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16. – O conceito de Deus e o problema do mal Encontros de Formação Cristã Paróquia de Santa Maria de Carreço «Se Deus Pai todo- poderoso, Criador do mundo.

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1 16. – O conceito de Deus e o problema do mal Encontros de Formação Cristã Paróquia de Santa Maria de Carreço «Se Deus Pai todo- poderoso, Criador do mundo ordenado e bom, tem cuidado com todas as suas criaturas, porque é que o mal existe?». CIC nº 309

2 16ª sessão – O conceito de Deus e o problema do mal Sumário: 1. Considerações gerais 2. A constatação do mal e as espécies do mal 3. O problema do mal 4. Natureza e origem do mal 5. Por que Deus permite o mal e o sofrimento? 6. O mal, consequência do pecado 7. Gritos do Homem e imagens de Deus 8. O sentido cristão do mal e do sofrimento 9. Bibliografia recomendada (EFC 16)

3 1. Considerações gerais

4 1 – Considerações gerais 1 – Considerações gerais O MISTÉRIO DA INIQUIDADE: o problema do mal é, hoje e em todos os tempos, o grande problema da Humanidade, o grande escândalo, o grande «mistério»: o «mistério» da iniquidade, de que fala S. Paulo: «7Com efeito, o mistério da iniquidade já está em acção; basta que seja afastado aquele que agora o detém. 8*Então é que se manifestará o iníquo que o Senhor destruirá com o sopro da sua boca e aniquilará com o fulgor da sua vinda. 9*A vinda do iníquo dá-se por obra de Satanás, com toda a espécie de milagres, sinais e prodígios enganadores», (2Tes 2, 7-9). NÃO É POSSÍVEL RESPOSTA SIMPLISTA: a essa questão delicada e complexa não é possível dar uma possível rápida e satisfatória. O estudo deve ser profundo e deixar-nos-á sempre sedentos; de facto, é o conjunto da fé cristã que constitui a resposta a esta questão: a bondade da criação, o drama do pecado, o amor paciente de Deus com Suas alianças, a Encarnação, a Igreja, os sacramentos, etc: não há nenhum pormenor da mensagem cristã que não seja e, em parte, resposta ao problema do mal (cf. CIC 309). O MAL É PARA COMBATER: o mal é um problema que, mais do que ser explicado, deve ser combatido e encontrado um sentido.

5 2. A constatação do mal e as espécies de mal

6 2 – A constatação do mal e as espécies de mal 2 – A constatação do mal e as espécies de mal A existência do mal no mundo é um facto incontestável e acompanhou o Homem desde sempre: o mal está aí, ele abunda, o Homem vive sempre rodeado com o mal… Catástrofes naturais… guerras… Limpeza étnica, massacres… fome… Doenças, sofrimentos físicos, limitações… Aborto, eutanásia… Discriminação racial…violência… Desemprego, problemas sociais, económicos… ETC, ETC… MORTE, especialmente dos inocentes…

7 2 – A constatação do mal e as espécies de mal 2 – A constatação do mal e as espécies de mal Vemos que os males apontados não são todos da mesma espécie. Os teólogos costumam apontar para duas (ou três…) espécies de mal: I - O MAL INOCENTE ou OBJECTIVO: é aquele que está inscrito na natureza das coisas, sem culpa por parte do Homem. Pode ainda ser: MAL METAFÍSICO: é a imperfeição inerente ao próprio mundo, resultante de ter sido criado e logo limitado e finito; MAL FÍSICO: abrange toda a espécie de sofrimento fisiológico e moral: Desordens de natureza inanimada: terramotos, inundações, incêndios, secas… Desordens das criaturas sensíveis: o sofrimento, as doenças e a morte. II - O MAL CULPÁVEL ou MAL MORAL ou PECADO: compreende as desordens da vida moral, resultante da liberdade humana mal usada, praticando livremente e conscientemente aquilo que lhe surge como moralmente «mau», violador da vontade de Deus, da norma da consciência e da natureza humana. O pecado acrescenta á noção de mal moral a referência a Deus, fonte de Bem e de moralidade. O mal moral pode ser individual, colectivo ou social, pois o mal «gera solidariedades», agrupa-se, é mentalidade, força de acção… III - O MAL «MISTO»: é fruto da acção do homem e de acção exterior, nomeadamente por parte da natureza. Por exemplo, as alterações climáticas, com o surgimento de maior número de furacões, deve-se em boa parte à poluição, que é originária da acção do homem.

8 3. O problema do mal

9 3 - O problema do mal 3 - O problema do mal O problema do mal: a) De onde procede o mal? OU DEUS NÃO PODE LIBERTAR O HOMEM DO MAL E ENTÃO NÃO É OMNIPOTENTE… b) Como conciliar a bondade e omnipotência de Deus com a existência do mal? a) DEUS CRIOU O MUNDO E O HOMEM; CONSERVA-O E GOVERNA-O: DEUS É CRIADOR E PROVIDENTE… b) …DEUS É SUMAMENTE BOM E OMNIPOTENTE… c) O MAL EXISTE. OU DEUS PODE LIBERTAR O HOMEM DO MAL E SE NÃO O FAZ É PORQUE É MALÉVOLO… OU OUTROS CONCLUEM QUE ELE SIMPLESMENTE NÃO EXISTE!

