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Misericordiosos como o Pai!

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Apresentação em tema: "Misericordiosos como o Pai!"— Transcrição da apresentação:

1 Misericordiosos como o Pai!
A misericórdia na tradição cristã segundo a parábola do Bom Samaritano (Lc 10,25-37)

2 Um jubileu extraordinário!
Convocado pelo Papa Francisco Para contemplar, viver, testemunhar e celebrar a misericórdia de Deus Pai Começou a 8 de Dezembro de 2015 Termina a 20 de Novembro de 2016, Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.  

3 Importante para a Igreja…
O Papa a todos quer fazer sentir que ninguém é excluído da Misericórdia do Pai; e convida os católicos a sair, como “missionários da misericórdia”, às periferias existenciais da Humanidade para aí servir, por gestos e palavras, o amor misericordioso de Deus que não tem limites nem conhece fronteiras.

4 … e para o Mundo! A cultura dominante deixou de falar da misericórdia porque a considera uma relíquia de outras épocas, já superadas; Estamos, pois, num tempo novo em que o homem se quer “autónomo e seguro de si”; A Igreja católica nunca deixou de falar da misericórdia, mas nem sempre extraiu dela todas as implicações; Surpreendem, por isso, dentro e fora da Igreja, as palavras e gestos do Papa Francisco.

5 Uma nova etapa… Na abertura do II Concílio do Vaticano, João XXIII definia assim o seu rumo: “Nos nossos dias, a Esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia que o da severidade (…); deseja mostrar-se mãe amorosa de todos, benigna, paciente, cheia de misericórdia e bondade com os filhos dela separados”.

6 Com um futuro promissor!
Paulo VI, no discurso conclusivo, confirma-o: “Desejamos notar que a religião do nosso Concílio foi, antes de mais, a caridade. (...) Aquela antiga história do Bom Samaritano foi exemplo e norma segundo os quais se orientou o nosso Concílio. (…) Toda esta riqueza doutrinal orienta-se apenas a isto: servir o homem, em todas as circunstâncias da sua vida, em todas as suas fraquezas, em todas as suas necessidades”.

7 O que é uma parábola? Uma história contada por Jesus para ilustrar o seu ensino; Na palavra grega “parabolè ” há a ideia de comparação; O génio oriental gosta de falar e instruir sob a forma de comparação; tem gosto pelo enigma, quer espicaçar a curiosidade e incitar a procura (Sesboué).

8 Para que serve uma parábola?
A tradição judaica fez da parábola um “verdadeiro método pedagógico”; Jesus insere-se neste contexto: não criou este modelo de discurso, mas assumiu-o; Como os mestres em Israel, Jesus foi um contador de histórias que intrigaram, divertiram, criaram surpresa e fizeram reflectir.

9 Dados importantes Os primeiros cristãos conservaram uma rica memória das histórias contadas pelo Mestre e só por Ele, pois não há registo de qualquer parábola atribuída aos Apóstolos em todo o Novo Testamento. Podemos, assim, afirmar que elas foram um traço específico da sua linguagem e da transmissão do Evangelho (Marguerat).

10 Como interpretar as parábolas?
A parábola, por definição, não tem um fim em si mesma, abre para algo que está para além dela; Literalmente “para-bolè” , é palavra “atirada ao lado”, ou seja, palavra figurativa que tem o poder de sugerir; Daqui a sua importância para a linguagem religiosa, pois convida o interlocutor a interrogar-se e a entender melhor a sua impossibilidade de dizer Deus no imediato (Marguerat).

11 E a do Bom Samaritano? A primeira exegese das parábolas foi alegórica;
Esta leitura, com raras excepções, prevaleceu até ao século XIX; A parábola do Bom Samaritano manteve em Orígenes ( ), Santo Agostinho ( ) e Lutero ( ) a mesma leitura! Esta leitura consiste em assinalar na parábola as etapas determinantes da história da Salvação.

12 Revolução na exegese das parábolas!
Adolf Jülicher ( ) defende que a leitura alegórica das parábolas era obra das comunidades cristãs posteriores; Defende que, na origem, as parábolas seriam simples comparações, narrativas feitas de imagens, a maior parte tiradas da vida quotidiana dos habitantes da Palestina.

