Autor: Viviane da Rocha Instituição: Faculdade Mário Schenberg – Grupo Lusófona Brasil - Cotia SP - 2011 Pós-Graduação em Supervisão Pedagógica e Formação.

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Transcrição da apresentação:

Autor: Viviane da Rocha Instituição: Faculdade Mário Schenberg – Grupo Lusófona Brasil - Cotia SP Pós-Graduação em Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores com acesso ao Mestrado Europeu em Ciências da Educação Docente Responsável - Profª Dra. Maria Regina Peres

Você não sabe O quanto eu caminhei Pra chegar até aqui... (GARRIDO; LAZÃO; DA GAMA; BINO. A Estrada ) Sou Viviane da Rocha, filha de Maria do Carmo Rocha e de Idalino Rodrigues da Rocha. Tenho uma irmã chamada Vivian e um irmão chamado Ivan e moro na cidade de Cotia com os meus pais. Nasci no dia 08 de fevereiro de 1982, façam as contas... Aquariana, tímida, sensível e paciente. Disposta sempre a lutar por boas causas, sonhar e ter sempre comigo meus amigos e minha família.

Hoje sou professora, um sonho que não veio da infância, mas que me realiza hoje na vida adulta. Estudei em escola pública, iniciei na creche com 5 anos, mas não completei o Jardim I, chorava e me escondia debaixo da cama para não ir para a “escolinha”. As poucas lembranças que tenho são da professora com uma régua de madeira na mão andando entre as crianças, deitadas em colchonetes no chão tendo que dormir, mesmo sem estar com sono. Aos 7 anos inicie a 1ª série na E.E. Fernando Nobre com a professora D. Olivia, de quem tenho boas e más recordações.

Quadro A Leitora ( ) de Jean- Honoré Fragonard Tenho o privilégio de me lembrar de como aprendi a ler: com um quadro que havia em minha casa e um poema para as mães. Naquele momento, as palavras ganharam sentido em minha vida. Sempre fui boa aluna, comportada, quietinha, estudiosa e muito orgulhosa por nunca ter repetido nenhuma série, no tempo em que “repetir o ano” existia. Os professores eram rígidos e muito exigentes, a disciplina era mantida com advertências e a tão temida expulsão da escola. Todos temiam o último banco do pátio, que ficava em frente à diretoria, e era destinado àqueles que aguardavam os pais para uma conversa com a diretora.

Ao concluir a 8ª série mudei de escola, o que foi muito difícil para mim. Depois de viver 8 anos no mesmo lugar, com os colegas, alguns que estudei desde o primeiro ano, que cresceram comigo, chegara a hora de ir cada um para um lado e eu não me adaptei. Fui para outra escola estadual chamada “Vinícius de Moraes”. Nesta escola, curiosamente, havia o curso Normal Superior. Lembro-me da minha mãe insistindo muito para que eu fizesse o curso, pois assim já poderia ter uma profissão e ser professora. Recusei imediatamente, não queria ser professora.

As alunas que freqüentavam o 4º ano (normal superior) eram ridicularizadas pelos outros alunos da escola, alvos de risinhos no corredor e taxadas de coitadinhas, porque estudavam para serem professoras. Ao ver aquilo pensava: eu não quero isso para mim. Nesta escola fiquei em uma sala separada de todos os meus colegas. Foram três longos anos dos quais não tenho saudades. Quase não faltava as aulas, procurava ter boas notas para poder, no final do ano, me livrar o quanto antes da escola. Os professores eram assustadores! Entravam na sala e começavam a escrever na lousa ou mandavam copiar alguma página do livro, faziam a chamada e a aula acabava, muitas vezes sem nem sequer uma explicação sobre o que fora copiado no caderno.

Nas aulas de Língua Portuguesa fui “obrigada” a ler livros para o vestibular, em matemática enfrentei as minhas maiores dificuldades: minhas primeiras notas vermelhas, a trigonometria e o Profº Pasqualini. Um professor que não permitia que colocássemos os cotovelos na mesa. Tínhamos que sentar corretamente, era proibido o uso de caneta vermelha e eram humilhados os alunos que não conseguiam nota em sua disciplina. As boas lembranças eram apenas de matérias específicas ao curso: Psicologia, Filosofia e Sociologia que realmente me agradava.