10 3 - O problema do mal 3 - O problema do mal Como conciliar as duas primeiras premissas com a terceira, que aponta para um rompimento da lógica interna do Cristianismo? «As velhas questões de Epicuro ainda não foram respondidas. Será que Deus quer impedir o mal, mas não pode? Então, não é Omnipotente. Será que Deus é capaz, mas não o quer? Então, é malévolo. Será que Deus quer e é capaz? Por que razão, então, o mal?» David Hume (séc. XVIII) Epicuro (séc. IV a.C.) Este foi um dos problemas que mais angustiaram a Humanidade em todos os tempos, e que só encontra solução satisfatória no Cristianismo.

11 4. Natureza e origem do mal

12 4 –Natureza e a origem do mal 4 –Natureza e a origem do mal Ao longo dos tempos, diversos pensadores tentaram explicaram de onde procedia o mal e o que ele era em si. Por exemplo: Sócrates ( séc. V a.C.): o Mal envolve ignorância Platão ( séc. V a.C.): a suprema «ideia» é a de bem Aristóteles (séc. IV a.C.): o mal é privação Espinoza (séc. XVII): o Mal é aparente Leibniz (séc. XVII/XVIII): este é o «melhor dos mundos» Santo Agostinho (séc. IV) São Tomás de Aquino (séc. XIV) Kant (séc. XVIII): «a história da natureza começa pelo bem, pois é a obra de Deus; a história da liberdade começa pelo mal, pois é obra do homem Paul Ricoeur (séc. XX): o mal coloca a plena felicidade como algo a ser construído pelo homem, com seu esforço e vontade E muitos outros mais…

13 4 –Natureza e a origem do mal 4 –Natureza e a origem do mal Estas perspectivas filosóficas e religiosas podem agrupar-se em três grandes grupos: 1º Concepções dualistas (DUALISMO): os povos antigos, premidos por duas realidades aparentemente inconciliáveis – de um lado, a bondade e omnipotência de Deus; do outro, a existência do mal e procurando o absurdo de atribuir ao ser bom por excelência (Deus) a origem do mal, caíram em outro absurdo, que é o de supor dois deuses: um deus bom, criador do bem, ao lado de um deus mau, o criador do mal. Esta concepção é tão absurda como se para explicar a noite e o frio se admitisse a existência de um sol negro e gélido, distinto do sol radioso e quente, fonte do dia e do calor; como é evidente, é o mesmo Sol que dá origem ao dia quando nasce e provoca a noite quando se esconde; que aquece quando está próximo da Terra e faz com que surja frio quando dela se afasta. O DUALISMO erra ao conceber duas causas primeiras, contraditórias entre si, uma originando o bem e outra o mal, mas também ao considerar o Mal como uma coisa que existe por si mesma…

14 4 –Natureza e a origem do mal 4 –Natureza e a origem do mal 2ª - Concepções monistas e panteístas: há um só ser, uma só substância, com diversas manifestações, aparências: O mal é ilusório, só há Bem (optimismo); Ou então, a realidade é má e o Bem é aparente (pessimismo).Deus e o mundo são uma só coisa, pelo que o problema da origem do mal desloca-se para Deus. 3ª - Concepção cristã: para isto contribuem a Bíblia, a Filosofia e a reflexão cristã, sobretudo Stº Agostinho e S.Tomás de Aquino. São Tomás de Aquino Afirma-se o MONISMO ÔNTICO (uma só realidade, a do Bem): Santo Agostinho afirma que «o mal não tem uma natureza: aquilo que é chamado mal é mera falta de bem»; São Tomás de Aquino reafirma: «Nisto consiste a essência do mal: a privação do bem». O MAL NÃO È UMA COISA, MAS A FALTA DE UMA COISA; ELE NÃO EXISTE POR SI MESMO, MAS APENAS COMO DEFICIÊNCIA, COMO PRIVAÇÃO DE ALGO: LOGO, NÃO FOI CRIADO POR NINGUÉM. São Basílio São Basílio: “Não caias em supor que Deus é a causa da existência do mal, nem imaginar que o mal tem subsistência própria. A perversidade não subsiste como se fosse algo vivo, nem poderá pôr-se jamais diante dos olhos a substância dela, como existindo verdadeiramente. Porque o mal é a privação do bem” (PG 31, 341).

15 4 – Natureza e a origem do mal 4 – Natureza e a origem do mal Mas não é qualquer privação que dá origem ao mal, mas somente a privação de algo que é próprio e devido, necessário por natureza à integridade de um determinado ser. Por exemplo, a privação da capacidade de voar não constitui um mal para o homem, uma vez que voar não é próprio á sua natureza; já a privação da vista é um mal para ele, pois a visão é um sentido próprio à natureza humana; o roubo é uma falta de respeito ao próximo, etc. Mas de onde vem esta possibilidade de a criatura sofrer uma privação de um bem que lhe é próprio, o mesmo é dizer, de onde vem o mal? Deus fez boas todas as criaturas, porém não as poderia ter dotado de perfeição infinita, absoluta, pois a perfeição absoluta só é possível no ser infinito, em Deus; para fazer criaturas dotadas de perfeições absolutas, teria de criar outros deuses, o que é absurdo; logo só poderia ter criado seres limitados, finitos, e portanto imperfeitos e sujeitos a privações. É dessa limitação inerente à condição de criatura, que os filósofos vêem a raiz primeira do mal; a única de evitar o mal seria Deus não ter feito a criação, pois toda a criatura é limitada. Consoante a privação, temos: o mal metafísico decorre da própria criação, pois o criado não pode possuir a plenitude do ser; se a privação se refere a um bem moral ou perfeição espiritual, estamos diante do mal moral; se ocorre a privação de um bem físico ou de natureza inanimada, temos o mal físico ou natural.

