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1 Horas de trabalho individual: 95 Total de horas: 140
Unidade Curricular: HISTÓRIA DA CULTURA PORTUGUESA Ano: 2º / Semestre: 1º Horas de contacto: 45 Créditos: 5 Horas de trabalho individual: 95 Total de horas: 140 Docente: José Luís Braga Hora de atendimento: História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

2 História Geral das Civilizações
Programa Sucinto (1) Conceito antropológico de Cultura. Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias. A cultura e a arte portuguesa a partir de uma perspectiva histórica: Dos primórdios da nacionalidade ao final do século XV (instituições escolares; a língua e a escrita; o lirismo galego-português); A cultura no séc. XVI (o renascimento e o humanismo em Portugal); As armas e os barões assinalados História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

3 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Programa Sucinto (2) A época barroca (mentalidade, literatura e ensino); A cultura das luzes; O séc. XIX: o movimento romântico, a reforma do ensino; A cultura no século XX (1ª República, Estado Novo, o período democrático). História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

4 Resultados da aprendizagem (1)
Os alunos que concluam com sucesso esta unidade curricular deverão ser capazes de: Conhecer e contextualizar os movimentos culturais mais relevantes da sociedade portuguesa nas suas diferentes expressões e vertentes, tendo percepção dos seus ritmos de evolução e desenvolvimento; História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

5 Resultados da aprendizagem (2)
Reconhecer a diversidade e pluralidade de facetas da cultura portuguesa, com uma sensibilização para os seus problemas e valores, a Língua e o património em todas as suas vertentes; Conhecer e interpretar as principais manifestações e vectores culturais e artísticos da contemporaneidade portuguesa. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

6 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Módulo 1 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA: DIAS, Jorge – O essencial sobre os Elementos Fundamentais da Cultura Portuguesa, Lisboa: IN-CM, 2004 [d.l.]. BURNS, Peter – Introduction to Tourism and Anthropology, New York: Routledge, 1999. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

7 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Módulo 1 ENDEREÇOS NA INTERNET www: <URL: www: <URL: História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

8 Conceito antropológico de Cultura (1)
Para os antropólogos a cultura é uma preocupação fundamental. Segundo Burns, a cultura inclui relacionamentos familiares, identidades étnicas, tecnologia, condição de género, migração e exclusão: tudo o que compõe a sociedade humana. A partir de um ponto de vista simplista, podemos dizer que a cultura é tudo, incluindo a experiência transmitida socialmente, instituições sociais, ciência, arte, etc. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

9 Conceito antropológico de Cultura (2)
O conceito de cultura assume uma panóplia de significados de acordo com o contexto. Se nos encontramos num museu ou numa galeria, a palavra pode ter a acepção de arte grandiosa. O indivíduo que é conhecedor de arte e música é denominado, em algumas sociedades, de culto. Contudo, trata-se de um uso particular da palavra, que não define o que a cultura é. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

10 Conceito antropológico de Cultura (3)
A cultura pode ser definida como um todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, direito moral, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade. [Tylor apud Burns] Esta definição é importante, no entender de Burns, porque o que a ela subjaz é que cultura é bem mais do que cultura material. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

11 Conceito antropológico de Cultura (4)
A palavra-chave na definição de Tylor é adquirido, fazendo uma distinção muito precisa entre as características que poderão ter sido herdadas biologicamente e aquelas que foram adquiridas através da aprendizagem. Assim, de acordo com esta definição, cultura diz respeito à interacção entre pessoas e de como estas aprendem umas com as outras. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

12 Conceito antropológico de Cultura (5)
A mesma definição promove a ideia de que a aprendizagem pode ser acumulada, assimilada e transmitida através de um conjunto de tradições orais e escritas. A ilação que se deve tomar deste arrazoado é a de que a cultura é observada simultaneamente através de relações sociais e de artefactos materiais. A cultura consiste em padrões de comportamento, conhecimento e valores que foram adquiridos e transmitidos através de gerações. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

13 Conceito antropológico de Cultura (6)
Geert Hofstede descreve diferentes camadas de cultura [apud Burns]: Um nível nacional conforme o país de cada um; Uma filiação regional e/ou étnica e/ou religiosa e/ou linguística (uma vez que as nações podem ser compostas de diferentes regiões com agrupamentos étnicos/linguísticos/religiosos únicos); História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

14 Conceito antropológico de Cultura (7)
Um nível de género; Um nível geracional; Um nível de classe social, associado a oportunidades educacionais, à profissão e à ocupação de uma pessoa; Para aqueles que estão empregados, um nível organizacional e corporativo de acordo com a forma como os empregados foram sociabilizados pela sua estrutura laboral. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

