CENÁRIOS E TENDÊNCIAS MUNDIAIS Planejamento Estratégico Ralf M. Ehmke
1990 2030 2100 1900 Poluição População estimada sem colapso Recursos Naturais Com colapso Produção de Petróleo Expectativa de vida Alimentos Produção industrial População Mundial Poluição Meadows,1991 Departamento de energia-EUA em www.doe.gov (set 1997)
Plano da Exposição Conceitos de Referência Tendências e Cenários de Longo Prazo (2020) A Escolha Estratégica sob Cenários
Conceitos de Referência
Como evoluir de “A”para “B” ? Aonde pretendemos chegar ? Estratégia: um conjunto de grandes escolhas que orienta o gerenciamento do presente e a construção do futuro num horizonte de longo prazo e sob condições de incerteza. É uma resposta consistente a três grandes questões: Cenário A Cenário B Onde estamos ? (A) Presente Estratégia Como evoluir de “A”para “B” ? Aonde pretendemos chegar ? (B) Futuro Cenário C Cenário D
Atributos fundamentais de uma boa estratégia Antecipação Enxergar além do próximo lance. Pensar no “campeonato”, em seguida na próxima partida e nos próximos lances, nesta ordem Seletividade Identificar e focar apenas o que “faz a diferença” Flexibilidade Considerar os cenários prováveis nas escolhas estratégicas e assegurar boa capacidade de “pilotagem” Sustentabilidade Apoiar-se em fatores estruturais e balancear as oportunidades e ameaças externas com as vocações e limites internos
As melhores práticas em estratégia nos indicam que É impossível eliminar a incerteza: o máximo que podemos fazer é reduzi-la a um leque finito de alternativas mais prováveis Qualquer formulação estratégica consistente e de boa qualidade requer uma acurada análise prospectiva e de cenários A estratégia é muito mais um roteiro geral, com margens de flexibilidade e manobra (sem mudança de rumo) do que um programa detalhado. O monitoramento sistemático do que está acontecendo e a qualidade da equipe de pilotagem (gestão) são tão importantes quanto os cenários e as estratégias (“cartas de navegação”)
Tendências e Cenários de Longo Prazo
Macrotendências Mundiais. Revolução científica e tecnológica Cinco ondas tecnológicas no horizonte 2020: computadores pessoais, telecomunicações, biotecnologia, nanotecnologia e energia alternativa
Macrotendências Mundiais. 2. Emergência da economia virtual. Consolidação do comércio eletrônico
Macrotendências Mundiais. 3. Integração de mercados e internacionalização da produção. Ampliação do comércio mundial e queda sistemática das barreiras alfandegárias. Intensa oligopolização das indústrias que se consolidam em grandes corporações transnacionais.
Macrotendências Mundiais. Redução das margens de manobra dos Estados-Nação. Governo – Empresas - Sociedade civil A sociedade evolui por estágios e as relações de poder construídas na macro-estrutura combinam-se em cada fase. Barbárie Governo fraco x sociedade fraca Sociedade tutelada Tensão constante de um equilíbrio frágil Governo forte x sociedade fraca Governo fraco x sociedade forte ? Sociedade evoluída Governo forte x sociedade forte democracia
O Governo Catalizador: A evolução da sociedade educada impõe reformas na macroestrutura existente nos estágios anteriores o aumento da complexidade das relações que são construídas e a estrutura de poder deve horizontalizar-se para atender as novas demandas. NAVEGANDO EM VEZ DE REMAR A palavra governo vem de um vocábulo grego que significa “navegar”. O papel do governo é navegar e não remar. Prestar serviços é remar e o governo não é bom remador” – E.S. Savas,
Arquitetura do Movimento Qualidade de Vida da População Competitividade Setor Privado Setor Público Terceiro Setor Desenvolvimento Sustentável Ambiência Competitiva Ralf M. Ehmke
Papel da empresa socialmente responsável Maximização de Retorno Redução de Risco Valor adicionado Certificações de Qualidade Economicamente Viável Sustentável Relatório Ambiental Socialmente Justo Ambientalmente Correto ISO14001 SA8000 Balanço Social
Macrotendências Mundiais. 5. Instabilidade do sistema financeiro mundial. Alto endividamento e financeirização da economia. Ocorrência de “bolhas” - rico de “crash”
Macrotendências Mundiais. 6. Emergência de países com grande potencial econômico. 4 “Baleias” (China, Índia, Rússia e Brasil) mais México e Coréia do Sul
CHINA
CHINA a China passou de 3,9% das exportações mundiais em 2000 para 6% em 2002 e passou a ser o principal destino dos fluxos mundiais de investimento direto estrangeiro desde 2002, tendo ultrapassado os próprios Estados Unidos. Em 2004 tornou-se o segundo maior “estoque" mundial acumulado de capital estrangeiro em termos de, logo a seguir aos Estados Unidos.
