TEORIA E ANÁLISE LINGÜÍSTICA

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Transcrição da apresentação:

TEORIA E ANÁLISE LINGÜÍSTICA XXVIII Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica Introdução aos Princípios e Parâmetros em Deslocamento Qu-: dados do Inglês U F R J Rafael Saint-Clair Braga Orientadoras: Aniela Improta França Miriam Lemle w w w . l e t r a s . u f r j . b r / c l i p s e n TEORIA E ANÁLISE LINGÜÍSTICA Novembro de 2006

O que é um sintagma WH-? qu What did you buy? É uma expressão sintática que interroga sobre o conteúdo de sintagmas cujo conteúdo não conhecemos. É comum nas línguas naturais termos expressões que são ouvidas em uma posição mas são interpretadas em outra. Os sintagmas WH- participam deste fenômeno conhecido como deslocamento/movement. What did you buy? you buy what  Linearização em ordem diferente da ordem de interpretação

O que é um sintagma WH-? qu sítio de interpretação temática A existência de deslocamentos sintáticos não faz parte do senso comum. Tanto assim que este fenômeno não é tratado pelas gramáticas tradicionais.  O deslocamento de QU- promove a formação de uma cadeia ( chain ) constituída por duas posições: o sítio de interpretação temática e um sítio de pouso ou pronúncia , no especificador do Complementizador, onde se realiza o traço de interrogação sítio de interpretação temática sítio de pronúncia Which dog did you buy which dog ? I bought a Golden Retriever

A neurofisiologia do sintagma QU- Série 3 Quais músicas Vera compôs__ ? Que histórias Denise refogou __? FRANÇA, Aniela I. (2002:145)

To whom did you give the CD? Tipos de movimento WH- WH- curto SC C’ SC ST C’ T’ ST did SV T’ you V’ did SV give SP John V’ the CD P’ eat what t to whom t What did John eat? [wt dIddZOn i:t] To whom did you give the CD? [tUhu:m dIdjU gIv Dsi:di:]

What do you think I should do? Tipos de movimento WH- SC WH- longo C’ ST T’ do SV you v’ Oração Subordinada SC think C’ ST Wh- T’ sv T Aux Should v’ I do t what What do you think I should do? [wt djUTINk aISUddu:]

Tipos de movimento WH- WH- longo SC C’ do ST you T’ SV v’ Oração Subordinada SC think t C’ what ST Wh- T’ I sv T Aux Should v’ do t what

O que é Subjacência? Condição de Subjacência: o movimento não pode atravessar mais de um nó limitante (bounding node). Nós limitantes são SC, ST/ SF e SN. CHOMSKY (1973 ‘Conditions on transformations’) do you think I should do ? ti what ti * do you think I should do ? what [SC What do [ ST you think [ ST I should do ]]]]?

Parâmetro em deslocamento WH-? Preposition-stranding To whom did you give the CD? Informante 1 Who did you give the CD to? Informante 2 Para quem você deu o CD? *Quem você deu o CD para? Dupla ocupação de SC Men shal wel knowe who that I am ‘Men will know well who I am’ Inglês XV Inglês Contemporâneo (Caxton, 1485, R 67, in Lightfoot, 1979:322) William Caxton HAEGEMAN (1993: 383)

“His enmyes to doo the same who that Wold/And lente haroldes bodi to ha...” Caxton , Polychronicon by Ranulph Higden 1485

Men shal wel knowe who that I am SD be who ST T’ SV men v’ T men pres. 3ªpl. v CP know wel  C’ -e who ST C that T’ I T SV pres. 1ªp.s am v’ I  v Men shal wel knowe who that I am SD be glosa Os homens bem saberão quem que eu sou who (Caxton, 1485, R 67, in Lightfoot, 1979:322) HAEGEMAN (1993: 383)

Parâmetros do Sintagma QU-/ WH- em outras línguas Romeno Cine ce a dat si la cine    (a dat)? Quem o que   AUX.3sg dado   e  a  quem Quem deu o que a quem? Russo Tcheco Кто что кушал? Kto chto kushal? Quem o quê comeu? Komu jsi co rekl? À quem você o quê disse? O quê você disse à quem?

Conclusão A interpretação do papel temático do Sintagma-WH e a sua enunciação não acontecem no mesmo lugar. A posição de interpretação é a posição original onde se dá a primeira concatenação do sintagma. O deslocamento é motivado pelo traço interrogativo no núcleo do Complementizador. O nucleo interrogativo em C atrai o sintagma-WH que está in situ para a posição de especificador do Sintagma Complementizador. Quando o Sintagma-Qu está em uma oração subordinada, temos a ilusão de que há um deslocamento longo que passa por cima da fronteira entre a oração principal e a subordinada. No entanto, o processo é derivacional, e se dá passo a passo. Os passos são denominados fases. Na primeira fase somente existe a oração subordinada, e. o Sintagma-WH sai da posição onde realiza o papel temático atribuído pelo verbo, e vai pousar no especificador do SC da oração subordinada. Na segunda fase, após a concatenação das duas orações, o Sintagma-WH sobe de Especificador do SC de baixo para Especificador do SC da oração principal. A gramática do inglês autoriza movimento de Sintagma-WH a partir do complemento de uma preposição. Nesse caso, a preposição fica sem complemento, pendurada (dangling preposition). A língua portuguesa não aceita preposições privadas de seu complemento. Em português, se a palavra-QU é atraída pelo complementizador interrogativo, ela carrega junto a preposição que a rege. Essa configuração de deslocamento em que o elemento-WH atraído arrasta consigo, ao deslocar-se, o termo que o rege é chamado de pied-piping. O pied piping é um fenômeno ao longo do qual as línguas se dividem. Isto é, Pied piping é um parâmetro de variação na gramática de línguas naturais. Como vimos, português e inglês fazem opções distintas em termos do parâmetro de dangling preposition.

Referências bibliográficas CARNIE, Andrew ( 2003 ). Syntax: a generative introduction (Introducing Linguistics ). UK, Blackwell Publishing. CHOMSKY, Noam (1973). Conditions on transformations, in S.Anderson and P.Kiparsky (eds), A Fetschrift for Morris Halle,New York: Holt, Rinehart and Winston, 232-86. ______________ (1977). On wh-movement. In Peter Culicover, Thomas Wasow, and Adrian Akmajian (eds.) Formal Syntax. New York: Academic Press. 71-132 CRYSTAL, David ( 2003 ). The Cambridge Encyclopedia of The English Language. Cambridge: Cambridge UP, Second Edition. HAEGEMAN, Liliane ( 1991 ). Introduction to Government & Binding theory. Oxford UK & Cambridge USA, Blackwell Publishing. FRANÇA, Aniela I (2002). Concatenações lingüísticas: estudo de diferentes módulos cognitivos na aquisição e no córtex. Tese de Doutorado em Lingüística. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro. ______________ (2005). Neurofisiologia da linguagem: aspectos micromodulares, In: MAIA, Marcus & FINGER,Ingrid (org).Processamento da linguagem: série inversigações em psicolingüística – GT de psicolingüística da ANPOLL. EDUCAT: Editora da Universidade Católica de Pelotas: Pelotas. MIOTO, Carlos et alii ( 2004 ). Novo Manual de Sintaxe. Florianópolis: Editora Insular.

Contato rafaelsaintclair@ufrj.br