15 Conceito antropológico de Cultura (8)
De acordo com Burns, existe um potencial problema com a primeira observação de Hofstede acerca da identificação de cultura com a nação. Se anuirmos à ideia de que a cultura é própria de certos agrupamentos ou de uma sociedade, também temos de concordar que num estado-nação complexo, pluralista e moderno (como a Indonésia, Malásia, Estados Unidos ou Grã-Bretanha) não existe uma só cultura. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

16 Conceito antropológico de Cultura (9)
Para os antropólogos, a sociedade (e portanto a cultura) muda em resposta ao ambiente e à tecnologia. A transmissão de conhecimento e comportamento através de gerações implica que a cultura é dinâmica: todas as culturas mudam com o tempo. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

17 Componentes da cultura
Cultura: Conjunto de regras e padrões Partilhados por uma sociedade que produz comportamento julgado aceitável por esse grupo Cultura ao nível das normas ideais Religião, mitos, heróis, valores, atitudes, normas, ideologias Organização social incluindo relações género/ idade, padrões laborais, parentesco Educação e outras estruturas para transmitir conhecimento e gerar novo conhecimento Economia, tecnologia e cultura material Linguagem, categorização, percepção do mundo ao redor e comunicação Sistema político e legal, formal e informal para resolução de conflitos e controle social Cultura ao nível das transações observáveis História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

18 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (1) Fixar os elementos fundamentais de uma cultura constitui o fim máximo a que a etnologia (estudo dos povos quanto aos caracteres psíquicos e culturais) se propõe. A amplidão e a complexidade desta missão torna difícil formar uma visão panorâmica da cultura portuguesa – que é o objectivo deste módulo – com a solidez científica indispensável. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

19 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (2) Se definir os elementos culturais de uma sociedade tribal requer já um longo trabalho de análise e boas qualidades de observação, interpretação e síntese, o que não será estabelecer as bases culturais permanentes dum povo estratificado e com oito séculos de história? Acresce que não está demonstrada a perenidade de características através do tempo, nem tampouco que a tradição cultural apresente a estabilidade rígida que muitos lhe atribuem. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

20 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (3) A herança cultural de um povo é permeável a influências do exterior – aculturações – e a modificações de estrutura determinadas pela sua própria evolução. Acresce que é consabido quão diversas culturalmente são as várias regiões naturais da nação portuguesa. Esta heterogeneidade é ainda acentuada pelas diferenças culturais próprias dos estratos sociais que a compõem. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

21 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (4) A heterogeneidade cultural que se verifica-se no espaço – sincrónica – e no tempo – diacrónica –, é ainda complexificada pela heterogeneidade vertical dos vários estratos sociais. Aqui chegados, pode parecer que o problema se apresenta sem solução. É contudo inegável que os vários povos denotam diferenças sensíveis entre si, que, não obstante sejam difíceis de definir, nos garantem não ser infrutífero tentar. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

22 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (5) Quando examinamos a cultura de um povo civilizado, composto por um conjunto de áreas culturais distintas e de classes estratificadas, não nos podemos deter nas formas e instituições, devemos antes perscrutar-lhe o conteúdo espiritual. «Só ele deixa compreender a evolução cultural de um povo, porque esse conteúdo espiritual pode ter carácter de permanência através das transformações morfológicas e ideológicas que se vão sucedendo no tempo.» [Dias] História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

23 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (6) A única constante dum povo é, nas palavras do etnólogo Jorge Dias, o seu fundo temperamental e não os múltiplos aspectos de que a sua cultura se reveste, porque é ele que os selecciona e transforma segundo a sua sensibilidade específica. Sem embargo, nem sempre existe uma constante temperamental-base nas nações de composição heterogénea. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

24 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (7) Por vezes, há várias mentalidades em disputa real ou latente, que com a prossecução da história, vão tomando alternadamente a orientação do conjunto. É necessário compreender o modo como se processa tal fenómeno, já que, muitas vezes, podem tomar-se como características de um povo aspectos culturais de uma só região. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

25 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (8) Ainda pode acontecer que tomemos por cultura nacional as características duma classe que deixou de ser a expressão superior de todo o povo, para ser tão-só uma autocracia que impõe a esse povo normas de conduta e cuja cultura não corresponde à personalidade-base da nação. Existem povos cuja homogeneidade das partes que os integram e a colaboração extensiva de indivíduos de todas classes, por um elevado nível de instrução geral, tornam particularmente simples o estudo da sua cultura. É este o caso da Holanda e das nações escandinavas. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

26 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (9) Noutros casos, as diferenças regionais muito vincadas impossibilitaram ou constituíram entraves à unificação, que só se fez tardiamente ou por imposição mais ou menos forçada de uma dessas regiões sobre as outras. Constituem exemplos deste caso a Alemanha e a Itália, onde ainda hoje se conservam dialectos e formas de cultura superior que são simplesmente regionais. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