13 Uma grande objectivo… Charles H. Dodd ( ) concorda com Jülicher, mas para ele as parábolas estão ligadas a um acontecimento e a uma pessoa: a irrupção do Reino de Deus no agir de Jesus. Joaquim Jeremias ( ) concorda com os anteriores mas distancia-se de Dodd na questão escatológica: afirma que com a vinda de Jesus o Reino começa, mas ainda não está realizado; Jeremias valoriza a investigação histórica para chegar ao sentido original da parábola.

14 Captar a “ipsissima vox” do Mestre
Jeremias quer chegar ao significado original das parábolas e captar a própria voz do Mestre; lembra que Ele falou a pessoas de carne e osso; Cada uma das suas parábolas foi contada em momentos precisos da sua vida… É preciso fazer um esforço para os encontrar! Que queria Jesus dizer neste ou naquele momento preciso?... Que efeitos pretendia alcançar?

15 Três tendências na exegese das Parábolas
À tendência maioritária (Jeremias) sempre se opôs uma outra, vinda sobretudo dos ambientes anglo-saxónicos, que recusa a distinção clara entre parábola e alegoria (Blomberg); Nos últimos decénios emergiu uma terceira tendência (Jüngel) que contesta as precedentes; partilha com Jeremias a ideia de reconstruir a forma original das parábolas, atribuindo às comunidades pós-pascais o elemento alegórico, e pensa que elas não se restringem a situações particulares, mas são antes um meio de comunicação da nova realidade do Reino de Deus. O seu instrumento linguístico predilecto é a metáfora, pela sua força narrativa.

16 Estatuto das Parábolas
Como resultado de um século de grandes novidades na sua interpretação: As parábolas ganharam estatuto: são um género literário próprio; Não obedecem a um único modelo; Assumem diversas formas, cumprindo diferentes funções; São mesmos os textos evangélicos mais estudados e também os mais controversos.

17 Principais funções Alegórica: quando ela deixa perceber ao leitor que, com o significado literal, é preciso considerar um significado não literal. E diz-se com e não em vez de… Na parábola do Bom Samaritano, não faz sentido substituir o homem ferido entre Jerusalém e Jericó pelas coordenadas essenciais da história da Salvação.

18 Principais funções… Dialógico-argumentativa: pode ver-se também na parábola do Bom Samaritano, pois ela está integrada num diálogo em que Jesus é confrontado com a pergunta do doutor da lei: “E quem é o meu próximo”? A parábola permite a Jesus responder nos exactos termos em que Ele deseja situar a questão levantada: próximo não é quem precisa de ajuda, mas quem ajuda.

19 Principais funções… Função comparativa e ilustrativa: como as parábolas de crescimento (semente ou fermento) que vivem da dinâmica interna da realidade referida e inspiram esperança no que hoje possa ser pequeno, obscuro e insignificante; Função reveladora: permite surpreender, captar a atenção e provocar o diálogo sobre a pessoa e missão de Cristo, descobrindo n’Ele a proximidade do Reino de Deus.

20 Principais funções… Função exemplar: a parábola do Bom Samaritano cumpre esta missão: mostrar, através de um exemplo, o que é que significa ser “próximo” de alguém; No contexto do Evangelho de São Lucas, o Bom Samaritano é uma narrativa exemplar; O facto introduzido no relato coloca-nos imediatamente no horizonte onde nos queremos situar, o da vida moral ou religiosa; A parábola oferece um exemplo a imitar: ela exorta e é mobilizadora (Lambrecht).

21 O caminho das Parábolas
As parábolas contadas por Jesus fizeram um longo caminho, desde o momento em que são contadas até a sua forma final, tal como hoje as conhecemos; Depois da morte e ressurreição de Jesus elas entram numa nova fase: são outros que as contam, em novos contextos sociais e culturais; O Evento Pascal provoca-lhes uma mudança profunda: alargam o seu raio de acção; servem para a catequese e para a pregação; são traduzidas para outros contextos culturais; o narrador, que é também pastor, influencia, com as suas perspectivas pessoais, a sua transmissão; nasce, assim, a tendência para a leitura alegórica e moralizante.

