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2 Ligue o som. Este programa foi produzido em PowerPoint versão atualizada. Os efeitos inseridos somente estarão corretos nas versões a partir de 2001. A fim de facilitar a leitura, em alguns casos, inserimos, no final do texto, esse sinal © Ele significa que o espectador deverá clicar o mouse ou teclado para avançar ao próximo slide. Caso não tenha o sinal, deixar os slides avançarem naturalmente. ©

3 A Samamultimídia Educação e Arte apresenta Especial Semana Santa

4 Um oferecimento

5 A revista que pode mudar a sua vida!

6 Humanus V Volume II

7 Nas melhores e mais corajosas bancas e livrarias do país

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9 Semana Santa Entre as trevas e a Luz

10 Novela em sete capítulos

11 Baseada na obra Assim Ouvi do Mestre de Joaquim José de Andrade Neto

12 Capítulo VI

13 07 de abril do ano 30 Sexta-feira

14 A paixão dos homens

15 A Paixão não foi, não é e poderá nunca ser a Paixão de Cristo. O sentimento que provocou a maior barbárie da História e o deicídio na Terra provinha dos homens que não puderam ouvir a Sua palavra, que não O reconheceram. Jamais Ele, o Príncipe da Paz, poderia ter sido movido por um sentimento que tivesse como origem a paixão. Jesus é o Amor, veio à Terra por Amor, pregou o Amor, viveu por Amor e deixou-se crucificar por Amor. Portanto, só podemos conceber o Amor de Cristo. O ódio sob os aspectos mais selvagens e hediondos lançado contra o Divino Mestre é que representa uma legítima paixão. Fanatismo, obsessão macabra que mudaria o destino da Humanidade.

16 Do Monte das Oliveiras, Jesus é levado ao suntuoso palácio de Anás e Caifaz, o então sumo sacerdote, que havia de interrogar o “Preso”. O Amor encarnado era levado com um inarrável desrespeito, alvo dos mais baixos insultos vomitados por aquelas bocas imundas, ao Seu destino. Aqueles homens conduziram meticulosamente, passo a passo, o plano demoníaco a que se prestaram a fazer para conseguir condenar Jesus sem ter nenhuma justificativa real.

17 Voluntariamente aceitava Jesus a ignomínia de tal cena e daqui para frente, no decurso de todo o drama, este caráter dos acontecimentos vai ser plenamente confirmado: o ignóbil aliar-se-á ao cruel, assim como, ao trágico, se juntará um grotesco abominável. E o silêncio de Jesus, diante de tais figuras, é uma lição grandiosa. Em seguida, com o Divino Mestre encerrado em qualquer masmorra, vemos, pasmos, chocados, abismados, como que não podendo mesmo acreditar em tal coisa, os pontífices e escribas, percorrendo a cidade pela madrugada, a convocar, a toda urgência, o “supremo conselho” para se reunir à primeira hora “legal”. Sempre a mesma urgência – a qual vai dar a esse dia, como que num ritmo de febre ardente, a característica precipitação transtornada de um passo mau. Quando a sombra se derramar sobre as colinas, começará a Páscoa oficial dos judeus (que não sabem que ela já foi substituída por uma Nova Comunhão Pascal). Nenhum daqueles fanáticos seria capaz de o esquecer: tinham pressa, muita pressa de comer o seu cordeiro.

18 Assim, à primeira hora, Jesus foi conduzido ao Templo, onde o sinédrio iria reunir-se.

19 Encenando o espetáculo mais desprezível que já houve na face da Terra, o sumo sacerdote e demais representantes do sinédrio, após um interrogatório e “julgamento”, vociferando e chegando a rasgar as próprias vestes, condenam Jesus por blasfêmia. O povo que testemunhava, cego, confuso e totalmente influenciado pelo “poder religioso” começou a gritar, sem nem saber porquê: “Merece a morte! A morte!” Não vamos nos estender em narrar os primeiros ultrajes em que, numa tortura cruel e brutal, cuspiram no rosto do Nazareno, vendaram-Lhe os olhos, e enchendo-O de bofetadas, perguntavam-Lhe, sarcásticos: “Anda, Messias, adivinha quem te bateu!”. Aqueles algozes revelavam-se sem máscara. Ódio político, ódio religioso, ódio de quem serve pseudo- poderosos, ódio de quem é filho das trevas porque quer matar a Luz, mas que nunca há de conseguir!