16 4 – Natureza e a origem do mal 4 – Natureza e a origem do mal EXISTE O MAL? Um professor universitário perguntou aos alunos o seguinte: «Deus criou tudo o que existe? Um estudante respondeu: Sim. Retorquiu o professor: «Então Deus criou o mal, porque o mal existe, então Deus é um Deus mau».O professor ficou todo feliz com a resposta por pensar que destruiu a fé dos seus alunos... Outro estudante levantou a mão e pediu para falar. O jovem colocou-se de pé e perguntou: «Professor, existe o frio? «Que pergunta é essa? Claro que existe, então você nunca sentiu frio?», respondeu o professor. O jovem respondeu: «De facto, o frio não existe, aquilo a que chamamos frio, é na realidade é a ausência de calor. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos tornam-se inertes, incapazes de reagir. Mas o frio não existe, esse termo foi criado para descrever como nos sentimos se não temos calor. E continuou: «E a escuridão existe?», «Claro que sim», voltou a responder o professor. O estudante contestou: «Novamente está enganado, a escuridão também não existe; a escuridão é na realidade a ausência de luz; a luz pode-se estudar, a escuridão não; inclusive existe o prisma de Nichols para decompor a luz branca nas várias cores em que está composta com as suas diferentes longitudes de onda; a escuridão não; um simples raio de luz rompe as trevas e ilumina a superfície onde termina o raio de luz; escuridão é um termo que o homem desenvolveu para descrever o que sucede quando não há luz presente… Finalmente, perguntou «Professor, existe o mal?» «Claro que sim, vemos violações, crimes e violência em todo o mundo; essas coisas são o mal. O estudante respondeu: «O mal não existe, ao menos por si mesmo; o mal é ausência de Deus, Deus não criou o mal; é resultado da humanidade não tenha a Deus presente nos seus corações. Então o professor ficou calado. O jovem chamava-se Albert Einstein…

17 5. Por que Deus permite o mal e o sofrimento?

18 5 – Por que Deus permite o mal e o sofrimento? 5 – Por que Deus permite o mal e o sofrimento? Por que Deus permite as catástrofes mais ou menos frequentes, as doenças, a morte? Não tem ele poder para impedir o mal? E se não Lhe falta poder, onde está a Sua bondade, se não o impede? DEUS NÃO PODE TUDO? E SE PODE, POR QUE NÃO O FAZ? MAS, O QUE É «PODER»? Uma coisa é «poder fisicamente», ter a possibilidade de…; outra coisa é «poder moralmente», e segundo determinados princípios, fazer isto ou aquilo… Por exemplo, apresenta-me a ocasião de roubar determinada quantia. Eu posso proceder ao roubo? «Fisicamente» até posso, tenho a possibilidade de pegar nos sacos e fugir, até porque o dinheiro está mesmo à mão de semear… «Moralmente» não o posso fazer, por respeito à propriedade alheia, ao amor ao próximo, ás leis do país, à consciência, à vontade de Deus, enfim, por que é pecado, com tudo o que isso significa.

19 5 – Por que Deus permite o mal e o sofrimento? 5 – Por que Deus permite o mal e o sofrimento? No que se refere a Deus: Há coisas que Ele não pode fazer, por exemplo, que um círculo seja um quadrado, que dois mais dois não sejam quatro, etc., que seria absurdo. Há coisas que Ele pode fazer, mas num «quadro normal» não o faz, por exemplo, intervir directamente numa doença de determinada pessoa, curando-a inexplicavelmente, que cabe no chamado «milagre». Há coisas que Ele não pode e «não deve querer», dentro daquilo que Ele é, porque é Deus e age como Deus e «não pode» agir de outra forma: por exemplo, Deus não pode mentir (cf. Tg 1, 17 por exemplo). Deus também não tolhe a liberdade humana, respeita-a até às últimas consequências; Deus é todo-poderoso, mas «renunciou» ao Seu poder, para o homem ser verdadeiramente livre; o acto da criação é uma espécie de «auto-limitação» de Deus; Deus só pode fazer aquilo que pode o amor, pois «Deus é amor» (cf. 1 Jo 4, 18).

20 5 – Por que Deus permite o mal e o sofrimento? 5 – Por que Deus permite o mal e o sofrimento? Por que permite o mal físico? São Tomás ensina que Deus não permite o mal físico senão de um modo inteiramente acidental, como ocasião de: exercer-se a virtude da constância; praticar a caridade com os mais desfavorecidos e doentes; como forma de restabelecer a justiça ultrajada pelas faltas voluntárias… Em relação á morte, ela é apenas passagem para uma nova vida, onde a felicidade é completa, onde se atinge o Sumo Bem, que é o próprio Deus. Deus poderia ter criado um mundo melhor, sem mal algum? No Seu poder infinito, Deus podia sempre ter criado um mundo melhor, como nos diz São Tomás. Contudo, Deus quis livremente criar um mundo «em estado de caminho» para a perfeição última, através de um devir contínuo. Com o bem físico também existe o mal físico, enquanto a criação não tiver atingido a perfeição (cf. CIC 310).