27 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (10) De qualquer forma, a unificação das nações com regiões culturais heterogéneas tem de se apoiar num vigoroso elemento polarizador das energias nacionais. A maior parte das vezes esse elemento é político e resulta de uma imposição, mais ou menos violenta, dos padrões de cultura duma província às outras que com ela formam um conjunto nacional. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

28 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (11) Na Alemanha foi a Prússia e em Espanha Castela que cumpriram esse papel unificador. Portugal, no entanto, apresenta uma interessante particularidade de unificação. «Embora a origem da Nação se deva também à política, à vontade dum príncipe, que naturalmente se aproveitou de certas aspirações de independência latentes nas populações de Entre Douro e Minho, a unificação e a permanência da Nação deve-se ao mar.» [Dias] História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

29 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (12) Foi o Atlântico um grande reclamo que aglutinou no litoral a maior densidade de população portuguesa do Norte, criando como que um vácuo para o interior. «Desde Caminha a Lisboa estabeleceram-se inúmeras amarras que defenderam Portugal da força centrípeta de Castela. Mas foi sobretudo o estuário do Tejo, esse forte abraço do mar com a terra, que definitivamente presidiu aos destinos de Portugal.» [Dias] História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

30 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (13) Não se verificou o domínio de uma região sobre as outras, antes se congregaram todas num ponto natural de convergência. É por isso que ao, contrário de Berlim ou de Madrid, capitais sitas no centro de regiões dominadoras, Lisboa, na foz do Tejo, está mais escorada no mar do que na terra. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

31 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (14) Acresce ao que ficou acima dito, Lisboa ser formada por habitantes provenientes de todas as províncias do País, quase sem predomínio de nenhuma delas. A este facto deve Portugal certa homogeneidade cultural permanente, para Jorge Dias. Todavia, não se pode escamotear o facto de existirem ainda hoje, a par da cultura nacional, regiões naturais muito bem determinadas, com culturas próprias bem caracterizadas. Resultado, não só de condições ambientais diversas, como de ascendência cultural e possivelmente ética distinta. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

32 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (15) «Convém recordar que muitas características atribuídas aos Portugueses não passam de meros aspectos culturais duma só região.» [Dias] Se é certo que existe uma cultura com fundas raízes, também é verdade que nem todos nela participam, uma vez que, por razão de educação e instrução, boa parte da população (sobretudo rural) apreende sobretudo a cultura tradicional da sua região. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

33 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (16) A cultura nacional é uma manifestação do espírito colectivo e resulta da combinação de múltiplos elementos. No instante em que na combinação ingressem elementos novos, ou faltem outros, o composto que daí resulta já não pode ser o mesmo. O que resulta não é a soma de todos os elementos, mas um corpo novo, com características próprias. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

34 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (17) Ou seja, se a cultura de um povo encerra em si, transformados, todos os elementos que a constituem – culturas locais – nem por isso esses elementos, tomados isoladamente, permitem compreender o conjunto. No caso particular português, a cultura superior não é igualmente um somatório das diferentes culturas regionais, mas uma integração destas, de que resultou uma coisa nova na qual elas estão contidas, embora transformadas por uma espécie de fenómeno de sublimação espiritual. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

35 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (18) Enquanto a cultura local tem uma índole quase ecológica e resulta do conflito entre a vontade do homem, o ambiente e a tradição, a cultura superior transpõe esse conflito para o plano espiritual, uma vez que o ambiente natural é substituído pela história. «Os factores mesológicos (i.e. parte da biologia que trata das relações entre os organismos e os meios em que eles vivem) continuam a actuar, mas de uma maneira menos visível e, em parte, já contidos nas culturas regionais, que dão o seu contributo para a cultura superior.» [Dias] História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

36 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (19) Deve-se, assim, analisar cautelosamente as partes sem cair no erro de as tomar pelo todo. É possível que os povos de outros países (Brasil, EUA, França e Marrocos) tenham uma ideia dos portugueses que corresponde essencialmente ao Minhoto, ao Transmontano, ao Beirão, ao Açoriano ou ao Algarvio, etc. e não ao Português-base. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

37 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (20) Ainda que a Reconquista se tivesse processado no sentido Norte-Sul e muitos territórios tivessem sido povoados com gente do Norte – ou esta se tivesse misturado em proporções variáveis com populações autóctones – tal não obstou a que se formassem regiões culturais distintas. Contribuiu para isso o substrato cultural anterior, bem como a acção dos agentes naturais, distintos nas várias regiões. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

38 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (21) «Se os factores mesológicos são insuficientes para explicar os fenómenos culturais, nem por isso podemos negar a sua acção profunda.» [Dias] Para Jorge Dias, a cultura portuguesa tem um carácter essencialmente expansivo, determinado em parte por uma localização geográfica que lhe confere a missão de «estreitar os laços entre os continentes e os homens.» História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

