O idealismo alemão Luiz Paulo Rouanet.

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Transcrição da apresentação:

O idealismo alemão Luiz Paulo Rouanet

Três são os filósofos que normalmente se inclui no movimento denominado “idealismo alemão”: Fichte, Schelling e Hegel. Autores

Johann Gottlieb Fichte nasceu em Rammenau, em 1762 Johann Gottlieb Fichte nasceu em Rammenau, em 1762. Seus pais eram muito pobres e o início de sua existência foi bastante sofrido. Trabalhou como preceptor até aproximadamente 1794, quando, por indicação de Goethe, foi contratado pela Universidade de Jena. J. G. Fichte (1762-1814)

A descoberta da obra de Kant (1724- 1804) foi fundamental para Fichte. “A Crítica da razão prática [obra de Kant] descerrou-lhe os insuspeitados horizontes da liberdade, sugeriu-lhe novo sentido da vida e fez sair do fechado pessimismo que o oprimia. Em Kant, Fichte descobriu a chave de sua própria vocação e do seu próprio destino. “ (Reale e Antiseri, p. 55) Influência de Kant

Esse período marcou o auge da atividade filosófica da Fichte, quando publicou o Ensaio de crítica de toda revelação (1792)  escrito que foi erroneamente tomado como sendo de Kant, e que granjeou fama imediata ao verdadeiro autor, Fichte , Fundamento da doutrina da ciência (1794), Discursos sobre a missão do erudito (1794), Fundamento do direito natural (1796) e Sistema da doutrina moral (1798). Período áureo

Em 1799, após desentendimentos com outro professor a respeito do ateísmo, Fichte se demitiu, voltando a viver de aulas particulares. Escreveu, em 1808, os Discursos à nação alemã, obra em que defende o papel primordial do povo germânico na manutenção da civilização. É de caráter nacionalista, e reforça a ideologia do pan-germanismo. Pangermanismo

A contribuição mais duradoura de Fichte é sua doutrina da ciência, nome que dá à filosofia crítica kantiana, tal como interpretada por ele. Trata-se da nova filosofia, aquela que substitui a antiga metafísica. Fichte enfatiza, porém, o caráter subjetivo da teoria, dando a primazia ao eu transcendental, ou eu puro, criador, por trás de todo conhecimento e do mundo fenomênico. Doutrina da ciência

Fichte reapresentou sua teoria em inúmeras versões, ao longo dos anos: 1801, 1804, 1806, 1810, 1812 e 1813. A dificuldade parece fazer parte do próprio método de Fichte. Não está ausente uma certa ironia quando intitula um de seus escritos, por exemplo, “Comunicado claro como o sol sobre em que consiste a novíssima filosofia”. A dificuldade da obra

Conteúdo da doutrina da ciência A doutrina da ciência, ou assim chamada filosofia, é a ciência de todas as ciências, a ciência que contém os princípios de todas as outras ciências. Sua base é o Eu, divido em Eu teórico e Eu prático. Conteúdo da doutrina da ciência

Considerações finais sobre Fichte Ao atribuir ao Eu uma autonomia e uma capacidade criadora, a doutrina da ciência de certo modo, confere ao homem a liberdade. Tal noção serviria para embasar as reflexões de Fichte no campo prático, que abrange o moral e o político. Considerações finais sobre Fichte

Schelling assume o lugar de Fichte na Universidade de Jena, em 1800. O início de sua filosofia efetivamente se inspira em seu antecessor. Dessa fase são os escritos: Sobre a possibilidade de uma forma da filosofia em geral (1794), Sobre o eu como princípio da filosofia (1795) e Cartas filosóficas sobre o dogmatismo e o criticismo (1795). F. W. J. Schelling (1775-1854)

Fases da filosofia de Schelling O princípio fichteano (1795-1796); O período da filosofia da natureza (1797-1799); O idealismo transcendental (1800); Filosofia da identidade (1801-1804); Fase teosófica e da filosofia da liberdade (1804-1811); Filosofia positiva e filosofia da religião (1815 em diante). Fases da filosofia de Schelling