21 5 – Por que Deus permite o mal e o sofrimento? 5 – Por que Deus permite o mal e o sofrimento? Por que permite o mal moral? Quanto ao mal moral ou pecado, Deus não pode querê-lo nem mesmo indirectamente; mas pode tirar, como do mal físico, algum bem, como por exemplo, do pecado do perseguidor a manifestação da constância dos mártires. Deus permite o mal moral por respeito pela liberdade do homem e misteriosamente sabe tirar dele o bem: «Deus todo-poderoso (…) sendo soberanamente bom, nunca permitiria que qualquer mal existisse nas suas obras se não fosse suficientemente poderoso e bom para do próprio mal, fazer surgir o bem» (Santo Agostinho). Os anjos e os homens, criaturas inteligentes e livres, devem caminhar para o fim último pela sua escolha e amor preferencial, pois podem desviar-se disto, pecando; e de facto, assim fizeram e entrou o mal moral no mundo, mais grave do que o mal físico. Deus, não é de modo algum, nem directa nem indirectamente, causa do mal moral, conforme nos diz São Tomás. As criaturas racionais criadas por Deus (os anjos e os homens) são dotados de inteligência e possuem o livre arbítrio, escolha, são livres, grande bem dado por Deus; Deus quer que o homem, agindo na liberdade, acumule méritos no que faz; se não tivesse liberdade ou se fosse uma liberdade em que nunca falhasse, acontecia no primeiro caso ser rebaixado ao nível dos irracionais; no segundo, eles se tornariam iguais a Deus, o que é absurdo. Deus quis que o homem fosse agente da sua própria felicidade ou da própria desgraça, escolhendo se colaboravam ou não com a obra divina. Deus não pode tolher a liberdade, porque iria contra Si próprio, que criou o homem livre e depois desfizesse o que foi feito por Si.

22 5 – Por que Deus permite o mal e o sofrimento? 5 – Por que Deus permite o mal e o sofrimento? LIBERDADE – Liberdade, que estais no céu... Rezava o padre nosso que sabia A pedir-te, humildemente, O pão de cada dia. Mas a tua bondade omnipotente Nem me ouvia. – Liberdade, que estais na terra... E a minha voz crescia De emoção. Mas um silêncio triste sepultava A fé que ressumava Da oração. Até que um dia, corajosamente, Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado, Saborear, enfim, O pão da minha fome. – Liberdade, que estais em mim, Santificado seja o vosso nome. Miguel Torga, Diário XII, 28/8/1975

23 6. O mal, consequência do pecado

24 6 – O mal, consequência do pecado 6 – O mal, consequência do pecado A estas considerações de ordem filosófica, o Cristianismo acrescenta os dados revelados por Deus. Estes confirmam as descobertas da razão. O Cristianismo rejeita toda a forma de dualismo: tudo quanto existe provém de um só e único princípio, puro e bom (MONISMO ÔNTICO). Sendo Deus substancialmente bom e santo, tudo quanto provém dele tem que ser, necessariamente bom em si mesmo; por isso, todas as criaturas, em si mesmas, são boas e aptas para os propósitos do Criador. «E Deus viu todas as coisas que tinha feito, e eram muito boas» (Gn 1, 31); «Todas as obras do Senhor são boas e cada uma delas, chegada a sua hora, fará seu serviço» (Eccli 39, 39). Diz ainda a Escritura que «foi na soberba que teve início toda a perdição» (Tob 4, 14). Referência ainda para o Maligno, chamado de Satanás, Diabo, Lúcifer, o tentador, etc. Sobre este tema, falaremos na Escatologia.

25 6 – O mal, consequência do pecado 6 – O mal, consequência do pecado CIC 390 CIC 390: “A Revelação dá-nos a certeza de que toda a história humana está marcada pelo pecado original livremente cometido pelos nossos primeiros pais”. CIC 398 CIC 398: “Neste pecado (original), o homem preferiu-se a si mesmo em lugar de Deus, e por isso desprezou Deus (...). O homem, criado num estado de santidade, estava destinado a ser plenamente ‘divinizado’ por Deus na glória. Por sedução do diabo quis ‘ser como Deus’, mas sem Deus, antes que Deus e não segundo Deus”. CIC 400 CIC 400: “A harmonia na qual se encontravam (...) fica destruída; o domínio das faculdades espirituais da alma sobre o corpo é quebrada; a união entre o homem e a mulher é submetida a tensões (...). A harmonia com a Criação se desfaz; a criação visível torna-se para o homem estranha e hostil (...). A morte tem a sua entrada na história da humanidade”.