Ao terminar o ensino médio fui fazer cursinho, pensava em trabalhar com turismo, relações internacionais, biologia, enfim não tinha a menor ideia do que queria estudar. Comecei a pesquisar, fazer testes vocacionais e todos eles indicavam a área da educação ou assistência social. As ideias de mudar o mundo, de lutar por algo melhor para todos, de fazer a diferença na vida de alguém, de ajudar, sempre foram ideais que me atraiam, mas eu não sabia por onde começar.

Após pensar e ler muito a respeito optei pela pedagogia. Pensava em trabalhar em ONGs, projetos sociais ou algo do tipo. A sala de aula ainda era algo no qual não pensava. Iniciei o curso de pedagogia nas Faculdades Oswaldo Cruz, localizada Barra Funda, zona oeste de São Paulo. Lembro-me da minha formação muito centrada nos conteúdos teóricos, com discursos técnicos e de pouca experiência prática. Foram três anos de formação, com muita dificuldade para pagar as mensalidades, livros e transporte. Meu pai me ajudou a arcar com os custos da faculdade quando fiquei desempregada. Ele não gostou muito da minha escolha, dizia que professor sofria muito, ganhava pouco e que eu podia ter escolhido coisa melhor, mas respeitou a minha opção. Fui a primeira pessoa na família a conseguir uma formação em nível superior.

Acabei realizando um dos meus estágios na mesma escola onde estudei no ensino médio, agora me via no lugar daquelas alunas que faziam o curso normal superior. Mas não me importava mais! Sentia que havia feito a escolha certa, estava decidida e feliz! [...] Você verá que é mesmo assim Que a história não tem fim Continua sempre que você Responde "sim" [...] (ARANTES. Brincar de viver )

Conclui minha graduação no ano de Ainda não havia trabalhado em nenhuma escola ou diretamente com educação. Depois de concluir a faculdade comecei a procurar emprego em escolas particulares. Tive a minha primeira experiência em uma escola de educação infantil. Era a professora, a coordenadora, responsável pelo pagamento dos funcionários, fazia de tudo. Tive nesta escola minhas primeiras experiências com a alfabetização. Iniciei com uma turma de seis alunos, no que hoje seria o 1º ano do ensino fundamental. Todas as crianças foram alfabetizadas, aprenderam a ler e produzir pequenos textos. A minha prática docente começou ali!

Saí desta escola e não consegui encontrar outra colocação na área da educação. Fiquei um ano e meio procurando emprego e dando aulas particulares em casa. Consegui voltar a trabalhar, mas em outra área como atendente de um serviço de entrega de medicamentos. Permaneci lá por um ano e oito meses até conseguir ingressar no serviço público municipal de Cotia. No final do ano de 2006 foi realizado um concurso público para o cargo de professor titular no município de Cotia, era a minha oportunidade! Realizei as provas e em 2007 iniciei o meu trabalho como professora no município.

Estava muito feliz e ansiosa com o que me esperava. Pedi demissão do meu serviço e mais uma vez fui recriminada. As pessoas diziam: você vai fazer isso mesmo? Tem certeza que quer ser professora? Não é melhor você pensar mais sobre isso? As pessoas simplesmente não compreendiam o porquê da minha escolha. Eu havia estudado para aquilo, com certeza era o que queria. Fontes: Inep e Censo da Educação Superior (2004 e 2008)

Iniciei meu trabalho no dia 5 de fevereiro de 2006, com uma turma de Jardim II, em uma sala com 35 alunos na E.M. Isabel Ribeiro Leal Leite, localizada na periferia de Cotia, em um lugar que eu só conheceria realmente com o tempo. A escola era totalmente nova, tinha acabado de ser inaugurada. O primeiro dia foi assustador! Uma confusão: criança chorando, as mães querendo saber quem eram as professoras de seus filhos. Era tanta confusão que eu nem sabia para onde ir. Consegui chegar até a minha sala de aula, as crianças se sentaram e eu me apresentei: - Boa tarde a todos, eu sou a professora Viviane.