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21 Caminha! Caminha, sem parar...

22 Em tudo, era absolutamente evidente que, no caso de Jesus, não se tratava de um verdadeiro processo. Aquela apressada reunião que julgou Cristo era ilegal até mesmo quanto aos princípios, uma vez que o sinédrio só podia reunir-se para julgar um caso capital mediante autorização expressa do Procurador. Se o sinédrio pretendia instruir contra Jesus um verdadeiro processo criminal que terminasse por uma condenação à morte e competente execução, usurpava as funções do Procurador romano. O seu único poder era transmitir ao romano a base da acusação, a qual ele devia apreciar. Mas é óbvio que não se obteria do romano a morte de um homem, por vagas razões religiosas, sobretudo se nos lembrarmos do histórico desprezo que os romanos votavam aos judeus! Por isso não se dirá diante de Pilatos uma palavra sequer da acusação de blasfemo pela qual acabavam de O “condenar” os poderes anteriores pelos quais passou. Apresentam-se, agora, três novos e diferentes motivos de queixa, mas de ordem política: “Ele amotina o povo, proíbe que se paguem tributos, e diz-Se Rei!” Esta total mudança do libelo acusatório é, também, por si só, uma confissão evidente. ©

23 Finalmente levam Jesus perante Pilatos. Começava um segundo ato do “espetáculo”, isto é, do “processo”.

24 Era o romper da aurora, às 5:50 da manhã, hora singular para fazer comparecer um acusado perante um alto funcionário romano. Mas nada seria capaz de impedir os judeus de levar adiante o seu projeto; para com os magistrados romanos, usavam de um misto de servilismo asqueroso e de insolência, sabendo de sobejo que, se eles tinham a temer as brutalidades dos Procuradores, estes, por seu turno, receavam as denúncias ao Imperador. E embora a maioria de tais denúncias fosse falsa, caluniosa, difamatória e exagerada, raramente podia-se escapar ileso das mesmas devido à astúcia com que eram tramadas. Os representantes do sinédrio usaram toda a capacidade de persuasão e de argumentação de que é capaz a vilania. E com que dramatização! Pilatos ouvia, estarrecido, e ainda sem poder compreender o que se passava com aquele povo criador de encrenca que o importunava de modo assaz exacerbado àquela hora do dia.

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26 Ressalte-se que Pilatos, por inclinação natural, não gostava dos judeus e, sobretudo, tinha razões especiais para desconfiar de um fanatismo que em outros casos já lhe havia causado tremendos aborrecimentos. E agora apresentavam-lhe um pretenso Rei! “Um vago Profeta, sem dúvida um iluminado qualquer”, talvez com o propósito de o tornarem ridículo, a ele, Pilatos, se condenasse um pobre de espírito. Esse Homem, de resto, não fora apanhado em flagrante delito de revolta. Por conseguinte, mais uma complicação arquitetada por aquele povo impossível! Mas, tomado de covardia, o Procurador romano não corta pela raiz o drama que se desenrola, e procura se esquivar: “Levai-O e julgai-O segundo a vossa lei”. ©

27 Por desconfiança e pelo desprezo que tinha pelos judeus, Pôncio Pilatos era antes a favor de Jesus. Além disso, por mais que se esforçasse, não conseguia encontrar no acusado, que, por sinal, muito singularmente lhe agradava, qualquer coisa que justificasse um crime, por menor que fosse. Após o célebre interrogatório que faz a Jesus, aparecendo de novo no limiar da fortaleza, disse aos pontífices e à turba que nada de criminoso encontrava naquele Homem! Mas os judeus uivam, vociferam e desmandam-se. Gesticulam e ouvem-se os seus protestos: “Ele amotinou o povo! Já te disseram! Começou pela Galiléia; agora é na Judéia que espalha a Sua doutrina!” ©