22 Da tradição oral à escrita
A passagem da oralidade à escrita dá-se dentro de uma tradição oral estável, que nós não podemos conhecer cabalmente; Com rigor, também não é possível dizer que a primeira redacção das parábolas seja aquela que nos chegou; Sabemos que se foram constituindo diversos conjuntos de ditos do Senhor para facilitar o ensino; Entre estes, há um que se perdeu, essencialmente constituído pelas palavras de Jesus Logia. Lucas e Mateus foram os que mais o usaram. Só assim se pode explicar a abundância de material comum nos seus Evangelhos, que não se encontra em Marcos.

23 No Evangelho de Lucas A fixação das parábolas no Evangelho de Lucas, é de grande importância, pois lhe dá um contexto escrito; Passámos da oralidade à escrita; do aramaico ao grego e, pelo meio, estarão cerca de cinco décadas; O contexto da sua redacção definitiva (anos 80) tem pouco a ver com o da vida pública de Jesus (anos 30); Este novo contexto vai estruturar-se de acordo com as perspectivas literárias e teológicas do Evangelista; Lucas é o Evangelho mais rico e com maior variedade de parábolas; terá usada abundantemente a fonte comum a Mateus, que se perdeu; Só Lucas reproduziu a parábola do Bom Samaritano.

24 A parábola do Bom Samaritano
Lucas apresenta a parábola (10,30-35) entre dois diálogos (25-29; 36-37) e faz destes três elementos um todo; Não se diz que seja o seu criador, mas somente que foi o autor deste conjunto literário, pela redacção, estilo e vocabulário (Legasse); O que é original em Lucas é ter concebido a ideia de explicar o mandamento do amor ao próximo com a ajuda do Bom Samaritano; Talvez se tenha lembrado do comentário de um escriba em Mc 12,33b: “amar o próximo como a si mesmo vale mais que todos os holocaustos e todos os sacrifícios”; Contudo, Lucas inova e deixa de haver continuidade com Lv 19,18b: “amarás o teu próximo como a ti mesmo”; A atenção vai toda noutra direcção: o próximo foi o Samaritano! Assim, são ultrapassadas todas as barreiras étnicas (Bento XVI)

25 Criação de Lucas ou de Jesus?
Parece razoável pensar que, se Lucas introduz a parábola do Bom Samaritano, para revolucionar a acepção corrente de “próximo”, é porque a tinha já à sua disposição; Tanto quanto sabemos, os discípulos não criaram, apenas transmitiram as parábolas contadas por Jesus; É, pois, legítimo pensar que Jesus tenha sido o seu autor.

26 Qual terá sido a intenção de Jesus?
Na estrutura do seu Evangelho, a parábola do Bom Samaritano situa-se no início da longa caminhada do Mestre para Jerusalém e surge dentro de um diálogo com um doutor da Lei; O assunto em discussão versa sobre o modo como “possuir a vida eterna” (10,25); Jesus poderia ter respondido de forma académica ou pastoral, mas não! Optou por contar uma história que até uma criança podia compreender, sem necessidade de comentários ou explicações;

27 Os protagonistas da história
Dois representantes da religião oficial e um herético; Jesus não quis virar o seu auditório contra o sacerdote e o levita, se assim fosse, teria escolhido, para terceiro passante, um leigo judeu; Também não podemos dizer que Jesus, ao escolher um samaritano, quisesse ser simpático com este povo, porque assim estaria a provocar a ira dos seus ouvintes; O que ele provocou, de facto, foi um escândalo, pois os samaritanos, segundo o ensino dos rabis, eram equiparados aos pagãos, sem direito a figurar nos preceitos que regiam o amor ao próximo (Kahlefed); Temos de procurar uma motivação mais profunda!

28 A sentido da parábola! Nesta parábola Jesus não se serve de uma imagem, como a da semente, para falar do Reino de Deus, mas de um exemplo concreto, a todos os títulos desconcertante, para um judeu; Como é tirado da realidade, nem é preciso fazer qualquer transposição, indo da imagem à realidade; A resposta do doutor da Lei, confrontado com aquela imagem, não podia ser outra, impunha-se por si mesma; Nem era preciso ser “mestre em Israel” para o perceber. A resposta emerge, não no final de um longo debate intelectual, para o qual ele estava bem preparado, mas dentro de um novo contexto criado pela parábola do Senhor.

