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PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE III

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Apresentação em tema: "PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE III"— Transcrição da apresentação:

1 PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE III
FREUD E O DESENVOLVIMENTO DA PSICANÁLISE: TEORIA DAS PULSÕESl

2 A partir da leitura do texto, explique a frase:
“Como disse o poeta, todos os pulsões orgânicos que atuam em nossa mente podem ser classificados como `fome’ ou `amor’.”

3 A TEORIA DAS pulsões As excitações às quais está submetido o organismo são de dois tipos: Exteriores descontínuas, circunstanciais; pode-se evitá-las. Endógenas exercem uma pressão mais ou menos contínua; não há, evidentemente, nenhuma possibilidade de fugir delas. A esse tipo de excitações se dá o nome de pulsões.

4 Pulsão O representante psíquico das excitações que se originam no interior do corpo e alcançcam a mente. uma exigência de trabalho que é imposto ao psiquismo em consequência de sua ligação ao corporal. A expressão "exigência de trabalho imposta ao psiquismo" é coerente com a noção de impulso, que se encontra no próprio termo pulsão. Esse impulso é não apenas uma propriedade constante da pulsão, representa mesmo a sua essência.

5 Na teoria psicanalítica o desenvolvimento da vida psíquica está diretamente relacionado com as sequências e transformações da organização da pulsão sexual. Na teoria Freudiana, podemos distinguir distinguir três etapas no desenvolvimento histórico do conceito de pulsão: A primeira etapa é caracterizada pelo dualismo entre pulsões sexuais, por um lado, pulsões de autoconsevação ou pulsões do Ego, por outro. A segunda etapa é marcada pela introdução do narcisismo na teoria das pulsões. A terceira etapa institui a oposição entre pulsões de vida e pulsões de morte.

6 O trabalho Contém duas passagens de interesse “muito especial”:
A CONCEPÇÃO PSICANALÍTICA DA PERTURBAÇÃO PSICOGÊNICA DA VISÃO (1910) (V. XI) O trabalho Contém duas passagens de interesse “muito especial”: Freud, empregou pela primeira vez o termo `pulsões do ego’ e as identificou com as pulsões de autoconservação e atribui-lhes papel vital na função de recalque. Freud expressa, com firmeza especial, sua convicção de que os fenômenos psíquicos se baseiam definitivamente nos fenômenos físicos. Teríamos de observar essas condições como a parte constitucional da disposição para adoecer de perturbações psicogênicas e neuróticas. Este é o fator ao qual, quando aplicado a histeria, dei o nome provisório de `submissão somática’.

7 Freud toma o exemplo da perturbação psicogênica da visão (cegueira histérica) a fim de mostrar:
A concepção da gênese dos distúrbios dessa espécie a partir do método de investigação psicanalítica.

8 O ponto de vista da Escola Francesa (Charcot, Janet e Binet)
a gênese desses casos já é conhecida a presença de uma idéia iscienenco tão poderosa que se converte em realidade. nos pacientes predispostos à histeria, há uma tendência inerente à dissociação – a uma desagregação das conexões em seu campo psíquico. O paciente fica cego, não em conseqüência de uma idéia auto-sugestiva de que ele não pode ver, mas como resultado de uma dissociação entre os processos inconscientes e conscientes no ato de ver. (incapacidade constitucional para a síntese).

9 O ponto de vista de Freud
A psicanálise também aceita a hipótese da dissociação psíquica e do inconsciente, porém as relacionamos de modo diferente. O conceito psicanalítico é dinâmico e atribui a origem da vida psíquica a uma interação entre forças que favorecem ou inibem uma à outra. Se um grupo de ideias permanece no inconsciente, a psicanálise não infere desse fato, de que há uma incapacidade constitucional para a síntese que se evidencia nessa determinada dissociação,

10 Freud sustenta que o isolamento e o estado de inconsciência desse grupo de idéias foram causados por uma oposição ativa de parte de outros grupos de ideias. O processo, devido ao qual se teve esse destino, é conhecido como `recalque’ e Freud o consideramos algo análogo a um julgamento condenatório nos domínios da lógica.

11 Então, as perturbações psicogênicas da visão dependem de certas idéias relacionadas com a visão serem suprimidas da consciência. As ideias suprimidas entraram em oposição a outras idéias, mais poderosas, em relação às quais adotamos o conceito coletivo do `ego’ e, por esse motivo, se encontram sob recalque.

