Videoconferência de ANETE CARDOSO CRUZ Série Descomplicando a Matemática Mestre em Educação pela UFRN; Membro do Grupo EMFoco - Grupo de Estudos em Educação Matemática; Especialista em Metodologia do Ensino Superior pela Faculdade Olga Mettig; Especialista em Direitos Humanos pela UNEB e MPE da Bahia; Licencianda em Dança pela UFRN; Fundadora, Coordenadora Pedagógica e Atleta dançarina da ABDCR; www.rodasnosalao.com.br ; www.grupoemfoco.com.br Mestra em Educação/UFRN; Sócia do Grupo EMFoco; Coord. e AD da ABDCR e Professora da Rede Pública Estadual da Bahia
Agradecimentos... Ao convite feito pela Profª Shirley Costa Profª Ana Carolina (Diretora da DIRFE) Profª Daday Sales (Coordenadora do Programa Gestar) Ao Grupo EMFoco que me acompanha ao longo desses quatro anos.
Agradecimentos... Profº. Dr. Iran Abreu Mendes por orientar-me ao longo desses dois anos de Mestrado Aos Educadores e atletas dançarinos da Associação Baiana de Dança em Cadeira de Rodas
Dançar é preciso! Educação Matemática possibilitando a compreensão da Dança Esportiva em Cadeira de Rodas
A pesquisa É fruto da minha dissertação de Mestrado em Educação (intitulada ”Simetria na dança: vestígios matemáticos na prática da DECR”), defendida em fevereiro deste ano, realizada na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Neste encontro apontarei alguns aspectos.
Mês de Abril – Mês da Dança Em 1982, a UNESCO instituiu a data de 29 de abril como Dia Internacional da Dança. Comemora-se o dia do nascimento de Jean Georges Noverre (* 1727 | + 1810), o precursor e criador do ballet moderno, que foi um revolucionário em suas concepções, nas quais propunha um rompimento com tudo o que tornava pesada a tradição clássica criando novas regras e novos suportes para a dança.
Despertar a atenção do público em geral para a importância da dança A comemoração foi introduzida pelo Comitê Internacional da Dança da UNESCO com o objetivo de: Despertar a atenção do público em geral para a importância da dança Incentivar governos a fornecerem um espaço próprio para dança em todo o sistema de educação desde o ensino infantil até o ensino superior.
Por que pontuo a dança nesse primeiro momento? Para que estejamos abertos a navegar em outros espaços, além daqueles que atuamos como por exemplo, a Música, o Meio Ambiente, entre tantos outros. A dança foi o espaço escolhido por mim.
Meu processo investigativo dividido em alguns momentos... 1 – Minha história de vida 2 – A dança como provocadora de um novo pensar e perceber a minha existência e o significado da matemática na minha vida 3 – A entrada do EMFoco na minha vida 4 – Matemática/EMFoco & DECR: a forma de conceber a dança mudou
5 – A relação da matemática com a Dança, em especial com a Dança Esportiva em Cadeira de Rodas – O estudo e o meu processo investigativo 6 – Por que navegar, em outros espaços, é preciso? 7 – E como essa forma de conceber o conhecimento poderia colaborar nas aulas de matemática?
1 – Minha história de vida Professora de matemática há quase 20 anos e da Rede Pública Estadual há mais de 10 anos; Em 2000 concluo duas especializações: Metodologia do Ensino Superior e Direitos Humanos (UNEB/Ministério Público Estadual). Esta última tenho a oportunidade de conhecer várias vertentes das lutas dos grupos sociais e o movimento das pessoas com deficiência me encanta.
Em 2000, tenho a oportunidade de conhecer, por meio de Cabral, meu esposo, o mundo do paradesporto e a história de vida de muito(a)s paraatletas. Em 2001 – nosso primeiro contato com a Dança Esportiva em Cadeira de Rodas, na ocasião do 1° Simpósio Internacional de Dança em Cadeira de Rodas, realizado na UNICAMP – Campinas.
2 – A dança como provocadora de um novo pensar e perceber a minha existência e o significado da matemática na minha vida Enquanto era apenas platéia e observadora: a dança me encantava, causava certa magia. Quando a dança começou a fazer parte da minha vida (toda “padronizada” de professora de matemática) tive rejeição, medo: de ser observada, de ser avaliada, do desafio de aprender algo que não fazia parte da minha vida e “(re)começar” a aprender algo novo.
A dança, ao longo de três anos iniciais se constituiu num elemento “desestruturador” da/na minha vida. Por que? Porque tinha uma situação confortável de “dominar” a matemática e a dança estava me estava me colocando numa posição e situação de insegurança, mostrando-me que para ser uma boa bailarina requereria de mim uma complexidade de conhecimentos e informações, que além de intelecto usaria também a minha consciência corporal.
Muitos desafios se apresentaram à minha frente Muitos desafios se apresentaram à minha frente. Tive uma variedade de sentimentos: recusa, tristeza, impotência, incompetência,... Por diversas vezes perguntava-me como era possível compreender matemática e não saber dançar. E fui notando ao longo dos anos o quanto a dança ajudaria no aprendizado da matemática e quanto a matemática foi imprescindível para me encantar e apaixonar-me pela dança. Nesse percurso, eu e Cabral, criamos a Cia Rodas no Salão que, em 2006, se transformaria na Associação Baiana de Dança em Cadeira de Rodas. Ao longo de seis anos temos a companhia e parceria, imprescindível, da Profª de Dança, Carine Pinheiro.
