Determinantes culturais, econômicos, políticos e ideológicos

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LÍNGUAS DE SINAIS As línguas de sinais são línguas naturais, pois surgiram do convívio entre as pessoas. As línguas de sinais podem ser comparadas no que.
Transcrição da apresentação:

Determinantes culturais, econômicos, políticos e ideológicos POLITICA EDUCACIONAL E LEGISLAÇÃO PARA A CONSTRUÇÃO DE UM SISTEMA DE ENSINO DEMOCRÁTICO E INCLUSIVO:CONSTRUINDO UMA SOCIEDADE PARA TODOS Determinantes culturais, econômicos, políticos e ideológicos

Determinantes culturais, econômicos, políticos e ideológicos Conceituando Cultura.... “Por meio da cultura que uma comunidade se constitui, integra e identifica as pessoas e lhes dá o carimbo de pertinência , da identidade.”

Determinantes culturais, econômicos, políticos e ideológicos Cultura Surda ajuda a construir uma identidade das pessoas surdas = significa também evocar uma questão identitária.

Determinantes culturais, econômicos, políticos e ideológicos De acordo com Perlim (1998), a identidade pode ser definida como: Identidade flutuante- na qual o surdo se espelha na representação hegemônica do ouvinte, vivendo e se manifestando de acordo com o mundo ouvinte.

Determinantes culturais, econômicos, políticos e ideológicos Identidade inconformada na qual o surdo não consegue captar a representação da identidade subalterna; Identidade de transição, na qual o contato dos surdos com a comunidade surda é tardio, o que os faz passar da comunicação visual-oral ( na maioria das vezes truncadas)- o surdo passa por um conflito cultural.

Determinantes culturais, econômicos, políticos e ideológicos Identidade híbrida, reconhecida nos surdos que nasceram ouvintes e se ensurdeceram e terão presentes as duas línguas numa dependência dos sinais e do pensamento na língua oral; Identidade surda, qual ser surdo é estar no mundo visual e desenvolver suas experiência na língua de sinais.

Determinantes culturais, econômicos, políticos e ideológicos Os surdos que assumem a identidade surda são representados por discursos que os vêem capazes como sujeitos culturais, uma formação de identidade que só ocorre entre os espaços culturais surdos.

Determinantes culturais, econômicos, políticos e ideológicos Preferência dos surdos em se relacionar com seus semelhantes fortalece sua identidade e lhes traz segurança. No encontro surdo-surdo que verifica o surgimento da comunidade surda. No Brasil, a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS) é um espaço conquistados pelos surdos, onde partilham ideias, concepções , significados, valores e sentimentos, que emergem, também no teatro surdo, no humor surdo, na poesia surda...

Determinantes culturais, econômicos, políticos e ideológicos Caracterizar a Cultura Surda como multicultural é o primeiro passo para admitir que a comunidade Surda partilha com a comunidade ouvinte do espaço físico e geográfico, da alimentação e do vestuário, entre outros hábitos e costumes, mas que sustenta sem seu cerne aspectos peculiares, além de tecnologias particulares, desconhecidas ou ausentes do mundo ouvinte cotidiano.

Determinantes culturais, econômicos, políticos e ideológicos Quebrar o paradigma da deficiência é enxugar as restrições de ambos: surdos e ouvintes.Por exemplo, enquanto um surdo não conversa no escuro o ouvinte não conversa debaixo d’água, em local barulhento, o ouvinte não consegue se comunicar, a menos que grite e , nesse caso, o surdo se comunica sem problemas.Além disso, o ouvinte não consegue comer e falar ao mesmo tempo, educadamente, e sem engasgar, enquanto o surdo não sofre essa restrição.

Determinantes culturais, econômicos, políticos e ideológicos É relevante ressaltar que a cultura de uma dada sociedade não se constrói a partir dos processos de escolarização dos conhecimentos, entretanto tais processos contribuem para a constituição de diferentes significados culturais.

Determinantes culturais, econômicos, políticos e ideológicos Os estudos nos mostra que o grupo, comunidade que se discute o direito à vida, à cultura,à educação , ao trabalho , ao bem-estar de todos.É nela que são gestados os movimentos surdos (caracterizados pela resistência surda ao ouvintismo, à ideologia ouvinte).É neste sentido, que a Cultura Surda é focalizada e entendida a partir da diferença , a partir do seu reconhecimento político.(Skliar,1998:5)

Determinantes culturais, econômicos, políticos e ideológicos Referência Bibliográfica: Ensino de língua portuguesa para surdos : caminhos para a prática pedagógica / Heloísa Maria Moreira Lima Salles ... [et al.] . _ Brasília : MEC, SEESP, 2004. 2 v. : il. ._(Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos)

Sou Humano De que modo se sente uma pessoa quando o mundo não reconhece como humano o seu modo de falar, de se expressar, de andar, de se locomover, de ver, de não ver..?

Que tipo de olhar somos capazes de enviar a alguém quando notamos, em qualquer parte de seu corpo, algo que imediatamente desencadeia em nossas mentes um processo para ressignificá-lo, para rever seu valor humano, e na sequência, atribuir-lhe um valor de “menos humano”?

Pode ser uma prótese no lugar do olho, um braço que não existe mais, a mancha grande e cabeluda na face.O quando revela de nós esses olhar, ao outro, que ao mesmo tempo é analítico , julgador e envergonhado?Envergonhado porque tenta apagar vestígios do obscuro ritual que se passa em nosso íntimo.Não que esse processo de avaliar quem é mais humano ou menos humano, mais normal ou menos normal, seja consciente, mas o constrangimento que ele naturalmente gera, sim.O constrangimento reflete uma verdade pouco nobre e bem escondida:somos educados para acreditar que existe uma hierarquia entre condições humanas.

Seríamos então um composto de percentuais variados de humanidade e devemos lidar com essa informação sem traumas?

Bebês nascidos com síndromes genéticas são menos humanos do que outros cujos cromossomos estão em números e tamanhos “corretos”?

Alguém sem pernas é apenas 60% humano? Idosos com doenças neurológicas degenerativas perdem a cada dia sua humanidade a ponto de se tornar girafas, moscas, plantas carnívoras?

Uma pessoa cega seria menos gente se analisada sob um hipotético “Quadro Classificatório de Condições Humanas”? Jovens surdos, principalmente aqueles que se expressão unicamente pela Libras, a Língua de Sinais Brasileira, tem menos valor humano do que os demais, jovem ouvintes que falam apenas o português?

Embora a tendência seja de responder um Não categórico e ofendido a essas perguntas, nossas práticas diárias denunciam o contrário.Refiro-me a formas sutis de discriminação que , mesmo com o propósito de valorizar pessoas com deficiência, segregando-se cada vez mais.

O simples fato de considerá-las especiais já as distancia do gozo incondicional dos Direitos Humanos, gozo que atende qualquer norma nacional ou internacional.

É aflitivo constatar a naturalidade com que nos exercitamos em atribuir um sinal “positivo” ou “ negativo” para diferentes condições e características humanas.Isso até em pronunciamento públicos considerados meritórios e consequentes pela população. (Claudia Werneck é Jornalista em comunicação e Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz;Fundadora da Organização da Sociedade Civil Escola de Gente)