12 Mas qual pode ser a origem dessa oposição que provoca o recalque entre o ego e os vários grupos de idéias? Cada grupo de pulsões procura tornar-se efetivo por meio de ideias que estão em harmonia como seus objetivos. Estes pulsões nem sempre são compatíveis entre si; seus interesses entram em conflito. A oposição entre as ideias é apenas uma expressão das lutas entre os vários pulsões.

13 Oposição entre as pulsões que favorecem a sexualidade, a consecução da satisfação sexual, e as pulsões que têm por objetivo a autopreservação do indivíduo – as pulsões do ego. “Como disse o poeta, todos os instintos orgânicos que atuam em nossa mente podem ser classificados como `fome’ ou `amor’.”

14 “As pulsões não estão sempre de acordo entre si, e isso conduz muitas vezes a um conflito de interesses. De uma importância muito especial para nossos esforços de elucidação se mostra a inegável oposição que reina entre as pulsões que servem aos desígnios da sexualidade, a obtenção do prazer sexual, e essas outras pulsòes, que visam à preservação e à conservação do indivíduo, ou seja, as pulsões do Ego. O poeta dizia que se pode dispor atrás da fome ou atrás do amor todos os instintos ativos em nossa alma.”

15 Tanto as pulsõe ssexuais como os pulsões do ego, têm, em geral, os mesmos órgãos e sistemas à sua disposição. O prazer sexual não está apenas ligado à função dos genitais. A boca serve tanto para beijar como para comer e para falar; Os olhos percebem não só alterações no mundo externo, que são importantes para a preservação da vida, como também as características dos objetos que os fazem ser escolhidos como objetos de amor – seus encantos. “Não é fácil para alguém servir a dois senhores ao mesmo tempo.”

16 Esta ponto de ancoragem em um mesmo órgão ou sistema pode ter conseqüências patológicas, caso as pulsões fundamentais estejam desunidas e caso o ego mantenha o recalque da pulsão sexual. Se a pulsão sexual componente que se utiliza do olhar – o prazer sexual em olhar [escoptofilia] – atraiu sobre si a ação defensiva das pulsões do ego, As idéias através das quais seus desejos se expressam sucumbem à repressão e são impedidas de se tornar conscientes; haverá uma perturbação geral da relação do olho e do ato de ver com o ego e a consciência.

17 O ego perderia seu domínio sobre o órgão, que ficaria, então, totalmente à disposição da pulsão sexual reprimida. A perda do domínio consciente sobre o órgão é o substituto prejudicial para o recalque que malogrou e que só se tornou possível a esse preço. A repressão exagerada pelo ego, leva o ego a se recusa a ver outra coisa qualquer, agora que o interesse sexual em ver se tornou tão predominante.

18 Essa relação de um órgão com uma dupla exigência sobre ele – sua relação com o ego consciente e com a sexualidade reprimida – pode ser encontrada de maneira ainda mais evidente nos órgãos motores do que no olho. A interpretação dos processos psíquicos implicados no desenvolvimento da perturbação psicogênica da visão: O recalque da escoptofilia sexual “como se uma voz punitiva estivesse falando de dentro do indivíduo e dizendo: `Como você tentou utilizar mal seu órgão para prazeres sensuais perversos, é justo que você nunca mais veja nada’.

19 Resumo O aparelho da visão tem a capacidade de ser erogenização pela pulsão sexual. a escoptofilia nada mais é que uma erogenização do ato de olhar e por conseguinte do aparelho da visão. quando as exigências da pulsão parcial (escopofílica) chegam a provocar as defesas do ego (recalque), o olho se converte no palco da luta entre as pulsões. A energia para que o ego opere o recalque lhe é fornecida pelas pulsões de autoconservação, de onde seu outro nome, "pulsões do ego". Com o recalque, o resultado é a inibição da pulsão sexual, mas também do ato de ver. Deste modo, Freud explica as perturbações psicogênicas da visão mediante a hipótese de umm conflito entre o ego e as pulsões sexuais.

20 No pensamento de Freud:
Conclusões No pensamento de Freud: o conceito de pulsão não se restringe a esfera do sexual, desde 1905, a noção de "apoio" da sexualidade sobre as grandes funções orgânicas da nutrição e da excreção sugere a existência de pulsões de autoconservação (p. ex., a fome). A denominação pulsões de autoconservação depreende do fato de que estão diretamente relacionadas à preservação da vida do indivíduo.

21 Freud considera que no início não existe uma oposição ente os dois tipos de pulsões, mas sim um ‘apoio’ e das pulsões sexuais sobre as pulsões do Ego, tomando-lhe emprestado ao mesmo tempo sua fonte corporal e seu objeto. No pensamento de Freud, a opsição entre as pulsões sexuais e as pulsões de autoconsevação, se manifesta quando as exigências das pulsões sexuais passam a comprometer a segurança do sujeito e a sua adequação no interior do seu meio sociocultural. Assim, se o indivíduo se abandonar aos ditames das pulsões sexuais, sua existência estará em perigo.