3 – A entrada do EMFoco na minha vida Recebi, em 2006, um convite de uma colega do Estado, para conhecer o grupo de estudos o qual ela fazia parte – o EMFoco. No EMFoco descobri: Uma (si)energia que movia àquele(a)s educador(a)s a estarem ali, quinzenalmente; A seriedade em pensar discutir problemas enfrentados nas salas de aula e pensar conjuntamente soluções e propostas a serem aplicadas; Discussões de livros e artigos; Escuta e sugestões aos trabalhos que são apresentados para diversas finalidades.
E o ponto que foi fundamental para ingressar neste Grupo foi a motivação: É mais do que simplesmente estudar; é se (auto)formar, mas com a ajuda do outro. E o grupo mostra isso, na prática, a quem passa a fazer parte da sua história. Assim o EMFoco encorajou-me a me lançar no desafio que eu havia me proposto: investigar a matemática presente na prática da DECR
4 – Matemática/EMFoco & DECR: a forma de conceber a dança mudou Minha atenção às aulas de dança estavam associadas a um processo de observação dos movimentos que eu e meu partner desenvolvíamos; Enveredei-me a pesquisar livros de dança, manter contatos por email com profissionais de DE para andantes, além de questionar tudo que percebia na execução dos passos, nos quais já associava à matemática e à física; Buscava apurar minha qualidade enquanto bailarina, assistindo as filmagens das minhas apresentações - desenvolvia um olhar mais crítico da dança que realizava;
Levei a qualidade desse olhar para as aulas de matemática: Propunha aos estudantes (e a mim) questionamentos e possibilidades de ampliar as situações propostas para outros espaços/realidades; As respostas às dúvidas/questionamentos nem sempre eram dadas de forma imediata na sala de aula. Na maioria das vezes os estudantes eram convidados a pesquisar na internet, em livros e outros espaços, as possíveis soluções/aplicações(ou não) daquelas situações. Estar dançando motivou em mim a necessidade de estabelecer relações do que ensinava com o mundo que pulsava e sempre fez parte da minha/nossa vida.
5 – A relação da matemática com a Dança, em especial com a DECR – O estudo e o meu processo investigativo O paradesporto em cadeira de rodas, a dança em cadeira de rodas e Dança Esportiva (para andantes): contextos que proporcionaram a criação da DECR
DECR: o que é e seu contexto A DECR nasceu na Europa há quase 40 anos A DECR envolve atletas com deficiência física, que devem dançar em uma cadeira de rodas (cadeirante) com um parceiro(a) andante. Atualmente, 43 países praticam a modalidade no mundo, incluindo o Brasil.
O ritmo, a técnica, a caracterização da dança, o estilo e a elegância, conduzem a uma rotina diária que trazem ganhos para a dança. O primeiro país a sediar a DECR foi a Holanda em 1985, seguido pela Bélgica e Alemanha. Dois são os grupos de danças executados: standard ou européias - valsa inglesa, tango, valsa Vienense, slow fox e o quickstep; e as danças latinas - samba, ChaChaCha, rumba, paso doble e jive.
As competições acontecem geralmente em quadra de esportes ou amplo salão de baile, com piso adequado Linha da dança Linha reversa Parede Centro Diagonal reversa parede reversa centro centro parede
A escolha do contexto da DECR e o tema matemático que optei por investigar Ambiente – a dança do ChaChaCha. (vídeo); Surgem questionamentos: empregos dos termos adotados na dança esportiva (figuras, passos, poses, ...) não se aplicam a outras danças, falta de informações, escassez ou inexistência de referências bibliográficas, outros Percebe-se a necessidade de desenvolver esse campo de pesquisa que trará contribuições para os praticantes da DECR, assim como para outras áreas do conhecimento. Assim, o estudo das isometrias, no contexto da DECR, colaborou na compreensão dos movimentos isométricos que os atletas dançarinos realizam nas suas coreografias, aprimorando assim, seu desempenho técnico.
Como foi desenvolvido o estudo e o processo investigativo Segui alguns caminhos: Alguns autores me acompanharam nessa viagem: na dança (Delsarte, Laban, Ried, Laird, ...), na educação matemática (D’Ambrosio e Vergani), matemática (Mario Lívio), sociologia da matemática (Struik,...), entre outros. Análise de vídeos e fotografias; Diálogos, entrevistas, filmagens dos encontros, manuscritos dos atletas dançarinos.
3 4 ½ PE volta suavemente para lado e atrás MP e PI ChaChaCha chassé: Concepção, análise e compreensão dos movimentos Passo nº. Tempo Valor da batida Posição do pé Trabalho do pé Ação usada Giro do corpo 1 2 1 PE avança, dedo do pé virado para fora. MP e PI Caminhada pausada para frente – 2 3 1 PD no lugar MP e PI Peso transferido no lugar Delicada-mente para a esquerda 3 4 ½ PE volta suavemente para lado e atrás MP e PI ChaChaCha chassé: Esquerda /direita /esquerda virando para a esquerda. Para a esquerda. 4 & ½ PD meio fechado para o PE MP e PI
Dividi o percurso metodológico em três fases que nortearam minhas ações: 1ª Fase: Pesquisa exploratória sobre o processo de matematização da dança. 2ª Fase: (Auto) reflexo sobre a pesquisa exploratória 3ª Fase: Concretização do processo de matematização da dança
Durante o processo investigativo: Destaquei a importância de realizarem registros; Foram fornecidas informações acerca da DECR; Investigação matemática - uma das propostas para dar sentido a um contexto da aprendizagem. Assim, sugeri a geometria, especialmente o estudo de isometrias, baseado na realização de descobertas.