Perebea mollis apresenta o fenômeno da autopoda de seus galhos, isto é, os galhos são perdidos naturalmente pela planta ao longo do tempo (Fig. 1). Objetivou-se monitorar esse fenômeno, acompanhando o comportamento fenológico dessa espécie em duas parcelas de um hectare cada, localizadas na Floresta Nacional do Tapajós, Pará. Em uma destas parcelas (Parcela seca), a água da chuva está sendo parcialmente excluída (Fig. 2). A outra parcela (Parcela úmida) não sofre interferência na quantidade de chuva que chega ao solo, sendo utilizada como testemunha. Para cada parcela de estudo, foram selecionados três indivíduos de P. mollis. Como os indivíduos selecionados em cada parcela apresentaram DAPs diferentes, normalizaram-se o número de galhos e biomassa pela área basal das parcelas. A coleta dos galhos é feita no chão, a cada 15 dias, e a massa seca dos galhos é determinada para cada árvore. Também, acompanha-se a quantidade de água no solo (TDR) e precipitação pluvial nas áreas. As avaliações iniciaram em julho de Os dados coletados até agora, referentes ao número e massa seca dos galhos e a relação com percentagem de água no solo e precipitação, foram comparados, entre as parcelas úmida e seca. Também, foram comparados o número e biomassa total dos galhos, acumulados durante todo o período experimental, através de teste t. Não foi possível detectar diferença significativa entre parcelas no número e biomassa total dos galhos coletados no primeiro ano do experimento. No entanto, a partir do período seco de 2003, observou-se tendência de maior queda de galhos nas plantas da parcela seca (Fig. 3). Efeito da exclusão artificial de chuvas no fenômeno de autopoda de galhos em Perebea mollis (Poepp. & Endl.) Huber subsp. Mollis (Moraceae) Wanderley Rocha Silva 1, Moacyr B. Dias-Filho 2 & Daniel C. Nepstad 1,3 1 Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, 2 Embrapa Amazônia Oriental, 3 The Woods Hole Research Center ( ) ( ) Foi possível verificar que ocorre redução na queda (autopoda) de galhos durante o período de chuvas, em ambas as parcelas, sugerindo que a autopoda seria uma estratégia de economia de recursos, principalmente em períodos de estresse, como o déficit hídrico (Fig. 4). Os resultados encontrados foram significativas entre parcelas no número e biomassa de galhos autopodados (considerando a somatória de todo o período avaliado). Observou-se tendência de maior queda de galhos nas plantas da parcela seca, mesmo normalizando-se os DAPs de suas árvores (Fig. 5), permitindo inferir que a intensidade do fenômeno da autopoda em P. mollis está positivamente relacionada com a diminuição das chuvas. Figura 2- Sistema de painéis e calhas para exclusão parcial da água das chuvas. Figura 4- Valores médios da biomassa total de galhos autopodados e água no solo (TDR). Figura 1- Diferentes tamanhos de galhos autopodados por Perebea mollis. Figura 3- Valores médios de massa seca de galhos autopodados e precipitação pluvial através do tempo em árvores de P. mollis, localizadas em áreas com exclusão de chuva (Parcela seca) e sem exclusão de chuva (Parcela úmida). Figura 5- Valores médios (± erro padrão) do número e biomassa totais de galhos autopodados durante todo o período de avaliação. ID - 7