22 No que se refere às pulsões sexuais, as modalidades de satisfação vinculam-se às zonas erógenas e as pulsões parciais, somente após um longo trabalho de síntese é que se submetem ao domínio da zona genital. Neste processo, pode ocorrer entraves: inibições do desenvolvimento libidinal regressões do desenvolvimento Ilbidinal

23 CARÁTER E EROTISMO ANAL (1908) Vol. IX
NOTA DO EDITOR O tema deste artigo já se tornou tão familiar que é difícil conceber a indignação e o assombro que ele provocou quando de sua primeira publicação. O tema do artigo já havia sido mencionado por Freud em sua carta a Jung de 2 de outubro de 1906. Em sua carta a Fliess de 22 de dezembro de 1897 (Freud, 1950a, Carta 79), associara dinheiro e avareza com fezes. Em 1909 Freud publica a análise do ‘Rat Man’ e em 1913 Freud iria examinar a conexão entre o erotismo anal e a neurose obsessiva.

24 CARÁTER E EROTISMO ANAL (1908)
Certo tipo de indivíduo se distingue por possuir determinados traços de caráter, e e ao mesmo tempo, chama a atenção o comportamento, em sua infância, de uma de suas funções corporais e do órgão envolvido. “Não posso agora precisar em que ocasião comecei a ter a impressão de que havia uma conexão entre esse tipo de caráter e esse comportamento de um órgão.” Freud assegura essa impressão derivada da experiência prática e não de suposição teórica.

25 As pessoas distinguem-se por uma combinação regular das três características que se seguem:
ordeiras, parcimoniosas e obstinadas. Essas características correspondem a traços de caráter interligados: ‘Ordeiro’ = esmero individual, escrúpulo no cumprimento de pequenos deveres e a fidedignidade (veracidade). Parcimônia (economia) pode aparecer de forma exagerada como avareza, e a obstinação (persistência, teimosia) pode transformar-se em rebeldia, à qual podem facilmente associar-se a cólera e os ímpetos vingativos. A parcimônia e a obstinação, constituem o elemento mais constante de todo o complexo.

26 na infância posterior sofreram falhas isoladas nessa função.
Freud diz ser fácil inferir da história da primeira infância desses indivíduos que: os mesmos dispenderam um tempo relativamente longo para superar sua iincontinência fecal infantil, na infância posterior sofreram falhas isoladas nessa função. Quando bebês, parecem ter pertencido ao grupo que se recusa a esvaziar os intestinos ao ser colocado no urinol, obtém um prazer suplementar do ato de defecar, pois nos revelam que em anos posteriores gostavam de reter as fezes, e se lembram de ter feito toda uma série de coisas indecorosas com suas fezes (embora atribuam o fato mais facilmente em relação a irmãos e irmãs do que a si mesmos).

27 Freud deduz de tais indicações que:
essas pessoas nasceram com uma constituição sexual na qual o caráter erógeno da zona anal é excepcionalmente forte. O desaparecimento deste erotismo anal leva a concluir que no decurso do seu desenvolvimento a zona anal perdeu sua significação erógena. e a regularidade com que essa tríade de propriedades apresenta-se no caráter dessas pessoas pode ser relacionada com o desaparecimento do erotismo anal.

28 Tomando a teoria dos Três Ensaios (1905), Freud alerta para o fato de que de modo geral, só uma parcela das pulsões parciais é utilizada na vida sexual; outra parte é desviada dos fins sexuais e dirigida para outros – um processo que denominamos de ‘sublimação’. Durante o período de ‘latência sexual’, criam-se na mente formações reativas, ou contraforças, como a vergonha, a repugnância e a moralidade. Diques para opor-se às atividades posteriores das pulsões sexuais.

29 O erotismo anal é um dos componentes da pulsão [sexual] que, no desenvolvimento e de acordo com a educação que a nossa atual civilização exige, se tornarão inúteis para os fins sexuais. Freud considera que os traços de caráter – ordem, parcimônia e obstinação - relevantes nos indivíduos que anteriormente eram anal-eróticos, sejam os resultados de formações reativas e sublimação do erotismo anal. A limpeza, a ordem e a fidedignidade dão exatamente a impressão de uma formação reativa contra um interesse pela imundície que não deveria pertencer ao corpo.

