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BREVE HISTÓRIA AFETIVA DE UMA TEORIA DESLOCADA Larissa Pelúcio.

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Apresentação em tema: "BREVE HISTÓRIA AFETIVA DE UMA TEORIA DESLOCADA Larissa Pelúcio."— Transcrição da apresentação:

1 BREVE HISTÓRIA AFETIVA DE UMA TEORIA DESLOCADA Larissa Pelúcio

2 A teoria queer surgiu como argumento político e contestatório ao movimento assimilacionista de gays e lésbicas norte-americano, mas, sobretudo de gays, aos impactos sociais da aids. O que começou como uma discussão interna no movimento, foi sendo sistematizado em linhas argumentativas que geraram um importante cabedal conceitual e teórico que desestabilizou a ideia de estudos de “minorias” e da sexualidade como um aspecto tangencial das dinâmicas sociais.

3 Queer, adj. 1. Estranho ou excedente do ponto de vista convencional; extraordinariamente diferente, singular: uma nação Queer de justiça. 2. De natureza ou caráter questionável; suspeito, sombrio: alguma coisa estranha sobre a linguagem do folheto mantiveram os investidores longe. 3. Não está se sentindo fisicamente bem ou direito; vertiginoso, desmaio ou inquieto: sentir-se estranha. 5. Gíria. a. homossexual. B. ruim, sem valor, ou falsificado.

4 Não existe na língua portuguesa uma palavra que possa ser utilizada para traduzi-la ou substituí-la – vale destacar que no Brasil; O termo Queer foi empregado pelo(a)s americano(a)s em meados dos anos 20 do século passado e utilizado por homossexuais para se auto afirmarem.

5 No Brasil o pesquisador da Teoria Queer, Wiliam Siqueira Peres, propõem que se comece a pensar em substituir Teoria Queer para Teoria Dzi; essa proposta faz menção ao grupo Dzi Croquettes (criado em 1972); Pois era algo inteligível, isso é, em cima do palco não eram homens, mulheres ou gays, eram gente de carne que embaralhavam os códigos de coerências e inteligibilidades sobre o que era ser homem ou mulher.

6 Pensou-se em muitas traduções para o queer em países de língua espanhola e portuguesa: teoria torcida, teoria maricas, teoria da bicha louca, teoria veada, mas nenhuma “pegou”;

7 No entanto, antes de surgir os movimentos Queer, temos alguns grupos e acontecimentos que marcaram e começavam a formar a base para os posteriores. Com isso temos como grande ponto de partida Stonewall Inn, este que era um bar gay em Nova York e que entre os dias 27 e 28 de junho de 1969 foi alvo de uma “batida” (blitz) violenta policial contra gays, lésbicas, travesti e todo(a)s que frequentavam o local (o que era comum).

8 A rebelião de Stonewall ficou marcada como marco do inicio dos movimentos de políticas gays e lésbicos, surgindo à política de liberação gay; A liberação sexual proposta pelos movimentos gays, pós Stonewall, abarcou também outros grupos, como as feministas e o(a)s trabalhadore(a)s, que também eram oprimido(a)s pela heterossexualidade e pela estrutura exploradora que era e ainda é a sociedade capitalista e neocapitalista.

9 As políticas de liberação gay conseguiram o reconhecimento de certos direitos civis e também ganharam visibilidade no mercado econômico. Assim havia avanço nas problematizações, mas o caráter naturalizador e essencialista ainda estava presente, além de que muitas comunidades gays começaram a criticar condutas sexuais e políticas que fugiam da normalidade.

10 Algumas críticas foram feitas, além do caráter naturalizador e essencialista, aos grupos de gays, lésbicas e feministas, pois dentro dos mesmos as problematizações e enfrentamentos se baseavam nas realidades de sujeito(a)s da classe média e branca, assim deixando de lado questões relacionadas à raça/cor, classe social, desejos e práticas sexuais, ou seja, as problematizações eram realizadas em cima de sujeito(a)s que de alguma forma estavam na “norma” e muito(a)s eram esquecido(a)s.

