SEGUNDO REINADO NO BRASIL (1840 – 1889) POLÍTICA EXTERNA

POLÍTICA EXTERNA NO SEGUNDO REINADO As relações com a Inglaterra: a “Questão Christie” A arrogante política externa inglesa não respeitava nem mesmo fiéis aliados, como o Brasil. O responsável: o embaixador William D. Christie. Incidentes envolvendo o afundamento de um navio inglês e a prisão de marinheiros ingleses levou à crise nas relações entre os dois países. Houve rompimento das relações entre o Brasil e a Inglaterra entre 1863 até 1865. Somente com o início da Guerra do Paraguai as relações entre os dois países foram restabelecidas.

AS VÁRIAS INTERPRETAÇÕES DA GUERRA DO PARAGUAI Interpretação inicial Versão brasileira: Solano vilão, Brasil vítima Versão paraguaia: agressão de vizinhos poderosos a um pequeno país independente. Solano herói. Anos 60 e 70 Paraguai vítima do imperialismo; Inglaterra vilã; Brasil, Argentina e Uruguai fantoches dos britânicos Versão documental recente O conflito foi resultado das rivalidades políticas e econômicas entre os países da Bacia Platina. Influência inglesa não foi predominante, ainda que este país tenha sido beneficiado.

GUERRA DO PARAGUAI ( 1864-1870) Fatores gerais responsáveis pela guerra: disputas pelo domínio da navegação dos rios da Bacia do Prata; conflitos pela posse de territórios nas fronteiras entre os países envolvidos; disputas políticas e econômicas no Uruguai entre Brasil, Argentina e Paraguai.

A GUERRA DO PARAGUAI (1864 – 1870) Origens da guerra Durante o domínio espanhol o Paraguai fazia parte do Vice Reinado do Rio da Prata e dele se separou após a independência, em 1811. O Rio da Prata era seu principal meio de contato com o mundo exterior. Portanto, a livre navegação nesse rio era uma questão vital para o Paraguai. Sendo, porém, ameaçado pela Argentina e seu importante porto de Buenos Aires (que cobrava pesadas tarifas aduaneiras), o Paraguai desenvolveu a sua economia objetivando a autossuficiência. Por meio dos ditadores Gaspar Rodrigues de Francia, Carlos Antônio López e seu filho Francisco Solano López, o Paraguai elaborou um modelo econômico original: pequenos lotes arrendados pelo Estado aos camponeses (estâncias da pátria) e estatização da economia em vários campos. A instabilidade na região do Prata, sobretudo devido à disputa do Uruguai por Brasil e Argentina, fez com que os ditadores paraguaios desenvolvessem um grande e forte exército.

A GUERRA DO PARAGUAI (1864 – 1870) INÍCIO DA GUERRA Brasil invade o Uruguai e depõe aliado de Solano Lopez Paraguaios apreendem navio brasileiro e impedem a livre navegação do Rio Paraguai - em seguida, invadem o Mato Grosso. Tropas paraguaias atravessam a Argentina, sem autorização do governo, e invadem o Rio Grande do Sul para atingir o Uruguai Formação da Tríplice Aliança: Brasil, Uruguai e Argentina, contra o Paraguai

A GUERRA DO PARAGUAI (1864 – 1870) O confronto A Guerra do Paraguai teve como fator imediato a intervenção do Brasil no Uruguai a favor do colorado Venâncio Flores. A maior parte da luta ocorreu em território paraguaio, as tropas de Solano Lopes tiveram como vantagem o conhecimento do território, muitas vezes hostil, pantanoso e insalubre.

DUQUE DE CAXIAS

FRANCISCO SOLANO LOPEZ

BATALHA NAVAL DO RIACHUELO – EDUARDO DE MARTINO Museu Histórico Nacional - RJ

BATALHA DO AVAÍ DE PEDRO AMÉRICO - MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES -RJ

A DERROTA PARAGUAIA Fator principal: desproporção demográfica, territorial e econômica entre o Paraguai e os demais países envolvidos. Apesar das avassaladoras vitórias iniciais, o Paraguai se viu em dificuldades e acabou derrotado ao enfrentar a tripla coligação composta por Brasil, Argentina e Uruguai (a Tríplice Aliança), apoiados pela Inglaterra.

“ A Guerra do Paraguai foi fruto das contradições platinas, tendo como razão última a consolidação dos Estados nacionais na região. Essas contradições se cristalizaram em torno da Guerra Civil uruguaia, iniciada com o apoio do governo argentino aos sublevados, na qual o Brasil interveio e o Paraguai também. Contudo, isso não significa que o conflito fosse a única saída para o difícil quadro regional. A guerra era umas das opções possíveis, que acabou por se concretizar, uma vez que interessava a todos os Estados envolvidos. Seus governantes, tendo por bases informações parciais ou falsas do contexto platino e do inimigo em potencial, anteviram um conflito rápido, no qual seus objetivos seriam alcançados com o menor custo possível. Aqui não há ‘bandidos’ ou ‘mocinhos’, como quer o revisionismo infantil, mas sim interesses. A guerra era vista por diferentes ópticas: para Solano López era a oportunidade de colocar seu país como potência regional e ter acesso ao mar pelo porto de Montevidéu, graças a aliança com os blancos uruguaios e os federalistas argentinos, representados por Urquiza; para Bartolomeu Mitre era a forma de consolidar o Estado centralizado argentino, eliminando os apoios externos aos federalistas, proporcionado pelos blancos e por Solano López; para os blancos, o apoio militar paraguaio contra argentinos e brasileiros viabilizaria impedir que seus dois vizinhos continuassem a intervir no Uruguai; para o Império, a guerra contra o Paraguai não era esperada, nem desejada, mas, iniciada, pensou-se que a vitória brasileira seria rápida e poria fim ao litígio fronteiriço entre os dois países e às ameaças à livre navegação, e permitiria depor Solano López. (...) Dos erros de análise dos homens de Estado envolvidos nesses acontecimentos, o que maior consequência teve foi o de Solano López, pois seu país viu-se arrasado materialmente no final da guerra. E, recorde-se, foi ele o agressor, ao iniciar a guerra contra o Brasil e, em seguida, com a Argentina.” Francisco Doratioto

A DERROTA PARAGUAIA RESULTADOS PARA O BRASIL Dívidas Declínio do Império Fortalecimento do Exército e interferência na vida política Difusão das ideias republicanas Aumento do abolicionismo RESULTADOS PARA O PARAGUAI: Destruição, grande número de mortos (aproximadamente 50% de sua população) perdas territoriais ( 140.000 km²) para o Brasil e a Argentina, subordinação e pobreza

(FUVEST – 2009) Imagem de Ângelo Agostini sobre o impacto da Guerra do Paraguai na sociedade brasileira. Observando a ilustração, explique a. o impacto social a que ela se refere; b. os desdobramentos políticos dessa guerra.