Pentateuco. Pentateuco Introdução: TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO I (Pentatêuco) MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA Os Judeus dividiam as Escrituras.

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Transcrição da apresentação:

Pentateuco

Introdução: TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO I (Pentatêuco) MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA Os Judeus dividiam as Escrituras em 3 partes. Torah, Nebiim e Ketubim (Luc.24:44). A Torah era composta dos cinco livros de Moisés e por longo tempo a autoria mosaica foi aceita sem maiores questionamentos. Afinal existem várias declarações nas escrituras que apontam nessa direção. Predominava o método gramático histórico de interpretação das Escrituras

de formação dos livros: Na Bíblia Hebraica a divisão se baseia no processo cronológico de formação dos livros: de formação dos livros: A Lei (Torá): Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio

Os Profetas (Nebhlim): Significado literal da palavra boca.

Método Histórico-Crítico Foi somente a partir do século XVIII que a autoria mosaica do pentatêuco começou a ser seriamente questionada. Nessa época o mundo ocidental estava sofrendo profundas transformações. Surgiu o Iluminismo, Deísmo, que exaltava a razão humana como norma absoluta para determinar a veracidade e relevância de qualquer tipo de conhecimento. As descobertas científicas, a era industrial, tudo levou o homem a confiar plenamente em suas potencialidades. Deus vai sendo posto de lado e a razão humana vai ocupando Seu lugar.

Segundo este método a Bíblia é um livro igual a qualquer outro e deve ser analisada e estudada como qualquer documento antigo. O método histórico- crítico se fundamenta em três princípios básicos: Princípio da correlação, princípio da analogia e princípio da crítica.

Princípios do Método Crítico-histórico 1. Correlação. A história é um círculo fechado de causa e efeito. Tudo deve ser explicado por causas naturais. 2. Analogia. O presente é a chave do passado. Os acontecimentos bíblicos são análogos ou similares aos do presente. 3. Crítica. Todas as afirmações de um autor bíblico devem ser questionadas ou postas em dúvida.

Crítica da fonte: Crítica das fontes: Em 1753 Jean Astruc tentou isolar os diferentes documentos que Moisés teria usado para a composição do pentatêuco. Seu critério eram os diferentes nomes que apareciam no texto sagrado.

Crítica da fonte Chamava Gen. 1 de fonte A e Gen. 2 de fonte B. Mais tarde Eichhorn cunhou os termos JE (1781-3), Javista e Eloísta respectivamente. Posteriormente outros estudiosos "descobriram" outras fontes no pentatêuco, PD Sacertotal (prister codex) e deuteronomista respectivamente.

Crítica da fonte Foram K.H. Graf e Julius Welhausen deram a teoria da Hipótese Documentária sua forma mais consistente e definitiva que, apesar das muitas críticas tem sido usada por muitos eruditos até hoje.

1. Nomes divinos. A) Há textos E (gen. 22:1 -4) em que aparece YHWH 1. Nomes divinos. A) Há textos E (gen.22:1 -4) em que aparece YHWH. B) Os povos antigos usavam nomes mutuamente permutáveis para suas divindades. Ex. baal e hadade lâmina ugarítica de hadade. Osíris aparece com múltiplas designações na estela de Ikhernofret.

C) O uso de diferentes nomes divinos tem propósitos teológicos C) O uso de diferentes nomes divinos tem propósitos teológicos. Elohim - Transcendência. YHWH -imanência. Os nomes divinos são usados da seguinte forma: Facetas do Ser -Doutrinário (Gen.14:18 -22;17:1). Momento de Encontro com Deus - Histórico (Gen.16:13). Relacionamento Empenhado - Pessoal (Gen.28:13;31:42,53).

2. Outros critérios linguísticos 2. Outros critérios linguísticos. E usa amorreus, J usa cananeus com relação aos nativos da terra prometida. Contudo em Gen.15:21 ambos são mencionados. J usa shipha, E usa 'amâ (serva), no entanto em (Gen.30:3) Raquel oferece sua serva ('amâ) E, e leva a cabo seu oferecimento em J (30:4) shipha.

3. Narrativas semelhantes são consideradas versões diferentes do mesmo acontecimento feitas por autores ou documentos distintos. Ex. Fuga de Hagar 9; Gen 16 e 21). Abrão e Sara (Gen.20) e Isaque e Rebeca (Gen 26). No entanto estas narrativas são de acontecimentos distintos feitas pelo mesmo autor.