11 Outro fator importante, para o surgimento do movimento Queer, foi o aparecimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA ou em inglês – Acquired Immunodeficiency Syndrome – AIDS); Em meados dos anos 80, quando o(a) sujeito(a) era atingido(a) por este vírus, na grande maioria das vezes, o resultado era a morte. Quando se descobriu que a transmissão, desta síndrome, era mais fácil/comum pelo contato sexual se iniciou o processo de estigmatização sobre o(a)s homossexuais, putas, travestis, entre outro(a)s.

12 Neste momento surgem grupos como ACT UP (AIDS Coalition to Unleash Power), que era composto por sujeito(a)s soropositivo(a)s (gays, lésbicas, putas, negro(a)s e outros grupos minoritários), que se manifestavam contra o governo Americano, pois o mesmo não se importou com a disseminação da AIDS; Nos anos 90 surge o grupo, influenciado pelo ACT UP, Queer Nation, durante uma manifestação do Orgulho Gay em Nova York.

13 Desta forma após a crise da AIDS, crise do movimento feminista heterocentrado e branco, entre outros fatores surgem as Políticas Queer que problematizavam os discursos identitários, que em suas bases eram e são excludentes e assim se contrapondo aos regimes normativos.

14 Quando os estudos queer chegaram ao Brasil não entraram pela via das demandas e debates dos movimentos sociais, como nos Estados Unidos, mas pelas portas da academia. Chegaram aqui por meio da literatura dura e desafiante de Judith Butler.

15 Os estudos queer começam a ser referenciados no Brasil no mesmo momento no qual experimentávamos o fortalecimento de políticas identitárias4, entres estas estavam aquelas articuladas pelo então movimento GLBT (gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais). De maneira que uma teoria que se proclamava como não-identitária parecia potencialmente despolitizante. Não tardou para que algumas lideranças do movimento LBGT brasileiro, muitas delas formadas na militância da luta contra a aids, se pronunciassem contra “os queer”.

16 Por que estávamos sendo colocados como inimigos do movimento social? Estávamos desafiando os limites normativos das identidades que haviam servido, até então, como mote para demanda de direitos. O queer, como pensamento crítico, se propõe justamente a desafiar as identidades, não por niilismo, e sim a fim de promover uma profunda revisão teórica e política. Questionando não os sujeitos que “encarnam” identidades, mas a ordem social e cultural que as constituí como aceitáveis e normais ou abjetas e patológicas.

17 Trata-se, portanto, de operar a partir da desconstrução como método capaz de nos dar pistas de como alguns discursos chegam a instituir verdades sobre comportamentos, corpos, pessoas, instituições;

18 A sexualidade foi e ainda tem sido vinculada com a natureza, de tal modo que é utilizada como base legitimadora da ordem social, da produção das diferenças e desigualdades, sendo o apoio dos discursos proferidos pelo(a)s dominantes (classe média e alta, heterossexuais, branco(a)s, homens), pois estabelecem normas para dominarem.

19 Partindo desse pressuposto, Gayle Rubin (1989) afirma que o sexo foi ao longo dos tempos sendo reprimido e construído como uma prática pecaminosa, quando existem variações (quando vai além do sexo reprodutivo), principalmente pelas instituições religiosas cristãs e mais tarde pela medicina, psiquiatria e psicologia, que patologizaram essas práticas sexuais que fogem do sexo para procriação em sua vertente “tradicional”.

20 Sendo assim, é fundamental para a perspectiva Queer a desnaturalização das sexualidades e dos gêneros; A famosa frase de Simone de Beauvoir, ajuda a pensar dessa forma, “não se nasce mulher, torna-se uma”, o que por extensão, também podemos afirmar que não se nasce homem, tão pouco homossexual, heterossexual, bissexual ou qualquer outro atributo que reduza o ser humano a uma identidade fixa e totalizada.

21 Com isto o sistema sexo/gênero é como se formam as mulheres (estereótipos do que é ser mulher - ser delicada, educada, cuidadora do lar, entre outros) e os homens (macho, que não tem medo de nada, sustenta a família, entre outros); Rubin (1975) anuncia que o sistema sexo/gênero serve como um dispositivo para controlar e disciplinar as pessoas, cristalizando e normatizando.

