Narcisismo e Teoria das Identificações

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Apresentação em tema: "Narcisismo e Teoria das Identificações"— Transcrição da apresentação:

1 Narcisismo e Teoria das Identificações
Disciplina: Psicanálise II

2 “Eu é um outro.” (Arthur Rimbaud)
Preâmbulo “Experiência feita do tecido de nossos atos diários, a alteridade é, antes de tudo, a percepção de que somos outros sem deixar de ser o que somos, e que, sem deixar de estar onde estamos, nosso verdadeiro ser está em outra parte.” (Octavio Paz) “Eu é um outro.” (Arthur Rimbaud) Caravaggio: Narciso, 1597.

3 Objetivos da Aula Contextualizar o período de na obra de Freud em termos de desenvolvimentos teóricos, técnicos e institucionais. Apresentar o conceito de narcisismo e o campo de fenômenos que procura explicar. Articular o narcisismo ao esquema do desenvolvimento psicossexual de Freud. Discutir as implicações para a teoria das identificações. Definir o conceito de identificação em psicanálise e apontar suar articulação com o narcisismo, o luto e a melancolia. Discutir os limites, aberturas e ambiguidades desses conceitos para a teoria psicanalítica.

4 Contextualização e Introdução

5 Contexto: 1915 Fase de consolidação da teoria e técnica psicanalíticas Investigação de quadros mais severos, que não as neuroses de transferência, levando ao estudo das psicoses e do problema da origem do Ego A introdução do Narcisismo e uma nova concepção de dinâmica da libido baseada na identificação Defesa contra as críticas ao dualismo pulsional feitas pela concepção junguiana de libido Abertura para a superação do primeiro dualismo pulsional Pré-Psicanalítico Pós-Teoria da Sedução 1ª Tópica 2ª Tópica

6 Contexto:1915 Artigos Sobre Metapsicologia
Pulsão e seus Destinos Recalque O Inconsciente Suplemento Metapsicológico à Teoria dos Sonhos Artigos Sobre Técnica Luto e Melancolia Sobre o Narcisismo: uma Introdução Conferências Introdutórias sobre Ψa

7 Narcisismo e Psicose A questão da gênese do ego não pôde ser esclarecida até a investigação dos quadros de natureza narcísica que são encontrados sob a denominação geral de psicoses: demência precoce, parafrenia, paranóia, esquizofrenia, hebefrenia, catatonia, autismo e melancolia. O interesse pela psicose na psicanálise foi promovido pela influência da escola de psiquiatras de Zurique (Bleuler, Jung, Abraham, Binswanger) que inicialmente apoiou a psicanálise. Esses autores apontaram que nesses quadros haveria uma ausência de investimentos libidinais de objetos, com retorno reflexivo sobre o ego.

8 Narcisismo e Psicose Instigado por esses aportes, Freud publicou em meados de 1910 sua primeira leitura e abordagem de um caso de psicose: o famoso caso Schreber. Nesses casos, Freud via a evidência de um mecanismo que ele chamou de narcisismo: a libido, normalmente tendo sua satisfação ligada a objetos, deixa os objetos e toma o próprio ego em lugar deles. Esse tema foi debatido nos encontros do grupo inicial de seguidores de Freud ao longo dos anos, mas foi apenas em 1914 que o autor introduz oficialmente o conceito no texto “Introdução ao Narcisismo”.

9 Introdução ao Narcisismo (Freud, 1914)

10 Resgate do Primeiro Dualismo Pulsional
A introdução do conceito de narcisismo se dá no contexto da chamada primeira teoria das pulsões da metapsicologia, que opõe Pulsões de Auto-conservação ou do Ego e Pulsões Sexuais. O narcisismo é um conceito econômico, pois descreve um tipo de investimento libidinal. Portanto, cabe lembrar que esse dualismo pulsional está baseado em: Oposição no conflito psíquico e, conseqüentemente, na defesa. Ligação diferenciada com o estado de ansiedade (ou angústia). Formas diferenciadas de relação com o princípio de realidade. Separação fundada oposição presente na vida biológica: atividades em função da manutenção do indivíduo (ego) e da espécie (sexualidade). Distinção entre as energias de investimento das pulsões: libido e interesse.

11 O Conceito de Narcisismo
Forma de distribuição da libido que toma o próprio ego como objeto sexual Por referência ao mito de Narciso, é o amor pela imagem de si mesmo. Concepção derivada de uma noção mais geral proposta por Havelock Ellis: próprio corpo como objeto da atividade sexual. Portanto, deriva do campo das perversões sexuais. Porém, para a psicanálise, ele deixa de ser um caso particular de investimento para se tornar um investimento constitutivo da própria subjetividade.