39 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (22) Todavia, a expansão portuguesa, ao contrário da espanhola, é mais marítima e exploradora do que conquistadora. Desde muito cedo existem notícias de navegadores portugueses e, entre as medidas de fomento comercial-marítimo, avulta a criação da bolsa de mercadores, por D. Dinis (1293), e da Companhia das Naus, que veio a ser a primeira companhia de seguros marítimos (séc. XIV). História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

40 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (23) A força de atracção exercida pelo Atlântico, «esse grande mar povoado de tempestades e de mistérios, foi a alma da Nação e foi com ele que se escreveu a história de Portugal.» [Dias] Já seriam visíveis, na literatura portuguesa medieval, motivos marítimos em profusão, que estariam ausentes de qualquer outra literatura latina. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

41 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (24) Mas só depois de os portugueses terem realizado o grande empreendimento dos descobrimentos é que a arte portuguesa atingiu o seu paroxismo, enquanto glorificação das empresas marítimas. Os quatro pilares do génio criador português segundo Jorge Dias são: Os Lusíadas, os Jerónimos, o Políptico de Nuno Gonçalves e os Tentos de Manuel Coelho. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

42 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (25) Para Dias estas são quatro formas de expressão, sumamente superiores e originais, dum povo que por mais de um século sulcou todos os mares e se enlevou perante as naturezas mais variadas e exóticas. Se é certo que a situação geográfica portuguesa contribuiu indubitavelmente para a índole expansiva da cultura portuguesa, ela só por si é insuficiente para explicar tudo. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

43 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (26) A este factor temos de juntar a feição psíquica portuguesa e a maneira como esta actuou perante as circunstâncias. «A personalidade psicossocial do povo português é complexa e envolve antinomias (contradições) profundas, que se podem talvez explicar pelas diferentes tendências das populações que formaram o País.» [Dias] História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

44 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (27) A nível geográfico, Portugal representa um ponto de convergência natural das linhas de navegação entre Europa, África e a América. A nível étnico, a sua população é formada pela fusão de elementos do Norte e do Sul. A despeito da relativa homogeneidade hodierna da população, no Norte do País abundam elementos da Europa Setentrional e Central (celtas e germanos), ao passo que no Sul prevalecem os elementos do Sul da Europa e do Norte de África (mediterrâneos e berberes) História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

45 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (28) A situação geográfica de Portugal, no extremo sudoeste da Europa e perto de África, parecia destinar o país a servir de charneira das mais variadas raças. Umas oriundas dos confins do Mediterrâneo, como os Fenícios (atingiram o Atlântico no século XI a. C.), que lhe disputaram os portos, outros do extremo norte, como os Normandos, que lhe invadiram as costas (séc. IX d. C.). Contudo, a influência destes povos foi superficial e limitou-se ao litoral. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

46 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (29) As invasões celtas, sobretudo a partir do séc. VI a. C. foram mais importantes. «Estes povos, senhores da técnica do ferro e da superioridade militar e económica que daquela derivava, acabaram por se fundir com a raça autóctone.» [Dias] Os Lusitanos, que derivaram desta fusão, eram um povo rude, sóbrio e surpreendentemente resistente e aguerrido. Os Romanos quando pretenderam conquistar a Península Ibérica, viram abortar umas atrás das outras as tentativas para os dominar. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

47 Conquista romana da península ibérica Fonte: wikipédia
História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

48 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (30) Só mais de um século após, com a vinda de Augusto à Península, foi possível submeter, em 29 a. C., este povo indómito que teve em Viriato (?-139 a. C.), cujas campanhas chegaram a atingir o Norte de África, o seu herói. Quando os povos bárbaros, romperam o limes (fronteira) e começaram a invadir o império romano em hordas sucessivas, a estrutura étnica e cultural das populações do nosso território sofreu de novo uma transformação. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

49 Invasões Bárbaras do Império Romano Fonte: wikipédia
História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

50 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (32) No dealbar do séc. V, os Suevos distribuem terras entre si e fixam-se na actual província do Entre-Douro-e-Minho. Estes povos que partiram pouco tempo antes do coração da actual Baviera, trouxeram com as suas mulheres e filhos os usos e costumes e as técnicas agrárias do seu país. Paulatinamente, fundem-se com as populações anteriores, formando um reino que tinha Braga como capital. O reino dos Suevos sucumbe às investidas dos Visigodos, seus irmãos de sangue, mas mais pragmáticos nas artes da guerra e da política. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

51 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (33) Os Visigodos acabam por dominar toda a Península, durante o século VI d. C., constituindo um grande reino cristão. Sem embargo, logo nos inícios do século VIII, em 711, os Árabes, impelidos por um vivo impulso religioso, lançam-se na Península e conquistam-na a uma velocidade vertiginosa. Porém, à medida que ampliam o seu domínio, vão perdendo ímpeto e, ao fim de alguns anos, o núcleo de resistência cristã, formado nas Astúrias (norte da Península Ibérica) começa a rechaçar o inimigo. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