28 Na Galiléia? Essa palavra não passou despercebida aos atentos ouvidos de Pilatos. Este Homem só pode ser Galileu - pensou o procurador. Que magnífica idéia!... Pilatos, com toda a sutileza e presença de espírito que lhe era peculiar, desembaraça-se daquela situação realmente aflitiva mandando Jesus para Herodes, uma vez que este era o rei, o tetrarca da Galiléia. Tentava, com isso, transferir a responsabilidade daquele julgamento injusto e sem sentido que os judeus, obcecadamente, procuravam forçá-lo a julgar. ©

29 Tem-se então Jesus perante aquele Idumeu exótico e desprezível. Pulemos essa raposa perante a qual o Cristo agiu em conformidade com o provérbio que diz que a melhor resposta para um néscio é o silêncio. Jesus não disse palavra.

30 E esse Homem aparentemente passivo ante os “poderosos da Terra” que tão facciosamente O remetiam de um para o outro, de novo foi levado para o pretório de Pilatos. Arrastava- se já por aproximadamente dez horas aquela sinistra pantomima. Pela quarta vez pelas ruas de Jerusalém, ao longo das colunatas do Templo, o cortejo ululante seguia a “Presa”: demoraria o romano muito tempo para satisfazer o desejo dos judeus? Pilatos, no entanto, não se sentia inclinado a violar abertamente a eqüidade e a justiça só porque os sacerdotes e a escumalha judaicas reclamavam aos berros a morte d’Aquele Homem que, em verdade, o impressionava, por ser ao mesmo tempo tão simples e tão majestoso! Tendo reunido os príncipes dos sacerdotes, os magistrados e o povo, disse-lhes: ©

31 “Trouxeste-me este Homem sob a acusação de incitar à revolta. Interroguei-O na vossa presença e não Lhe descobri nenhum dos crimes de que O acusais. Nem Herodes, tampouco, com quem mandei-O ir. Bem vedes que nada há que Lhe faça merecer a morte. Vou portanto, pô-Lo em liberdade, depois de o castigar”.

32 Esta declaração é própria de um magistrado consciencioso: fala em castigo, porque, em suma, aquele homem é considerado pivô de um motim, e porque, além disso, convém dar uma satisfação à populaça. Ao dirigir-se ao tribunale para proferir a sentença, produziu-se um incidente que deu a Pilatos, por alguns instantes, a esperança de poder salvar Jesus sem exasperar a multidão. Alguma comissão veio lembrá-lo a respeito do indulto que se podia dar a um condenado no dia de Páscoa. Ora, na prisão havia um famoso bandido réu de crime de morte chamado Barrabás. Prontamente, já ia dirigir-se o Procurador à turba, quando, novamente um outro fato estranho o interrompe: a sua mulher, que era discípula de Jesus, lhe mandara este recado: “Nada haja entre ti e esse Justo; porque acabo de ter um sonho muito aflitivo, em que Ele entrara”. ©

33 Este pormenor, deveras misterioso, deixa Pilatos mais perturbado ainda diante da pressão sufocante, insistente e sem sentido por parte dos judeus. Supersticioso como todo romano, com certeza deve ter tomado em consideração a advertência que a esposa lhe mandara naquele momento de prova. Num frêmito de angústia e agitação, o Procurador dirige- se ao populacho, insinuante: “A quem quereis que eu indulte, a Barrabás ou a Jesus, chamado o Cristo?”

34 O objetivo é claro, ainda aqui: entre um criminoso averiguado e um homem que, muito evidentemente, nada fez de errado, pensava o romano que a escolha se harmonizaria com o que era sua vontade. À pergunta, não respondeu imediatamente o povo. Nas entrelinhas do Evangelho pressente-se a hesitação. Pilatos pôde acalentar a esperança de que a sua manobra surtira o efeito pretendido. Cada vez mais desejava o romano pôr Jesus em liberdade, mas fizera os seus cálculos sem contar com a paixão e a cegueira da multidão inteiramente arquitetada e titerada por aqueles pontífices que não perdiam tempo: misturados na assistência, induziam e bichanavam-lhe a resposta, num sussurro macabro. Um murmúrio começou a correr: ©

35 Barrabás!

36 Espantado, sem poder acreditar em seus ouvidos, Pilatos retomou a palavra: “Mas que quereis, então, que faça, a Esse a quem chamais Rei dos Judeus?” E a turba respondia: “Crucificai-O! Crucificai-O!” Replicou ainda uma vez o Procurador:

37 “Mas que mal é que Ele fez?” Crucificai-O! Crucificai-O!”