30 A obstinação - um criança pode mostrar vontade própria quando se trata do ato de defecar e que é costume bastante difundido na educação da criança administrar estímulos dolorosos à pele das nádegas – ligada à zona erógena anal – para quebrar a obstinação da criança e torná-la submissa. os complexos do apego ao dinheiro e da defecação, aparentemente tão diversos, afiguram-se as mais extensas. nas antigas civilizações, nos mitos, nos contos de fadas e superstições, no pensamento inconsciente, nos sonhos e nas neuroses – o dinheiro é intimamente relacionado com a sujeira.

31 Conclusões Uma fórmula para o modo como o caráter, em sua configuração final, se forma a partir das pulsões constituintes: os traços de caráter permanentes, são ou prolongamentos inalterados das pulsões originais, ou sublimação desses pulsões, ou formações reativas contra as mesmas.

32 Dois tópicos de importância especial são examinados no texto:
Vol. XII – A DISPOSIÇÃO À NEUROSE OBSESSIVA UMA CONTRIBUIÇÃO AO PROBLEMA DA ESCOLHA DA NEUROSE (1913) NOTA DO EDITOR INGLÊS Artigo lido por Freud perante o Quarto Congresso Psicanalítico Internacional, realizado em Munique em setembro de 1913. Dois tópicos de importância especial são examinados no texto: o problema da ‘escolha da neurose’. as ‘organizações’ pré-genitais da libido* * O conceito aparece aqui pela primeira vez e foi acrescentada em 1915 nos Três ensaios, sendo exemplificado pelo estádio sádico-anal, juntamente com o estádio oral (1915) e o estádio fálico (1923).

33 O problema: saber por que e como uma pessoa pode ficar doente de uma neurose. saber por que é que uma pessoa tem de cair enferma de uma neurose específica e não de outra (o problema da ‘escolha da neurose’).

34 Onde devemos procurar a fonte destas disposições?
“Tornamo-nos cientes de que as funções psíquicas envolvidas – sobretudo a função sexual, mas também várias importantes funções do ego – têm de passar por um longo e complicado desenvolvimento, antes de chegar ao estado característico do adulto normal. Podemos presumir que estes desenvolvimentos não são sempre tão serenamente realizados que a função total atravesse esta modificação regular progressiva. Onde quer que uma parte dela se apegue a um estádio anterior resulta o que se chama ‘ponto de fixação’, para o qual a função pode regredir se o indivíduo ficar doente devido a alguma perturbação externa.

35 Freud lança a hipótese de que as inibições do desenvolvimento (fixações da libido) constituem a disposição presente no adoecimento na neurose obsessiva (e de outras patologias). Contudo, demorou vários anos para que uma afirmação explícita fosse feita quanto à relação entre esta sucessão de pontos de fixação e a escolha da neurose.

36 Desenvolvimento da libido e nosologia
Idade Estágios de organização da libido Nosologia Recalque da realidade e regressão do Eu Investimento narcísico maior que investimento objetal Princípio do prazer 1 Oral primária Esquizofrenia 2 Oral tardio (canibalístico) Melancolia Mania Sádico anal primário Paranóia Linha divisória entre os estágios pré-genitais e genitais 3 Recalque e regressão pulsional Investimento objetal maior que investimento narcísico Princípio de Realidade Sádico anal secundário Neurose Obsessiva 4 5 Fálica Histeria 6 7 a 10 Latência 11 12 Genital Normalidade 36

37 Vol. XII – FORMULAÇÕES SOBRE OS DOIS PRINCÍPIOS DO FUNCIONAMENTO MENTAL (1911)
O tema principal da obra é a distinção entre os dois princípios reguladores do funcionamento psíquico: o princípio de prazer que domina o processo primário o princípio de realidade que domina o processo psíquico secundário. Em seu texto, Freud começa por estabelecer o fato de que toda neurose tem como consequência e provavelmente a tendência o afastamento do doente da realidade. Piere Janet ─ perda “de la fonction du réel”

38 Freud afirma que a introdução do processo de recalque na discussão sobre a gênese das neuroses, tornou possível compreender essa conexão. O neurótico afasta-se da realidade por achá-la insuportável – seja no todo ou em parte dela. O tipo mais extremo desse afastamento da realidade - psicose alucinatória todo neurótico faz o mesmo com alguma pequena parte da realidade. “Vemo-nos então confrontados com a tarefa de investigar o desenvolvimento da relação dos neuróticos ─ e do ser humano em geral─ com a realidade.”