12 Exemplos de Funcionamento Narcísico
Sono como retraimento da libido ao ego Narcisismo e apaixonamento Retirada da libido objetal por conta de doença corporal (neurose traumática, hipocondria) Perda e tentativa de recuperação do vínculo com os objetos na psicose Megalomania como expansão do ego por narcisismo secundário Paranóia persecutória centrada na defesa contra um impulso homossexual, tendo como base uma escolha de objeto do tipo narcísico Melancolia: retirada da libido do objeto sexual perdido e subseqüente identificação narcísica com o objeto, ou seja, o objeto se estabelece como modelo para o ego

13 Narcisismo: Primário e Secundário
Dentro da lógica geral do desenvolvimento psicossexual de Freud, baseada nos conceitos de fixação e regressão, temos: Narcisismo primário: situação universal e original a partir da qual o amor objetal se desenvolve Narcisismo secundário: retração do investimento de objeto para o ego Essas concepções, contudo, diferem na própria obra freudiana, bem como nas interpretações pós-freudianas do fenômeno do narcisismo.

14 Tipos de Escolha de Objeto
A partir da introdução do narcisismo, Freud passa a distinguir dois tipos de relação de objeto: Tipo anaclítico ou de ligação: que é propriamente alteritária, pois está ligada a um objeto distinto do ego, segundo o modelo do objeto de desejo fálico-genital. Segundo esse tipo, ama-se “a mulher que alimenta ou o homem que protege”. Tipo narcísico: em que o objeto reflete uma dimensão do próprio ego, constituindo, portanto, uma modalidade de narcisismo secundário. Segundo esse tipo, ama-se “o que se é, o que se foi, o que se quereria ser ou alguém que foi parte do próprio eu”.

15 Desenvolvimento da Libido
Auto-Erotismo Pulsões parciais Estado anobjetal Narcisismo Constituição do ego Libido do ego Ego como objeto da pulsão sexual Relações de Objeto Libido objetal Escolha narcísica Escolha anaclítica (de ligação) Metáfora da Ameba

16 A Relação Mãe-Bebê e a Constituição do Narcisismo
Passagens necessárias no registro da oralidade e analidade: organização do esquema corporal e da unidade do ego, concomitante a uma diferenciação eu-mundo Bebê Mãe

17 Narcisismo e Identificação
O tema do narcisismo remete diretamente ao problema da identificação na constituição do ego. Identificação: “processo psicológico pelo qual um sujeito assimila um aspecto, uma propriedade, um atributo do outro e se transforma, total ou parcialmente, segundo o modelo desse outro. A personalidade constitui-se e diferencia-se por uma série de identificações.” (LAPLANCHE e PONTALIS, 1998, p. 226). Identificação primária: “modo primitivo de constituição do sujeito segundo o modelo do outro, que não é secundário a uma relação previamente estabelecida em que o objeto seria inicialmente colocado como independente. A identificação primária está em estreita correlação com a chamada relação de incorporação oral” (LAPLANCHE e PONTALIS, 1998, p. 231). Identificações secundárias: substitutos regressivos de escolhas de objeto abandonadas (histérica, melancólica, com o agressor, etc.)

18 Identificação e Instâncias Ideais
Essa gênese identificatória, por sua vez, está relacionada à própria gênese das instâncias ideais do aparelho psíquico Censor do ego: instância que assume o domínio do ego e que mede o ego real e cada uma de suas atividades mediante um ego ideal (ideal de ego) que se criou ao longo do desenvolvimento Ego ideal (ideal de ego): restabelecer a auto-satisfação que estava vinculada com o narcisismo infantil primário. É importante observar que a distinção entre ego ideal e ideal de ego não é clara na obra de Freud, tendo sido estabelecida efetivamente pelos pós-freudianos.

19 Luto e Melancolia (Freud, 1917)

20 Luto e Melancolia As noções de narcisismo e de escolha de objeto narcísica são retomadas e ampliadas por Freud nesse artigo, por meio da noção de identificação narcísica secundária. Portanto, é o artigo nesse contexto que completa a abertura para a temática das identificações na teoria freudiana. O mote do artigo é o paralelo entre o trabalho de luto e a identificação melancólica, tendo como referência central a noção de objeto e a natureza do vínculo entre ele e o sujeito.