CHINA Segundo um estudo do Deutsche Bank Research, a China (juntamente com Hong Kong e Macau) já lidera o mercado mundial em 8 das 12 categorias de produtos da eletrônica de consumo - mais de 50% do mercado de leitores de DVD, mais de 30% dos gravadores de DVD, dos computadores de secretária e dos "notebooks", mais de 25% nos telemóveis, TV a cores, PDA (assistentes pessoais digitais) e auto-rádios. Também no campo do software, segundo a revista Business Week (Agosto de 2003), a China poderá alcançar a posição da Índia - o principal local do mundo de "outsourcing" nesta área - em 2006-2007.
EUA Dependência EUA-CHINA O fato da Ásia ser responsável por 4/5 do déficit comercial dos EUA (a China, só por si, alimenta 1/5) e da China deter 45% das obrigações do tesouro norte-americanas. «Isto tudo só ameaça os EUA com a bancarrota. O último infortúnio da hegemonia dos EUA vai ser a ruína financeira. O que vai levar certamente a uma crise»
OS NÚMEROS DO DIABO (em bilhões US$) EUA O déficit da conta corrente atingiu os 614 bilhões de dólares em 2004, ou seja 5,2% do PIB. O déficit poderá chegar a 7,8% do PIB em 2008 e 13% em 2010, com um valor recorde de 1 trilhão, a continuarem as atuais tendências. O dólar está atualmente 30% mais barato do que o euro OS NÚMEROS DO DIABO (em bilhões US$) Indicadores 2001 2002 2003 2004 Déficit corrente -385 -474 -531 -614 Déficit comercial -363 -422 -497 -559 Dívida liquida dos EUA 2212 2729 3380 4144 Obrigações do Tesouro na posse de estrangeiros 1040 1239 1528 1799 Fonte: Brad Setser e Nouriel Roubini, The US as a Net Debtor, Setembro 2004
Macrotendências Mundiais. Explosão de guerras, tensões e conflitos regionais. Guerras pelos Recursos «a próxima fronteira do petróleo», em que refere o movimento estratégico norte-americano de posicionamento econômico e militar na região do Mar Cáspio e das antigas repúblicas soviéticas da Ásia Central, onde as reservas de petróleo (Azerbaijão, Casaquistão) e gás (Casaquistão, Uzbequistão, Turquemenistão) poderão fazer a diferença nas próximas décadas. O objetivo é diminuir a dependência estratégica em relação ao Golfo Pérsico (recorde-se que em 2008 terá o domínio da oferta via OPEP). Os 3% de oferta mundial a partir do Cáspio poderão fazer toda a diferença a partir de 2010. Business Week (2002)
Macrotendências Mundiais. Aumento do número de pessoas atingidas pela exclusão social. A concentração do poder tecnológico, financeiro, político e militar em um conjunto de países (G-7) consolida uma “globalização desigual” onde 20% da humanidade controla 83% das rendas mundiais e os 20% mais pobres dispõem apenas de 1,4% dessas mesmas rendas.
