Mestrado Profissional em Ecologia e Biomonitoramento

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Transcrição da apresentação:

Mestrado Profissional em Ecologia e Biomonitoramento Impacto do plano de aproveitamento energético de uma bacia Amazônica sobre a população de dourada (Brachyplatystoma rousseauxii). Fonte: ProVárzea Equipe 2: Adelina Silva, Ana Celly, Delfin Vilam, Denilson Oliveira, Leib Carteado, Michele Amurim e Simone Campos.

Ecologia de Indivíduos e Populações e Ecologia de Comunidades Problema 2 A dourada é um grande bagre da ordem Siluriformes, família Pimelodidae; Possui como principais características morfológicas: cabeça prateada e achatada, corpo dourado e presença de barbilhões maxilares curtos; Habita os canais dos principais rios da bacia amazônica e ocasionalmente entra na várzea durante a noite para se alimentar, retornando ao nascer do dia às águas fundas e escuras do canal;

Ecologia de Indivíduos e Populações e Ecologia de Comunidades Problema 2 Sua estratégia de vida a coloca no grupo de estratégia em equilíbrio (k-estrategistas) por apresentar altos valores de tamanho e idade média de maturação gonadal, taxa de crescimento baixa, alta sobrevivência de adultos e mortalidade natural baixa; Também podem ser vistos como R-estrategistas, pois sua época de reprodução é cíclica, dura de dois a três meses durante a cheia de cada ano, sua fecundidade é alta e seus ovos pequenos e sem proteção parental, os ambientes utilizados pela espécie variam sazonalmente e seus mecanismos de dispersão e migração são amplos.

1. As cabeceiras – locais de reprodução; Ecologia de Indivíduos e Populações e Ecologia de Comunidades Problema 2 Ciclo de vida   A dourada é um peixe migrador que parece se desenvolver em três regiões diferentes: 1. As cabeceiras – locais de reprodução; 2. O estuário – área de criação e 3. O médio Amazonas para alimentação e crescimento.

Ecologia de Indivíduos e Populações e Ecologia de Comunidades Problema 2 Esse grande bagre percorre de 4.000 a 5.500Km durante a migração, do estuário (na região de Marajó) até as áreas de desova (Peru), a fim de completar o seu ciclo de vida.

Ecologia de Indivíduos e Populações e Ecologia de Comunidades Problema 2 Após a desova, nas cabeceiras dos rios, os ovos e larvas são carreados passivamente pelas correntes do rio, de volta às regiões de criadouro, próximas a foz do Amazonas, onde o ciclo recomeça. Nessa fase pré-adulta os indivíduos vivem no estuário – área de alimentação e crescimento.

Ecologia de Indivíduos e Populações e Ecologia de Comunidades Problema 2 No estuário, as águas ricas em nutrientes do Amazonas encontram as águas oceânicas transparentes, que permitem a penetração de luz necessária para a intensa produção de fitoplancton, o que torna esta área um ecótono de alta produção primária e grande densidade de invertebrados e outros organismos, que servem de alimentação a esses peixes.

Ecologia de Indivíduos e Populações e Ecologia de Comunidades Problema 2 Depois da fase pré-adulta, ainda jovens, os indivíduos se dispersam por um a dois anos nos canais dos grandes rios da Amazônia Central para se alimentar e crescer.

Ecologia de Indivíduos e Populações e Ecologia de Comunidades Problema 2 Quando o nível do rio começa a subir, a dourada que viveu na Amazônia Central durante pelo menos um ano, forma cardumes e se move rio acima procurando as cabeceiras, onde desova. Essa migração dura de 5 a 6 meses.

Ecologia de Indivíduos e Populações e Ecologia de Comunidades Problema 2 Durante a migração para a desova, o grupo de douradas que saiu do estuário vai diminuindo gradativamente (Batista, 2005): Até Santarém - indivíduos entram nos rios Xingu e Tapajós; Até Manaus - indivíduos entram no rio Madeira; Até os Andes - indivíduos entram no rio Japurá-Caquetá, Içá-Putumayo, Purus e Juruá. Até Tabatinga (Alto Solimões ) – pouquíssimos indivíduos chegam.

Ecologia de Indivíduos e Populações e Ecologia de Comunidades Boa parcela do grupo de douradas retorna para o rio onde nasceu (Batista, 2006) Contudo, segundo Ferreira (2005): Estudos genéticos com indivíduos coletados no rio Branco e rio Anauá indicam que não há diferenciação genética significativa e existe grande fluxo gênico entre as localidades. Fonte:http://3.bp.blogspot.com/_CbnhvNrsvVg/S78yG19iprI/AAAAAAAAAIM/IWCBlw46AXs/s400/Mapa_Brasil_na_AS-Politico.gif Não há diferenciação genética significativa entre indivíduos estudados na bacia do Rio Branco, em Belém, Tabatinga e no rio Madeira, indicando que a dourada possa compor uma única população panmítica* distribuída nos grandes tributários e no eixo Amazonas/Solimões, incluindo a Bacia do Rio Branco. * População cujos cruzamentos são ao acaso, sem restrição, desde que entre indivíduos da mesma espécie.

Ecologia de Indivíduos e Populações e Ecologia de Comunidades Problema 2 Distribuição dos indivíduos e variabilidade genética da população de dourada ao longo da calha dos rios Solimões-Amazonas e seus afluentes Madeira, Purus, Juruá, Içá e Japurá: Batista et al, 2005 O padrão sugere uma migração preferencial parcial pelos tributários (cores diferentes indicam a variabilidade genética para a população de dourada).