52 Invasão muçulmana da Península Ibérica (711-714) Fonte: wikipédia
História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

53 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (34) Desta forma, vão se formando novos reinos cristãos, entre os quais Portugal. O nosso País nasce desta peleja contra os Mouros. Trata-se de uma guerra política e religiosa. «Enquanto se reconquista o solo da Pátria expulsa-se o inimigo da Fé. Atrás do conquistador vai logo o lavrador e constrói-se o templo.» [Dias] História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

54 Reconquista Cristã Fonte: wikipédia
História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

55 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (35) Em 1249 cessava a luta, com a conclusão da conquista do Algarve. Nesta altura já se havia repovoado boa parte dos territórios e, além de inúmeras capelas românicas, já se haviam erguido as Sés de Braga, Porto, Coimbra, Lisboa e Évora. Havia chegado o momento de ir mais além. Não no espaço, que não sobejava, mas na organização interna do país. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

56 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (36) «Os reis que se seguem cuidam das letras, da justiça, e promovem medidas de fomento agrícola e de alcance marítimo. Em 1290 fundam-se os Estudos Gerais, o embrião da Universidade portuguesa. Nos finais do séc. XIII Portugal já exportava cereais.» [Dias] Algum tempo depois, os nossos vizinhos espanhóis começaram a ambicionar tomar Portugal. Surgem de novo confrontos e incertezas, que cessam com a vitória decisiva dos portugueses em 1385, no campo de Aljubarrota. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

57 Representação medieval da Batalha de Aljubarrota Fonte: wikipédia
História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

58 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (37) Esta afirmação da força nacional parece ter despertado novas energias e toma forma a ideia de afrontar o inimigo de tantos séculos no norte de África. Nesta altura, Portugal já dispunha de embarcações que lhe possibilitavam empreender uma expedição militar ao Norte de África e, em 1415, conquistar Ceuta aos Mouros. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

59 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (38) Era o início do período de expansão marítima. Em descobre-se a ilha da Madeira, seguindo-se os Açores, depois prossegue-se a exploração da orla costeira africana, com o fito de chegar à Índia pelo mar, ao mesmo tempo que se enviam exploradores por terra. «Desde então, até aos nossos dias, toda a cultura portuguesa está impregnada de influências marítimas e ultramarinas.» História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

60 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (39) A história de Portugal testemunhou um período excepcionalmente glorioso, que agora definitivamente pertence ao passado. Uma das nações mais pequenas da Europa governou um dos maiores impérios de sempre e teve a maior armada da época. Portugal já há muito perdeu a sua preponderância à escala global. A grandeza e a decadência das nações tanto se devem à evolução íntima do seu povo como à trama dos acontecimentos. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

61 Descobrimentos e explorações portuguesas Fonte: wikipédia
História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

62 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (40) Jorge Dias procede agora à definição das constantes culturais do povo português, fá-lo cotejando as características culturais actuais com aquelas que a história nos proporciona, em função da sua personalidade-base. A religiosidade do português apresenta um fundo humano que nos é peculiar. Não tem o carácter abstracto, místico ou trágico peculiar ao espanhol, mas possui uma firme fé no milagre e nas soluções milagrosas. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

63 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (41) O português evidencia uma extraordinária capacidade de adaptação a todas as coisas, ideias e seres, sem que tal envolva uma perda de carácter. Foi este aspecto que lhe permitiu conservar sempre a atitude de tolerância (esta afirmação de Dias é discutível) e que conferiu, de acordo com aquele antropólogo, um timbre único à colonização portuguesa: a assimilação por adaptação. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

64 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (42) O português carece também da exuberância e da alegria espontânea e ruidosa dos povos mediterrâneos. É mais inibido do que os outros meridionais pelo grande sentimento do ridículo e receio da opinião alheia que evidencia. O português comunga de um estado de alma sui generis a que designa saudade. A saudade umas vezes é um sentimento poético de fundo amoroso ou religioso que se compraz na repetição das mesmas imagens ou sentimentos. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

65 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (43) Outras vezes é a avidez incessante da distância, de outros mundos, outras vidas. «A saudade é então a força activa, a obstinação que leva à realização das maiores empresas.» Em épocas de desânimo e de desaire, a saudade toma um matiz especial, em que o espírito se nutre morbidamente das glórias pretéritas e sucumbe ao fatalismo, que tem como eminente expressão o fado, canção citadina, cujo nome advém do étimo latino fatu (destino, fadário, fatalidade). História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

