Português – 12.º Ano Mensagem Fernando Pessoa. A poesia da “Mensagem” poderá ser vista como uma epopeia, pois parte de um núcleo histórico. Contudo, a.

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Transcrição da apresentação:

Português – 12.º Ano Mensagem Fernando Pessoa

A poesia da “Mensagem” poderá ser vista como uma epopeia, pois parte de um núcleo histórico. Contudo, a sua formulação é simbólica e mítica. Estrutura da obra O poema Mensagem, exaltação do Sebastianismo que se cruza com a expectativa de ressurgimento nacional, assenta num simbolismo e misticismo, revelador de uma faceta oculta e mística do poeta.

Há na mensagem uma transcrição da história de uma nação, mas transfigurada, onde a ação dos heróis, só adquire pleno significado dentro duma referência mitológica. Aqui só serão eleitos, só terão direito à imortalidade, aqueles homens e feitos que manifestam em si esses mitos significativos, aqueles que nasceram predestinados. Estrutura da obra Assim, a estrutura da Mensagem transfigura e repete a história duma pátria como o mito dum nascimento, vida, morte e renascimento de um mundo. A cada um destes momentos corresponde (respetivamente) o “Brasão”, o “Mar Português” e “O Encoberto”.

O “ Brasão ” corresponde à primeira parte e ao plano narrativo da História de Portugal, n’Os Lusíadas, onde encontramos heróis míticos ou mitificados, desde “Ulisses” a “D. Sebastião”, rei de Portugal. Trata-se de heróis vencedores, nalguns casos, mas falhados na opinião geral, ignorados, ou quase, por Camões. Corresponde ao nascimento da Nação. Estrutura da obra O “ Mar Português ” corresponde à segunda parte e ao tempo da “ação épica”. Constituída por doze poemas inspirados na ânsia do desconhecido e no esforço heroico da luta contra o Mar – figurados em “O Mostrengo”, “Mar Português” e “A Última Nau”. Corresponde à expansão do Império.

“ O Encoberto ” corresponde à terceira parte, onde se insinua que o Rei Encoberto virá, “segundo as profecias de Bandarra e a visão do Padre António Vieira, numa manhã de nevoeiro”. Assim, a terceira parte é toda ela um fim, uma desintegração, mas também toda ela cheia de avisos, de forças ocultas prestes a virem à luz depois da “Noite” e “Tormenta”, dando origem ao novo ciclo que se anuncia: o Quinto Império. Corresponde à morte (dissolução) do Império, mas também ao seu Renascimento. Estrutura da obra

Linguagem e estilo A linguagem é lapidar, também carregada de simbolismo e, por vezes, arcaizante. Corresponde este aspeto à vontade do autor de intemporalizar conceitos que convergem para o ideal absolutizado que deseja cumprir, assumindo-se como um Super-Poeta, um Supra Camões. O lirismo revela a emoção do poeta, perante a grandiosidade da Pátria, representada na excelência dos seus heróis bélicos, na audácia dos seus nautas, no idealismo dos seus profetas. Os elementos épicos presentificam um “épico sui- generis” de sentido entusiasmo, voz de incitamento aos portugueses para devolverem à Pátria a sua glória passada, numa sublimação futura.

O mito As figuras e os acontecimentos históricos são convertidos em símbolos, em mitos, que o poeta exprime liricamente. “O mito é o nada que é tudo”, verso do poema “Ulisses”, é o paradoxo que melhor resume essa definição simbólica da matéria histórica da Mensagem.

Sebastianismo A Mensagem apresenta um carácter profético, visionário, pois antevê um império futuro, não terreno, e ansiar por ele é perseguir o sonho, a quimera, a febre de além, a sede de Absoluto, a ânsia do impossível, a loucura. D. Sebastião é o mais importante símbolo da obra que, no conjunto dos seus poemas, se alicerça, pois, num sebastianismo messiânico e profético.

