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Eixo Brasil - Portugal - Espanha 1 A Mensagem é o nosso meio.

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Apresentação em tema: "Eixo Brasil - Portugal - Espanha 1 A Mensagem é o nosso meio."— Transcrição da apresentação:

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2 Eixo Brasil - Portugal - Espanha 1 A Mensagem é o nosso meio

3 Don Quijote de La Mancha O mal está onde menos se espera 2

4 A obra de Cervantes, em seu Don Quijote, tão infelizmente incompreendida, ilustra, encobrindo e ao mesmo tempo desvelando aos que conseguem ler nas entrelinhas e no espírito das letras, uma simbologia que, apesar de ter a idade do tempo, vem sempre sendo interpretada pelos espíritos mais agudos que sempre conseguem levantar uma ponta do véu do Mistério, das formas mais criativas que são características dos iniciados mais evoluídos, sendo o grande Cervantes um destes raros que conseguiu, através do seu gênio, ocultar de forma marcante, ainda que a primeira vista considerada simplória e até cômica por um leigo, apresentar dois personagens principais e significativos. 3

5 De um lado um inquieto e ilustre fidalgo chamado Alonso Quijano representando um homem idealista, espiri- tualizado, poético, imprevisível, romântico e aparen- temente visionário - trata-se nem mais nem menos do herói Don Quijote de la Mancha. Diante da considerada “realidade” cotidiana, ilusória e materialista, representada pelo seu atrasado discípulo e vizinho Sancho Pança, tem início um dos livros mais importantes da literatura mundial. Aficcionado da literatura cavalheiresca do sec. XI – XII, principalmente na obra de Wolfram Von Eschenbach, autor de vários livros sobre o Santo Graal, principalmente Parzival, Titurel e Willehalm. É nela que Cervantes se inspirou para escrever o seu livro. 4

6 Não podemos deixar de traçar um paralelo com a conquista do Santo Graal, cujo protagonista principal é o cavaleiro puro Parzival, considerado como “o tolo”, cuja consideração foi explorada pelo Islamismo na mesma época principalmente na literatura Sufi. Este cavaleiro descrito por Wolfram Von Eschenbach tinha no cavaleiro da linha negra, denominado Klingsor, seu antípoda, da mesma forma que o nosso fidalgo lírico e ingênuo, Don Quijote de La Mancha, que na obra de Cervantes foi iniciado e armado cavaleiro, a partir deste momento, acompanhado como que de sua própria sombra, da futilidade, da mediocridade e do materialismo, caricaturado na figura de seu discípulo Sancho, tem início a maior sátira de todos os tempos. 5

7 Aonde se acham esses dois homens, ali se acham representados os dois respectivos mundos: o racional animal de Sancho; e o humanus de seu Mestre. Ademais, não há, uma só linha da obra onde esses opostos não se apresentem em contraste e luta, luta e contraste, do qual não podemos deixar de dar uma atenção a tão rica simbologia, impossível de ser desprezada. É exatamente no intermezzo da aludida vulgaridade, da qual gradualmente nos afastamos, e o mundo espiritual, no qual tratamos de voar nas asas do ideal, que, assim, durante essa transição, nos deparamos com uma paradoxal natureza de metade diabos e metade humanus, uma vez que somos espíritos em evolução regidos pela lei espiritual no sentido de nos tornarmos cada vez mais humanus, apenas humanus. Nada mais... 6

8 Por isso, nascemos chorando, como quem se vê precipitado de um céu a um abismo. Por isso, chorando e lutando vivemos, só nos restando matéria e espírito. Nossa existência é uma eterna luta entre novos ideais que pugnam por vir à Luz, e velhas realidades negras que insistiam em não nos abandonar... ¿Quantas dores secretas não sofrerá a ostra antes de desprender-se de sua volva? ¿E a crisálida, até ver-se despojada de seu larval casulo? ¿Ou a semente antes de romper-se para germinar? ¿Quantas dores também são simbolizadas, entre nós, de forma que todas as libertações, sejam elas de homens, sejam de povos, sejam de ideologias, devam necessariamente ser através do sangue? 7

9 Diferente disso, toda vitória é alcançada não necessariamente com sangue, pois a dor é suficientemente capaz para dar início a um processo de evolução espiritual, ainda que, não alcançado numa única existência, pode um grande sonho ser capaz de fazer despertar um homem, esta é a mensagem cifrada na obra Cervantes. Nesse ponto crítico, caracterizando a vida do homem entre o material e o espiritual, embasa, a nosso ver, o principal mérito da estupenda obra de Cervantes. Vede-a desde seus primórdios, a começar pelo prólogo em que, depois de aludir ao cárcere platônico de onde surgiu o livro, como confessa, lança uma efetiva invocação ao “perdido e tão aspirado paraíso”. 8