39 Freud toma como ponto de partida os processos inconscientes.
são os mais antigos e primários, remanescentes de uma fase de desenvolvimento no qual eram os únicos existentes. A tendência dominante a qual esses processos primários obedecem denomina-se princípio do prazer e do desprazer (de forma abreviada princípio de prazer). Estes processos aspiram à obtenção de prazer. Dos atos que possam provocar desprazer a atividade psíquica se recolhe (recalque). sonhos e tendência de evitar as impressões dolorosas são resíduos e provas do domínio do princípio de prazer.

40 Desde o início exigências provenientes das necessidades internas do organismo perturbam o estado de repouso psíquico. “Neste estado, de modo análogo ao que ainda hoje ocorre todas as noites com nosso pensamento onírico, o pensado (desejado) apresentava-se simplesmente de forma alucinatória.” Foi preciso que não ocorresse a satisfação esperada, que houvesse uma frustração, para que essa tentativa de satisfação pela via alucinatória fosse progressivamente abandonada. Introduzindo um novo princípio da atividade psíquica: “Em vez de alucinar, o aparelho psíquico teve então de se decidir por conceber as circunstâncias reais presentes no mundo externo e passou a almejar uma modificação real deste.” [para a satisfação das necessidades].

41 A instauração do princípio de realidade torna necessário uma série de adaptações do aparelho psíquico: A realidade exterior adquiriu maior importância, e com isso se tornou mais relevante o papel da consciência. A atenção, como função especial, deve fazer uma busca periódica no mundo externo para que os dados fossem conhecidos de antemão caso uma necessidade interna se manifeste. A memória com a função de armazenar os resultados colhidos durante essa atividade periódica da consciência.

42 O recalque que excluía do processo de investimento as parte das representações psíquicas que se mostrassem geradoras de desprazer, foi substituído por uma imparcial avaliação de juízo. A remoção dos estímulos, pela via motora, que sob o domínio do principio de prazer se incumbia de aliviar o aparelho psíquico, recebeu uma nova função passou a ser utilizada para modificar a realidade. Transformou-se em um agir sobre a realidade. o agir foi viabilizado pelo processo de pensar. O pensar foi dotado de características que tornavam possível ao aparelho mental tolerar uma tensão aumentada de estímulo, enquanto o processo de descarga (o agir) era adiado.

43 As adaptações introduzem um novo princípio da atividade psíquica: não mais era imaginado o que fosse agradável, mas sim o real, mesmo em se tratando de algo desagradável. Contudo, uma das espécies de atividade de pensamento foi liberada do teste de realidade e permaneceu subordinada somente ao princípio de prazer. Esta atividade é o fantasiar que conservada como devaneio, abandona a dependência de objetos reais.

44 “A substituição do princípio de prazer pelo principio de realidade, com todas as consequências psíquicas envolvidas aqui esquematicamente condensadas numa só frase, não se realiza, na verdade, de repente; tampouco se efetua simultaneamente em toda a linha, pois, enquanto este desenvolvimento tem lugar nos instintos do ego, os instintos sexuais se desligam deles de maneira muito significativa.”

45 No início, ocorre uma indiferenciação inicial entre os dois gêneros de pulsões (autoconsevação e sexual) que se encontram misturadas entre si (p. ex., no ato de mamar). Com o desenvolvimento do indivíduo, lentamente, vai-se estabelecendo uma distinção fundamental entre as pulsões de autoconservação e seual). A princípio, a pulsão sexual, ao se tornar autônoma em relação às função de autoconservação, satisfazem-se auto-eroticamente.

46 Sem a necessidade de um objeto exterior a pulsão sexual pode se satisfazer de forma imediata (sob o princípio de prazer). As pulsões sexuais não somente continuam a poder satisfazer-se de maneira auto-erótica, mas lhes é possível uma satisfação mesmo fora da realidade, por meio da fantasias. Assim, as pulsões sexuais não encontram situação de frustração que forcem a instituição do princípio de realidade e podem ficar mais facilmente ligadas ao princípio do prazer.

47 Para as funções do Ego, o princípio de realidade (processo secundário) deve suplantar rapidamente o princípio do prazer (processo primário). Pois as funções do Ego, para se satisfazerem, têm necessidade imperativa de um objeto exterior e real. O processo secundário é uma exigência da vida. Os objetos que satisfazem as pulsões da autoconservação só existem no mundo exterior (p. ex., o leite materno). Para que a criança não morra de fome, precisa dominar o processo primário e desenvolver um funcionamento sob o processo secundário.. Assim, o reconhecimento do mundo exterior, por meio do desenvolvimento do "princípio de realidade", é elevado à categoria de elemento regulador da vida psíquica.