38 Começa então a série das torturas. Nesse instante abre-se a seqüência de acontecimentos em que vai correr, cada vez mais, e sem cessar, o sangue de Cristo. Dissera Pilatos que “castigaria” Jesus antes de o pôr em liberdade, mas, pressionado a libertar o bandido, manteve, todavia, as suas ordens e mandou flagelar o Inocente. Tal qual os Evangelistas, que, impedidos por um horror sagrado não conseguem narrar tal infâmia; tampouco iremos aqui narrar o horror da flagelação aplicada ao Divino Mestre, entregue às fantasias insanas dos carrascos que, muitas vezes, retalhavam tanto os supliciados que os mesmos morriam antes da punição chegar ao fim.

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40 Se pensarmos na crueldade daquele suplício infligido ao Filho de Deus não podemos deixar de julgar com severidade o homem que o ordenou. No entanto, muitos entre os primitivos cristãos não pensavam assim. A sensibilidade dos Antigos tinha uma orientação diferente da de hoje em dia. A própria Igreja cita em seu Ofício de Sexta-feira Santa: “Pilatos insistiu, tanto quanto lhe foi possível, para furtar Jesus à ira dos judeus. Mandou flagelar o Senhor, não com o fim de O perder, mas por querer dar uma satisfação aos furores da populaça, na esperança de que, ao verem o estado em que o chicote O deixaria, aquelas feras se aplacassem, renunciando a sujeitá-Lo à morte”. Terminada a flagelação os soldados arrastaram Jesus para o pátio do pretório e, juntando-se a uns outros, cobriram-No com um manto escarlate, fizeram a coroa de espinhos e enterraram-na, à força, em Sua cabeça. O sangue divino escorreu por Sua formosa face, agora, irreconhecível. E continuaram a zombaria, o aviltamento: cuspiam-Lhe, esbofeteavam-No... Esse outro suplício não o ordenara Pilatos.

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44 De toda forma, por mais paradoxal e assombroso, seria essa coroa dolorosa que iria simbolizar a caminhada espiritual de todo ser humano que O quer seguir: é ultrapassando os espinhos que chegaremos à rosa que representa o símbolo máximo da sabedoria e da elevação espiritual. O Mestre e Rei da Evolução realmente só poderia ser coroado com uma coroa de espinhos. Estes espinhos devem ser cravados profundamente nos corações dos cristãos de todos os tempos como símbolo pungente da humildade e da renúncia, que Jesus colocou no primeiro plano das virtudes. Essa coroa é a expressão do que há de mais profundo da essência do Cristianismo que nascia.

45 A farsa macabra já havia durado muito tempo. Pilatos voltou a aparecer. Olhou para o estado em que deixaram Jesus e estremeceu até o fundo de seu ser. Sentiu gelar seu sangue e esteve por perder os sentidos ao lembrar as palavras que há pouco Jesus havia lhe dito: “Meu reino não é deste mundo: se meu reino fosse deste mundo, os meus servidores teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus”. Querendo de toda forma encontrar uma saída, uma última idéia lhe passou pela cabeça na derradeira esperança de que ainda surgisse um vislumbre de piedade. À entrada do palácio, sem se atreverem a transpor o limiar da fortaleza Antônia, com receio da mácula legal que afetaria todo crente que entrasse em casa de um pagão, os judeus aguardavam, ameaçadores. O romano avançou por entre eles e repetiu de novo: “Ficai sabendo bem que não encontro n’Ele nenhum motivo para O condenar”. E, a seguir, tentando obter efeito, fez avançar Jesus e exclamou: ©

46 “Ecce homo!”