10 É quando proclama que “o sossego, o lugar aprazível, a contemplação do amanhecer e do crepúsculo da montanha, a serenidade dos céus tanto interior como exterior, o murmurar das fontes, a quietude do espírito, tudo é o quinhão necessário para que as musas, embora estéreis, possam se tornarem fecundas e darem a Luz capaz de cobrir o mundo de alegrias e de maravilhas, para isto é que o homem de la Mancha pede a resistência, aliada à audácia e à coragem que lhe é própria, e recebe com responsabilidade a missão que lhe é outorgada a fim de suportar com indiferença e de forma determinada a ignorância e o despeito que tentaram obscurecê-lo, ora com perseguições alimentadas pela intrigas, ora com a mais terrível conspiração do silêncio. 9

11 Conheciam o livro pela rama e, assim, aludiam aos fracassos do herói para dar pasto à chacotas. Elogiavam o senso prático daqueles que riam desbragadamente do seu considerado insensato lirismo. Auguravam-lhe um fim, com as devidas exéquias, para maior glória da mediocridade e do desrespeito humano. Desejavam como que simplificar os ensinamentos do Mestre, acendendo uma vela a Deus e outra ao diabo: a Sancho, pelo seu comportamento “realístico e pragmático”, depois, ao seu Mestre, embora relegassem para sempre à categoria de loucuras, os ideais quijotescos, puros e sem mácula, de amor e de justiça. Queriam, finalmente, tutelar e manipular a forma de vida e a verdadeira normalidade do ser humano: não a do Mestre, que esta a tem tido, e sim na vulgaridade de quantos Sanchos existem pelo mundo a fora... 10

12 Mesmo já estando vaticinado de que nada adianta tudo aquilo, porque o tempo se vinga inexoravelmente de todos aqueles que tentavam conspurcar seu infinito domínio e denegrir a imagem de quem na verdade, com tanto realismo, perfeito e primoroso, soube pintar esse mundo, em que o vulgar e o sublime se chocam de maneira continua; só por isso o natural contraste nos legou a arte real da vida. Tal é a lei desta arte mágica: há de fazer florir rosas nos estercos, e brotar do gelado inverno da ignorância as seivas da primavera fecunda, ou enfim, com quadro de dor e de esterilidade deste prosaico mundo, nos levar a pressentir a suprema felicidade de uma vida amplamente compensadora, ou seja, conforme palavras de São Paulo, a sair do cárcere de barro daquela vida ilusória para a realidade da Divina Luz que pode ser conquistada. 11

13 O Mestre de la Mancha ensina ao empedernido discípulo Sancho através de suas palavras, de suas atitudes e de seus bons pensamentos. Nesse momento, estendem-se pelo fantástico campo de batalha da vida, o diáfano véu dos encantos e mistérios da sua tão imaginada Dulcinéia, véu esse capaz de encantar num roseiral, os espinhos e as misérias da natureza quase humana. Enquanto Sancho divagava pensando em lucro, em rendas de aluguel, de salários, não se tornava uma boa companhia ao homem de la Mancha, que durante aqueles momentos sentia Sancho cada vez mais carregado e pesado. 12

14 Era como se lesse os pensamentos de Sancho, quando ele se remoía de arrependimento em seus momentos de debilidade, lembrava de sua mulher Tereza e pensava: “¿o que dirá Tereza se me apresento em casa tão pobre ou mais pobre quando saí?” Não é motivo de riso. Ao regressar Sancho de sua primeira saída, Tereza, que corre a recebê-lo lhe pergunta significativamente, e antes de inquirir de sua saúde, “se estava bom o asno”, e Sancho, quiçá um pouco abatido pelo preferencial interesse de sua mulher pelo jumento, responde: “está melhor que seu amo”. Confessando com isso, de forma tácita, a sua afinidade materialista na igualdade de condições do asno com sua companheira Tereza. Enquanto que no castelo, depois de alguns incidentes, é armado cavaleiro com todos os ritos próprios, e temos que aceitar esses ritos como uma realidade quijotesca. 13