48 A instauração do princípio de realidade leva à dissociação da vida mental, a dois modos de funcionamento psíquico. O Princípio de Realidade aparece como algo imposto do exterior, e que o indivíduo faz seu para evitar o desprazer. Freud explica que o Princípio de Realidade está a serviço do Princípio do Prazer: Ele simplesmente resguarda o indivíduo de frustrações desnecessárias: "renunciando a um prazer momentâneo, de consequências inseguras, apenas para alcançar pelo novo caminho um prazer ulterior e seguro.” Assim, a tendência fundamental do aparelho psíquico, em que se defrontam as duas pulsões, continua a exercer-se no sentido de realizar o máximo de prazer.

49 Contudo, sendo o ser humano condenado a uma existência social, a busca do prazer é limitada por normas que transcendem o indivíduo e lhe impõem as restrições derivadas da cultura. No processo de desenvolvimento, enquanto o indivíduo passa por suas transformações, que o levam do princíio de prazer ao princípio de realidade, as pulsões sexuais também sofrem as alterações que as levam de seu auto-erotismo original ao amor objetal.

50 PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE III
FREUD E O DESENVOLVIMENTO DA PSICANÁLISE: NARCISISMO

51 Na tradição grega, o termo narcisismo designa o amor de um indivíduo por si mesmo.

52 Vol. XIV - Sobre o narcisismo uma introdução (1914)
Freud utiliza pela primeira vez o termo "narci­sismo" em 1910, para descrever a escolha de objeto feita pêlos homossexuais que escolhem um parceiro à sua imagem, de forma que atra­vés deste: "tomam a si mesmos como objeto sexual" (1905; nota acrescentada em 1910). O artigo de Freud sobre Leonardo (1910) faz referência consideravelmente extensa ao narcisismo. Pouco depois, Freud (Schreber, 1911; Totem e Tabu, ) fez do narcisismo uma fase intermediária do desenvolvimento psicos­social infantil, situada entre o auto-erotismo, cujo modelo é a masturbação, e a fase evoluí­da, caracterizada pelo amor de objeto.

53 Segundo James Strachey, trata-se de um dos trabalhos mais importantes de Freud:
Resume suas primeiras discussões sobre o tema do narcisismo e considera o lugar ocupado pelo narcisismo no desenvolvimento sexual, Considera o problema das relações entre o ego e os objetos externos, Estabelece uma distinção entre ‘libido do ego’ e ‘libido objetal’. ponto mais importante - introduz os conceitos do ‘ideal do ego’ e do agente auto-observador a ele relacionado, base do que foi descrito como o ‘superego’ em The Ego and the Id (1923). Freud à Abraham: ‘O “Narcisismo” teve um parto difícil e traz todas as marcas de uma deformação correspondente’. Forma supercondensada e prestes a estourar pela quantidade de material que contém.

54 Freud em carta à Abraham, declara-se insatisfeito com o texto por sua forma “supercondensada e prestes a estourar pela quantidade de material que contém.” ‘O “Narcisismo” teve um parto difícil e traz todas as marcas de uma deformação correspondente’.

55 Termo empregado pela primeira vez em 1887, pelo psicólogo francês Alfred Binet ( ), para descrever uma forma de fetichismo que consiste em se tomar a própria pessoa como objeto sexual. O termo foi depois utilizado por Havelock Ellis, em 1898, para designar um comportamento perverso relacionado com o mito de Narciso. Em 1899, em seu comentário sobre o artigo de Ellis, o criminologista Paul Näcke ( ) introduziu o termo em alemão. (Dicionário de psicanálise/Elisabeth Roudinesco, Michel Plon, Rio de Janeiro: Zahar, 1998.;

56 Até o fim do século XIX, o termo narcisismo foi utilizado pelos sexólogos para designar seletivamente uma perversão sexual caracterizada pelo amor dedicado pelo sujeito a si mesmo. Em 1908, Isidor Sadger falou do narcisismo, a propósito do amor próprio, como uma modalidade de escolha de objeto nos homossexuais; distinguiu-se de Havelock Ellis ao considerar o narcisismo não como uma perversão, mas como um estádio normal da evolução psicossexual do ser humano. (Dicionário de psicanálise/Elisabeth Roudinesco, Michel Plon, Rio de Janeiro: Zahar, 1998.;

57 Segundo Freud, O termo narcisismo provém da descrição clínica e foi escolhido por Paul Näcke em 1899. para designar o comportamento do indivíduo que trata o próprio corpo como só se trata um objeto sexual. A pessoa: contempla o próprio corpo, acaricia-o, cobre-o de carinhos e satisfaz-se plenamente por meio desses manejos. Nesta configuração, o narcisismo tem o sentido de uma perversão que absorveu toda a vida sexual da pessoa.