Quinto Império: império espiritual É esta a mensagem de Pessoa: a Portugal, nação construtora do Império no passado, cabe construir o Império do futuro, o Quinto Império. E enquanto o Império Português, edificado pelos heróis da Fundação da nacionalidade e dos Descobrimentos é termo, territorial, material, o Quinto Império, anunciado na Mensagem, é um espiritual. “E a nossa grande raça partirá em busca de uma Índia nova, que não existe no espaço, mas em naus que são construídas daquilo que os sonhos são feitos… “. A Mensagem contém, pois, um apelo futuro”.

Resumo/Análise superficiais de alguns poemas de “Brasão”, “Mar Português” e “O Encoberto” 1.ª Parte 1. O dos Castelos » Personificação da Europa; » “Futuro do passado” designa uma alma que permanece. 2. Ulisses » Lenda da criação da cidade de Lisboa por Ulisses; » “O mito é o nada que é tudo”: apesar de fictício, legitima e explica a realidade; » O mito está num plano superior à realidade, dada a sua intemporalidade.

Resumo/Análise superficiais de alguns poemas de “Brasão”, “Mar Português” e “O Encoberto” 3. D. Afonso Henriques » D. Afonso Henriques equiparado a Deus, tendo como missão o combate aos Infiéis; » Vocabulário de dimensão sagrada: “vigília”, “infiéis”, “bênção” » Referência ao aparecimento de Deus a D. Afonso Henriques na Batalha de Ourique. 4. D. Dinis » Mitificação de D. Dinis pela sua capacidade visionária (plantou os pinhais que viriam a ser úteis nos Descobrimentos); construtor do futuro ; » O Presente é “noite”, “silêncio” e “Terra”, enquanto que o futuro é os pinhais, com som similar ao do mar, daí a “terra ansiando pelo mar”.

5. D. Sebastião rei de Portugal » A “loucura” ou “sonho” é a capacidade de desejar e ter iniciativa, para ultrapassar o estado de “cadáver adiado que procria” (simplesmente vive esperando a morte) ; » Convite a que outros busquem a grandeza para construir algo importante (“Minha loucura, outros que me a tomem”); » Para ser grande, Portugal deve ter loucura e desejar grandeza, para poder “renascer o país”; » Enquanto figura histórica, D. Sebastião morreu em Alcácer- Quibir (“ficou meu ser que houve”), mas persiste enquanto lenda e exemplo de “loucura” (“não o que há”); » Apesar do fracasso, a batalha de Alcácer-Quibir é importante para motivar e recuperar Portugal do estado de “morte psicológica”. Resumo/Análise superficiais de alguns poemas de “Brasão”, “Mar Português” e “O Encoberto”

2.ª Parte 1. O Infante » “Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce”: descrição do processo de criação; » Porque Deus quis unir a Terra, “criou” o Infante D. Henrique para que este impulsionasse a obra dos Descobrimentos » Mitificação do Infante, criado e predestinado por Deus; » Depois de criado o Império material (“Cumpriu-se o mar”), “o Império se desfez”, faltando “cumprir-se Portugal”, sob a forma de um Quinto Império espiritual. Resumo/Análise superficiais de alguns poemas de “Brasão”, “Mar Português” e “O Encoberto”

2. Horizonte » O horizonte (“longe”, “linha severa”, “abstrata linha”) simboliza os limites; » Descrição das tormentas da viagem (passado), da chegada (presente) e reflexão (projeção futura); » A esperança e a vontade são impulsionadoras da busca; » O sucesso permite atingir o Conhecimento como recompensa. 3. Ascensão de Vasco da Gama » Capacidade de interferência de Vasco da Gama no plano mitológico das guerras entre deuses e gigantes; » Ascensão de Vasco da Gama e dos Portugueses, porque devido aos seus feitos “se vão da lei da morte libertando”, perante pasmo quer no plano mitológico (deuses e gigantes) quer no plano terreno (pastor). Resumo/Análise superficiais de alguns poemas de “Brasão”, “Mar Português” e “O Encoberto”

