UMA HISTÓRIA ENTRE A ÁFRICA E O BRASIL EM QUATRO EPISÓDIOS Conferência de Abertura da XII Jornada de Ciências Sociais “Conexões Africanas” Prof. Dr. Lívio.

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Transcrição da apresentação:

UMA HISTÓRIA ENTRE A ÁFRICA E O BRASIL EM QUATRO EPISÓDIOS Conferência de Abertura da XII Jornada de Ciências Sociais “Conexões Africanas” Prof. Dr. Lívio Sansone (Universidade Federal da Bahia) 20/10/2015

Para aprender ler a historia do Brasil junto com aquela da África e para tentar fazer uma historia do mundo e uma pratica das ciências sociais autenticamente universal. Proponho focar em quatro importantes episódios

Episodio 1. O Congresso de Berlim

ATA GERAL REDIGIDA EM BERLIM EM 26 DE FEVEREIRO DE 1885 entre a França, a Alemanha, a Áustria-Hungria, a Bélgica, a Dinamarca, a Espanha, os Estados Unidos, a Grã- Bretanha, a Itália, os Países Baixos, Portugal, a Rússia, a Suécia, a Noruega e a Turquia, para regulamentar e liberdade do comércio nas bacias do Congo e do Níger, assim como novas ocupações de territórios sobre a costa ocidental da África. Em nome de Deus Todo- Poderoso, S. M. Imperador da Alemanha, Rei da Prússia; S. M. Imperador da Áustria, Rei da Boêmia etc., e Rei apostólico da Hungria: S. M. Rei dos belgas; S. M. Rei da Dinamarca; S. M. Rei da Espanha; o Presidente dos Estados Unidos da América; o Presidente da República Francesa; S. M. Rainha do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda, Imperatriz das Índias; S. M. Rei da Itália; S. M. Rei dos Países Baixos, Grão-Duque de Luxemburgo etc.; e S. M. Rei de Portugal e de Algarves etc.; S. M. Imperador de todas as Rússias; S. M. Rei da Suécia e Noruega etc.; e S. M. Imperador dos Otomanos. Querendo regular num espírito de boa compreensão mútua as condições mais favoráveis ao desenvolvimento do comércio e da civilização m certas regiões da África, e assegurar a todos os povos as vantagens da livre navegação sobre os dois principais rios africanos que se lançam no Oceano Atlântico; desejosos, por outro lado, de prevenir Os mal-entendidos e as contestações que poderiam originar, no futuro, as novas tomadas de posse nas costas da África, e preocupados ao mesmo tempo com os meios de crescimentos do bem-estar moral e material das populações aborígines, resolveram sob convite que lhes enviou o Governo Imperial Alemão, em concordância com o Governo da República Francesa, reunir para este fim uma Conferência em Berlim,

Novos centros, que terão que mandar e colonizar, e novas periferias, que terão que ser colonizados e “mandados”. Estabelece um único fuso horário, quando tinha bem quatro. A hora zero é em Londres, Greenwhich Estabelecem quais seriam os climas ideais e os climas tórridos e menos indicado para o intelecto

1889: três dilemas para as elites brasileiras 1. o Pais é tropical – e o os Trópicos seriam o tumulo do homem branco 2. Há muitos, demais, brasileiros de origem africana – educa-lo seria o fardo do homem branco 3. Há demais mestiços. Os mestiços não cabem na geografia racial do mundo da época: com uma “grande raça” por cada continente. Nosso povo é um problema, não dá para combinar com o ideal de Ordem e Progresso da Primeira Republica

A religião da raça

Um geografia racial do mundo, uma grande raça em cada continente – como nos mapa mundi

Do povo como problema para o povo como solução Nos anos de 1930 há uma releitura da noção de povo, dentro do projeto nacional popular de Vargas. Inventa-se o Afro A africanidade de parte importante do povo, pode ser, paulatinamente e seletivamente, celebrada Samba, capoeira e candomblé são considerado parte da cultura nacional 1938: o primeiro tombamento do IPHAN é de objetos relativos à cultura afro-brasileira, de posse do Museu da Policia Civil no Rio

Episodio 2: A formalização do apartheid em 1948, a declaração sobre a raça da UNESCO em , e a pesquisa sobre ralações raciais no Brasil promovida pela UNESCO

As relações raciais no Brasil se tornam um exemplo de convívio para o mundo Democracia racial: um termo nefasto para o Brasil, mas talvez útil para a paz no mundo

Episodio 3. A politica externa independente do Brasil em Do alinhamento com os Estados Unidos, a OTAN e Portugal para o eixo tricontinental. Mudar de horizontes internacionais e incluir a África nas relações internacionais, é pensar em outro Brasil. Freyre reacionário, mas existe também um Freyrianismo progressista, que se refere ao primeiro Freyre. O Brasil procura uma outra identidade, como potencia (e, até o golpe, democracia) nos Trópicos.

Episodio 4. A descoberta do SUL-SUL Cooperação: o Brasil passa as ser de pais recebedor de apoio a pais que concede apoio. Isto corresponde a uma revolução copernicana, para a qual não estamos ainda prontos. Jogo de espelhos: Somos fortes, porque já fomos fracos: BRICS Pesquisa comparativa internacional: exportando metodologia para resolver problemas (Bolsa família, agricultura familiar, orçamento participativo, remédios genéricos), mas também problemáticas (desigualdades, violência, doenças associadas a pobreza). Oportunismo capitalista: a procura de marcados ainda relativamente abertos, a África é o continente com mais possibilidade de crescimento econômico Solidariedade: temos uma divida histórica coma África. A empatia não se busca mais com recursos inspirados por Freyre, mas no fato de compartilharmos a mesma latitude politica e econômica. Tudo isso deveria corresponder a profundas mudanças na geopolítica do conhecimento: Da obsessão vertical para a curiosidade horizontal: um processo complexo

África de ônus para bônus. Resultado de um conjunto de fatores. Quotas Lei Terras para quilombolas Grande aumento dos componentes do Patrimônio intangível associados ás culturas afro-brasileiras Aumentos da abrangências dos programas PEC G e PG UNILAB Aumentos dos estudos africanos (graças ao Pro-Africa, Progama Capes/AULP etc)

Fluxos de símbolos e projetos No segundo é a necessidade de produzir modelos de relações raciais e mistura racial baseados na harmonia entre os extremos, mais do que na radicalização: os horrores do nazismo e da guerra, as trepidações étnicas que se anunciam - com a partição da Índia - nos futuros estados pós-coloniais, a espinho que o apartheid enfia nos processo de descolonização, a alvorada da Guerra Fria, tudo isso clama por modelo positivos de convívio. No terceiro o elo a o desejo de reescrever a historia do mundo a partir dos países subdesenvolvidos, traçando um caminho em parte em comum. No primeiro episodio é a biblioteca colonial que une o Brasil e a África. Finalmente, no quarto episodio, o elo vem a partir da tentativa do Brasil de Lula redefinir o lugar deste pais como potencia tropical e do hemisfério Sul, criando novas regras e novos espaços, e procurando empatia a partir do fato deste ser um pais que estava a resolver, pelo menos em parte, seus grandes problemas sociais. Nesta ultima fase o provo brasileiro já é um bônus, é o povo que precisamos, que deve ser educado e triando, mas que contem em si todas as qualidades.