58 Freud ressalta que, a partir da observação psicanalítica, pode-se notar aspectos do comportamento narcísico: presentes em muitas das pessoas afetadas por outras pertubações (p.ex, Homossexuais); na Dementia praecox (krapelin), Esquizofrênia (Breuler), [renomeadas por Freud de Parafrenia] apresentam dois traços fundamentais: o delírio de grandeza e o desligamento de seu interesse no mundo exterior. “Em consequência desta última alteração, tornam-se inacessíveis à influência da psicanálise e não podem ser curados por nossos esforços.”

59 Freud considera a análise das parafrenias o principal meio de acesso ao narcisismo.
Contudo, apresenta outros caminhos para aproximação do narcisismo: a observação da doença orgânica, da hipocondria e a vida amorosa entre os gêneros.

60 A influência da doença orgânica sobre a distribuição da libido
uma pessoa atormentada por dor e mal-estar orgânico deixa de se interessar pelas coisas do mundo externo, na medida em que não dizem respeito a seu sofrimento. ...ela também retira o interesse libidinal de seus objetos amorosos: enquanto sofre, deixa de amar. “o homem enfermo retira seus investimentos libidinais de volta para seu próprio Eu, e as põe para fora novamente quando se recupera. “Concentrada está a sua alma no estreito orifício do molar”. (Freud cita: Wilhelm Busch, sobre o poeta que sofre de dor de dentes)

61 A hipocondria, da mesma forma que a doença orgânica, manifesta-se em sensações corpóreas aflitivas e penosas, tendo o mesmo efeito que a doença orgânica sobre o investimento da libido. “O doente hipocondríaco, também retira seu interesse e sua libido em relação ao mundo exterior e os concentra no órgão que o preocupa e que o faz sofrer. “ o investimento libidinal narcísico de uma parte do corpo não é encontrada apenas na hipocondria, mas também na neurose: "a cada uma des­sas modificações da erogenidade nos órgãos correspon­de uma modificação paralela do investimento da libido no ego".

62 Uma terceira maneira pela qual podemos abordar o estudo do narcisismo é através da observação da vida erótica dos seres humanos: escolha objetal do tipo anaclítico – na escolha ulterior de objetos amorosos adotam como modelo seus cuidadores (pai, mãe, substitutos). escolha objetal do tipo narcísica - na escolha ulterior dos objetos amorosos elas adotaram como modelo a si mesmas. “Nessa observação [escolha narcisista], temos o mais forte dos motivos que nos levaram a adotar a hipótese do narcisismo.”

63 (1) Em conformidade com o tipo narcisista:
Freud apresenta um breve sumário dos caminhos que levam à escolha de um objeto. Uma pessoa pode amar: (1) Em conformidade com o tipo narcisista: (a) o que ela própria é (isto é, ela mesma), (b) o que ela própria foi, (c) o que ela própria gostaria de ser, (d) alguém que foi uma vez parte dela mesma. (2) Em conformidade com o tipo anaclítico (de ligação): (a) a mulher que a alimenta, (b) o homem que a protege, (c) e a sucessão de substitutos que tomam o seu lugar.

64 “Dizemos que um ser humano tem originalmente dois objetos sexuais – ele próprio e a mulher que cuida dele – e ao fazê-lo estamos postulando a existência de um narcisismo primário em todos, o qual, em alguns casos, pode manifestar-se de forma dominante em sua escolha objetal.”

65 Narcisismo primário? O narcisismo primário quer designar a situação inicial, em que a libido investiu no próprio sujeito. Significa, também, o processo pelo qual o sujeito assume a imagem do seu corpo próprio como sua, e se identifica com ela (eu sou essa imagem). A constituição do narcisismo primário ultrapassa o auto- erotismo para fornecer a integração de uma figura positiva e diferenciada do outro. O narcisismo primário promove a constituição de uma imagem de si unificada, perfeita e inteira que suscita e mantém o indispensável "amor-próprio", necessário a toda sobrevivência física e mental.

66 Com esta frase, Freud quer destacar: a admiração parental
His Majesty the Baby Com esta frase, Freud quer destacar: a admiração parental “se vêem compelidos a atribuir à criança todas as perfeições — ainda que uma avaliação sóbria não desse motivo para tal — e tendem a encobrir e esquecer todos os defeitos dela. Também se inclinam a reivindicar para a criança o direito a privilégios aos quais eles, os pais, há muito tiveram de renunciar. “ Assim, podemos falar de um narcisismo primário, infantil, caracterizados por uma imagem de perfeição, onipotência e grandeza. Freud ainda destaca que: “O comovente amor parental, no fundo tão infantil, não é outra coisa senão o narcisismo renascido dos pais, que, ao se transformar em amor objetal, acaba por revelar inequivocamente sua antiga natureza.”

