As formas de vida grega que prepararam o nascimento da filosofia Arte – Religião – Condições sociopolíticas e econômicas
A Arte: (faculdade da imaginação) De modo mítico e fantástico – mediante a intuição e a imaginação, tende a alcançar objetivos que também são próprios da filosofia A Religião:(faculdade da sensação) Por meio de representações não conceituais e por meio da fé, a religião tende a alcançar certos objetivos que a filosofia procura atingir com os conceitos e com a Razão. As condições sociopolíticas e econômicas: São as condições socioeconômicas e políticas que condicionam o nascimento de determinadas ideias.
A Arte: Poemas Homéricos: Ilíada: Odisséia: Narra a guerra de Tróia Heitor e Aquiles O cavalo de Tróia Ulisses ou Odisseu Odisséia: Narra o retorno de Ulisses O poeta busca ver as razões das coisas (de forma mítica-imaginação), mas prepara aquela mentalidade que em filosofia, levará à busca da: “Causa e do princípio, do por que último das coisas”.
Hesíodo: Teogonia: As Obras e os Dias: Nascimento dos deuses Nascimento do cosmos: (Pois muitos deuses coincidem com partes do universo e com fenômenos do cosmos). As Obras e os Dias: Princípios éticos: A justiça: “dá ouvido à justiça e esquece completamente a prepotência”. (Hesíodo); Justa medida: “sem zelo demais: o melhor está no meio; e ficando no meio, alcançaras a virtude”.
A Religião: Dois tipos ou duas modalidades: Pública: Mistérios: Tudo é divino, porque tudo o que ocorre é explicado em função da intervenção dos deuses. Mistérios: Pertencia a círculos restritos que tinham suas crenças específicas e suas próprias práticas. OBSERVAÇÃO: “Ambas têm a base politeísta”.
A religião pública Grega: Tudo é divino: Tudo o que ocorre é explicado em função da intervenção dos deuses: Os fenômenos naturais são promovidos por Nume; Os raios e relâmpagos são arremessados por Zeus do alto do Olimpo; As ondas do mar são provocadas pelo tridente de Poseidon; O sol é levado pelo áureo carro de Apolo e assim por diante.
Mas também a vida social dos homens, a sorte: Das cidades, Das guerras Da paz São imaginadas como vinculadas aos deuses de modo não acidental e, por vezes, até mesmo de modo essencial.
Quem são esses deuses: São forças naturais personificadas em formas humanas idealizadas ou então são forças e aspectos do homem sublimados, hipostatizados e aprofundados em esplêndidas semelhanças antropomórficas. Recordamos que Zeus é a personificação da justiça; Atena da inteligência; Afrodite do amor etc. Esses deuses são homens amplificados e idealizados, sendo assim diferentes só por quantidade e não por qualidade.
A religião pública dos gregos é “Naturalista” O que isso significa: Que a religião grega somente pede ao homem não é que ele mude a sua natureza, ou seja, se eleve acima de si mesmo, mas, ao contrário, que ele siga a sua própria natureza; Fazer em honra dos deuses aquilo que está em conformidade com sua própria natureza é tudo o que pede do homem; E, da mesma forma que a religião pública grega foi naturalista, também a primeira filosofia grega foi naturalista.
A religião “mistérica” grega: Os mais influentes são os mistéricos órficos: (Orfeu): Sua importância: O orfismo é importante porque introduz na civilização grega um novo esquema de crenças e uma nova interpretação da existência humana; Efetivamente, enquanto a concepção grega tradicional, a partir de Homero, considerava o homem como mortal, colocando na morte o fim total de sua existência, o orfismo proclama a imortalidade da alma e concebe o homem segundo um esquema dualista que contrapõe o corpo à alma.
O núcleo das crenças órficas pode ser resumido como: No homem se hospeda um princípio divino, um demônio (alma) que caiu em um corpo em virtude de uma culpa original; Esse demônio não apenas preexiste ao corpo, mas também não morre com o corpo, estando destinado a reencarnar-se em corpos sucessivos, através de uma série de renascimentos, para expiar aquela culpa original; Com seus ritos e suas práticas, a vida órfica é a única em condições de pôr fim ao ciclo das reencarnações, libertando assim a alma do corpo; Para quem se purificou (os iniciados nos mistérios órficos) há um prêmio no além (da mesma forma que há punição para os não iniciados).
Vejamos um texto original que traduz o “núcleo central” da doutrina: “Alegra-te, tu que sofreste a paixão: antes, não a havias sofrido. De homem, nasceste Deus”; “Feliz e bem-aventurado, serás Deus ao invés de mortal!” “De homem, nascerás Deus, pois derivas do divino!” Isso significa que o destino último do homem é o de voltar a estar junto aos Deuses.
Porque tais ideias nasceram: A ideia dos prêmios e castigos de além-túmulo, nasceu para eliminar o absurdo que frequentemente se constata sobre a terra, isto é, o fato de que os virtuosos sofrem e os viciosos gozam; A ideia da reencarnação (metempsicose), ou seja, da passagem da alma de um corpo para outro, nasceu para explicar a razão pela qual sofrem aqueles que parecem inocentes.
Corpo X Alma: O homem via pela primeira vez contraporem-se em si dois princípios em contraste e luta: A alma (demônio) Corpo (tumba ou lugar de expiação da alma). Rompe-se assim a visão naturalista: O homem compreende que algumas tendências ligadas ao corpo devem ser reprimidas, ao passo que a purificação do elemento divino em relação ao elemento corpóreo torna-se o objetivo do viver.
Uma observação necessária: Os gregos não tinham livros sacros ou considerados fruto de revelação divina: Consequentemente, não tiveram uma dogmática fixa e imutável; Portanto, na Grécia também não pôde subsistir uma casta sacerdotal custódia do dogma; Essa inexistência de dogmas e de custódios dos dogmas deixou uma ampla liberdade para o pensamento filosófico, que não encontrou obstáculos do tipo daqueles que teria encontrado em países orientais, onde a existência de dogmas e de custódios dos dogmas iriam contrapor resistências e restrições dificilmente superáveis.
As condições sociopolítico-econômicas que favoreceram o surgimento da filosofia: No que tange à situação política os gregos igualmente gozavam de uma situação privilegiada, porque foi o primeiro povo da história que conseguiu construir instituições políticas livres; Nos séculos VII E VI a.C., a Grécia sofreu uma transformação socioeconômica considerável: As cidades tornaram-se florescentes centros comerciais, acarretando um forte crescimento demográfico; A filosofia nasce primeiro nas colônias e não na mãe-pátria; E isso aconteceu precisamente porque, com sua operosidade e com seu comércio, as colônias alcançaram primeiro uma situação de bem-estar e, devido à distância da mãe-pátria, puderam construir instituições livres antes do que ela.