26 6 – O mal, consequência do pecado 6 – O mal, consequência do pecado Santo Agostinho, De civitate Dei 14, 28 O pecado é o mal radical, a origem de todos os males. É ofensa a Deus, “amor de si mesmo até ao desprezo de Deus”(Santo Agostinho, De civitate Dei 14, 28). O pecado é o verdadeiro mal porque dele provêm os outros males no mundo, entre os quais se encontra o mal físico. As consequências do pecado são devastadoras: inveja, sofrimento, dor, penas, tristeza, corrupção, cegueira, frialdade de coração, etc.. O PECADO GERA DISTANCIAMENTO DE DEUS, E «DEUS É AMOR». «Assim como por um só homem o pecado entrou no mundo e, pelo pecado, a morte, assim também a morte atingiu todos os homens, proque todos pecaram (…) POIS O SALÁRIO DO PECADO É A MORTE» (Rom 5, 12.23)

27 7. Gritos do Homem e imagens de Deus

28 7 – Gritos do Homem e imagens de Deus 7 – Gritos do Homem e imagens de Deus TIPOLOGIAS DOS SENTIMENTOS HUMANOS PERANTE O SOFRIMENTO: Os ditos de busca: «Por que é que isto aconteceu precisamente a mim?»>; «Porquê justamente agora?»; «Porque é que Deus permitiu isto?»; «Por que é que Deus faz sofrer os inocentes e não castiga os maus?»; «deus não foi justo comigo» (ao dizer que Deus não é justo, é contraditório, ou acredita em Deus, que é por essência justo, ou não); Os ditos fatalistas: «Já tinha de ser!»; «Estava escrito!»; «É a vontade de Deus!»; «O Senhor é que sabe o que é melhor para nós!» Os ditos religiosos; «Isto é castigo de Deus pelos pecados que cometi» (Deus como juiz); O Senhor não podia fazer-me isto!» (Deus como perseguidor); «Deus está a pôr-me à prova para ver se sou fiel» (Deus como educador);«Faz uma novena e verás que Deus te concederá a graça» (Deus como despenseiro de favores); «Deus esqueceu-Se de mim» (Deus super-ocupado); «Sinto-me hipócrita em pedir a Deus que me ajude só agora que preciso» (Deus esquecido); «Sinto que Deus me protege e me acompanha sempre» (Deus como Pai). «Eu falo com Deus e digo-Lhe o que me passa pela cabeça e sinto-me melhor» (Deus como amigo). Os ditos da sabedoria popular: «É por minha culpa que agora estou aqui»; «Enquanto há vida há esperança; hei-de lutar até ao fim»; «Quando Deus fecha uma porta, abre sempre uma janela»; «Quando me sinto em baixo, penso em quem está pior do que eu»;

29 7 – Gritos do Homem e imagens de Deus 7 – Gritos do Homem e imagens de Deus «Deus não existe»; «Já não acredito em mais nada»… MAS PERANTE A DOR DO HOMEM, O MELHOR É ACOMPANHAR EM SILÊNCIO; mas muitos destes ditos reflectem uma imagem falsa de Deus… Vamos supor que a existência do mal torna impossível a existência de um Deus pessoal, distinto do mundo, porque nesse caso não poderia ser um Deus bom e justo. Mas se não existisse Deus, o mal continuaria na mesma; mas ao não existir um Ser absoluto fora da matéria que criou, significa que teríamos de considerar a matéria em si como sendo fundamento de si próprio, seria ela o Ser Absoluto; mas então concluir-se-ia que o mal pertenceria à própria essência da matéria, produzido por ela. O que seria absurdo: o mal faria parte da própria essência do universo, pelo que um melhor mundo não seria possível.

30 7 – Gritos do Homem e imagens de Deus 7 – Gritos do Homem e imagens de Deus No Antigo Testamento, a teologia clássica do mal era explicada em termos de RETRIBUIÇÃO: o justo deve triunfar e ser feliz, o mau deve fracassar e ser infeliz. Quando observavam factos que contradiziam isto, diziam: quando era um mau a prosperar, pensava-se, «aguardemos, a sua hora de infelicidade há-de vir!»; quando era alguém que sofria, aparentemente uma pessoa justa, pensava- se que tinha cometido alguma falta escondida; ou então, quem tinha pecado tinha sido os antepassados dele. Naquele tempo, os israelitas não conheciam a ressurreição dos mortos, por isso o lugar de retribuição devia ser aqui «debaixo do sol» e não no sheol, local onde os mortos viviam relegados para uma existência difusa. «Nenhum mal atingirá o justo, mas os ímpios serão amaldiçoados» (Pr 12, 21). O Homem tinha de Deus a imagem de um DEUS CONTABILISTA, que anotava minuciosamente as faltas, somava os débitos e os créditos e retribuía a cada um, conforme o resultado das contas.

31 7 – Gritos do Homem e imagens de Deus 7 – Gritos do Homem e imagens de Deus «Vi tudo isto no decurso da minha vã existência: há um justo que morre apesar da sua justiça, e há um mau que continua a viver, apesar da sua malícia». (Ecl 7, 15) A teologia da retribuição começa a ser colocada em causa e a imagem do Deus contabilista cai por terra; no Eclesiastes, por exemplo, há pessimismo e rebeldia contra a fé tradicional… JEREMIAS: profeta marcado pelo sofrimento, traído pelos seus, denunciado ao rei, preso, considerado traidor, blasfemo, considerado abandonado por Deus. Mas a história vai dar-lhe razão, com a deportação para Babilónia: talvez o fracasso e o sofrimento não sejam o sinal da perversidade… «Maldito seja o dia em que eu nasci! (…) Porque saí do seu seio (da mãe)? Somente para contemplar tormentos e misérias, e consumir os meus dias na confusão?»