21 Trabalho de Luto No caso do luto, uma reação natural e normal da condição humana, é preciso um certo trabalho de elaboração do vínculo amoroso com o objeto perdido, para dar lugar a novos vínculos objetais. Esse trabalho de luto envolve um certo retraimento narcísico secundário pela perda do objeto que se expressa em uma inibição do eu e de seu campo de atividades. A perda do objeto amado provoca grande oposição e dor, gerando um hiperinvestimento da ligação com os objetos, promovendo um lento trabalho de elaboração da perda que levará ao desligamento e, consequentemente, à libertação das inibições e fixações.

22 Melancolia No caso da melancolia, uma modalidade psicopatológica de sofrimento, o processo é bastante semelhante ao luto. Há também uma perda do objeto e uma diminuição do interesse pelo mundo, acompanhadas de incapacidade para estabelecer nova relação amorosa. A diferença está na atitude de auto-recriminação e auto- degradação, com um esvaziamento do eu e um sadismo exagerado com relação a si mesmo. Além disso, o que é indicativo da perda objetal foi retirado da consciência, de forma que o paciente “sabe quem ele perdeu, mas não o que perdeu nesse alguém”.

23 Melancolia O que Freud propõe para explicar essa diferença é que na melancolia, além da própria perda do objeto está em jogo uma identificação com esse objeto perdido, tal como expresso na famosa afirmação de que nesse caso “a sombra do objeto recai sobre o eu”. Uma vez feita essa identificação, o eu passa a ser julgado por uma instância crítica, transformando o conflito que era entre o eu e a pessoa amada em um conflito entre o eu alterado pela identificação e a instância crítica. Evidentemente, essa instância crítica é nada mais do que o ego ideal (ideal de ego) que Freud vinha desenvolvendo desde Totem e Tabu.

24 Etapas da Identificação Melancólica
Houve uma escolha de objeto, isto é, uma ligação da libido a uma pessoa determinada. Esse vínculo é abalado por um desprezo par parte da pessoa amada. Ao invés de ocorrer uma retirada da libido desse objeto para um outro, aconteceu de a libido ser retirada para o eu. Uma vez retirada para o eu, a libido serviu para estabelecer uma identificação (narcísica) do eu com o objeto abandonado. Como conseqüência, a perda do objeto transformou-se numa perda do eu. O conflito entre o eu e a pessoa amada transformou-se numa divisão do eu crítico e o eu alterado pela identificação.

25 Etapas da Identificação Melancólica
Escolha Narcísica Identificação Narcísica Perda de Objeto Identificação com o Objeto Perdido Reforço do Sadismo do Ideal de Ego

26 Etapas da Identificação Melancólica
EGO Ideal Obj Invest Invest. EGO Ideal Obj

27 Questões Deixadas por Luto e Melancolia
Embora seja uma contribuição importante à teoria das identificações e à elucidação das dinâmicas narcísicas, o modelo proposto por Freud em Luto e Melancolia, refere-se a uma modalidade especial de identificação secundária, encontrada em alguns quadros psicopatológicos. Todo a questão é se esse caso especial pode ser pensado como expressão de uma dinâmica constituinte prévia. O que nos deixa algumas questões: Esse tipo de identificação secundária reflete alguma dinâmica estruturante prévia? Ou, em outras palavras, essa dinâmica estaria também em jogo na constituição das instâncias ideais? O conflito aqui pode ser enquadrado como um conflito propriamente neurótico? Infelizmente, naquele momento essas são mais questões para serem trabalhadas e desenvolvidas.

28 Visão de Conjunto e Discussão

29 Ambiguidades do Conceito de Narcisismo em Freud
Como indicamos no início, o conceito de narcisismo remete diretamente ao esquema do desenvolvimento psicossexual. Porém, não é tarefa fácil articular a dinâmica do narcisismo nessa concepção. Além disso, há uma série de ambiguidades do conceito envolvendo outros âmbitos da teoria freudiana.

30 Ambiguidades do Conceito de Narcisismo em Freud
Segundo a definição clássica, a organização da libido significa: “Coordenação relativa das pulsões parciais, caracterizadas pelo primado de uma zona erógena e um modo específico de relação de objeto. Consideradas numa sucessão temporal, as organizações da libido definem as fases da evolução psicossexual infantil” (LAPLANCHE e PONTALIS, 1998, p. 328). Isso nos leva a dois caminhos possíveis na compreensão da problemática do narcisismo

31 Ambiguidades do Conceito de Narcisismo em Freud
Narcisismo: duas ênfases possíveis 1 2 Modalidade de Objeto como organizadora: linhagem dos modos de configuração das relações de objeto a partir da dinâmica do narcisismo. Modalidade de Atividade Sexual como organizadora: linhagem das fases de desenvolvimento da libido infantil por meio do investimento em zonas erógenas.