Foi nesta escola que encontrei minhas principais parceiras, companheiras de trabalho e amigas: Angela, Lisliê e posteriormente Nildes. Eu, Angela e Lisliê éramos novas na rede municipal e não tenho dúvidas em afirmar que sem elas minha trajetória seria muito mais difícil. Tornamos-nos amigas e companheiras na busca de um trabalho de qualidade, no qual realmente acreditamos. Foi um começo difícil! A falta de experiência, a falta de confiança no seu trabalho, as dúvidas que aumentavam cada vez mais. A experiência de vivenciar uma gestão autoritária, sem objetivos definidos e sem uma atuação adequada, foram desafios que muitas vezes me fizeram pensar em desistir.

Mas ao pensar no motivo de estar ali, naquela comunidade que mesmo com todas as dificuldades havia lutado para ter aquela escola no bairro para os seus filhos; a valorização do nosso trabalho, por grande parte dos pais e principalmente pelas crianças, que tinham na escola o seu único lugar para aprender, se alimentar e se divertir; fizeram-me na verdade buscar novos conhecimentos e aperfeiçoamento para o meu trabalho.

Em 2008 iniciei minha pós – graduação em Psicopedagogia Institucional, na UNIFIEO em Osasco. As inquietações, diante das inúmeras dificuldades de aprendizagens dos alunos, fizeram com que fosse necessária essa formação, para poder de alguma forma, compreender o processo aprendizagem dos alunos. Foi nesta escola também que iniciei um dos meus maiores prazeres hoje como professora: as práticas de incentivo a leitura com o projeto de rodas de leituras.

Em 2008 fomos convidadas a participar do Projeto Ecofuturo: Brincar de ler. Neste projeto vivenciamos uma oficina com professores e outros profissionais para a realização de rodas de leituras em diferentes locais, em todo o Brasil para a institucionalização do dia 12 de outubro como o Dia da Leitura, fato que foi efetivado em 2009 de acordo com a lei n.º As práticas de leituras tornaram-se um marco transformador em minha atuação como professora, tanto que passou a ser para mim objeto de investigação e pesquisa. Roda de leitura realizada em 12/10/2008 no Jd. Nova Cotia

Em 2010 mais uma nova oportunidade surge em meu caminho. Após novo concurso público, ingresso como professora adjunta, também no município de Cotia, passando a trabalhar em dois períodos. Além disso, surge a possibilidade de realização do curso de Pós-Graduação em Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores com acesso ao Mestrado Europeu em Ciências da Educação, no qual me encontro atualmente. O acesso ao mestrado foi uma oportunidade, daquelas que não se pode deixar passar. O início não foi fácil, não que tenha melhorado com o tempo, acho que cada vez se torna mais desafiador e também arriscado.

Dentro dos vários módulos apresentados até aqui o de Modelos e Práticas de Formação de Professores vem apresentando aspectos que explicitam a formação docente no Brasil e em Portugal, levantando os seus pontos históricos e os paradigmas que estão emergindo na formação de professores. A formação inicial e continuada dos professores em busca de uma formação reflexiva, baseada na proposta de Schön (1983), passa a apontar na formação do futuro profissional a necessidade de incluir a reflexão a partir de situações práticas reais, ou seja, da sua realidade, tornando-se um novo desafio, tanto para a formação de docentes, quanto para a nossa prática no processo educativo.

Se buscarmos na Lei de Diretrizes e Base da Educação, Lei Nº 9.394/96 veremos que segundo o Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III - zelar pela aprendizagem dos alunos; IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade.

Se analisarmos somente a LDB e as atribuições ali delimitadas para o trabalho dos professores, ficaríamos restritos as questões técnicas e normalistas, muito aquém das atribuições reais que o professor tem hoje em dia. Hoje a ação do professor é revestida de uma grande complexidade, com a presença na escola de crianças de todas as origens culturais, classes sociais e as mais variadas tecnologias de informação e comunicação. Desta forma as atuais reflexões em torno da formação de professores, passam por um momento em que a teoria aprendida nos cursos precisa ser relacionada com as práticas docentes.