Macrotendências Mundiais. 9. Globalização do narcotráfico e da economia da contravenção. “Guerra perdida”- possibilidades de minimização regional Máfia globalizada
Macrotendências Mundiais. Agudização do desafio da sustentabilidade. Aceleração do esgotamento dos recursos não- renováveis. Emergência na criação e desenvolvimento de novos materiais substitutos. biomateriais Controle e responsabilidade ambiental - àgua - energia -poluição
DATAS A CONSIDERAR NOS CENÁRIOS Cenário de fragmentação política 2006 - Choque petrolífero e risco de crise econômica mundial 2010 - Retoma e período de preços do barril abaixo dos 15 dólares Cenário de globalização 2005-2012 - Preços do barril de petróleo abaixo dos 20 dólares 2010 - Gás natural ultrapassa carvão 2013 - Médio Oriente detém 55% do mercado do petróleo 2015 - Choque Petrolífero e última cartada do Médio Oriente 2020 - Gás ultrapassa petróleo e hipótese de crise econômica mundial (cenário de Harry Dent) Datas de referência no futuro energético2020 - 20% do consumo total de energia da União Europeia é fornecido por importações de gás 2025 - Ano da encruzilhada nas opções estratégicas 2025 - pico do gás natural 2025-2050 - planalto de estagnação do crescimento do gás 2025-2040 - zona de cenários de pico da produção do petróleo 2040 - Biocombustíveis líquidos afirmam-se 2050 - Energias renováveis detém 1/3 da energia primária mundial
Trajetória mundial mais provável – lenta e irregular evolução de um quadro atual bastante contraditório - combinando tendência recessiva, crise de confiança no sistema financeiro e sinais de protecionismo com avanços nas negociações em torno de um sistema de regulação mundial - para um processo de redefinição e consolidação de novas regras e mecanismos de controle, na medida em que vai mudando o jogo de poder que decorre da emergência da China e outras nações intermediárias, como o Brasil. Desta forma, no curto prazo, a economia mundial deve apresentar, ainda, grandes instabilidades e uma irregular incorporação de mecanismos de regulação e gestão econômica; na medida em que estes mecanismos se consolidam e geram resultados, no longo prazo, deve ser iniciado um processo de retomada de um novo ciclo de crescimento econômico com redução das desigualdades entre as nações, combinando os grandes avanços tecnológicos com o fortalecimento das instituições mundiais de regulação que implementam políticas globais de desenvolvimento.
CENÁRIOS E TENDÊNCIAS PARA O BRASIL Ralf M. Ehmke
Eixos do Desenvolvimento e Integração Nacional
Eixos do Desenvolvimento e Integração Nacional
Eixos do Desenvolvimento e Integração Nacional
Macrotendências nacionais – horizonte 2020 Envelhecimento da população Mudança nas estruturas de mercado e no perfil da demanda 1990 2000 2025 2050
Macrotendências nacionais – horizonte 2020 Universalização das telecomunicações e massificação dos computadores Crescimento 2000 2002: telefones fixos: 29%; celulares: 36%; base computadores: 67%; e usuários Internet: 71% 4. Essencialidade da educação para a competitividade, empregabilidade e integração social Segmentos com maior potencial de crescimento: educação profissional, ensino de pós graduação ‘lato sensu’ – cursos de especialização e de atualização
Macrotendências nacionais – horizonte 2020 Alta relevância do esforço exportador única alternativa viável para sustentação do crescimento É baixa a probabilidade de atração de grandes volumes de investimentos externos por longo tempo Há limites e restrições (inclusive de balanço de pagamentos) ao crescimento baseado apenas no mercado interno É inevitável a busca de superávits comerciais expressivos e continuados como principal meio de: redução da vulnerabilidade externa (implicando inclusive em menores custos de captação de recursos) sustentação do crescimento econômico Crescimento exportações entre 1985 e 2000: China = 800%; Coréia do Sul = 500%; Brasil =114%
Balanço de Pagamentos - indicadores para um crescimento sustentável?