32 7 – Gritos do Homem e imagens de Deus 7 – Gritos do Homem e imagens de Deus «Como vos atreveis a oferecer-me essas vãs consolações? Das vossas respostas nada mais resta que falsidades» (Job 21, 34). O LIVRO DE JOB: Job é justo, sem igual sobre a terra (cf. Job 1, 8); entra em cena Satanás que pede «licença» a Deus para provar Job e Deus anui desde que lhe poupe a vida (imagem ainda distorcida de Deus, como pactante com os males enviados por Satanás). Perde a família, bens, cobre-se de doença… Os amigos, fiéis à teologia tradicional, dizem que ele deve ter pecados com que se arrepender; Job não considera que tenha pecados dignos de monta, só «pecados de juventude»; considera-se vítima de uma injustiça; Job grita a Deus e aos seus «amigos»; por último Deus intervém e sem revelar o segredo do mal, dá razão a Job, manda calá-lo perante o Seu próprio mistério, mostra-lhe a beleza da criação e os Seus mistérios; Job cala-se perante Ele, não percebe, mas responde com um acto de fé, com confiança em Deus; A JUSTIÇA HUMANA E A DE DEUS SÃO DIFERENTES. No NT, por exemplo: «Mestre, quem é que pecou, ele ou os pais, para que tenha nascido cego?» (Jo 9, 2); e Jesus corrige: «Não foi ele que pecou, nem os seus pais» (Jo 9, 3).

33 7 – Gritos do Homem e imagens de Deus 7 – Gritos do Homem e imagens de Deus O desconcerto do Mundo «Os bons vi sempre passar No mundo graves tormentos; E, para mais me espantar, Os maus vi sempre nadar Em mar de contentamentos. Cuidando alcançar assim O bem tão mal ordenado, Fui mau, mas fui castigado. Assim que, só para mim, Anda o mundo concertado». Luíz Vaz de Camões

34 7 – Gritos do Homem e imagens de Deus 7 – Gritos do Homem e imagens de Deus «Teve o que merecia, pois nem vai à Missa, nem liga nada à religião». «O fariseu, de pé, fazia interiormente esta oração: 'Ó Deus, dou-te graças por não ser como o resto dos homens, que são ladrões, injustos, adúlteros; nem como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo quanto possuo.‘ Lc 18, 11-12 O DEUS COMERCIANTE: deriva de um conceito utilitário de Deus; Deus é útil para nos satisfazer os nossos caprichos; se fizermos tudo conforme Deus nos manda, então Ele não terá outro «remédio» senão dar-nos aquilo que queremos; mas Deus não está para resolver-nos todos os nossos problemas: Ele está para dar-nos coragem para resolvê-los.

35 7 – Gritos do Homem e imagens de Deus 7 – Gritos do Homem e imagens de Deus O DEUS «TAPA-BURACOS» ou o DEUS- EXPLICAÇÃO: Deus serve para explicar tudo; numa trovoada, o menino convence-se que é Deus a ralhar, por exemplo; e o menino cresce, e Deus está a aí a explicar cada circunstância da vida que não consigo explicar; explicando o assunto, por exemplo, com o avanço da técnica, Deus «desaparece»…. «A terra é azul, e eu não vi Deus!» Yuri Gagarine «Vendo os trovões e relâmpagos, o som da trombeta e a montanha fumegante, todo o povo teve medo Então disseram a Moisés: «fala-nos tu, que nós te ouviremos; não fale Javé, senão morreremos» (Ex 20, 18- 19). Uma imagem de um DEUS CASTIGADOR, TERRÍVEL, JUIZ, POLÍCIA…

36 8. O sentido cristão do mal e do sofrimento

37 Ao invés das falsas imagens de Deus, que O viam como Um Deus juiz, contabilista, bombeiro, comerciante… Ele é Deus é um Deus terno, que ama, que perdoa, que Quer salvar a todos, que sofre, é um DEUS SOFREDOR. 8 – O sentido cristão do mal e do sofrimento 8 – O sentido cristão do mal e do sofrimento A grande verdade de fé em relação ao mal e ao sofrimento é sabermos que Deus não é impassível perante os males humanos, «Deus sofre», «o sofrimento do homem torna-se sofrimento de Deus». Deus sofre (embora não saibamos de que modo é afectado), porque ama a cada um de nós com amor infinito; E. Moltmann: «Qualquer outras resposta seria uma blasfémia, falar de um Deus incapaz de sofrer, seria fazer d’Ele um demónio; concebê-Lo como um Deus absoluto, faria d’Ele o nada destruidor; falar de um Deus indiferente, condenaria o homem à indiferença»; Perante a tragédia de um adolescente que agonizava numa forca nazi, alguém perguntava: «Onde está Deus neste momento?». E um assistente respondeu: «Está neste adolescente, pendurado da corda».

38 Os Evangelhos mostram-nos com grande frequência Jesus em íntimo contacto com o sofrimento dos homens. O Senhor deixa que se aproximem dele os pobres, os doentes, os endemoninhados, os pecadores e todos os que são vítima de desgraças e infortúnios humanos. Sem haver cometido pecado algum, Jesus abraça-se decididamente à dor, por amor ao Pai e aos homens. Cristo chora por Lázaro, tem compaixão da Mulher adúltera, perdoa ao Bom ladrão, sofre pessoalmente até à morte de Cruz apesar de ser inocente. “Por Cristo e em Cristo se ilumina o enigma da dor e da morte, que fora do Evangelho nos envolve em absoluta obscuridade” (Gaudium et spes 22). 8 – O sentido cristão do mal e do sofrimento 8 – O sentido cristão do mal e do sofrimento Nenhuma argumentação é capaz de responder à questão do excesso do mal, de modo a ultrapassá-la. A esta desmesura apenas pode responder outra desmesura, o excesso de amor. Jesus partilhou a agonia da morte humana, experimentou o silêncio de Deus; «o problema do mal e do sofrimento que te esmaga, também Me esmagou a Mim. Eu quis assumi-lo até ao fim; conheci e vivi o mal, o sofrimento, a morte». Jesus morreu da morte mais infame, a de Cruz.