Tanto na formação inicial, como na formação continuada, vê- se a necessidade de uma maior aproximação entre os conhecimentos teóricos e a vivência desses conhecimentos em sala de aula, na atuação efetiva do professor. Ao se falar de professor reflexivo nos deparamos com uma formação universitária que não oferece esta formação aos seus alunos, segundo Nóvoa (1999, p.6): “É verdade que existe, no espaço universitário, uma retórica de “inovação”, de “mudança”, de “professor reflexivo, de “investigação-acção”, etc.; mas a Universidade é uma instituição conservadora, e acaba sempre por reproduzir dicotomias como teoria/prática, conhecimento/acção, etc. A ligação da Universidade ao terreno (curiosa metáfora!) leva a que os investigadores fiquem a saber o que os professores sabem, e não conduz a que os professores fiquem a saber melhor aquilo que já sabem”.

Os estudos e as reflexões acerca do que os professores já realizam na escola não são poucos utilizados como conhecimento capaz de propor práticas pedagógicas novas e a ação que deveria ser reflexiva fica somente restrita a uma atuação cada vez mais fechada em um sistema curricular rígido, com materiais didáticos que engessam sua prática, pois vem com todo o direcionamento das aulas, como se fosse um manual de instrução a ser seguido. O professor é um mero executor das ações ali propostas, pouco importando neste trabalho a sua visão ou o que gostaria realmente de contemplar em suas aulas com seus alunos.

O espaço para a realização de debates, de análises, de troca e de colaboração entre os professores fica restrito a funções de preenchimento de fichas, planilhas e relatórios, muitas vezes sem função nenhuma, só para contar como mais um documento em meio a montanhas de papeladas. O trabalho coletivo é pouco valorizado e estimulado.

Além de um maior investimento na formação de docentes, buscando contemplar os aspectos aqui já mencionados, o trabalho da equipe pedagógica também precisa ganhar mais importância dentro das escolas, como um espaço de diálogo, cooperação, de troca, aprendizagens, de produção e aquisição de conhecimentos constituindo uma mudança necessária para a profissão docente.

Para muitos de nós professores as ideias aqui apresentadas ainda estão em um campo de proposições, ideais e reflexões, que sem dúvida, são importantíssimas para o seu trabalho e atuação. As aprendizagens e conhecimentos aqui estudados já me fazem, e com certeza farão muito mais, repensar minha prática, minha formação e o que posso melhorar e modificar em minha profissão.

Ao recordar aqui os caminhos de minha jornada, desde o meu percurso na escola, na faculdade e em minha prática profissional vejo que as dúvidas e incertezas sempre estiveram presentes e assim continuará sendo. E que bom que seja assim! As reformulações visando um melhor trabalho docente e consequentemente uma qualidade do ensino e da escola passam necessariamente pelas questões relacionadas a formação dos professores e as reflexões sobre a sua própria profissão, encontrando modelos que permitam uma melhor organização e aperfeiçoamento da sua prática.

A realidade vivida nas escolas e os conhecimentos ali apresentados são fontes das mais importantes aprendizagens e conhecimentos e precisam passar a ser também fonte de pesquisa, estudo e formação do professor. Estudo da consultoria McKinsey mostra que o bom educador é capaz de melhorar o desempenho do aluno.

De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro. (SABINO, 1999, p.145)

Referências Garcia, Marcelo C. Formação de professores – para uma mudança educativa. Portugal:Porto, Nóvoa, A. Os profesores na virada do milênio: do excesso dos discursos à pobreza das práticas. Cuadernos de Pedagogía, Barcelona, n. 286, p Zeichner, K. A formação reflexiva de professores: idéias e práticas. Lisboa:Educa, Zeichner, K. Formação de Professores: contato direto com a realidade da escola. Entrevista: Revista Presença Pedagógica, v. 6, n. 34, p. 5-15, jul.,ago., 2000.