Seminário sobre Produção de Commodities e Desenvolvimento Econômico

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Gráfico 1- Trajetória do Crescimento Econômico do Brasil, em termos de taxas do PIB e de médias móveis quinquenais Fonte: Edmar Bacha (2005)
Transcrição da apresentação:

COMMODITIES E CRESCIMENTO NO BRASIL QUATRO QUESTÕES RECENTES Edmar Bacha Seminário sobre Produção de Commodities e Desenvolvimento Econômico FGV (EPGE/IBRE) Rio de Janeiro, 14 de julho de 2015

Resumo [Com agradecimentos a Regis Bonelli e a Andrei Spacov/Franklin Lima pelo uso de suas estimativas, e a Pedro Paulo da Silva pela ajuda com as planilhas do IBGE] Relações de troca explicam o câmbio e este a desindustrialização? RT e câmbio, 1994-2015 Câmbio e desindustrialização, 1988-2014 Regressão da indústria no câmbio, 1988-2014 Bonança externa foi desperdiçada em gastança interna? Bonança e gasto, 2005-2015 Decomposição gasto, 2005-2015 Quem explica flutuações recentes do crescimento: acumulação de capital ou produtividade? Taxas de crescimento de K’ e Y’, 1951-2014 Decomposição crescimento y’ entre αk’ e PTF’, 1951-2014 Flutuações recentes da produtividade se devem às relações de troca ou às reformas? Tese de Lisboa e Pessoa Correlação de PTF’ com RT’, 1981-2014 Regressão de PTF’ em RT’ e U, 1981-2014

1. Relações de troca explicam o câmbio e este a desindustrialização?

Relações de troca e câmbio, Jan 1994-Jun 2015

Câmbio e desindustrialização, 1988-2014

Regressão indústria/PIB no câmbio, 1998-2014 % IND / PIB preços correntes Estatística de regressão R múltiplo 0,94 R-Quadrado 0,88 R-quadrado ajustado 0,86 Erro padrão 0,80 Observações 26   Coeficientes Stat t valor-P Interseção 3,27 1,65 1,97 0,060 TCER (-1) 0,03 0,00 3,45 0,002 Dummy 2011-14 -1,61 0,55 -2,93 0,007 % IND/PIB (-1) 0,61 0,10 6,18 0,000

2. Bonança externa foi desperdiçada em gastança interna?

Bonança externa e gasto interno, 2005/2015-I (em preços constantes de 1995) Ano Excesso gasto Efeito das Financiamen- domestico relações de to externo sobre PIB (%) troca (% PIB) 2005 -2,8 0,7 -3,4 2007 0,9 2,3 -1,4 2009 3,4 3,0 0,4 2011 6,2 5,4 0,8 2013 7,0 4,5 2,4 2015-I 6,4 2,8 3,6

Gasto doméstico/PIB, 2005/2015-I (em preços constantes de 1995) Ano Investi- Consumo Gasto mento Famílias Governo Doméstico (% PIB em preços de 1995) 2005 0,18 0,60 0,19 0,97 2007 0,61 0,99 2009 0,20 0,64 1,04 2011 0,23 1,05 2013 0,66 1,07 2015-I 0,21

3. Quem explica flutuações recentes do crescimento: acumulação de capital ou produtividade?

Taxas de crescimento do estoque de capital e do PIB, 1950-2014 (%)

Decomposição do crescimento do PIB por trabalhador (y’) à la Solow (alfa=0,45) y’ = alfa*k’ + PTF’ y' L' alfa*k' PTF' 1951-80 4.2% 3.1% 2.5% 1.7% 1981-92 -0.8% 2.2% 0.7% -1.4% 1993-03 0.3% -0.2% 0.4% 2004-10 0.5% 0.2% 2.0% 2011-14 1.1% 1.0% 1.3% 1981-14 0.0%

4. Flutuações recentes da produtividade se devem às relações de troca ou às reformas?

Tese de Lisboa e Pessoa Marcos Lisboa e Samuel Pessoa (Insper WP, 2013) sustentam que relações de troca não “Granger causam” crescimento período 2004-2010 Crescimento seria devido a efeito defasado das reformas no período 1993-2004 Perda de dinamismo da economia a partir de 2011 seria devida à descontinuidade das reformas desde 2005 e não ao fim do “superciclo das commodities”. Será isso mesmo?

Correlação da RT’ com a PTF’, 1981-2014

PTF’ “explicada” por RT’ e ciclo (regressão com VI* para hiato) Var. dep.: PTF' 34 obs. (1981-2014) R-quadrado corrigido = 0.426   Coeficientes Erro Padrão Estat t Valor-P Constante 2.85 0.92 3.10 0.004 Variação % RT 0.18 0.07 2.81 0.008 Hiato uso cap. (%)* -0.42 0.15 -2.72 0.011

Conclusões 1 a. A partir de 2005, há uma correlação estreita entre câmbio e relações de troca. 1 b. Exceto em 2011-2014, há uma correlação estreita entre a desindustrialização e o câmbio desde 1988. 2 a. Entre 2005 e 2011, o país se beneficiou de uma bonança externa de 9% do PIB, majoritariamente explicada pelo melhoria das relações de troca. Desde então, o excesso de gasto sobre renda vem sendo sustentado por financiamento externo crescente. 2 b. Metade da bonança foi gasta em consumo, metade foi investida. O ajuste vem sendo feito pela redução do investimento. 3. Variações na produtividade total dos fatores (PTF) explicam a aceleração do PIB em 2004-2010 e sua queda em 2011-2014. 4. Oscilações nas relações de troca e na capacidade ociosa são parte da explicação de porque a produtividade total dos fatores se acelerou em 2004-2010 e se desacelerou em 2011-2014.

Referências E. Bacha, “Bonança externa e desindustrialização: uma análise do período 2005-2011”. Em E. Bacha e M. B. de Bolle (orgs.), O Futuro da Indústria no Brasil: Desindustrialização em Debate. Civilização Brasileira, 2013: 97-120. E. Bacha e R. Bonelli, “Accounting for coincident growth collapses: Brazil and Mexico Since the 1980s”. Seminário em Homenagem a A. Fishlow. Casa das Garças, 3/7/2015. Disponível em: www.iepecdg.com.br. M. Lisboa e S. Pessoa, “Uma história sobre dois países (por enquanto)”. INSPER Working Paper WPE 309, 2013.