29 As intenções de Jesus! Podemos afirmar que Jesus contou esta parábola porque a misericórdia constitui uma parte essencial da sua mensagem: “Deus reina onde os homens começam a comportar-se como o Samaritano; Agir como o Samaritano, eis o que testemunha, sempre e em toda a parte, o acontecimento do Reino de Deus” (Lambrecht); Ora Jesus já estava a fazê-lo e por isso mesmo era criticado e acusado injustamente; Neste contexto, a parábola não é só uma exortação moral do anúncio do Reino de Deus, mas uma defesa Sua e uma justificação da Sua missão e pretensão messiânicas; “Ele queria ao mesmo tempo defender o seu ponto de vista, convencer os adversários/acusadores e ganhá-los para a sua causa (…); O que Ele reclamava dos ouvintes não era um puro consentimento intelectual ou um simples acordo da razão, mas uma decisão e uma escolha no mais íntimo deles mesmos” (Lambrecht).

30 “Encheu-se de compaixão” (Lc 10,33)
Na Parábola, este é o momento decisivo em que tudo muda! Os dois primeiros passantes seguiram viagem, o seu ver foi estéril, superficial; O ver do Samaritano é profundo: vai dos olhos ao coração e dali brota a improvisação que só o amor sabe fazer, dando origem àquela fantasia da caridade (NMI), de que o mundo e a vida da Igreja tanto precisam nos nossos dias.

31 Um olhar profundo! Ver e passar adiante é fuga, indiferença e dureza de coração; Ter compaixão sem gestos concretos de amor é puro sentimentalismo; Agir sem coração é funcionalismo; Jesus mostrou-nos a dinâmica do amor misericordioso: vai dos olhos ao coração e do coração às mãos! Tudo inspirado pelas entranhas de misericórdia (Cancian).

32 O modo de agir de Deus! A misericórdia de Deus, em contexto de Aliança, exprime-se no amor que se dá, que é mais forte do que a traição, e na graça, que é mais forte que o pecado; Se Israel não pode ter pretensões em relação a este amor (hesed), por causa dos seus pecados, contudo pode e deve ter confiança em obtê-lo porque o Deus da aliança é fiel, é “responsável pelo seu amor”; Os frutos deste amor são o perdão, a reconstituição na graça da confiança e o restabelecimento da aliança interior”.

33 Ver com o coração! Uma outra dimensão da misericórdia divina expressa-se cabalmente, segundo os semitas, na relação visceral (rahamim) que há entre uma mãe e seu filho/a; Tem a sua sede no seio materno, nós diremos no coração, e distingue-se pela sua capacidade operativa: isto é, traduz a compaixão em actos; Este amor é totalmente gratuito e oferece-se na bondade, ternura, paciência e compreensão.

34 Jesus revela-nos o coração do Pai
Em Jesus, não há lugar para um Deus indiferente, “legislador”, justiceiro ou irritado com os pecados e erros dos seus filhos; Para Jesus, Deus é compaixão: é entranhas (rahamim) de misericórdia; Este é o seu modo de ser, agir e reagir com todos os seus filhos; Deus sente por eles o que uma mãe sente pelo filho que traz ou trouxe nas suas entranhas; Na parábola do Pai misericordioso, Jesus mostra-nos o Pai comovido até às entranhas pelo regresso do filho; Na parábola do dono da vinha que queria dar trabalho e pão a todos, Jesus mostra-nos como Deus é bom! Não nos trata segundo os nossos méritos, mas segundo as suas entranhas de misericórdia; Na parábola do fariseu e do cobrador de impostos, Jesus mostra-nos - ao comentar a atitude deste pecador público, que até parece não lhe ser possível mudar de vida - que o essencial está no abandonar-se à misericórdia divina; O que é decisivo na vida de cada ser humano é acolher ou não a misericórdia de Deus Pai!

35 Deus é misericórdia! O mistério de Deus, amor em Si mesmo, para nós, é ternura e misericórdia; O que Jesus quis instaurar na história foi este modo de proceder de Deus; Deus é grande e santo, não porque demonstre o seu poder contra ou excluindo alguém, mas porque ama a todos sem excepção e de todos se quer compadecer; Neste contexto, para Jesus, a misericórdia divina não é apenas mais um atributo divino, é antes a sua própria maneira de ser para connosco!