Macrotendências nacionais – horizonte 2020 Emergência do combate à pobreza e à violência como as questões estratégicas prioritárias no campo social A evolução da pobreza segundo o IPEA (1992 – 2001) Em % 40,79 41,71 33,92 35,54 33,88 32,67 33,96 33,64 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 Segmentos com alto potencial de crescimento:operação e gestão de programas sociais; implementação de sistemas inteligentes de repressão e prevenção ao crime
Emergência do combate à pobreza e à violência como as questões estratégicas prioritárias no campo social
Macrotendências nacionais – horizonte 2020 Crescentes pressões pela resolução e/ou controle de questões ambientais Focos prioritários: água, esgotos e limpeza urbana Segmentos com maior potencial de crescimento: saneamento, indústria de reciclagem, gestão e controle ambiental
Macrotendências nacionais – horizonte 2020 Amadurecimento político da sociedade, consolidação da democracia e dos valores republicanos Eleições como rotina, transições transparentes, respeito aos poderes constituídos
Brasil: incertezas críticas para o longo prazo – 2005-2020 Qual será a intensidade da inserção do Brasil no contexto econômico mundial ? Com que extensão e intensidade se dará a inclusão social no Brasil neste horizonte de tempo ?
O Brasil apresenta também graves estrangulamentos estruturais que tendem a comprometer sua competitividade sistêmica no contexto internacional em acelerada mudança; as restrições estruturais, portanto de lenta maturação, residem principalmente nos baixos níveis de escolaridade e de qualificação da mão de obra e nas limitações do sistema de inovação e desenvolvimento tecnológico, embora tenham havido avanços setoriais muito importantes. Combinado com o processo de degradação da infra-estrutura econômica (especialmente transporte, mas também energia) e com o complexo e inadequado sistema tributário brasileiro, forma-se o “custo Brasil” que inibe a sua capacidade de inserção competitiva no mercado mundial.
Quatro cenários para o Brasil 2005-2020 Inclusão Social Ampla Restrita Inserção Externa Ampla Desenvolvimento Integrado Modernização com Exclusão Social Restrita Crescimento Endógeno Estagnação e Pobreza
Brasil: incertezas críticas para o curto prazo – 2005-2006 Incerteza externa: as dificuldades em relação ao Brasil acentuam ou arrefecem ? Incerteza interna: as condições de governabilidade e governança do país (operação do Governo Lula) serão boas ou precárias ?
Quatro Cenários para o Brasil em 2005-2006 Curto prazo Condições de Governabilidade e Governança Boas (75%) Precárias (25%) Dificuldades Externas Arrefecem (65%) TRAVESSIA Transição para a Recuperação PILOTAGEM PROBLEMÁTICA Tropeçando nas Próprias Pernas Aumentam (35%) TURBULÊNCIA Navegando em Mar Revolto NAUFRÁGIO Crise e Desorganização Econômica e Política
TRAVESSIA: Transição para a Recuperação Conflito Estados Unidos x Iraque evolui sem grandes complicações Quadro de dificuldades econômicas mundiais e a desconfiança dos investidores externos em relação ao Brasil vão se dissipando gradualmente Governo Lula mantém gestão macro-econômica austera (superávit primário, metas de inflação, flutuação cambial) Ação política eficaz para aplacar e diluir as fortes demandas emergentes Aprovação das reformas da previdência, tributária e trabalhista e da autonomia operacional do Banco Central Sucesso na implementação de ações sociais Queda no custo de rolagem das dívidas externa e interna Início de um ciclo virtuoso da economia em 2004
TRAVESSIA: Transição para a Recuperação Crescimento moderado e modernização econômica com exclusão e persistência das desigualdades sociais e regionais, continuidade dos conflitos e violência urbana e aumento dos impactos ambientais, decorrente da configuração de um projeto político liberal que prioriza a estabilidade econômica e a integração competitiva com limitada regulação do mercado e moderados investimentos públicos. Com a redução do papel do Estado a espaços restritos e seletivos de regulação e garantia de funcionamento do mercado, tende a combinar modernização tecnológica e reestruturação produtiva com integração econômica mundial e manutenção da concentração de riqueza e pequena melhoria do nível geral de renda da população brasileira, persistindo parcelas importantes de pobres e excluídos do consumo, e acelerada integração externa.
Mensagem final “Apesar de tudo, à medida em que avançamos para a terra desconhecida do amanhã, é melhor ter um mapa geral e incompleto, sujeito a revisões, do que não ter mapa nenhum” Alvin Tofler