Factores preditivos da lesão neurológica em doentes com fracturas toraco-lombares Joaquim Soares Do Brito; Filipe Oliveira; Miguel Botton; Joana Teixeira;

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1 Factores preditivos da lesão neurológica em doentes com fracturas toraco-lombares
Joaquim Soares Do Brito; Filipe Oliveira; Miguel Botton; Joana Teixeira; António Tirado; Pedro Fernandes Serviço de Ortopedia do Centro Hospitalar Lisboa Norte EPE Director: Professor Doutor Jacinto Monteiro INTRODUÇÃO Os traumatismos de elevada energia, particularmente os associados a fracturas da coluna toraco-lombar, são responsáveis por uma morbilidade e mortalidade crescente no contexto traumatológico. Concomitantemente, a lesão neurológica após fractura da coluna reveste-se de grande importância, sendo fundamental reconhecer os factores de risco associados. Neste trabalho, os autores procuram relacionar a presença de lesão neurológica em contexto de fractura toraco-lombar, com factores epidemiológicos, mecanismo de lesão e segmento da coluna envolvido. MATERIAL E MÉTODOS Foram identificados 172 doentes com fractura da coluna toraco-lombar tratados cirurgicamente ao longo de um período de 8 anos ( ). Constituíram-se dois grupos: doentes neurologicamente íntegros e doentes com lesão neurológica. Foi feita uma análise estatística comparativa, com recurso a SPSS 21.0 com o objectivo de estabelecer uma relação entre género, mecanismo de lesão, segmento da coluna envolvido e presença de lesão neurológica. Foi utilizado o teste de Qui-quadrado para variáveis categóricas e teste de Mann-Whitney para variáveis contínuas . DISCUSSÃO Da análise do grupo em estudo foi possível verificar que as fracturas toraco-lombares ocorrem na sua maioria numa população jovem, e por isso mesmo, acarretam não só importante morbilidade como elevados custos sociais. Existe um claro predomínio das fracturas toraco-lombares e da lesão neurológica entre os indivíduos do género masculino, no entanto, não existe diferença entre géneros no que respeita aos mecanismos de lesão. Estes achados sugerem que os indivíduos do género masculino são mais frequentemente envolvidos em acidentes e quedas de elevada energia. Existe também uma tendência para que as fracturas com lesão neurológica ocorram predominantemente no contexto de acidente de viação, apesar desta relação não ser estatisticamente significativa. Na nossa série, as fracturas distribuem-se de forma semelhante entre o segmento torácico e lombar, no entanto, existe uma importante relação entre a fractura torácica e a lesão neurológica, particularmente no segmento T8-T12. RESULTADOS Foram incluídos no estudo 172 doentes; M: 120 doentes (70%) e F: 52 doentes (30%) 106 doentes neurologicamente íntegros (62%) e 66 doentes com lesão neurológica (38%) Média de idades - 45 anos no grupo sem lesão neurológica; 41 anos no grupo com lesão Mecanismo de fractura com claro predomínio dos acidentes de viação (50 casos) e quedas de altura (97 casos) Relação entre lesão neurológica e género masculino foi estatisticamente significativa (p=0.026) A lesão neurológica ocorre preferencialmente em contexto de acidente de viação 70% das fracturas com lesão neurológica no segmento T11-L2 Relação entre fractura do segmento torácico e a presença de lesão neurológica (p=0.01) foi estatisticamente significativa (p=0.01) e a maioria no segmento T8-T12 O número de fracturas e de doentes com lesão neurológica não sofreu variações significativas ao longo dos anos em estudo CONCLUSÃO As fracturas toraco-lombares ocorrem predominantemente em indivíduos jovens do género masculino. A lesão do segmento torácico é aquela que acarreta maior risco de lesão neurológica, enquanto os principais mecanismos de lesão envolvidos são os acidentes de viação e quedas de altura. Os acidentes de viação são aqueles que tendencialmente acarretam maior risco de lesão neurológica. Bibliografia: 1 - Bucholz R, COURT-BROWN C, HECKMAN JD; Rockwood and Green’s Fractures in Adults;7th Edition; Lippincott Williams & Wilkins; 2010; 2 – BRITO LMO, CHEIN MB, MARINHO SC, DUARTE TB; Epidemiological evaluation of victims of spinal cord injury; Rev. Col. Bra. Cirurgia; 38(5): ; 2011; 3 – LEUCHT P, FISHER K, MUHR G, MUELLER EJ, Epidemiology of traumatic spine fractures; Injury; ; 2009; 4 – ARNOLD, PM; Spine Trauma management in the twenty-first century; Injury; volume 35 5-B1; 2005; LIMB D, SHAW DL, DICKSON RA; Neurological injury in thoracolumbar burst fractures; Journal of Bone and Joint Surgery Br; Volume 77-B: ; 1995