67 Freud observa que no adulto normal:
“o antigo delírio de grandeza infantil arrefeceu e que os caracteres psíquicos a partir dos quais deduzimos seu narcisismo infantil foram apagados.” “O que foi feito, então, de sua libido do Eu? “ Pela educação e por meio das proibições impostas pelas figuras parentais, instalados na posição de modelos, a criança irá renunciar à onipotência e delírio de grandeza característicos do narcisismo infantil. Assim, o desenvolvimento do Eu consiste em um processo de distanciamento do narcisismo primário e produz um intenso anseio de recuperá-lo.

68 Esse distanciamento ocorre por meio de um deslocamento da libido em direção a um ideal-de-Eu que foi imposto a partir de fora, e a satisfação é obtida agora pela realização desse ideal. Ideal do Eu Freud utilizou essa expressão para designar o modelo de referência do eu, simultaneamente substituto do narcisismo perdido da infância e produto da identificação com as figuras parentais e seus substitutos sociais. (Dicionário de psicanálise/Elisabeth Roudinesco, Michel Plon, Rio de Janeiro: Zahar, 1998.;

69 “Assim, o que o ser humano projeta diante de si como seu ideal é o substituto do narcisismo perdido de sua infância, durante a qual ele mesmo era seu próprio ideal.”

70 “A formação de ideal eleva o nível das exigências do Eu e é o mais forte favorecedor do recalque; a sublimação, por sua vez, oferece uma saída para cumprir essas exigências sem envolver o recalque.”

71 “Não seria de admirar se encontrássemos uma instância psíquica especial que, atuando a partir do ideal-de-Eu, se incumbisse da tarefa de zelar pela satisfação narcísica e que, com esse propósito, observasse o Eu atual de maneira ininterrupta, medindo-o por esse ideal.”

72 “Nesse sentido, se atentarmos para o fato de que aquilo que habitualmente designamos consciência moral possui exatamente as características da instância que descrevemos, poderemos considerar que tal instância existe e atua.

73 Na teoria freudiana, antes da introdução do conceito de narcisismo em 1914, o eu:
era compreendido como massa ideacional consciente cujo principal objetivo é conservar a vida e reunir o conjunto de forças que, no psiquismo, se opõe a sexualidade. Para Freud, o “eu” não é inato e resulta de uma nova ação psíquica. Essa nova ação psíquica é o narcisismo primário. O narcisismo primário é contemporâneo da constituição do eu. Assim, enquanto as pulsões auto-eróticas estão presentes desde o início, o Eu tem que ser desenvolvido.

74 O narcisismo primário corresponde ao investimento inicial do eu pela libido que, neste ato, constitui-se como libido narcísica. Para Freud, anteiror ao narcisismo não há investimento objetal possível. Não há relação de objeto que não pressuponha o narcisismo (o que se evidencia pela impossibilidade de que haja relação eu-objeto antes da constituição do eu). A libido objetal corresponde ao investimento dos objetos externos pela libido. O narcisismo secundário refere-se à todas as situações em que ocorre um refluxo da libido objetal sobre o Ego. Ou seja, o retorno para o Ego da libido que investia os objetos exteriores.

75 Freud, considera que o Ego permanece sempre parcialmente investido e os investimentos objetais ficam ligados a ele. segundo a imagem clássica: “como os pseudópodos de uma ameba ficam ligados à região do núcleo.” Há como que uma espécie de balanço entre o que se chama, desde então, de libido do Ego e libido de objeto. "Quanto mais uma cresce mais a outra se empobre Freud estabelece que: "O Ego deve ser considerado como um grande reservatório de libido, de onde ela é enviada para os objetos, e que está sempre pronto para absorver a libido que reflui a partir dos objetos".

76 Estádio do espelho Expressáo criada por Jacques Lacan, em 1936, para designar um momento psíquico da evolução humana, situadoxentre os 6 e os 18 meses, durante o qual a crian- ça antecipa o domínio sobre a sua unidade corporal através de uma identificação com a imagem do semelhante e a percepção de sua própria imagem num espelho. É uma experiência em que a criança percebe a imagem que vê no espelho. No início, a aparência, é de um desconhecido, mas aos poucos ela vai intuindo como sendo a sua, ... Acabando por se reconhecer como sendo ela própria. (Dicionário de psicanálise/Elisabeth Roudinesco, Michel Plon, Rio de Janeiro: Zahar, 1998.;


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