Crítica histórica. A história da Bíblia é considerada apenas como lenda, tradição, sem fundamento nos fatos. O que a bíblia apresenta é chamado de história interpretada pela fé (Geschichte). O que realmente aconteceu (Historie) deve ser investigado pelo método histórico crítico.

Surgem assim duas versões da história de Israel: A história percebida pela fé dos israelitas e a história reconstruída pelo método histórico-crítico. História bíblica: criação, dilúvio, chamado de Abraão, Isaque, Jacó, peregrinação no Egito, êxodo, deserto, entrada na terra prometida.

Reconstrução crítica: Evolução, eras geológicas pré-história, um grupo de escravos foge do Egito junta-se a outros em Canaã, várias tradições são combinadas para unificar a história das várias tribos fazendo remontá-las a um antepassado comum.

REFUTAÇÃO: 1. Os antigos israelitas não percebiam a realidade de forma fragmentária. Para eles havia uma unidade indissolúvel entre o fato e seu significado. 2) Esta dicotomia só aparece porque os seus proponentes excluem da história qualquer elemento sobrenatural. Em virtude de pressuposições filosóficas segundo as quais Deus não pode agir na história.

3) Jesus e os autores do novo Testamento consideravam os eventos do Antigo Testamento como factuais. Criação, Mc. 10:6,7; Queda, Rm.5;12 - 21; Dilúvio, 2Pe.3:6. Resultados da Prática do Método Histórico-Crítico 1) Liberalismo 2) Perda do senso de Missão

Método Estruturalista O método estruturalista surgiu primeiro nas ciências sociais: F. Saussure - Línguistica, S. Freud -Psicanálise, K. Marx -Filosofia. Posteriormente foi transportado para a exegese Bíblica.

É uma reação ao árido historicismo que predominava na interpretação das Escrituras. No método histórico crítico predomina uma abordagem "diacrônica" do texto, existe a preocupação de rastrear o desenvolvimento do texto estágio por estágio, e explicar as sucessivas reinterpretações a medida em que se determinava o contexto cultural e social.

No estruturalismo predomina uma abordagem sincrônica, o texto é visto como um sistema no qual é mais importante perceber e explicar as relações entre as partes do que investigar o contexto histórico no qual o mesmo foi produzido.

Método Gramático-Histórico Definição: É a tentativa de compreender os dados bíblicos por meio de considerações metodológicas derivadas somente das Escrituras. Objetivo: Encontrar o significado correto das Escrituras que Deus intencionou comunicar quer tenha sido ou não plenamente compreendido pelo autor humano e seus contemporâneos (1Pe.1:10-12).

Pressuposições básicas: (1) Sola Scriptura: a autoridade e unidade das Escrituras são tais que a Escritura é a norma final com respeito ao conteúdo e o método de interpretação. (2) A Bíblia é a autoridade suprema e nào está sujeita ao princípio da crítica. Os dados bíblicos são aceitos ao pé da letra e não estão sujeitos a uma norma externa para determinar confiabilidade, adequação, inteligibilidade, confiabilidade, etc. (Is.66:2).

(3) Suspensão do princípio da analogia para permitir a atividade singular de Deus assim como descrita na Escritura e no processo de formação da Escritura (2Pe.1:19-21). (4) Suspensão do princípio da correlação para permitir a inttervenção divina na história como descrita na Escritura (Heb.1).

(5) Unidade da Escritura (5) Unidade da Escritura. Uma vez que os diversos autores foram guiados por um único autor divino, escritura pode ser comparadda com Escritura para formular doutrina. (Luc.24:27; 1Cor.2:13).

6) Natureza intemporal da Escritura 6) Natureza intemporal da Escritura. Deus fala através do profeta para uma cultura específica, contudo a menssagem transcende os condicionamentos culturais como verdade eterna (Jo.10:35). (7) Os elementos divino e humano das escrituras não podem ser separados. Bíblia = Palavra de Deus (2Tim.3:16,17). Procedimentos Hermenêuticos Básicos: (1) Contexto Histórico. Tentativa de compreender o pano de fundo histórico contemporâneo no qual Deus se revelou.