66 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (44) Na nossa história, em épocas excepcionais, quando os acontecimentos históricos puseram à prova o valor do povo, ou lhe franquearam perspectivas novas, que o insuflaram de esperança, então surgiram por si, naturalmente, as melhores obras do seu génio. No entanto, em épocas de estagnação, irrompe a apatia do espírito ou sucumbe-se à saudade negativa, espécie de intensa melancolia, como é visível em diversas épocas da nossa história. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

67 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (45) Épocas em que, no entender de Jorge Dias, se verifica o temperamento expansivo e dinâmico do Português: Os Lusitanos foram um exemplo de povo permanentemente envolvido em lutas sem remissão; Na Idade Média nas lutas da Reconquista contra os Mouros; História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

68 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (46) Nas viagens dos descobrimentos e de colonização; A série de revoluções intestinas do séc. XIX e princípios do séc. XX atestam o fundo de constante desassossego e actividade que são sempre guiadas por um ideal; História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

69 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (47) Assim, nas lutas de Reconquista não se pretendia só reaver o solo que os Muçulmanos haviam tomado, lutava-se também por um ideal religioso, expulsando um inimigo da Fé. A grande empresa dos descobrimentos visa desvendar o caminho marítimo para a Índia e os negócios das especiarias porém, além de se pretender expandir o Império, procura-se dilatar a Fé. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

70 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (48) «Nunca soubemos separar o sonho da realidade, ao contrário do inglês, que procede friamente, orientado pelo sentido prático.» [Dias] O maior desaire da história pátria, a desastrosa campanha de Alcácer Quibir (1578) em que desapareceu D. Sebastião com o escol militar do tempo, não passou de um grande sonho vivido com consequências trágicas. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

71 Cenário da Batalha de Alcácer Quibir Fonte: wikipédia
História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

72 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (49) Acresce que «o desprezo pelo interesse mesquinho e o gosto pela ostentação e pelo luxo nunca nos permitiram o aproveitamento eficaz das grandes fontes de riqueza explorada.» [Dias] Os tesouros não se demoravam nas nossas mãos, os povos mais práticos e dotados de espírito capitalista (Holandeses e Ingleses) eram mais bem sucedidos na sua acumulação. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

73 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (50) Soubemos mercadejar, mas carecemos de espírito capitalista. No século XVI, quando Lisboa era um grande empório do mundo, sob a rutilância do luxo já se escondia a miséria. O gosto pelas jóias, pela pompa, pelo luxo, é uma constante da nossa cultura. Como exemplos ilustrativos temos: História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

74 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (51) A embaixada de Tristão da Cunha ao papa – percorreu as ruas de Roma numa extravagante procissão onde se avistavam animais selvagens das colónias e riquezas das Índias; A pompa do reinado de D. João V, que ergueu o convento de Mafra com o ouro proveniente do Brasil. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

75 Litografia do Palácio Nacional de Mafra (1853) Fonte: wikipédia
História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

76 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (52) Em Portugal, mesmo «as pessoas modestas, cujas casas são despidas do mínimo conforto, andam nas ruas vestidas com elegância ou com luxo». «O nosso luxo não é um requinte que resulte do conforto, é-lhe quase o oposto; é mero produto da imaginação, e não dos sentidos.» [Dias] Para Dias, outra idiossincrasia da cultura portuguesa é o profundo sentimento humano, que se baseia no temperamento afectivo, amoroso e bondoso. Para o nosso povo o coração é a medida de todas as coisas. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

77 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (53) Este sentimento estaria presente em todas as classes sociais lusas. Dias aduz o exemplo da grande paixão de D. Pedro por D. Inês de Castro, que nem a morte logrou desvanecer e que ainda hoje serve de motivo poético e impressiona as sensibilidades. Na literatura constitui bom exemplo a poesia medieval, tão sentida e genuína, em que amiúde se canta o amor de uma mulher pelo homem. A lírica de Camões é outra exaltação da emoção. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

78 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (54) As Cartas Portuguesas de Soror Mariana Alcoforado frementes de incandescente paixão, os sonetos de Florbela Espanca, as poesias de João de Deus e muitos outros, sem esquecer a esplêndida poesia popular, também ela fortemente infundida deste sentimento amoroso. A afectividade portuguesa é ainda sentida em relação aos parentes, aos amigos e aos vizinhos: «o português não gosta de ver sofrer e desagradam-lhe os fins demasiado trágicos.» [Dias] História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

79 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (55) Para Dias, esta nossa característica poderá explicar a pobreza do género dramático entre nós (excepção feita a Gil Vicente). Este aspecto seria constatável também nas touradas portuguesas em que o touro não morre e vem para a arena embolado, para não ferir os cavalos e o toureiro. O espectáculo perdeu a intensidade dramática que tem em Espanha. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

80 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (56) Acresce que Portugal foi dos primeiros países a abolir a pena de morte, possivelmente como consequência desse modo de ser. Este sentimento humano tem como representantes na literatura, por exemplo, Augusto Gil, João de Deus, Júlio Dinis, Trindade Coelho e António Nobre. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

