mostram-se inatingíveis e incompreensíveis diante das teorizações vigentes de compreensão do homem. As teorias, em sua desvairada tentativa de explicação do homem, negam o experenciar da própria existência. A pessoa doente é antes de tudo uma pessoa que sofre, que precisa em primeiro lugar ser compreendida a partir de seus sentimentos, sensações, emoções, enfim, de tudo que por ela é vivenciado. (Angerami, 1984)

Referências Bibliográficas TENORIO, Carlene M. D. A psicopatologia e o diagnóstico numa abordagem fenomenológica–existencial. Universitas Ciências da Saúde - vol.01 n.01 - pp. 31-44. http://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/index.php/cienciasaude/article/viewFile/493/315