15 Nada de risos, nem de burlas, agora o ex-fidalgo Alonso Quijano é Don Quijote, o cavaleiro andante, que abandona o castelo a fim de tornar seu nome conhecido e fazer que muitos mentecaptos reconheçam a superioridade sobre todas as coisas do Grande Espírito. Esse é um dos motivos que impulsionam a Don Quijote a sair a campo: proclamar a superioridade do Grande Espírito e fazer com que reconheçam essa superioridade. E tal era a confiança de nosso herói que, à semelhança ao ocorrido com a jumenta de Balaão, que falava mandada por Deus, este chegou ao ponto de soltar as rédeas de Rocinante, confiando que ele, na condição de instrumento de Deus, conduziria melhor o seu destino do que a sua especulação mental, o que era acompanhado com a maior desconfiança pelo seu “fiel” escudeiro. 14

16 A Felicidade de Don Quijote Don Quijote, dono do seu ambiente, é um homem feliz em toda extensão da palavra. E sua felicidade nasce mais que de qualquer outra coisa, da ignorância de um vocábulo: finalismo. É o fato de realizar todas as suas ações, movido por uma intensa perseverança de agir de acordo com os preceitos de um verdadeiro cavaleiro da Ordem. E é necessário saber que a origem da felicidade não pode ser outra que o êxtase do próprio realizar. Don Quijote vai ao encontro dos perigos e das aventuras arriscadas sem medir as consequências. 15

17 É a satisfação momentânea de desfrutar todas as suas ações, saboreando minuto a minuto a energia advinda de seus esforços. A felicidade de Don Quijote, felicidade de um homem que vive em si mesmo e se alimenta de si mesmo, consiste em empregar sua força cavalgando ao som da vida. É o homem que trabalha, convertendo esse trabalho em flores. Porque o significado de ser e trabalhos tem uma correspondência intima. Até hoje talvez seja Don Quijote o único que viveu sua vida mais plenamente. Don Quijote é a plenitude da plenitude. Não é a pessoa que realiza, trabalha e se move guiado por uma esperança de realização. É o resultado da obra e do trabalho e a soma do resultado e do trabalho de um ser que constitui a vida desse ser. 16

18 A felicidade do homem é a satisfação do absorver-se. E o absorvente mais voraz de uma vida é o que chamamos trabalho. ¡Infeliz é quem passa toda sua vida trabalhando sem elevar este trabalho a uma cúspide de sublimidade! ¡Desgraçado o enfermo que faz transcorrer suas horas amarrado com cilícios a uma cama ilusória de redenção! A quimera de Don Quijote é imediata. Não vai sofrendo pela vida buscando méritos para um amanhã de ilusão. Não. Don Quijote é o homem que conseguiu fazer de sua vida um alimento. Mas é necessário ter a segurança de que esse alimento que há de nutrir nossa vida é o manjar mais rico que existe. Don Quijote sabe. É suficiente que ele saiba que seus passos pela terra deixam pegadas de grande homem. 17

19 E Don Quijote é o que é, representa o que representa. O que encontra gosto ou prazer dizendo ou ouvindo bobagens, pode dizê-las ou ouvi-las; mas deve aceitar sem protestar que seja chamado “Tonto de Capirote”. Don Quijote não sabe que libertar os cativos significa ir contra a moral humana. Don Quijote não sabe que a moral humana proíbe tirar as donzelas dos conventos quando suas famílias as colocaram ali por contrariar essa mesma moral, e nem quer saber e nem necessita saber. Basta-lhe estar convencido de que os presos vão às galeras contra sua vontade, e de que estas donzelas não estão de livre e espontânea vontade nos conventos. Por isso digo e repito que Don Quijote foi, é e será único, sem que seja possível que sobre a face da Terra apareça alguém que reúna integralmente todas as suas qualidades. 18

20 Don Quijote nisto se parece a Jesus, pois difícil é que Este faça outra visita aos terráqueos, ainda que, a bem da verdade, nos faz muita falta, pelo menos fosse para apostrofar aos que o tenham explorado tão iniquamente. Os inimigos de Don Quijote Don Quijote tem que lutar com duas classes de inimigos: o erro dos homens e a “realidade” do nosso mundo. Melhor dito, seus únicos inimigos são os homens, pois esses são também os que dão força a essa realidade hostil. A diferença entre as duas classes de inimigos consiste em que uns, os primeiros, se propõem a matar Don Quijote, isto é, eliminar sua loucura. 19

21 E os segundos, lutam contra Don Quijote, com a inconsciência com que matassem uma mosca, sem interromperem nosso trabalho, estendendo a mão sem se darem conta disso. A primeira classe pertence ao Barbeiro, o Padre, e a segunda, todos os que contribuem no sentido de que a “realidade” do (i)mundo seja hostil a Don Quijote. Sancho Pança é incatalogável. Tão logo pertence à primeira classe como a segunda, mas sempre a alguma delas. O Padre e o Barbeiro pretendem convencer Don Quijote de que todos seus atos são outras tantas loucuras e o estimulam a que abandonem a cavalaria andante. E este par de homens normais e medíocres apresentam todas as formas de armadilhas e artimanhas para fazer com que Don Quijote retorne a vida vulgar e aborrecida dos fidalgos: desde a destruição de seus livros até enviá-lo à aldeia, o encerrado em um carro de boi. 20