39 Cristo redime-nos e salva-nos através da Cruz. A partir desse momento o homem pode descobrir a fonte de bem que esconde a dor. O sofrimento pode ser redentor e purificador da alma se, como Cristo, se recebe em oferta de agradável entrega à vontade e amor divinos. A dor e o sofrimento são males não queridos por Deus ao criar. Graças ao valor redentor e purificador da Cruz de Cristo, ou seja a Redenção operada por Jesus Cristo, se converteram num grande valor de purificação, expiação, Redenção, aperfeiçoamento moral e santidade. Ora, à santidade, todos nós somos chamados. 8 – O sentido cristão do mal e do sofrimento 8 – O sentido cristão do mal e do sofrimento Na Cruz revela-se o amor absoluto de Deus: «Ele, que amara os seus que estavam no mundo, levou o seu amor por eles até ao extremo» (Jo 13, 1). Cristo na cruz é a prova do amor absoluto de Deus pelos homens, numa solidariedade total; Cristo, aparentemente perdeu, mas pela aceitação, pelo amor até ao fim, realmente venceu a morte! «Cristo abriu um novo caminho, no qual a vida e a morte são santificadas, recebem um novo sentido. Cristo deu sentido ao sofrimento e ensinou-nos a dar ao nosso, sofrendo por nós» (GS 22, Vaticano II). Ainda que a vitória de Cristo sobre o pecado não tenha suprimido o sofrimento, projectou sobre ele a nova luz do Evangelho. Como afirma Teilhard de Chardin: «Se compreendermos plenamente o sentido da cruz, já não correremos o risco de achar que a vida é triste e sem beleza».

40 É assim que São Paulo exclama: «A morte foi tragada na vitória (Cristo). Morte, onde está a tua vitória? Morte, onde está teu aguilhão?». E prossegue: «Sejam dadas graças a Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso, meus irmãos amados, sede firmes, constantes, progredi sempre na obra do Senhor, sabendo que o vosso esforço não é inútil no Senhor» (1 Cor 15, 54-58). 8 – O sentido cristão do mal e do sofrimento 8 – O sentido cristão do mal e do sofrimento «Tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus» (Rm 8, 28). O testemunho dos santos não cessa de confirmar esta verdade: Santa Catarina de Sena (séc. XIV): «Tudo procede do amor, tudo está ordenado para a salvação do homem, e não com nenhum outro fim» São Tomás Moro (séc. XVI): «Nada pode acontecer-me que Deus não queira. E todo o que Ele quer, por muito mau que nos pareça, é, na verdade, muito bom». Beata Juliana de Norwich (séc. XIV/XV): «crer, com não menos firmeza, que todas coisas serão para bem».

41 8 – O sentido cristão do mal e do sofrimento 8 – O sentido cristão do mal e do sofrimento Não podemos parar no mal, porque ele em si mesmo é obscuro e incompreensível: «o mal não existe para ser compreendido, mas para ser combatido». Sob o ponto de vista do prazer, da comodidade, é evidente que um mundo com menos mal e menos sofrimentos seria melhor! Sob o ponto de vista do amor, da coragem, da responsabilidade livre, um mundo no qual o homem se tenha de sacrificar pela pessoa que ama (e por Deus), em que tenha de fazer face às desgraças, em que aceite as consequências dos seus actos livres, é muito melhor; Deus escolheu este ponto de vista. Quem pode censurar Deus de ter criado este mundo? Tudo o que o Homem tem é dom, não fez nada para o obter… O sofrimento pode levar à conversão, a uma maior compreensão do sofrimento dos outros, ao sentido de transcendência, ao fortalecimento das virtudes, à suavização do carácter, em certos casos a uma maior felicidade… O cristão não é aquele que mais sofre, mas é aquele que mais ama! «Ó santa obediência! O que vou fazer agora? Continuar a confiar e a esperar no Senhor, redobrar as minhas orações e, de olhos postos no alto, esperar com alegria e tudo sofrer por amor». Correr tudo bem pode levar à negação de Deus; «só nos lembramos de Santa Bárbara quando troveja?»

42 Há coisas ainda que nos chocam, que são inexplicáveis, como o sofrimento dos inocentes ou o silêncio de Deus… 8 – O sentido cristão do mal e do sofrimento 8 – O sentido cristão do mal e do sofrimento Padre Pio de Pietrelcina (séc. XX) «Em Albenga, numa colónia balnear, tinha acontecido uma desgraça terrível. Mais de trinta crianças tinham- se afogado num barco, que se virara no mar. Perguntaram ao Padre: «Porque permite o Senhor isto, a dor dos inocentes?». O Padre ficou em silêncio, e os seus olhos encheram-se de lágrimas. Depois disse: «Uma mãe está a bordar. O menino, sentado no seu banquinho baixo, só vê o avesso do bordado: um confuso entrelaçar de cores e de fios. Se fosse um bocadinho mais alto, se visse o bordado pelo lado certo, veria o desenho e as cores no devido lugar. Ora bem, meu filho, nós estamos sentados no banquinho baixo e só vemos o avesso do bordado». (Padre Pio, um Santo entre nós – Renzo Allegri) Isto é para nós incompreensível, porque o próprio Deus é incompreensível; mas devemos aceitar este mistério, mesmo no meio da escuridão: «Se O compreendesses, não seria Deus» (Santo Agostinho».