81 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (57) O português é avesso a soluções trágicas e não é vingativo. Excepção feita ao crime passional, são raros em Portugal os homicídios perversos que se verificam, por exemplo, na Europa do norte. A própria religião tem o mesmo pendor humano, acolhedor e pacífico. Nas aldeias portuguesas não se erigem igrejas desmesuradas e austeras, tão próprias da paisagem espanhola, que de tão ingentes elidem a nota humana. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

82 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (58) A igreja portuguesa «é sempre um templo acolhedor, habitado por santos bons e humanos. Não se vêm os Cristos lívidos e torturados de Espanha. A sensibilidade portuguesa não suporta essa visão trágica e dolorosa.» [Dias] Este sentimento humano e terreno da nossa religiosidade acha-se patente, para Dias, na grande expansão do românico e na falta de absorção do estilo gótico. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

83 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (59) O português nunca sentiu esse profundo êxtase místico, esse anelo de ascensão que caracteriza o gótico. Na generalidade dos monumentos arquitectónicos caracteristicamente portugueses perdura uma certa densidade de pilares, uma nítida tendência para a profundidade e para a horizontalidade, oposta à ânsia ascensional do gótico. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

84 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (60) O espírito português é contrário às grandes abstracções, às grandes ideias que sobrelevam o espírito humano, como se pode comprovar pela falta de grandes filósofos e grandes místicos de que a nossa nação enferma. «Foi no clima de exaltação dos descobrimentos marítimos que os elementos psíquicos díspares da população portuguesa se fundiram e alcançaram as suas expressões mais elevadas.» [Dias] História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

85 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (61) Como vimos atrás, o Atlântico sempre exercera um grande fascínio sobre as populações costeiras, ao passo que as do interior se seguravam com afinco à solidez da terra conquistada. Nas medievas cantigas de amigo já se desprendia um aroma a maresia. Os portugueses empreendem a grande aventura dos descobrimentos e desviam a civilização do Mediterrâneo para o Atlântico, mudando o curso à história universal. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

86 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (62) O velho do Restelo, personagem d’ Os Lusíadas, era o homem da terra em face da temeridade marítima. Entretanto, em 1425 e 1439, a Madeira e os Açores começam a ser colonizadas. Em 1498, Vasco da Gama descobre o caminho marítimo para a Índia e em 1500, Pedro Alvares Cabral chega ao Brasil. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

87 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Planisfério de Cantino (1502) – a mais antiga carta portuguesa conhecida Fonte: wikipédia História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

88 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (63) O profundo sentimento da natureza, já evidente na Lírica Medieval e na Menina e Moça (séc. XVI, escrita por Bernardim Ribeiro), prospera em contacto com os grandes horizontes abertos, com as tempestades e com os mundos exóticos, habitados por animais e gentes estranhas. Os Lusíadas, que haviam fascinado Humboldt (geógrafo, naturalista e explorador alemão do séc. XVIII e XIX) pelo seu desmedido deslumbramento ao descrever os fenómenos marítimos, são o grande poema do mar. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

89 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (64) O mosteiro dos Jerónimos, enquanto expressão arquitectónica superior da religiosidade portuguesa, é sublime pela sua decoração naturalista, inspirada em motivos marítimos e na exuberância da vegetação exótica. «O antigo sentimento da natureza, que só encontra até então expressão poética, transporta-se agora para a forma plástica. Os templos enchem-se de elementos da natureza, impregnados de sentido religioso, de evocações de mundos longínquos e estranhos e dos mistérios do mar.» [Dias] História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

90 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Mosteiro dos Jerónimos em Belém, Lisboa (coluna do claustro) Fonte: wikipédia História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

91 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (65) A alma portuguesa possui um fundo contemplativo que se deleita na repetição ou na imobilidade da imagem. Uma das características principais da saudade é justamente essa fixidez da imaginação que, por intensidade, se pode estabelecer como ideia motriz e levar à acção. A poesia medieval evidencia esse mesmo imobilismo dos quadros que se repetem. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

92 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (66) Acresce que, até à actualidade, a literatura portuguesa conservou o seu cunho lírico. A nossa vocação para o género épico e dramático foi sempre inferior. Para Dias, até os Lusíadas valem muito pelo seu carácter lírico. Nos romances actuais também escasseia a acção. Na música repete-se o mesmo fenómeno. Em grande parte dos compositores notamos imobilismo na adesão a um pequeno número de desenhos musicais invariáveis, e às sequências obstinadas. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

