Vírus, Gastroenterites e Diarréias

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Transcrição da apresentação:

Vírus, Gastroenterites e Diarréias (adaptado do site de Derek Wong)

Gastroenterites virais Responsáveis por até 3/4 de todas diarréias de origem infecciosa. segunda mais comum causa de doença, suplantada somente por infecções respiratórias. GEVs são grandes matadoras, em função da desidratação. Os rotavíruses são responsáveis por meio milhão de mortes/ano. Muitos vírus diferentes no intestino; poucos causam doença.

Vírus associados a gastroenterites Rotavirus Adenovirus 40 e 41 Calicivirus Astrovirus Sapporovírus Coronavirus Torovirus

Rotavírus (Courtesy of Linda Stannard, University of Cape Town, S.A.)

ESTRUTURA DOS ROTAVÍRUS 5

Rotavírus (1) Vírus com 11 segmentos de RNA dupla fita, 80 nm diâmetro. Encontrados em diversas espécies. Responsável por 50-80% de todos os casos de gastroenterites virais. Usualmente endêmica, responsável por surtos ocasionais. Causa doenças em todas as idades ++ severa em neonatos e crianças jovens. Assintomáticas comuns em adultos e crianças >idade. Sintomáticas novamente em pessoas acima de 60 anos. Até 30% mortalidade em crianças subnutridas.

Rotavírus (2) 80% da população apresenta anticorpos contra rotavírus aos 3 anos de idade. Mais frequente durante o inverno. Transmissão fecal-oral ? pi: 24-48 hr, seguido por aparecimento súbito de vômitos e diarréia, podendo ou não haver febre. Diagnostico por detecção de vírus nas fezes por ELISA (para antígeno), látex-aglutinação ou microscopia eletronica. Vacinas já disponíveis.

Fonte: Simone Guadagnucci Morillo PATOGÊNESE * * Os rotavírus aderem ao epitélio do trato GI (mucosa jejunal)‏ Danos da região apical das vilosidades Os rotavírus aderem ao epitélio do trato gastrointestinal (GI), infectando a superfície das células das vilosidades nas partes superiores do intestino delgado. Após a replicação viral, a infecção se dissemina pelo intestino, produzindo lesões na mucosa, com a destruição seletiva das extremidades das vilosidades do intestino e excreção viral nas fezes. Embora a infecção seja superficial, é suficiente para acionar respostas imunológicas locais e sistêmicas. Os dados são reversíveis, mas a diarréia continua até que as vilosidades se regenerem. Portanto, a gravidade das lesões determina a duração dos sintomas. A diarréia resulta da perda da área de absorção e do fluxo de água e eletrólitos pela superfície danificada. A infecção por rotavírus também tem maior probabilidade de produzir vômitos, desidratação e febre do que outros agentes patogênicos virais que causam diarréia. Há três tipos amplos de características de virulência encontradas nos agentes patogênicos da diarréia, que permitem que o organismo: (ii) possa aderir às células que revestem o intestino (ii) penetre nas células do revestimento do intestino (vírus)‏ (iii) produza toxinas. Há comprovações de que uma das proteínas do rotavírus atua com uma exotoxina que causa perda de fluido das células infectadas, de forma semelhante à shigella e ao cólera. Contudo, é a primeira vez que uma exotoxina é associada a um vírus1. Outro estudo recente sugere que o vírus ativa o sistema nervoso entérico, acionando nervos que controlam o movimento peristáltico dos intestinos e a extensão em que eles podem absorver fluidos2. Kapikian A e Chanock R. Rotaviruses. In: Fields B et al, editors. Fields Virology, 3rd ed; 1996: p. 1657–1708 1Carnell, BMJ 1996 312 927 2WHO Int J Pub Health, 2000 Aumento da Motilidade e Diminuição da Absorção Enterotoxina viral NSP4 Zuckerman A et al, eds. Principles and Practice of Clinical Virology. 2nd ed. Londres: John Wiley & Sons; 990:182. 8

Diagnóstico ELISA Eletroforese em gel de poliacrilamida Látex aglutinação PCR e suas variantes Sorologia: pouca utilidade, pois todos são soropositivos

VACINAS Há vacinas disponíveis, mas uso ainda em pequena escala 10 Fonte: Simone Guadagnucci Morillo VACINAS Há vacinas disponíveis, mas uso ainda em pequena escala 10

Adenovírus (Courtesy of Linda Stannard, University of Cape Town, S.A.)