47 Aqui está o Homem!

48 Esta exclamação repercute-se através dos tempos, despertando ecos verdadeiramente confrangedores. Jesus, aparecendo naquele instante diante dos judeus que exigem a Sua morte, é, na verdade, a imagem trágica da miserável e medíocre condição dos homens. Pilatos não tinha querido dizer tanto: limitara-se a mostrar a triste Vítima, numa atitude de piedade; mas a sua frase impregnava-se de um sentido mais profundo e era, com efeito, o homem todo inteiro que ele mostrava à multidão e no qual ela odiava à própria semelhança. Como se fosse um espelho, Jesus, naquela situação, encarnava o estado deplorável do espírito daqueles que O condenavam.

49 Caminha! Caminha, sem parar...

50 A esperança que o Procurador acalentara fora vã. Mal os príncipes dos sacerdotes e os seus satélites O avistaram, logo se puseram a bradar como cães ferozes: “Crucificai-O! Crucificai-O!”

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53 Pilatos respondeu-lhes: “Então, crucificai-O vós, visto que eu não Lhe encontro nenhum crime.” Os judeus replicaram ainda: “Nós temos uma lei, e segundo a nossa lei, Ele deve morrer, porque disse que é Filho de Deus”. A acusação passava, assim, repentinamente, para o plano religioso. Ouvindo tais palavras, Pilatos ficou ainda mais atemorizado. Vê-se aqui o Romano supersticioso, a quem o sonho da mulher fazia sobressaltar a consciência. Filhos de Deus? Fórmula assaz inquietadora... Voltou ao pretório, para interrogar Jesus, de novo.

54 “Donde és Tu?” Jesus, porém, manteve-se em silêncio. “É a mim, replicou Pilatos, que Tu te recusas a falar? Ignoras, então, que tenho poder para te mandar em liberdade, e poder para te fazer crucificar?” E Jesus respondeu: “Tu não tens poder algum sobre Mim, a não ser que te seja dado do Céu. É por isso que aquele que Me entregou a ti tem maior pecado”. Esta afirmação obviamente dispensa toda e qualquer especulação que se faça sobre os verdadeiros responsáveis pela crucificação de Jesus, embora hoje em dia a inversão dos fatos tenha uma aceitação quase unânime, inclusive dentro da Igreja Católica, a qual sempre soube (durante esses dezenove séculos passados) quem foram os assassinos. Hoje em dia já não é assim...

55 Caminha! Caminha, sem parar...

56 Pode-se imaginar que Pilatos se sentisse cada vez mais incomodado com a calma sublime e perturbadora de Jesus e com a majestade da Sua doutrina. Mais do que nunca, o Procurador teria querido pôr em liberdade esse Profeta que invocava o Poder Divino. Mas da porta do castelo, chegavam- lhe aos ouvidos as vociferações do populacho, e tudo quanto ouvia – ele, funcionário do mais desconfiado dos Imperadores – não era de molde a agradar-lhe: “Se o soltas, não és amigo do César: todo aquele que se faz rei, é contra César!” (João, XIX, 12, 12). Pilatos, incontestavelmente, não era um homem sem caráter, e, por certo, as imprecações da turba não o teriam feito mudar de opinião. Todas as suas atitudes anteriores o mostram fiel observador do princípio da eqüidade, tradicional em Roma, e que, mais tarde, os Imperadores Maximiano e Diocleciano hão de formular assim: “Que o Juiz não escute os vãos clamores da populaça! Muitas vezes ela deseja dar a liberdade ao criminoso e condenar o inocente!” Mas os judeus tinham encontrado o argumento político capaz de o subjugar. ©

