O que é um índice? Questões metodológicas

“Índice” se refere a duas coisas bem diferentes, mas a fronteira não é clara Um método estatístico para medir com precisão um conceito quantificável Índice de preços Índice de desemprego Índice de citações Proficiência SAEB Um procedimento para aproximar quantitativamente um conceito não- quantificável Índice de desenvolvimento humano Índice de criminalidade Índice de competitividade Índice de corrupção Knowledge economy index

A construção de um índice do segundo tipo começa com um conceito (ou construto) O construto não é uma frase e sim um conceito O construto não é “o oposto de” algo ou “uma alternativa a” algo Exemplo: Muito antes do IDH ser inventado, o PNUD desejava uma “alternativa ao PIB”, mas apenas quando Amartya Sen formulou o conceito de desenvolvimento humano como sendo a expansão da fronteira de opções das pessoas foi possível operacionalizar o IDH.

Uma vez claro o conceito, procura-se variáveis que não são o conceito, mas se relacionam com ele As variáveis podem ser parte do todo No caso do IDH: –Educação aproxima conhecimento uma vez que é necessário conhecer as opções para seu exercício –Renda aproxima recursos materiais que possibilitam a liberdade de escolha –Longevidade aproxima o fato que é necessário ter saúde para poder aproveitar a liberdade Índice de criminalidade –Homicídios, furtos, roubos

Uma vez claro o conceito, procura-se variáveis que não são o conceito, mas se relacionam com ele As variáveis podem ser relacionadas, efeitos ou causas, mas não parte do todo. Knowledge economy index –Grau de abertura comercial como indicador de economia do conhecimento –Crescimento do PIB como resultado da inovação Índice de competitividade –Respeito às patentes como indicador de competitividade –Vendas como indicador de competitividade

Outras considerações sobre as variáveis Se o objetivo é avaliar mudanças, temos que escolher variáveis que mudam –O IDH é composto de variáveis que mudam apenas lentamente (fora o PIB) como taxa de analfabetismo e longevidade. A variável deve existir no nível de desagregação desejado –Longevidade não deve ser calculada por município Médias não contemplam distribuição –O IDH é indiferente às desigualdades

Uma vez escolhidas as variáveis, é necessário normalizar Normalizar – “adequar à norma” – transformar as variáveis para que sejam comparáveis. Exemplo: O IDH é normalizado pelos extremos. –Ao maior e menor valor em um dado período são atribuídos o valor 0 e 1. –Os valores intermediários sofrem uma transformação linear simples (regra de três) Vários dos componentes do índice de competitividade são normalizados de modo linear –As variáveis subjetivas são medidas numa escala 1 a 7 –As variáveis objetivas são linearmente transformados em valores que variam de 1 a 7. O Índice de Marginación Mexicano é normalizado usando um transformação normal –Subtrair a média e dividir pelo desvio-padrão

Depois de normalizar, o passo seguinte é pesar os componentes para fazer um índice único (os pesos devem somar um) Exemplo: O IDH agrega seus sub-índices com pesos iguais (1/3 cada um), sendo que o sub-índice de educação é composto de dois (analfabetismo adulto e taxa bruta de matrícula com pesos 2/3 e 1/3) Os pesos do Índice de Marginación Mexicano são produzidos por um método estatístico (componentes principais) Os pesos do Índice de Desenvolvimento Infantil eram fruto de uma regressão dos seus componentes sobre a taxa de mortalidade (hoje são pesos iguais)

Pronto, temos um número entre 0 e 1! O que (não) fazemos com ele? Não distribuímos recursos com base nele!!! Não obcecamos com rankings. Podemos fazer comparações de tendências, prestando atenção nos sub-componentes. Podemos analisar a relação entre o índice e outras variáveis, sabendo que estamos olhando uma cesta.

Referencias IDH Índice de Competitividade Global Índice de Desenvolvimento Infantil Índice de Percepções de Corrupção Knowledge Economy Index Índice de Marginación NBI USA Crime Index