Pedagogia de Jesus – parte 1 Programa “mais um pouco” Formação para Escola Dominical Eber Borges da Costa
Objetivos Destacar os principais espaços de ensino presentes na Bíblia e o uso que Jesus fez deles; Apontar as principais características da “Pedagogia de Jesus” que o tornam diferente dos mestres de seu tempo; A partir do exemplo de Jesus, refletir sobre as possibilidades de construir uma prática pedagógica mais próxima da vida das pessoas hoje.
As práticas pedagógicas na Bíblia Ao falar das práticas pedagógicas na Bíblia, é preciso destacar duas perspectivas: uma teológica, que aparecerá em todas as suas manifestações: Deus é considerado o principal e verdadeiro educador; uma sociológica, presente em todas as formas estruturais e institucionais: a família é a instituição educativa matriz e essencial em Israel.
Os Lugares de Ensino na Bíblia A educação acontecia basicamente na família: o ensino da moral era ministrado pela mãe e pelo pai, na infância (Provérbios 1.8;6.20); a educação religiosa e profissional era ensinada na adolescência, tendo o pai como responsável (Êxodo 10.2; Deuteronômio 4.9; 6.7;20-21).
Educação religiosa nos tempos de Jesus Havia três ambientes principais de formação religiosa: Em Casa na família. Na Sinagoga em comunidade. No Templo nas peregrinações com o povo.
Os espaços de ensino Os rabinos eram os grandes educadores e ocupavam os dois principais espaços da aldeia: A sinagoga A escola Educar era preservar as tradições e não se deixar envolver pelas propostas do mundo cultural greco- romano.
A figura do Rabino Os rabinos eram os grandes educadores: Sentados na cátedra da sinagoga (Mateus 23.2), definiam o rumo da vida das pessoas colocadas sob sua guarda. A Escola dos Escribas em Jerusalém (At 22.3). Conteúdo básico que incluía o estudo das Escrituras e da Tradição dos Antigos.
A comunidade que se forma em torno de Jesus Jesus cria, em torno de si, uma comunidade de discípulos e discípulas que é “aprendente”; Na convivência com o Mestre e uns com os outros, ensinam e aprendem; Jesus aproveita os espaços tradicionais de ensino para aprender e ensinar e cria outros.
Jesus: um rabi? Somente nos Evangelhos Sinóticos (Mateus, Marcos e Luxas), o verbo ensinar ou instruir (didasko) aparece cerca de cem vezes, geralmente referindo-se à atividade de Jesus. Nos relatos dos Evangelhos, várias pessoas se aproximam de Jesus chamando-o Rabi. No que ele se parece e no que se diferencia dos Rabis?
Semelhanças com os rabis: tem um grupo de discípulos com os quais mantem um vínculo estreito; prega e ensina na sinagoga; as formas se seu ensino não parecem romper com as que empregam os doutores de Israel: os rabis eram experts na arte e na técnica do diálogo;
Semelhanças com os rabis: faz numerosas referências e comentários sobre os textos bíblicos; deixa-se chamar “mestre” pelo povo, por seus discípulos e pelos escribas mesmo.
Diferenças com os rabis: ensina em qualquer lugar; ensina a qualquer classe de pessoas: em particular, as pessoas condenadas e rechaçadas pela Lei judaica: mulheres e crianças, publicanos e pescadores, enfermos e prostitutas, e toda classe de “impuros”; usa com predileção um estilo pedagógico que lhe é próprio: a parábola, que não tem correspondente na literatura rabínica.
Diferenças com os rabis: seus discípulos são chamados e não o seguem por iniciativa própria, nem para iniciar uma carreira; seu estado não é transitório até chegarem eles mesmos a ser mestres (Mateus ); a proibição que Jesus faz a seus discípulos de fazerem- se chamar mestres, mostra que ele se separa da hierarquia de cargos e honras que existia na sinagoga: (Mateus 23.8).
Diferenças com os rabis: Jesus faz uma releitura das passagens do AT a partir de sua própria prática, e não os utiliza como norma universal e absoluta; Jesus é um mestre popular; sua autoridade não vem dos canais de formação dos rabis.
Em resumo, podemos afirmar que Jesus, ensinando sobre Deus, seu Reino e sua vontade, não se distancia muito dos temas do judaísmo; o que muda é o tratamento dos mesmos conteúdos quando radicaliza os ensinos em defesa da vida e do povo e contra as teorias abstratas usadas ideologicamente para manter uma estrutura religiosa e social.
A Pedagogia de Jesus e a Escola Dominical O modo de Jesus ensinar deve ser um modelo e uma inspiração para quem trabalha com a Escola Dominical hoje; Para isso, devemos considerar alguns aspectos fundamentais da construção do saber humano: o afeto, a compaixão, a proximidade.
A Pedagogia de Jesus e a Escola Dominical A pedagogia de Jesus é libertadora não apenas porque o conteúdo do Evangelho é libertador, mas pela forma como ele transmite a mensagem do Reino de Deus. Quando se fala em Educação Cristã, não é possível para dissociar método de conteúdo!
A Pedagogia de Jesus e a Escola Dominical A forma como ensinamos é já o Evangelho em ação. Se o amor é o conteúdo fundamental da doutrina bíblica, ensinar como amor (como método) é já praticar o que se ensina. Ensinar com amor: proximidade, convívio, afetividade, respeito, compaixão, sensibilidade....
Para a reflexão Fizemos o exercício de comparar Jesus com os mestres de seu tempo, apontando semelhanças e diferenças. Que tal fazer o mesmo com a gente? O que você apontaria como semelhante e diferente da sua prática pedagógica comparada com a de Jesus?
Referências bibliográficas PREISWERK, Matthias. Educar en la palabra viva: Marco teorico para la educacion cristiana. Lima: [s.n.], p. (Cuadernos de estudio, 25). MESTERS, Carlos. Jesus formando e formador: aprender e ensinar. São Leopoldo: CEBI, 2012.
Eber Borges da Costa Pastor metodista em Campinas, SP; Professor na Área de Teologia Pastoral na Faculdade de Teologia da UMESP; Coordenador Nacional de Educação de Cristã da Igreja Metodista. Contato: