ores) in Os Lusíadas, Camões A preparação da Ilha dos Amores (Canto IX, 18-29)
Estrutura externa: Canto IX, 18-29 Estrutura Interna: Narração Narrador: Poeta Plano Narrativo: Plano mitológico
Resumo Após a terrível tempestade, a frota de Vasco da Gama chega a Calecut (canto VII) e visita o palácio do Samorim, onde é muito bem acolhida. O Catual, por sua vez, visita a nau de Paulo da Gama, pedindo-lhe que lhe explique o significado das figuras desenhadas nas bandeiras (Canto VIII). No entanto, nem tudo corre bem, e o Catual, subornado pelos muçulmanos, aprisiona Vasco da Gama e só o liberta a troco das mercadorias que os portugueses traziam a bordo. Depois de diversas negociações (Canto IX), a frota consegue finalmente partir e iniciar a viagem de regresso a casa. Como prémio pela sua bravura, Vénus prepara aos portugueses uma ilha paradisíaca para que possam repousar das dificuldades da viagem.
Vénus Divindade protetora dos portugueses; Principal adjuvante no sucesso da missão; Advoga a causa dos portugueses no Consílio dos Deuses no Olimpo; Procura a proteção de Júpiter; Salva-os das armadilhas de Baco Prepara-lhes, com Cupido, a sua Ilha.
Impulsiona os humanos para o Bem, a Grandeza, a Honra, a Glória Vénus Símbolo… da beleza; da sensualidade instintiva; do caráter humano, natural; do Amor-força; energia vital; Impulsiona os humanos para o Bem, a Grandeza, a Honra, a Glória
Estrutura do episódio 1ª parte: Decisão de Vénus (est. 18-20) 2ª parte: O prémio (est. 21-22) 3ª parte: A ajuda de Cupido (est. 23-24) 4ª parte: A missão de Cupido (est. 25-29)
1ª parte: Decisão de Vénus (est. 18-20) Vénus pretende dar aos portugueses um prémio pelas vitórias alcançados e pelos danos sofridos. «Dar-lhes nos mares tristes, alegria» (est.18) – antítese - realça o contraste entre a dureza da vida no mar e o prémio que Vénus pretende dar aos marinheiros como recompensa pelas dificuldades passadas. « Os deuses faz decer ao vil terreno / E os humanos subir ao Céu sereno» - antítese – alusão ao poder de Cupido, aliado à força do Amor que é capaz de vencer todas as barreiras. Decide, então, pedir ajuda ao seu filho, Cupido.
2ª parte: o prémio (est. 21-22) Vénus decide preparar uma ilha divina, que será colocada nas águas, no caminho dos marinheiros. Nessa ilha, encontrar-se-ão «aquáticas donzelas» (est.22) que serão escolhidas entre as mais belas e as mais devotas no amor. Estas ninfas terão como missão aguardar pelos marinheiros e recebê-los com cantos e danças, para despertarem neles «secretas afeições» (est. 22)
3ª parte: a ajuda de Cupido (est. 23-24) Cupido é o ajudante ideal pois já tinha colaborado com Vénus numa situação similar: tinha levado Dido a apaixonar-se Eneias. Vénus vai, então, procurar Cupido no seu carro puxado por cisnes («as aves que na vida / Vão da morte as exéquias celebrando» – est.24) e rodeado de pombas que se beijam.
4ª parte: A missão de Cupido (est. 25-29) Cupido encontrava-se em Idália, cidade da ilha de Chipre, famosa pelo culto de Vénus, procurando reunir um exército de cupidos para «Fazer hua famosa expedição / Contra o mundo revelde» com o fim de emendar os erros dos humanos, pois «estão, / Amando coisas que nos foram dadas, /Não pera ser amadas, mas usadas» (est.25):
4ª parte: A missão de Cupido (est. 25-29) Embora conheça o verdadeiro Amor, a deusa sabe que o mundo despreza esse sentimento: Vénus quer dar a conhecer o amor a Actéon, que o repudia e dele foge . (est.26) A deusa percebe que os homens com mais influência/ poder se amam apenas a si próprios, sendo presunçosos e aduladores. (est.27) Vénus percebe que aqueles que se deveriam dedicar ao próximo fingem ser justos e íntegros mas apenas amam o poder e a riqueza. (est.28) Vénus conclui que ninguém ama aquilo que deveria amar. (est.29)
Estratégia de Vénus Recompensar os navegadores (humanos que bem amavam) Recompensa: ligações amorosas com Ninfas; Dos «casamentos» nasceria «progénie forte e bela» Contentamento de Cupido: a nova geração de humanos povoaria o Universo.
A «ínsula divina» Água + Verde + Animais = fecundidade Avistada pelos marinheiros – IX, 52; Ilha repleta de árvores, frutos apetitosos, odoríferos e coloridos = sensualidade; Prazer para os 5 sentidos: visão, olfato, paladar, audição, tato. Água + Verde + Animais = fecundidade
Aguardam-nos outras maravilhas… A «ínsula divina» Desembarque dos marinheiros – IX, 64 Aguardam-nos outras maravilhas… Ninfas e deusas + Música *************************** Jogos do amor (Lionardo e Ninfa – IX, 75 - 81) Alegria Plenitude
Significado da Ilha (I) PRÉMIO/ MERECIDA RECOMPENSA: «as deleitosas honras/ que a vida fazem sublimada» Suprema honra e plenitude alcançadas… Despertando do ócio; Refreando a ambição e a cobiça; Recusando o vício da tirania; Sendo justo em tempo de paz; Não dando aos «grandes» o que é dos «pequenos» Sendo valente na guerra contra os Mouros; Aconselhando bem o Rei
Significado da Ilha (II) AMOR dá atributos divinos aos humanos; Narração pagã incluindo a Fé – ligando o passado ao futuro: missionários no Oriente; Camões integra-se como figura épica, imortalizando-se com e no seu canto; Consumação das profecias e receios de Baco: os portugueses divinizam-se e os deuses humanizam-se.
Esparsa ao Desconcerto do Mundo Os bons vi sempre passar No mundo graves tormentos; E para mais me espantar, Os maus vi sempre nadar Em mar de contentamentos. Cuidando alcançar assim O bem tão mal ordenado, Fui mau, mas fui castigado: Assim que, só para mim Anda o mundo concertado. Luís de Camões