36 A misericórdia revela-nos Cristo!
A revelação do coração misericordioso de Deus Pai dá-nos a exacta medida do ser e do agir de Jesus: Ele identifica-se com o Pai! O seu programa, vencido o demónio nas tentações do deserto, que lhe queria impor outra imagem de Deus, é tornado público na sinagoga da Nazaré ao proclamar o ano jubilar (Lc 4,18-19), que ocorria na tradição judaica, de 50 em 50 anos; Curioso é notar que a leitura de Isaías é interrompida antes do final, quando precisamente se ia anunciar “o dia da vingança do nosso Deus” (Is 61,2b): como que para nos dizer, esse não é o meu Pai e Deus das Misericórdias que vos quero revelar; Jesus viveu toda a sua vida a aproximar-se, a fazer-se próximo dos leprosos, possessos, miseráveis, sem-abrigo e desprezados pela sociedade, para lhes fazer sentir que eles têm um lugar especial no coração de Deus.

37 Um permanente revolução!
A acção de Jesus não significou logo o fim da fome e da miséria, como vemos, mas deu origem a uma permanente revolução na história, em nome da dignidade indestrutível de todo o ser humano; Jesus não excluía ninguém! Tinha amigos entre os publicanos e as prostitutas; Todos, menos os que se consideravam cumpridores, se sentiam bem junto d’Ele, porque sentiam que ali havia um novo caminho para Deus: eles sentiam-se amados e perdoados mesmo antes de o pedirem!

38 “O Homem é o caminho da Igreja!”
Assim definia João Paulo II (RH ), no princípio do seu ministério, o serviço a prestar pela Igreja à humanidade, e na viragem do milénio insistia: “por natureza, a caridade abre-se ao serviço universal, frutificando no compromisso de um amor activo e concreto por cada ser humano” (NMI ); Na parábola do Bom Samaritano, o inimigo odiado tornou-se o salvador daquele desgraçado; Deus a todos, sem distinção, pede colaboração para aliviar os sofrimentos dos seus filhos; Jesus, por duas vezes, recomenda ao doutor da Lei (Lc 10,28.37) que junte ao seu saber o fazer: quem ama não escolhe o próximo, faz-se próximo.

39 Quem é o meu próximo? Esta pergunta tem subjacente, não a vontade de servir, mas de controlar a situação, para que não se venha a deparar com algo desagradável e indesejável; o centro é o próprio e a sua “zona de conforto” onde quer estar em segurança”; “O esforço por resolver perfeitamente as últimas questões ainda em aberto é análogo à preocupação por fechar também as últimas portas ainda abertas, para que não se dê de frente com algo insólito e que não seja confortável” (Linnemann)

40 Quem foi o próximo do ferido?
Esta pergunta encaminha-nos para uma resposta e uma disponibilidade de coração opostas à intenção do doutor da Lei; O centro é o outro! Viver neste horizonte é sintonizar-se com os sentimentos do “coração misericordioso do nosso Deus, que das alturas nos visita como sol nascente” (Lc 1,78); Foi este o caminho que Jesus percorreu, é este caminho que ele convida a sua Igreja a percorrer; e, a cada um de nós, pede que sigamos os seus passos! Temos de reconhecer que, “ocupados em coisas importantes” e “compromissos urgentes”, tantas vezes não fazemos melhor do que o sacerdote e levita da Parábola; Mas o exemplo do Samaritano não nos dá descanso: é uma provocação permanente ao nosso egoísmo e um convite insistente ao compromisso com quem mais precisa de nós!

41 A Igreja, um hospital de campanha
Numa sociedade onde os feridos da vida não param de crescer, o nosso lugar de acção e de acção da Igreja, seguindo os passos do Senhor, tem de deslocar-se para onde cresce o sofrimento das pessoas, para onde as vítimas, os maltratados da vida e da sociedade são atirados; Haverá sempre muita coisa urgente a fazer, mas sem esta dimensão essencial da fé, que nos constitui intimamente como discípulos de Cristo, de pouco nos servirá a restante acção! Sobre a natureza íntima da Igreja, diz-nos Bento XVI: “para a Igreja, a caridade não é uma espécie de actividade social que pode ser delegada em terceiros, mas pertence à sua natureza, é expressão irrenunciável da sua própria essência. A Igreja é família de Deus no mundo. Nesta família não deve haver ninguém que sofra por falta do necessário. Ao mesmo tempo, porém, a caritás-ágape estende-se para além das fronteiras da Igreja; a parábola do Bom Samaritano permanece como critério de medida, impondo a universalidade do amor, que se inclina para o necessitado encontrado «por acaso», seja ele quem for (DCE )