32 Ambiguidades do Conceito de Narcisismo em Freud
É muito difícil articular essa duas tendências de conceber o desenvolvimento da personalidade em um único esquema geral: 1 2

33 Ambiguidades no Conceito de Narcisismo em Freud
Além disso, a própria gênese das fases de desenvolvimento da libido em Freud é assistemática e a sua articulação com o narcisismo primário nunca foi explicitada: Momentos de introdução dos conceitos na teoria freudiana Esse é o slide final da primeira parte da aula Auto-Erotismo Fase Oral Fase Anal Fase Fálica Fase Genital 1905 1915 1913 1923 Narcisismo 1910

34 Ambiguidades no Conceito de Narcisismo em Freud
Por fim, em Freud há uma contradição acerca da relação com o outro no narcisismo: Toda a questão na introdução do narcisismo é que o ego passa a ser constituído ao longo do desenvolvimento da personalidade. Porém, na segunda tópica, o narcisismo primário se confunde com um estado anobjetal, não havendo distinção entre auto-erotismo e narcisismo, o que vai contra a referência ao lugar do outro na constituição do ego. No fim de sua obra, Freud ainda aventa a possibilidade de aí termos uma modalidade de narcisismo originário que prescinde de objetos. Contudo, nesse momento é incompreensível entender porque tamanha regressão no que tinha sido um passo na direção da valorização do outro como constituinte da subjetividade. Esse é o slide final da primeira parte da aula

35 A Importância do Outro na Constituição do Psiquismo
Uma questão fundamental que é colocada pela introdução do conceito de narcisismo na teoria psicanalítica é que ele inicia uma revolução na compreensão do aparelho psíquico que passa a valorizar o papel do outro humano na constituição da subjetividade. Diferentemente de uma sucessão maturacional e desenvolvimentista de uma libido endógena, como ainda a primeira versão dos Três Ensaios sobre a Sexualidade (1905) deixa a entender, a partir de agora a relação com o outro passa a ser fundamental para a constituição do próprio circuito pulsional, por meio de sucessivas identificações. Não é à toa, portanto, que a partir do segundo momento da obra de Freud o interesse pelos fenômenos sociais aumenta, reforçando a diretriz de que a cultura é uma fonte importante da subjetividade para a psicanálise, recaindo na máxima de que “toda a psicologia é, antes de tudo, uma psicologia social”.

36 O Dualismo Pulsional em Xeque
Curiosamente, o momento de consolidação da teoria psicanalítica em torno da primeira tópica e da primeira teoria das pulsões nos artigos de metapsicologia é colocado em questão pelos desenvolvimentos do narcisismo e da teoria das identificações nos textos de 1914 e 1917. A primeira teoria das pulsões, fundada na oposição entre pulsões de auto-conservação ou do ego e pulsões sexuais, era a dualidade econômica que sustentava a oposição dinâmica e topográfica do aparelho psíquico. O problema que o narcisismo traz é simples e inegável: se o Ego é constituído pelas pulsões sexuais, em que essas se opõem à de auto-conservação?

37 O Dualismo Pulsional em Xeque
Isso quer dizer que tudo indica que as pulsões do ego nada mais sejam do que a libido do ego, um momento de investimento das pulsões sexuais que é responsável pela constituição do próprio ego e que, depois de ser apropriado por ele é utilizado para se contrapor às moções libidinais provenientes do insconsciente. Nesse sentido, fica claro que o próprio ego é constituído pela dinâmica libidinal, destituindo de vez o lugar do desenvolvimento biológico como esquema de referência para o aparelho psíquico.

38 O Dualismo Pulsional em Xeque
Com isso Freud conseguirá se livrar de um problema sério da primeira teoria das pulsões, a saber: se as pulsões de auto- conservação são expressão da necessidade biológica, no que elas se distinguem dos instintos propriamente ditos (instinkt)? Contudo, gera um outro, pois se as pulsões de auto- conservação nada mais são do que libido do ego, o que se anuncia é um monismo pulsional na metapsicologia. Esse é, inclusive, o principal motivo da preocupação de Freud em discutir com Jung as modificações que este implanta no conceito de libido como energia prazerosa geral.