Autoria do Pentatêuco: Apesar do ceticismo da alta crítica a respeito da autoria mosaica do Pentatêuco, há muitas evidências que sustentam a autoria mosaica desta parte do Antigo Testamento. Vejamos algumas: (1) Devemos considerar a educação e o treinamento de Moisés. Foi educado na corte da 18a Dinastia, uma das mais avançadas dinastias da história egípcia. A corte egípcia estava em contato com diversos povos e culturas, um fator que deve ter ampliado a educação de príncipes como Moisés. Em uma era em que até escravos egípcios eram capazes de escrever nas paredes das minas de Serabit el Kadem, certamente Moisés era capaz de ler e escrever (At.7:22).

(2) Após fugir do Faraó, Moisés passou quarenta anos em Midiã, localizada no deserto do Sinai. Foi um período de preparo para os anos posteriores como líder de Israel no mesmo deserto. De Êxodo 16 a Números 20 a narrativa do pentatêuco trata da vida no deserto. Moisés conhecia a fauna, a flora, a geografia. Seu conhecimento da terra do Egito deve tê-lo ajudado na descrição das experiências de seus ancestrais ao ocuparem a região do delta (Gen.37-50).

Criação Geral 1:1 - 2:3 (prosa poética) TOHU WABOHU TEOLOGIA DE GÊNESIS 12 - 50 História Patriarcal (perspectiva étnica) 3 grandes pessoas: Abraão, Jacó, José. Criação Geral 1:1 - 2:3 (prosa poética) TOHU WABOHU

(3) Moisés foi o líder político e religioso de Israel (3) Moisés foi o líder político e religioso de Israel. Foi a figura-chave no estabelecimento da Aliança do Sinai. Portanto, minguém melhor que Moisés para ser o autor do Pentatêuco. (4) Muitas passagens afirmam que Moisés escreveu pelo menos parte do Pentatêuco: Ex.7:14; 24:4; Jos.1:7-8; 1Rs.2:3; Esdras 6:18; Ne.13:1; Mar.12:26; Luc.16:29; Rom.10:5; 2Cor.3:15; Jo.5:46,47; Jo.7:21-23).

6) Natureza intemporal da Escritura 6) Natureza intemporal da Escritura. Deus fala através do profeta para uma cultura específica, contudo a menssagem transcende os condicionamentos culturais como verdade eterna (Jo.10:35). (7) Os elementos divino e humano das escrituras não podem ser separados. Bíblia = Palavra de Deus (2Tim.3:16,17). Procedimentos Hermenêuticos Básicos: (1) Contexto Histórico. Tentativa de compreender o pano de fundo histórico contemporâneo no qual Deus se revelou.

TEOLOGIA DE GÊNESIS O Título em hebraico é dado pela primeira palavra "bereshit". Divide-se em duas seções: 1 - 11 História Primeva (perspectiva cósmica) 3 grandes eventos: Criação/Queda, Dilúvio, Chamado de Abrãao

1:1 "No princípio criou Deus os céus e a terra". "No príncipio" bereshit pode ser traduzido de duas maneiras. Relativa ou absoluta. 1) Relativa: "Quando Deus começou a criar os céus e a terra". Considera Gen. 1:1 como cláusula dependente em paralelo com os relatos da criação extra-bíblicos do oriente próximo. Neste caso Gen.1:2 equivale a um parêntesis que descreve o estado da terra quando Deus começou a criar. A obra criadora de Deus começaria em 1:3. 2) Absoluta: "No princípio criou Deus os céus e a terra". Esta é a opinião dos intérpretes judeus e cristãos através da história. Implicações. a) Criação ex-nihilo. b) o verso 2 descreve o estado inicial da Criação - "sem forma e vazia".

Sequência Natural de Gênesis 1 - 2 Princípio Absoluto 1) Deus antecede a Criação. 2) Há um princípio absoluto do tempo com relação a este mundo e as esferas que o cercam (v.1). 3) Deus cria céus e terra, mas para começar eles são diferentes ("sem forma e vazia" v.2) do que agora são.

4) No primeiro dia da semana Deus começa a formar e encher o tohu wabohu (v.3). 5) A atividade divina de formar e criar é efetuada em seis dias sucessivos de 24 horas cada. 6) No final da semana da criação o que Deus começou no verso 1 está terminado. 7) Descançou no sétimo dia abençoando-o e santificando-o como memorial da criação.