22 Vale ressaltar como coloca Susana Penedo (2008) tanto heterossexuais como homossexuais e tantas outras pessoas que fogem das normas sofrem com a política da heteronormatividade; Os Discursos Queer surgiram problematizando e fazendo críticas as políticas identitárias, pois negam o caráter natural da identidade (antiessencialista) com seu caráter fixo e estabelecido, Deste modo, colocam as pessoas como construções sociais que estão sempre abertas e em constantes transformações;

23 As identidades são produzidas socialmente, historicamente e geograficamente, no entanto juntamente com a diferença a identidade tende a ser naturalizada, dadas como algo que sempre existiu e que deve continuar; A identidade parece ser positivada como “aquilo que sou”, no entanto traz uma lista extensa de negações, “aquilo que não sou”.

24 Assim, a noção de identidade pressupõe uma relação de semelhança com determinado modelo que é imposto, seja pela família ou sociedade, assim esquece-se que possa existir as mais variadas diferenciações e se nega os diversos tipos de masculinidades e feminilidades; Entendemos que a noção de identidade pressupõe uma semelhança essencial com algo que é imposto como igual, criando pessoas não pensantes, alienadas até e principalmente em seus desejos, ou seja, uma imposição de como se deve “ser” e “desejar” em sua existência;

25 Assim, a noção de identidade pressupõe uma relação de semelhança com determinado modelo que é imposto, seja pela família ou sociedade, assim esquece-se que possa existir as mais variadas diferenciações e se nega os diversos tipos de masculinidades e feminilidades; Entendemos que a noção de identidade pressupõe uma semelhança essencial com algo que é imposto como igual, criando pessoas não pensantes, alienadas até e principalmente em seus desejos, ou seja, uma imposição de como se deve “ser” e “desejar” em sua existência;

26 Ao colocar em xeque as coerências e estabilidades que, no modelo construtivista, fornecem um quadro compreensível e padronizado da sexualidade, o queer revela um olhar mais afiado para os processos sociais normalizadores que criam classificações, que, por sua vez, geram a ilusão de sujeitos estáveis, identidades sociais e comportamentos coerentes e regulares.

27 Judith Butler (2003) já assinalava que as reificações de gêneros e identidades cristalizam hierarquias e alimentam relações de poder, o que normaliza corpos e práticas, reproduzindo privilégios e exclusões. Essa normalização das identidades – e sua consequente opressão – define padrões de comportamento rejeitando as diferenças.

28 Daí as identidades serem tomada por Butler como normalizadoras, pois fixam e reificam “papéis sociais”: homem, feminino, masculino, negro, branco etc., perpetuando e reproduzindo subordinações; Conquistar direitos pode ser, em parte, ajustar-se à sociedade. Servir ao exército implica reconhecer que achamos legítima a necessidade de exércitos e implicitamente de guerras; casar pode estar levando a reificar esta forma de relação, no sentido de mostrar que é a única ou a melhor possível para se viver afetos e sexo; adotar filhos e constituir família pode levar a pensar que esses agrupamentos são de maior qualidade do que viver o sexo de modo livre.

29 Sem dúvida a ênfase em políticas identitárias teve seu papel histórico inconteste para tirar as pessoas historicamente privadas do direto da ontologia – de ser e existir como sujeitos plenos – da invisibilidade. Porém, o que se discute mais recentemente, são os custos teóricos da insistência acerca dessa identidade que exigiu, de certa forma, a coerência e unidade destas identidades “dissidentes”.

30 Butler uma das expoentes da Teoria Queer diz que é “[...] necessário fazer reivindicações políticas recorrendo a categorias de identidade e exigir o poder de nomear-se [...], mas também é preciso recordar o risco que comportam essas práticas.”

31 A proposta política queer não aponta para nenhuma divisão, antes é um apelo unificador à experiência comum de gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e outro(a)s, ou seja, a experiência da vergonha. Ser chamado, leia-se, ser xingado de bicha, gay, sapatão, travesti, anormal ou degenerado(a) é a experiência fundadora da descoberta da homossexualidade ou do que nossa sociedade ainda atribui a ela, o espaço da humilhação e do sofrimento. Transformar esta experiência em força política de resistência é o objetivo da proposta original queer.


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