42 Partir dos que mais precisam…
E não da gestão dos interesses dos mais fortes! A acção da Igreja, orientada por este horizonte de compaixão, ajudará não só aqueles que vão na frente em busca de soluções mais humanas – pela purificação de intenções e motivações dos que trabalham no campo político e social –, mas também pondo em marcha aquela improvisação do coração, que permitirá cuidar dos últimos da sociedade, exprimindo, com competência, aquele amor de Deus que é concedido gratuita e independentemente dos méritos de quem recebe; A dignidade dos últimos é desafio permanente à consciência cristã!

43 Caridade cristã: três elementos
Bento XVI, inspirando no modelo oferecido para parábola do Bom Samaritano, apresenta três elementos constitutivos da caridade cristã e eclesial: 1) “A caridade cristã é simplesmente a resposta àquilo que, numa determinada situação, constitui a necessidade imediata”; e deve ser dada com “competência profissional”; mas, porque se trata de seres humanos, a dada requer também a “formação do coração”; 2) “A actividade caritativa cristã não é um meio ideológico nem está ao serviço de estratégias mundanas, mas é actualização aqui e agora daquele amor de que o homem sempre tem necessidade. (…) O programa cristão – o programa do Bom Samaritano, o programa de Jesus – é “um coração que vê”. Este coração vê onde há necessidade e actua em consequência”; 3) “A caridade não deve ser um meio em função daquilo que hoje é indicado como proselitismo. O amor é gratuito. Não é realizado para alcançar outros fins” (DCE ).

44 Conclusão A parábola do bom Samaritano denuncia a traição quotidiana do amor em nome de “muitas e boas razões”; Foi um excomungado que se deixou comover pelo drama daquele ferido: parou, não perguntou pela sua identidade, deixou que falasse o coração e este inspirou-lhe os gestos acertados; Ao contrário do doutor da Lei que pretendia um serviço ao próximo perfeitamente controlado, nos gestos do Samaritano há toda uma liturgia da misericórdia divina, uma irrupção do amor, feita de atenção, delicadeza e improvisação, porque o inesperado faz parte da vida e, como não levava a “mala dos primeiros socorros”, fez o que estava ao seu alcance: a intuição do amor levou-o aos primeiros gestos de compaixão, que foram depois completados na estalagem para onde o levou; Marcos e Mateus situam o debate sobre o maior dos mandamentos no Tempo, Lucas, no entanto, leva-o para fora, para os caminhos da vida, na perigosa estrada de Jerusalém para Jericó; Lucas dá-nos o contexto real de todas as situações de necessidade: não têm hora nem dia marcados e nem há tempo para discussões académicas sobre o amor e o serviço.

45 A Cátedra do Samaritano
O ponto de partida é “o outro, exposto na sua fragilidade” e um coração que vê e se compadece; Literalmente, comove-se “até à entranhas”, até sentir “a dor no coração”; É este “estremecer activo” que nos faz participantes da misericórdia divina! Por isso, a questão colocado ao doutor da Lei “consiste em saber se ele está disposto a viver desta possibilidade impossível que Jesus, o contador de histórias, coloca diante dele e fractura o seu mundo” (Zumstein) E a mesma questão no-la coloca Jesus, todos os dias!

46 Ver o irmão como Ele o vê! Chegar a ver o outro como ele o vê, “cuidar do outro pelo outro”, implica, da nossa parte, uma progressiva sintonia com o “coração misericordioso do nosso Deus” que nos é oferecida pela contemplação do rosto de Cristo; Só com Cristo, rosto da misericórdia do Pai, é que é possível acolher, no nosso íntimo, as necessidades dos outros ao ponto de elas se tornarem nossas; Só vendo com os olhos de Cristo é que eu posso dar ao outro mais do que as coisas extremamente necessárias: posso dar-lhe o olhar de amor de que ele precisa (Bento XVI, DCE 18). Fim


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