Adenovírus entéricos Vírus c/ DNA fita dupla, nús, simetria icosaédrica, 75 nm diâmetro. Adenovírus entéricos typos 40 e 41 associados a gastroenterites. Usualmente casos de gastroenterite endêmicos em crianças jovens (até 3 anos) e neonatos. Surtos ocasionais podem ocorrer. Possivelmentre a segunda maior causa de viral de gastroenterites (7-15% de todos os casos endêmicos). Doença similar à causada pelos rotavírus Maioria das pessoas tem anticorpos aos 3 anos de idade. Diagnóstico usualmente por ELISA (para a detecção de antígeno), PCR ou detecção de vírus nas fezes por microscopia eletrônica.

Astrovírus Pequenos vírus de RNA fs, 28 nm, com aparência que lembra estrelas. Associados a casos de gastroenterites endêmicas, usualmente em crianças jovens e neonatos. Pode causar surtos ocasionais. Responsáveis por até 10% dos casos de gastroenterites. Doença similar aos rota e adeno. Maioria das pessoas tem anticorpos aos 3 anos de idade. Diagnóstico por microscopia eletrônica, porém difícil pelo tamanho reduzido. Não há outros testes disponíveis.

Família ASTROVIRIDAE Gênero: Astrovírus (Source: ICTV database)

Astrovírus Família Astroviridae 28-35 nm, aparência de estrêla com 5 - 6 pontas RNA fs+ ~7 kb, poli-A em 3’ , sem cap em 5’ 3 ORFs (overlap 70 nt entre ORF1a (protease) e ORF1b (RdRP) Dois gêneros: Mamastrovirus: gatos, suinos, ovelhas, etc Aviastrovirus: aves

Família ASTROVIRIDAE Gênero: Astrovírus RNA fs, nús 20-30 nm encontrados em fezes associados a diarréias

Astrovírus Em humanos=> diarréias 2-4 dias Sorotipos 1-8: responsáveis por até 10% dos casos de diarréia esporádica, aguda, não bacteriana em crianças Maioria em: crianças < 2anos terceira idade Imunocomprometidos

Astrovírus Em outras espécies: Manifestações extra-entéricas: Nefrite intersticial em aves Retardo de crescimento em frangos Hepatite em patos

Família ASTROVIRIDAE Gênero: Astrovírus

Calicivírus Pequenos vírus RNA fs, com morfologia característica, 35 nm diâmetro. Associado principalmente com surtos epidêmicos, embora ocasionalmente origine casos endêmicos. Os mais importantes calicivírus causadores de diarréias presentemente são os Norovírus O sinal mais marcante é a indução de vômitos. Maioria das pessoas tem anticorpos aos 3 anos de idade. Diagnóstico por microscopia eletrônica, porém difícil pelo tamanho reduzido.

NOROVÍRUS Calicivírus bovino, partículas virais extraídas de amostra de fezes. (Stewart McNulty, Veterinary Sciences, Queen's University, Belfast). Técnica de coloração negativa por microscopia eletrônica direta. Aumento de 33000 X. Disponível em: http: //www.qub.ac.uk. 21

Norovírus – possível cadeia de transmissão

Norovírus- Epidemiologia Norovírus são presentemente a causa mais comum de GEV na Europa Ocidental. Causa pelo menos 10% de todas as GEVs na Europa e cerca de 23 milhões de casos nos EUA/ano. (Lopman et al. Two Epidemiologic Patterns of Norovirus Outbreaks: Surveillance in England and Wales, 1992-2000. Emerging Infectious Diseases 9: January 2003). São responsáveis por mais de 85% de todoas as Gastroenterites não bacterianas (Hutson AM, et al. Norovirus disease: changing epidemiology and host susceptibility factors. Trends in Microbiol. 2004 12: 279-287). Somente os resfriados são reportados mais comumente do que gastroenterites como causa de doença nos EUA.