93 História Geral das Civilizações
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (67) Duarte Lobo, foi um dos expoentes máximos do estilo polifónico português. Este ostinatismo que encontramos na música erudita portuguesa e que, de acordo com Dias, parece ter influenciado a música europeia da época, é uma das facetas do temperamento português, que podemos confirmar noutras manifestações artísticas. Ostinato - termo italiano, mas de uso corrente na linguagem técnica musical, para designar a repetição frequente de um tema ou desenho característico. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

94 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (68) As canções corais alentejanas e minhotas, no entender de Dias, no seu âmago representam também a ideia do ostinato, mas a sua real origem deve residir na alma contemplativa e obstinada dos portugueses. Foi esta obstinação que tornou possível a concretização de um sonho que parecia superior às forças daqueles que o lograram. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

95 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (69) O português enferma também de um forte sentimento de individualismo. «Enquanto que a personalidade anglo-saxónica ou germânica não colide geralmente com os interesses sociais e só preza a sua liberdade íntima, o português, da mesma maneira que o espanhol, tem uma forte ânsia de liberdade individual, que muitas vezes é anti-social.» [Dias] História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

96 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (70) A essência humana do português fá-lo ser excepcionalmente solidário com os seus vizinhos, daí que haja poucas regiões na Europa onde o espírito comunitário e de auxílio mútuo esteja tão arreigado. Porém qualquer organização geral que coarcte as liberdades individuais motiva de imediato um movimento de reacção em que todos são solidários (e.g. normas de trânsito). História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

97 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (71) Portugal padece também do facto de ser um dos estados mais burocratas da Europa. O funcionário subalterno atém-se à letra da lei sem procurar compreender-lhe o espírito. Por outro lado, o português manifesta também uma tendência para sobrepor a simpatia humana às normativas legais, o que faz com que a vida social e pública rode em torno do empenho ou do pedido de qualquer amigo. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

98 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (72) Pede-se para ser aprovado nos exames, para ficar isento do serviço militar, para conseguir emprego, para ganhar uma questão, enfim, para superar todas as adversidades da vida. Para Dias, a sobreposição dos valores humanos ao lucro e ao que é utilitário ajuda a explicar muitos acontecimentos da nossa história e entender muitos aspectos da sociedade moderna, constituindo esta mentalidade uma negação do espírito capitalista. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

99 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (73) Nas empresas e indústrias nacionais existem inúmeros casos de absoluta ausência de racionalização. O português compraz-se em projectos vagos, «castelos no ar que não pensa realizar. Mas no seu íntimo alberga uma certa esperança de que as coisas aconteçam milagrosamente.» [Dias] História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

100 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (74) Esta inabalável fé no milagre – veja-se o sucesso entre nós do euromilhões! – tem no sebastianismo a sua faceta mais evidente. Todos esperavam que o rei D. Sebastião, morto em África (†1578) aparecesse numa manhã de nevoeiro montado no seu cavalo de guerra. A imaginação onírica, a má vontade em relação à limitação que a razão impõe e a crença milagreira conduzem frequentemente o português a situações intrincadas, de que se livra pela sua invulgar capacidade de improvisação. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

101 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (75) «O facto de se repetirem tais situações deve explicar-se pela confiança que o português tem na facilidade das soluções de última hora.» [Dias] Esta capacidade inata de adaptação do português é uma das invariáveis da alma portuguesa. O português adapta-se aos climas, a profissões, a culturas, a idiomas e a gentes de maneira excepcional. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

102 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (76) O português adapta-se a outro meio cultural tão bem que parece ter sido assimilado; mas regressa a Portugal e num átimo já não se diferencia dos demais. Enquanto que o inglês permanece inglês em toda a parte e o alemão quando deixa de o ser dificilmente volta a tornar-se germânico, o português aderiu ao provérbio que diz: em Roma sê romano – mas só enquanto está em Roma. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

103 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (77) «A capacidade de adaptação, a simpatia humana e o temperamento amoroso são a chave da colonização portuguesa. O português assimilou adaptando-se.» É a propalada propensão para a miscigenação do português. Como já vimos, o português é bem menos extrovertido, ruidoso e exuberante que os demais povos latinos. Ademais o português é coibido por uma forte sentimento do ridículo, receando ser vítima de ironia ou troça. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

104 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (78) Aliás, a ironia está profundamente enraizada na cultura portuguesa: desde as cantigas de escárnio e maldizer da Idade Média até à ironia dum Eça de Queiroz há todo um conjunto de gradações. «Temos a ironia benévola de Gil Vicente, a mordente de Nicolau Tolentino e de Bocage e a ironia pungente e sarcástica de Fialho e de Camilo.» História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano

105 História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano
Fundamentos da cultura portuguesa – a visão etnológica de Jorge Dias (79) Em jeito de conclusão, os portugueses são um povo difícil de governar. Os seus defeitos podem também ser as suas virtudes e vice-versa, de acordo com o momento que vive. História da Cultura Portuguesa IPCA - GAT: 2º ano


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