Número de indivíduos diferentes entre si: Ecologia de Indivíduos e Populações e Ecologia de Comunidades Problema 2 Número de indivíduos diferentes entre si: Batista et al, 2005

Ecologia de Indivíduos e Populações e Ecologia de Comunidades Escadas em barragens são armadilhas ecológicas para espécies tropicais: Dificultam o fluxo do peixe rio acima durante a migração; Depois de subir, os peixes adultos e as larva não voltam mais, não completam o ciclo reprodutivo; Somatório dos efeitos da dificuldade dos indivíduos em galgar a barragem por escadas e ultrapassá-la na volta, pela barreira que o lago representa. Problema de seletividade, que é inerente às escadas, porque impossibilita a subida de parte das espécies. Sobem as escadas e permanecem no lago, águas paradas, claras, bloqueiam as larvas tornando-as presas fáceis aos predadores. Fonte: http://conexaoto.com.br/2008/02/13/escadas-para-peixes-sao-armadilha-ecologica-para-especies-tropicais

Ecologia de Indivíduos e Populações e Ecologia de Comunidades Fonte: ProVárzea Hemisfério Note - salmão faz apenas uma jornada, sobe o rio e desova. Nasce e cresce nos tributários e só desce o rio com 12 cm - DIFERENTE DA DOURADA. Para a conservação, as escadas são ineficazes; Trazem prejuízos às populações; Aumentam o risco de extinção de peixes; A origem do problema é a ausência de estudos adaptativos. A técnica de escadas do hemisfério Norte foi transposta para a América do Sul sem se considerar o contexto.

Ecologia de Indivíduos e Populações e Ecologia de Comunidades Problema 2 Portaria nº 48, de 5/11/2007 Estabelece normas de pesca para o período de proteção à reprodução natural dos peixes, na bacia hidrográfica do rio Amazonas, nos rios da Ilha do Marajó, e na bacia hidrográfica de outros rios da região. Em cinco Estados da Bacia Amazônica (AC, AM, RO, AP e PA) o defeso é no período de 15 de novembro a 15 de março, exceto nos Estados de RR e MT (01/03 a 30/06 e 05/11 a 29/02, respectivamente). Nada sobe proibições relacionada à proteção da dourada está incluído dentre as medidas previstas para o defeso nos Estados Mato Grosso, Amapá, Roraima e região da Ilha do Marajó.

Ecologia de Indivíduos e Populações e Ecologia de Comunidades Problema 2 As proibições e permissões específicas da Portaria 48/2007 estão divididas e organizadas por Estado da Bacia Amazônica;   Proíbe a pesca num raio de 1.500m, nas confluências dos sistemas de alguns rios e corpos d’água localizados nas bacias do rio Purus, Solimões, Juruá, Madeira, Negro, Japurá e Amazonas; Várias espécies são citadas como protegidas (proibida a captura, transporte, comercialização, armazenamento e beneficiamento) no período nos rios dos vários Estados da bacia. A dourada está citada dentre as espécies protegidas no Estado do Acre e Rondônia, apenas; Proíbe a pesca da dourada nas bacias dos rios Guaporé e Mamoré; Proíbe a pesca da dourada com tamanho inferior a 65 cm, medido sem cabeça, na bacia do rio Madeira.

Ecologia de Indivíduos e Populações e Ecologia de Comunidades Problema 2 Análise:

Problemas no delineamento amostral: Ecologia de Indivíduos e Populações e Ecologia de Comunidades Problema 2 Problemas no delineamento amostral: (Magnusson & Mourão, 2003; Alcântara Filho, s/data) Delimitação do universo de interesse – desconsiderada a biologia da espécie, sua área de vida e as diversas variáveis que afetam a distribuição e abundância ao longo dos rios da bacia; Escala espacial - a investigação buscava responder uma pergunta sobre a distribuição e abundância da dourada na bacia amazônica, no entanto, alocou unidades amostrais em pontos nos quais estava prevista a construção de barragens; Independência das amostras - há pseudo-repetições espaciais em afluentes onde está prevista a construção de mais de uma barragem – unidades amostrais dependentes entre si);

Problemas no delineamento amostral: Ecologia de Indivíduos e Populações e Ecologia de Comunidades Problema 2 Problemas no delineamento amostral: Método de captura - a população da dourada se distribui e se desloca na bacia com indivíduos agrupados por faixa etária; Escala temporal: as douradas ocupam os afluentes nos períodos de migração, para reprodução nas cabeceiras. Para investigar se o afluente é utilizado, a coleta poderia ser nas cabeceiras e ao longo dos meses de reprodução; a migração ocorre de acordo com os ciclos de cheia e seca sazonais e dura de 5 a 6 meses, enquanto as coletas ocorreram durante apenas 5 dias na seca e 5 na cheia, ou seja, metade do esforço de coleta se deu em época inapropriada, quando não haveria migração.

Problemas na análise dos dados: Ecologia de Indivíduos e Populações e Ecologia de Comunidades Problema 2 Problemas na análise dos dados: O mapa da Figura 1 aponta apenas 24 unidades amostrais ao invés de 25; Não foram apresentados dados brutos obtidos nas coletas, somente histogramas e box plot. .