4. O Mostrengo » Existência permanente do desconhecido; » O homem do leme treme com medo do perigo, mas enfrenta-o (herói épico); » Imposição progressiva do homem do leme ao mostrengo. 5. Mar Português » Lamentação do “preço” dos Descobrimentos e reflexão sobre a sua utilidade; » O mar (“sal”, “lágrimas”) é de origem portuguesa – mitificação de Portugal ; » “Tudo vale a pena/Se a alma não é pequena”: o preço da busca é recompensado, neste caso tornando-se português o mar; » É no mar (desconhecido) que se espelha o céu; » Cumprir o sonho é ultrapassar a dor. Resumo/Análise superficiais de alguns poemas de “Brasão”, “Mar Português” e “O Encoberto”

Resumo/Análise superficiais de alguns poemas de “Brasão”, “Mar Português” e “O Encoberto” 6. Prece » Poema de transição da 2.ª para a 3.ª parte da obra; » Descrição negativa do presente e consequente saudade do passado; » “O frio morto em cinzas a ocultou:/A mão do vento pode erguê-la ainda.”: debaixo das cinzas ainda resta alguma esperança; » Demonstração do desejo de novas conquistas; »Independentemente da conquista, interessa “que seja nossa” para recuperar a identidade e glória passadas; » O Passado é representado pela grandeza nacional (Descobrimentos) e o Presente pela saudade do passado, daí a necessidade de recuperar o fulgor e o tom de esperança implícito no poema.

Resumo/Análise superficiais de alguns poemas de “Brasão”, “Mar Português” e “O Encoberto” 3ª Parte 1. O Quinto Império » Símbolo da inquietação necessária ao progresso; » Símbolo do sonho: não se pode ficar sentado à espera que as coisas aconteçam; há que ser ousado, curioso, corajoso e aventureiro; há que estar inquieto e descontente com o que se tem e o que se é! (“Triste de quem vive em casa/Contente com o seu lar/Sem um sonho, no erguer da asa.../Triste de quem é feliz!”); » O Quinto Império de Pessoa é a mística certeza do vir a ser pela lição do ter sido, o Portugal-espírito, ente de cultura e esperança, tanto mais forte quanto a hora da decadência a estimula.

Resumo/Análise superficiais de alguns poemas de “Brasão”, “Mar Português” e “O Encoberto” 3. Nevoeiro » Símbolo da nossa confusão, do estado caótico em que nos encontramos, tanto como um Estado, como emocionalmente, mentalmente, emocionalmente…; » Algo ficou consubstanciado (unificado), pois temos o desejo de voltarmos a ser o que éramos (“(Que ânsia distante perto chora?)”), mas não temos os meios (“Nem rei nem lei, nem paz nem guerra...”). 2. Screvo meu livro à beira-mágoa » Descontente face à situação do mundo, o poeta vive na ânsia do sonho e da vinda do “Encoberto” para o despertar » O vocativo varia, assegurando apenas a vinda de um messias, independentemente da sua identidade » O sujeito poético apela à vinda do destinatário para “acordar” o povo

CONCLUSÃO » Fernando Pessoa acreditava que, através dos seus textos, poderia despertar as consciências, fazê-las acreditar e desejar a grandeza outrora vivenciada. » Espera poder contribuir parar o reerguer da Pátria, relembrando, nas 1ª e 2ª partes da Mensagem, o passado histórico grandioso e anunciando a vinda do Encoberto (3ª parte), na figura mítica de D. Sebastião, que anunciaria o advento do Quinto Império. » Preconizava para Portugal a construção de um novo império, espiritual, capaz de elevar os Portugueses ao lugar de destaque que outrora ocuparam a nível mundial.

CONCLUSÃO » Esta projeção ficar-se-ia a dever a um “poeta ou poetas supremos” que, pela sua genialidade, colocariam Portugal, um país culturalmente evoluído, como líder de todos os outros. » Na realidade, Fernando Pessoa antevê a possibilidade da supremacia de Portugal, não em termos materiais, como no tempo de Camões, mas em termos espirituais. » É nesta nova concepção de Império que assenta o caráter simbólico e mítico que enforma a epopeia pessoana e que, inevitavelmente, destacará a figura deste super-poeta, em detrimento da de Camões.