O princípio fichteano (1795-1796 Embora considerando, inicialmente, a interpretação de Fichte do kantismo como a “verdadeira”, procura contrabalançar a ênfase excessiva no subjetivismo por parte de Fichte, contrapondo-o a um certo objetivismo espinozano. Além disso, não compartilha com Fichte a exclusão da natureza: para este, a natureza era puro não-Eu. O princípio fichteano (1795-1796

O período da filosofia da natureza (1797-1799) Da segunda fase enumeram-se as seguintes obras: Idéias para uma filosofia da natureza (1797), Sobre a alma do mundo (1798) e Primeiro esboço de sistema da filosofia da natureza (1799). Schelling considera que, na natureza, existe uma unidade entre ideal e real, entre sujeito e objeto. Para ele, “O sistema da natureza é, ao mesmo tempo, o sistema do nosso espírito”. O período da filosofia da natureza (1797-1799)

Filosofia da natureza (continuação) “Uma teoria perfeita da natureza seria aquela pela qual toda a natureza se resumisse em uma inteligência. Os mortos e inconscientes produtos da natureza nada mais são do que tentativas falidas da natureza para refletir-se a si mesma; a chamada natureza morta é, sobretudo, inteligência imatura; por isso, nos seus fenômenos já transparece, ainda em estado inconsciente, o caráter inteligente. A natureza alcança o seu mais elevado fim, que é o de tornar-se inteiramente objeto para si mesma, com a última e mais elevada reflexão, que nada mais é do que o homem ou, mais geralmente, o que nós chamamos razão: desse modo, pela primeira vez temos o retorno completo da natureza a si mesma e parece evidente que a natureza é originariamente idêntica ao que em nós, é reconhecido como princípio inteligente e consciente.” (Schelling) Filosofia da natureza (continuação)

O idealismo transcendental (1800) Compreende o livro Sistema do idealismo transcendental. Neste momento de seu pensamento, o autor retoma a prioridade do sujeito transcendental. Em suas palavras, trata-se de “partir do subjetivo como primeiro e absoluto e dele fazer derivar o objetivo”. Schelling une o idealismo e o realismo, no que chama de ideal-realismo. O idealismo transcendental (1800)

Idealismo transcendental (continuação) “A filosofia teórica é idealismo, a filosofia prática é realismo  e somente juntas formam o sistema completo do idealismo transcendental. Como o idealismo e o realismo se pressupõem mutuamente, o mesmo acontece com a filosofia teórica e a filosofia prática  e, no próprio Eu, está originariamente uno e ligado aquilo que nós devemos separar em benefício do sistema que estamos construindo”. (Schelling) Idealismo transcendental (continuação)

Idealismo transcendental (cont.) A filosofia transcendental seria, assim, a união da filosofia teórica e da filosofia prática. O resultado surpreendente é que essa tensão entre teoria e prática acaba se resolvendo no plano estético, como, de certa maneira, já preconizava Schiller, com suas Cartas sobre a educação estética da humanidade. Idealismo transcendental (cont.)

Filosofia da identidade (1801-1804) Nessa fase, surgiram as seguintes obras: Exposição do meu sistema (1801), Bruno ou o princípio natural e divino das coisas (1802), Filosofia da arte (1802-1803) e Lições sobre o método do estudo acadêmico (1803). Filosofia da identidade (1801-1804)

Fase teosófica e da filosofia da liberdade (1804-1811) Nessa fase, publicou Filosofia e religião (1804), Pesquisas filosóficas sobre a essência da liberdade (1809) e Lições de Stuttgart (1810). Fase teosófica e da filosofia da liberdade (1804-1811)

Filosofia positiva e filosofia da religião (1815 em diante) Na última fase, em sua maioria escritos publicados postumamente, Introdução à filosofia da mitologia, Filosofia da mitologia e Filosofia da revelação. Filosofia positiva e filosofia da religião (1815 em diante)

Hegel foi sem dúvida o mais importante filósofo do chamado Idealismo alemão. Será objeto de aula específica. Friedrich Hegel (1770-1831)