22 São todos meios pueris, que não podiam dar senão resultados momentâneos. E não é que Don Quijote seja imortal no sentido físico da palavra, não, mas se necessitam para sua destruição armas poderosas. Esses indivíduos creem fazer um bem a Don Quijote devolvendo-lhe seu juízo, não o juízo de Don Quijote, não, pois este ele já o tem, senão o deles, o deles. ¡Que mediocridade a cena da destruição dos livros! ¡Que solenemente absurda a falsa história da princesa Micomina! ¡Que grosseira a caminhada em um carro de bois! Esses pobres tontos perseguiam uma finalidade ridícula, acreditavam de boa fé que Don Quijote poderia ser curado de sua loucura, sem saber que isso representava para o mesmo nada menos que a morte, a enfermidade mortal. Resumindo, homem genuinamente quijotesco seria ele deixar de ser louco. 21

23 Sancho é um inimigo perene de Don Quijote. Não é por ser um homem inútil que ele deixa de ser perigoso. É Sancho quem faz sabotagem atando as patas de Rocinante por medo da aventura das batalhas, e atribui a “encantamento” os resultados da sua ação. É Sancho quem foge e renega a ordem da cavalaria e da escuderia, e assim o manifesta a seu Mestre, tentando fazê-lo imaginar, com voz melíflua, o agradável da “paz”, do viver normal e da tranquilidade da vida na aldeia. É Sancho quem tenta fazer que Don Quijote veja a Força Superior do Grande Espírito como uma figura tosca e repugnante. Creio que essa ação de Sancho é uma das batalhas mais decisivas que se travaram contra a “loucura” de Don Quijote. 22

24 É Sancho, quem por não confessar sua negligência, provoca os maiores transtornos a seu Mestre. É Sancho quem inúmeras vezes põe Don Quijote à beira da morte. E Sancho, é o maior interessado em que o idealismo do Mestre seja confundido com loucura. Com aquelas maldades esperava Sancho conquistar o cargo político de governador de uma ilha e não vacilaria em envolver seu Mestre em uma luta capaz de fazer destilar os mais terríveis venenos com coincidências fantasiosas transvestidas, como imagens de monstros, gigantes e comportamentos maldosos, imaginando que através deles pudesse alcançar sua felicidade política de governar uma ilha. 23

25 Por isso, todas as lutas do possuído Sancho contra seu Mestre são inconscientes e ilusórias. Não são dirigidas com o objetivo de torná-lo “normal” – ainda que bem sabe que sua virtude idealista é simplesmente incurável – senão há de livrar sua própria pessoa de algum desmascaramento ou de algum perigo. Aqui fica manifesta e evidenciada a maldade de Sancho, que não se sacrifica o mínimo que seja pelo seu Mestre Quijote, e que apenas o ama quando este amor resulta compatível com seus próprios interesses. Mas Sancho é ruim e covarde, sendo sua covardia maior que seus desejos de governar uma ilha. 24

26 São muitas as vezes que foge de sua responsabilidade e na possível presença de um perigo, ou ante a perspectiva de um colapso, chega a renunciar até suas mesquinhas pretensões. Mas não devemos nos esquecer que Sancho esperava conseguir pelo esforço dos outros e que é ele o individuo que, ouvindo a Don Quijote enaltecer as qualidades e as virtudes dos cavaleiros andantes, se mostrou conformado com sua situação atual de vilão, uma vez que, por não ser armado cavaleiro nunca deveria auxiliar seu Mestre, nem ainda nos momentos de maior dificuldade e perigo, pois diferente disso, se ele fosse auxiliar estaria cumprindo as leis da Ordem. 25

27 Don Quijote se opõe aos argumentos ambíguos e maldosos do Padre e do Barbeiro de forma negativa e contundente e daí surge o paradoxo: o Padre e o Barbeiro com suas artimanhas conseguem consolidar mais em Don Quijote seu idealismo, pois lhe oferecem meios para que este se manifeste de forma ainda mais intensa. Na verdade, haveremos de ser sempre humanus no mais puro sentido espiritual humanista, sem mescla sancho-panchesca, apesar dos julgamentos, das calúnias, das traições, das pedradas e das fogueiras. Até Sempre! Humanus. 26

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