"Criou" bara . Este verbo tem um profundo significado teológico pois é usado para indicar a ação divina de trazer a existência algo inteiramente novo. Possui duas características básicas. 1) Tem sempre a Deus como sujeito. 2) Nunca usa acusativo de matéria. Aparece em três lugares no relato geral da criação.

"Deus" Elohim. Embora do ponto de vista gramatical possa ser considerada um plural magestático, o contexto teológico indica um plural de plenitude. O fato de Elohim aparecer apenas em hebraico e em nenhuma outra literatura indica que que seu emprego tem uma dimensão teológica especial (o plural de 1:26 reforça esta posição).

Elohim indica a unidade da divindade e a pluralidade das pessoas divinas. O substantivo é plural mas o verbo está no singular. Aparece 2600 vezes no Antigo Testamento, 812 vezes no pentatêuco. É o termo mais usado para designar a divindade. Etimologia, muito dicutida, talvez poder ou primazia.

O relato da Criação começa com Deus, continua com Deus, e termina com Deus. Deus é apresentado como: pré-existente, transcendente, onipotente, soberano, pessoal, absoluto, bom, provê propósito e significado para a realidade. Isto nega de forma radical o ateísmo, o politeísmo, materialismo (eternidade da matéria), panteísmo.

A totalidade do universo. Contudo o propósito principal do capítulo não é fazer uma exposição abstrata ou filosófica sobre a natureza de Deus, mas decrever os ATOS de Deus. Vemos isto nos vários verbos de ação usados aqui: separar, fazer, colocar, criar, chamar, abençoar. "os céus e a terra". Como outras do mesmo tipo, designa a totalidade pelos estremos. A totalidade do universo.

V.3 "E disse Deus" - Criação pela palavra. PRIMEIRO DIA V.3 "E disse Deus" - Criação pela palavra. "Haja luz" 'ôr. A luz em sua essência. É palavra diferente da que aparece no verso 14 onde a palavra é me'orot, portadores de luz. Essa luz é independente dos astros - que serão criados mais tarde - pois desprende-se do próprio Deus" Nunca mais te servirá o sol para luz do dia, nem com o seu resplendor a lua te alumiará; mas o SENHOR será a tua luz perpétua, e o teu Deus a tua glória."

V. 5 "chamou Deus à luz Dia, e às trevas, Noite" V.5 "chamou Deus à luz Dia, e às trevas, Noite". wayqra' Para compreender essa expressão, deve-se recordar que, nas culturas semíticas, o ato de dar nome subentende um poder quase incondicional, pois o que não tem nome não existe, e o nome de uma coisa, ao notificar sua identidade, lhe outorga sua capacidade funcional: é o próprio ser da coisa. Esta expressão é usada para as obras dos três primeiros dias da criação. "E houve tarde e manhã o primeiro dia". É muito importante determinar o significado da palavra dia yom. Várias interpretações têm sido sugeridas.

Dias literais de 24 horas. a) quando yom é usado com numeral (150 vezes no AT) refere-se invariavelmente a um dia literal. b) Yom é definido pela expressão temporal "tarde e manhã" o que faz de cada dia da criação um dia literal. c) No mandamento do sábado yom é apresentado como dia literal (Ex.20:9 -11). d) A sequência dos eventos da criação exige que yom seja literal. Vegetação criada no terceiro dia, sol no quarto dia e os insetos necessários a polinização somente no quinto dia.

Jesus lhes respondeu: “Não são doze as horas do dia? Se alguém caminhar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo;

v.6 "Firmamento" raquia (A LXX introduziu um mal-entendido ao traduzir raquia por stereoma "algo sólido"). Vem de um verbo que significa estender, expandir. Refere-se a expansão do ar que envolvia a terra como uma atmosfera. Águas abaixo do firmamento são as águas que cobrem o globo terrestre.

Separação da parte seca dos mares. Talvez depressão e elevação Separação da parte seca dos mares. Talvez depressão e elevação. A parte seca coberta com vegetais. Deshe: vegetação após a chuva. Eseb: nome genérico para todas as herbáceas, cereais, vegetais que dão semente. Etz Peri: todo e qualquer vegetal frutífero, "segundo a sua espécie" - leminehu - isto significa que Deus estabeleceu limites definidos que não poderiam ser transpostos. Segundo Laumonier espécie é formada de "... Todos os indivíduos fecundos entre si e cujos decendentes são também indefinidamente fecundos". Cit. Teologika, vol. IV n° 4, 89.