39 Questões Importantes e Indicações de Desenvolvimento
Ego Ideal ou Ideal de Ego? Narcismo primário e secundário: momentos de uma gênese ou estruturas distintas de identificação? Toda identificação é introjetiva? Qual a relação entre auto-erotismo e narcisismo? Narcisismo é um estado anobjetal? Qual a relação entre identificação narcísica e edípica?

40 A Contribuição Lacaniana ao Narcisismo
Lacan propõe uma outra abordagem da problemática do narcisismo, que o descole de um modelo desenvolvimentista de fases, fixações e regressões. Recorre ao experimento de Henri Wallon sobre o reconhecimento dos bebês de sua imagem no espelho antes mesmo da unificação do esquema corporal sensório-motor. Com base nessa observação, afirma a importância d o olhar materno como constituinte da imagem corporal do bebê e da sua identidade egóica por identificação ao significante do desejo materno (falo).

41 A Contribuição Lacaniana ao Narcisismo
Para tanto, propõe que a distinção entre narcisismo primário e secundário esteja assentada na lógica da identificação do bebê à mãe: Narcisismo Primário: próprio da indiferenciação egóica na simbiose mãe-bebê, em que o bebê está confundido ao desejo materno. Estaria, portanto, relacionado à constituição do ego ideal. Narcisismo Secundário: a partir de um início de diferenciação entre mãe-bebê, trata-se da identificação do bebê à posição de falo materno, ou seja, àquilo que a mãe deseja e que não é mais o bebê. Estaria, portanto, relacionado à constituição do ideal de ego. Como se vê, essa proposta renova e refina a compreensão metapsicológica das instâncias ideais.

42 Conclusão O conceito de narcisismo trouxe a possibilidade de expansão da compreensão psicanalítica para além das neuroses de transferência que marcaram o início da investigação de Freud. Possibilitou uma grande expansão na teoria psicanalítica, ao trabalhar a questão da gênese do ego por identificação. Marcou uma inflexão na direção da valorização da cultura, do outro e dos fenômeno sociais na concepção de sujeito da psicanálise. Trouxe problemas sérios para o dualismo pulsional que sustentava a metapsicologia freudiana até então e fomentou um aumento de complexidade na compreensão do aparelho psíquico, o que marcará a passagem de um modelo de sistemas para um de instâncias. Por fim, é um dos conceitos mais fundamentais da teoria psicanalítica, que encontrou nos pós-freudianos (Klein, Lacan, Psicologia do Ego) diferentes interpretações e posições.

43 Epílogo “O desamparo inicial dos seres humanos e a fonte de todos os motivos morais.” (Sigmund Freud – Projeto de uma Psicologia, 1895) “Teu corpo é meu espelho e em ti navego e eu sei que tua correnteza não tem direção.” (Renato Russo – Daniel na Cova dos Leões, 1986) Escher: Auto-retrato, 1935.

44 Referências Bibliográficas
BÁSICAS: FREUD (1914). Introdução ao narcisismo – ESB v. XIV. FREUD (1917). Luto e melancolia – ESB v. XIV.

45 Referências Bibliográficas
COMPLEMENTARES: LAPLANCHE e PONTALIS (1998). Vocabulário da Psicanálise – verbetes: anaclítico, auto-erotismo, ego ideal, escolha de objeto, escolha de objeto por apoio, escolha narcísica de objeto, fase libidinal, fixação, genital (amor -), ideal do ego, idealização, identificação, identificação primária, interesse, introjeção, libido do ego – libido objetal, narcisismo, narcisismo primário – narcisismo secundário, organização da libido, pulsão parcial, pulsão sexual, pulsão de autoconservação, pulsões do ego, regressão, relação de objeto, trabalho do luto, zona erógena. GARCIA-ROZA (1998). Introdução à metapsicologia freudiana – v. 3 – capitulo 1 – Narcisismo. FREUD (1917). Conferência XXI: o desenvolvimento da libido e as organizações sexuais – ESB v. XVI. FREUD (1917). Conferência XXVI: a teoria da libido e o narcisismo – ESB v. XVI.

46 Questões de Estudo O que é Narcisismo e qual sua importância para a teoria psicanalítica? Diferencie auto-erotismo de narcisismo. Discuta por que o narcisismo coloca em questão a primeira teoria das pulsões. Defina o conceito de instância ideal do ego, diferenciando ego ideal de ideal de ego e relacionando-os aos estágios do narcisismo. Apresente o mecanismo próprio da identificação melancólica, segundo Freud, e indique sua importância para a metapsicologia. Distingua relação de objeto narcísica de relação de objeto anaclítica.

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