Norovírus – transmissão Período de incubação (p.i.): pode ser de somente 12 horas Pessoas infectadas: contagiosas desde os primeiros sinais até pelo menos três dias após a recuperação. Alguns => contagiosos por até 2 semanas após recuperação, com disseminação “silenciosa” do vírus.

Epidemiologia - Norovírus Infecção se dá por ingestão. - Norovirus => excretados (> 106/g) em fezes e vômito. Disseminação rápida em ambientes fechados: (hospitais, instituições de atenção à saúde, escolas e navios de cruzeiros). Surtos em hospitais são comuns e importantes. Frutas, vegetais e frutos do mar contaminados por esgotos são uma fonte comum de surtos; Depois, pode disseminar-se diretamente quando pessoas tocam objetos ou superfície contaminadas e colocam os dedos na boca.

Sinais - infecção por Norovírus Náusea, vômitos, diarréia, cólicas. Ocasionalmente febre baixa, calafrios, dores de cabeça e musculares. Doença usualmente começa subitamente e a pessoa sente-se muito doente. Na maioria das pessoas hígidas a doença é auto-limitante e dura poucos dias. Crianças tem mais vômitos que adultos. Não há usualmente complicações. Desidratação é importante em climas quentes, especialmente em muito jovens, em mais velhos, em imunocomprometidos.

Controle – norovírus (e outros!) Essencialmente Higiene : lavagem frequente de mãos, desinfecção de superfícies contaminadas com produtos contendo cloro; Lavagem de roupas, lençóis, etc. que possam estar contaminadas com água quente e detergente. Secar roupa ao sol.

Norovírus – Tratamento Antivirais – ainda não disponíveis; Não há vacina desenvolvida. Estudos sugerem que os tipos sangüíneos B e AB podem apresentar proteção parcial contra infecções sintomáticas com Norovírus - (Hutson AM, et al. Norwalk virus infection and disease is associated with ABO histo-blood group type. J Infect Dis 2002 185: 1335-1337).

Diagnóstico (destes e outros agentes de diarréias) Essencialmente RT/PCR Raramente: microscopia eletrônica

Norovírus – Sumário: Sempre associados a surtos epidêmicos de gastroenterite, mais em adultos do que em crianças. Associados com consumo alimentos contaminados. Transmissão via fecal-oral, embora possível por aerossóis; Também chamada de vômito do inverno; (vômito é o sinal mais marcante) Diarréia usualmente leve; Anticorpos adquiridos mais tarde na vida, Somente 50% dos adultos são soropositivos aos 50 anos. Diagnóstico por microscopia eletrônica e por RT/PCR

Outros possíveis agentes virais de diarréias Saporovírus (“Sapporo”) Outros vírus denominados “Pequenos vírus redondos” (“Small Round Viruses”): Pequenas partículas que lembram vírus, com superfície “lisa”, 22-28nm Podem possivelmente ser parvovírus, enterovirus ou bacteriófagos icosaédricos Ocasionalmente vistos por microscopia eletrônica em diarréias ou gastroenterites endêmicas ou epidêmicas.

(os “dez mandamentos”) Como evitar infecções transmitidas por alimentos, seu preparo ou consumo (os “dez mandamentos”) 1- Lavar mãos frequente - usar luvas sempre que possível! 2- Observar tempos de cocção com mais rigor – nunca para menos! Os vírus são destruídos à temperatura de cocção – mas tenha cuidado com fômites- ex. não colocar alimentos cozidos em pratos sujos ...! 3- Manter alimentos sempre que puder refrigerados 4- Intensificar cuidados com alimentos crús 5- Evite que você, funcionários ou clientes falem, espirram ou tussam sobre os alimentos 6- Evite que você, funcionários ou clientes toquem, provem os alimentos 7- Evite deixar alimentos expostos em locais onde o público possa contaminá-los 8- Evite contato social com pessoas resfriadas ou gripadas – se você estiver resfriado, peça desculpas e evite cumprimentos; use lenços descartáveis e máscaras 9- Tenha em mente a origem mais provável de infecção para cada alimento ou procedimento: i) o próprio alimento? ii) o manipulador ? 10- Cuide da higiene ambiental, da qualidade de água, dos fornecedores; lembre que a água clorada é usualmente segura, mas alguns vírus (ex. Norovírus e vírus da Hepatite A) podem ser mais resistentes à cloração!

FIM