57 Segundo Fílon, Pilatos receava que mandassem a Roma uma embaixada com o fim de denunciar os erros do seu mau governo, as suas extorsões, os seus decretos injustos, os seus castigos desumanos. É infinitamente provável que o Procurador tivesse, na sua administração, inúmeras razões para não sentir tranqüila a consciência. Mas, ainda mesmo que a sentisse perfeitamente sossegada, nem por isso teria tremido menos ao pensar numa denúncia por parte dos judeus. Nesse tempo – diz Tácito – “as leis eram impotentes contra a força, a intriga e o dinheiro” (e hoje o são ainda mais!). “Tu não és amigo de César!” Ao ouvir esta simples frase, Pilatos deveria ter sentido a cabeça estremecer-lhe sobre os ombros. Um atitude corajosa seria a de não atribuir importância ao argumento e correr o risco de uma denúncia caluniosa no intuito de salvar o Inocente. Certamente, esse homem se assentaria próximo de Cristo no Reino dos Céus! Mas Pôncio Pilatos não teve tal coragem – e esse foi o seu verdadeiro crime. Subiu de novo ao tribunal, sem dúvida para se revestir do seu prestígio. Ainda uma vez mais, disse aos Judeus: ©

58 “Aqui está o Vosso Rei...” Mas eles protestaram: “À morte! À À cruz! À cruz!” O magistrado teve uma nova e derradeira hesitação: “Hei de crucificar, então, o vosso rei?” Mas, regida pelos sacerdotes, a voz do povo, respondeu: “Não temos outro rei, além de César!” Então, Pilatos, quase desfalecendo, atordoado, abandonou a “Presa”, entregou-lhes Jesus para que O fizessem crucificar sem mesmo ousar proferir uma sentença.

59 O que ele pensava, naquele instante em que permitia cometer a maior infâmia da História, revelam-no os Evangelhos: Pilatos cedia à pressão popular, mas queria mostrar que não tomava a responsabilidade da decisão. Por isso, “pediu água e lavou as mãos, em frente do povo”. E exclamou: “Eu estou inocente do sangue deste Justo; a vós pertence toda a responsabilidade!”

60 Eis que se ouve do meio do povo a resposta de um daqueles representantes do sinédrio; uma resposta verdadeiramente perturbadora: “Que o Seu sangue recaia sobre nós e sobre nossos filhos!”

61 Tu o dizes!

62 Caminha! Caminha, sem parar...

63 Este bramido furioso faz irresistivelmente recordar o trágico destino de Israel no decurso dos séculos, e o sangue que, sem cessar, lhe escorre pelos ombros, e o seu clamor de aflição milhões de vezes repetido é como um eco daquele outro clamor. Reside nisso um dos mistérios mais insondáveis da História, relacionado com o da sina do “povo eleito”, da recusa, da revolta, e, de igual modo, com o dos Tempos vindouros. Um cristão não poderá esquecer, perante a face ensangüentada da raça judaica, essa Santa Face, conspurcada de sangue e cuspe. E aqui vemos como o pesadelo destes homens estará, nesse momento, somente por começar. Pensavam eles que Jesus era um terrível pesadelo, uma pedra no seu caminho. Mas, em verdade, Ele é o Messias prometido, ao qual estão ainda esperando mas que somente encontrarão no dia do Juízo.

64 Caminha! Caminha, sem parar...

65 Após mandar retirar aquele grotesco manto encarnado que os judeus puseram em Jesus, Pilatos mandou escrever sobre o titulus (tabuleta de madeira que ficava sobre a cruz dos crucificados), em latim, em grego e em hebraico: “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus”.

66 Escrevei, pois, ó Pilatos as palavras que Deus vos dita e cujo mistério não conseguis compreender... Em breve esse Crucificado há de ser coroado de honra e de glória. Este Rei Único, em toda a Sua humilde majestade, irá carregar a Sua cruz. Pode-se imaginar Jesus Cristo, esplendoroso apesar das insígnias afrontosas que O adornaram, no meio daquela terrível cena, herói de uma tragédia cujo sentido espiritual só Ele compreendia.

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68 Fim da primeira parte

69 Semana Santa Entre as trevas e a Luz

70 Uma produção Sama Multimídia Educação e Arte

71 Tel: (19) 3758 – 8222 www.samamultimidia.com.br sama@samamultimidia.com.br Uma empresa a serviço da evolução do homem


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