PANGÉIA

Logo novamente estaremos em PANGÉIA: E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca; e assim foi. E chamou Deus à porção seca Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares; e viu Deus que era bom. Gênesis 1:9,10 E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Apocalipse 21:1

QUARTO DIA Criação dos astros. O sol e a lua são designados com apelativos um tanto displicentes "luzeiros", "o maior" e "o menor". Nem mesmo seus nomes são mencionados, pois ambos eram considerados dividades pelos povos pagãos. O relato da criação os rebaixa ao posto de simples objetos úteis.

Criação dos peixes e pássaros. QUINTO DIA Criação dos peixes e pássaros. V.21 "Criou, pois, Deus os grandes animais marinhos ..." taninim. Novamente aparece o verbo técnico bara'. A razão é óbvia: nas mitologias primitivas os monstros marinhos eram encarnações do caos primordial; haviam sido adversários do deus demiurgo na luta que antecedeu a criação. Poi isso, ao descrever-lhes a criação, o autor dá a certeza de que também eles foram criados, bara', por Deus.

SEXTO DIA No v. 27 aparece 3 vezes o verbo bara' para indicar que o ponto alto da narrativa foi atingido. Tudo o que precede apontava para este momento. A palavra homem aqui é adam (adamâ = terra), é um coletivo para humanidade. Inclui tanto o homem como a mulher. Ambos são criados a imagem (tselem) e semelhança (demut) de Deus. Alguns aspectos importantes devem ser enfatizados aqui.

(1) A função do homem. O mundo ao sair das mãos do criador passa às mãos do homem. O homem criado a imagem e semelhança de Deus deveria representá-lo frente ao novo mundo criado. Em nome de Deus deveria governar e dominar sobre a realidade criada. O homem é o administrador do mundo.

(2) A grandeza do homem. O homem é a imagem e semelhança de homem? A teologia tem dado cinco explicações diferentes para explicar em que consiste a imagem de Deus no homem: a) Corpo físico - o homem seria semelhante a Deus em seu aspecto físico. Edmond Jacob. b) A razão -O homem seria semelhante a Deus em sua capacidade de raciocinar.

Deriva do neo-platonismo Deriva do neo-platonismo. Atánásio, Clemente, Santo Agostinho, São Tomás de Aquino (melhor expositor desta idéia). c) Relacionamento -O homem seria semelhante a Deus em sua capacidade de relacionar-se. SÖren Kierkegaard, Emil Bruner, Karl Barth.

d) Dominio sobre a natureza - A imagem de Deus estaria em seu domínio sobre o mundo criado. L. Verduin, E KÖnig, H. Gunkel, Th. C. Vriezen, K.L. Schmidt, L.KÖhler, J.Hempel. e) Capacidade de viver em comunidade. Fernando Boasso. Solução bíblica: A bíblia apresenta uma visão holística do ser humano. Foi na cultura grega que o homem foi entendido de forma dicotômica ou tricotômica.

Foi na cultura grega que o homem foi entendido de forma dicotômica ou tricotômica. A Bíblia apresenta o homem como uma unidade indivisível. Portanto a imagem de Deus deve ser algo que foi impresso na totalidade da indivíduo. O uso das palavras tselem (concreta) e demut (abstrata) embora tenham um certa superposição de significados enfatizam que a imagem de Deus está nos aspectos concretos e abstratos do ser humano.

"O semelhante a Deus é a totalidade do homem "O semelhante a Deus é a totalidade do homem. Esta totalidade é a que está numa especial relação com Deus expressa em sua característica de ser imagem e semelhança de Deus." Mario Veloso. O Homem, uma Pessoa Vivente, p.125

"...este ser vivente, e não alguma destilação dele emanada, é expressão ou transcrição do Criador eterno e incorpóreo em termos de uma existência temporal, corpórea e própria de uma criatura - como se poderia tentar a transcrição, digamos, de um poema épico numa escultura, ou de uma sinfonia num soneto". Derek Kidner. Gênesis, Introdução e Comentário, p.48.

"O homem deveria ter a imagem de Deus, tanto na apar6encia exterior como no caráter". E.White. P.P. p.45 "No princípio o homem foi criado a semelhança de Deus, não somente no caráter, mas na forma e aspecto". E. G. White. O Grande Conflito, p. 642 GENESIS 5:1