43 Um testemunho da cruz no nosso tempo: Maximiliano Kolb, franciscano polaco, detido num campo de concentração alemão durante a 2ª Guerra mundial; certo dia, os SS enviam vários detidos para o bunker da fome, para morrerem de fome lenta; entre eles, um pai de seis filhos; então, Kolbe oferece-se para morrer no lugar dele; um tal gesto impõe admiração, respeito, quer acreditemos, quer não; esse gesto atinge o próprio oficial das SS: normalmente deveria recusar a troca de condenados e alegrar-se por estar a condenar um pai de numerosa família; mas, no fundo de si mesmo, foi apanhado pela beleza do gesto. É essa a beleza da cruz! 8 – O sentido cristão do mal e do sofrimento 8 – O sentido cristão do mal e do sofrimento S. Maximiliano Kolbe (séc. XX)

44 8 – O sentido cristão do mal e do sofrimento 8 – O sentido cristão do mal e do sofrimento Carreras e Domingo tornaram-se inimigos em 1984. Em 1987 surge o maior inimigo a Carreras: uma leucemia! Foi obrigado pela doença a deixar de cantar e a viajar mensalmente aos EUA; possuidor de uma vasta fortuna, depressa ficou sem recursos financeiros… É então que tem conhecimento que em Madrid há uma fundação «Formosa» que ajuda pessoas na sua situação, com a ajuda da Fundação Carreras volta a cantar e junta-se à fundação para a ajudar… Ao ler os estatutos viu que o Presidente era… Placido Domingo! Ele tinha criado essa fundação para o ajudar, mas manteve-se no anonimato para não humilhar Carreras. O encontro entre eles foi maravilhoso; Carreras interrompeu um concerto de Domingo, ajoelhou-se e pediu perdão. Plácido ajudou-o a levantar-se e com um forte abraço, selaram o início de uma grande e bela amizade.

45 Do maior mal moral jamais praticado, como foi o repúdio e a morte do Filho de Deus, causado pelos pecados de todos os homens, Deus, pela superabundância da Sua graça, tirou o maior dos bens: a glorificação de Cristo e a nossa redenção. 8 – O sentido cristão do mal e do sofrimento 8 – O sentido cristão do mal e do sofrimento Mas nem por isso o mal se transforma em bem… A Cruz de Cristo não explica o mal, mas dá-lhe sentido. É a esperança que nos dá a força para lutar contra a acção do mal em nós mesmos e no mundo. E é a doutrina a respeito do pecado original que nos esclarece quanto à origem histórica do mal e quanto ao verdadeiro sentido da presença do mal no mundo. De outra forma, o «mistério da iniquidade» (cf. 2 Tess 2, 7) permaneceria insolúvel, atirando- nos ao desespero da incompreensão e da revolta. Os caminhos da providência divina são-nos muitas vezes desconhecidos; só quando virmos Deus «face a face» (1 Cor 13, 12) é que nos serão plenamente conhecidos os caminhos pelos quais, mesmo através do mal e do pecado, Deus conduziu a criação.

46 Uma breve síntese… 8 – O sentido cristão do mal e do sofrimento 8 – O sentido cristão do mal e do sofrimento 1- Insuficiências de respostas em explicar o mal: ele é mais para ser combatido do que ser explicado! 2- Deus criou tudo o que existe, tudo foi criado bom; o mal é a privação de algo que é devido, não existe em si, é privação do bem; por isso, Deus não criou o mal; este surge da natureza limitada das próprias criaturas (mal físico) e da liberdade do homem (mal moral ou pecado); 3 – Deus permite o mal, quer que ele seja sujeito activo na construção deste mundo do Reino, mas respeite sempre a sua liberdade; embora Deus não queira o mal, na Sua providência consegue tirar dele o Bem; 4 – Deus não permanece estranho ao problema, adquire o direito de falar dele, até porque Jesus Cristo morreu por nós; Ele próprio experimentou o silêncio de Deus: «meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?»; mas n’Ele temos a antecipação da vitória final sobre o mal; em Cristo, o sofrimento não é explicado, mas ganha novo sentido, de redenção do homem.

47 «Estes são os que vêm da grande tribulação; lavaram as suas túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso, estão diante do trono de Deus e servem-no, noite e dia, no seu santuário, e o que está sentado no trono abrigá-los-á na sua tenda. Nunca mais passarão fome nem sede; nem o sol nem o calor ardente cairão sobre eles, porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará e conduzirá às fontes de água viva; e Deus enxugará todas as lágrimas dos seus olhos.» Apoc 7, 14-17 8 – O sentido cristão do mal e do sofrimento 8 – O sentido cristão do mal e do sofrimento

48 9. Bibliografia recomendada (E.F.C. 16) Parágrafos 309-314 Cap. 16Cap. IV; VIII; IX 3º capítuloCap. 10 Cap. I e II Páginas 590 a 592


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