Rosa Macedo e Equipe Outubro 2007

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
9º CONGRESSO DA FEDERAÇÃO GAÚCHA DE MULHERES
Advertisements

GÊNERO E VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
A escola e a prevenção ao uso de drogas
Na espécie humana temos o ser masculino e o ser feminino
O IDOSO NO CONTEXTO FAMILIAR
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO QVT
Em defesa da Família Tentacular
A regulamentação de visitas e a dificuldade de separação dos casais.
A situação da Igualdade de Género em Portugal
Resultados da Pesquisa "Identificação de Valores de Jovens Brasileiros – Uma Nova Proposta", realizada pela Profª. Dra. Rosa Maria Macedo, da PUC de São.
Acreditar na Família é Acreditar no Futuro!.
Violência: complexidade e subjetividade
CURSO: CONVIVÊNCIA ESCOLAR
Problematizando os relatos pessoais:
Centro de Apoio Operacional Cível e de Tutela Coletiva PLANO NACIONAL DE PROMOÇÃO, PROTEÇÃO E DEFESA DO DIREITO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES À CONVIVÊNCIA.
Acolhendo e construído vínculos
Teorias Pós-críticas do Currículo
O desafio da incerteza F A L M A I Í Daniela Mello Lydia Valentini.
Profª. Ms. Assistente Social Mª Natalia Ornelas Pontes Bueno Guerra.
Velhice e Família
Quem é o jovem brasileiro?
IMIGRAÇÃO PARA O BRASIL NO SÉCULO XIX
CENTRO ESPÍRITA IRMÃ MARIA DA LUZ E JOÃO BATISTA
ÉTICA E CONSTRUÇÃO DA REALIDADE
Instituição Familiar Sociologia.
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
Declaração Universal dos Direitos da Criança
Estrutura Familiar e Dinâmica Social
A produção do fracasso escolar
O CONTEXTO DAS FAMILIAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL
PLANO NACIONAL DE PROMOÇÃO, PROTEÇÃO E DEFESA DO DIREITO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA PLANO NACIONAL DE PROMOÇÃO, PROTEÇÃO.
Narrativas de histórias de vida
EDUCAÇÃO E CULTURA Aula de 09/05/2012.
Luzes e Sombras da Família hoje:
Estrutura familiar e dinâmica social
A palavra conviver originou-se
“Sentir-se bem em família: os diversos tipos de família”
GÊNERO.
Centro de Cidadania da Mulher
Estrutura Familiar e Dinâmica Social
A volta do filho mais velho
Na Roma Antiga era assim:
NÃO ME CONCEBO EDUCADORA SE NÃO FOR INVESTIGADORA. A SALA DE AULA É UM ESPAÇO RIQUÍSSIMO DE POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM. O APROVEITAMENTO DO QUE SUCEDE.
Emile Durkheim e o fato social
TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO
Um diálogo sobre a Educação para valores na família.
Direito de convivência familiar sob a ótica da superação da institucionalização, através de meios que favoreçam a reintegração da criança e do adolescente.
Questões envolvendo autoconceito, auto-estima e gênero
Metodologia Ensino e Estágio de Língua Portuguesa III
Entrevista.
ADELAIDE REZENDE DE SOUZA
Genetogramas e o Ciclo de vida familiar
Genograma Fábio Silva de Azevedo João de Brito Raposo Neto
OFICINA: CONSTRUINDO MAPAS DAS REDES CULTURAIS – UM INSTRUMENTO PARA TRABALHARMOS NOSSAS DIFERENÇAS CLAUDIA MARRA JACOBSON, NUFAC/PUC-SP –
Psicologia Escolar Professora: Bárbara Carvalho Ferreira.
Proposta de trabalho nº2 Educação Sexual Nas Escolas
Estrutura familiar e dinâmica social
Psic. Rosângela G. Loureiro
Proposta A família contemporânea surge a partir de uma série de transformações históricas e sociais. Na família pré-moderna, a própria família era o centro,
As Mudanças no Ciclo de Vida Familiar
Dra. Ana Karkow Cesuca – Faculdade INEDI Curso de Psicologia
Renda, Cultura e influencia dos grupos no comportamento do consumidor
Família O termo “família” é derivado do latim “famulus”, que significa “escravo doméstico”. Este termo foi criado em Roma Antiga para designar um novo.
Individual: não ter tido contato com pai biológico ou com outra referência paterna importante; experiências de violência física e/ou psicológica com o.
7. Qual a Maior Necessidade das Famílias?. Qual a Maior Necessidade das Famílias? Texto Bíblico “Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor,
A FAMÍLIA CRISTÃ Aula 01 – De Volta Ao Padrão. A FAMÍLIA DE ONTEM Casamento para a vida toda → sagrado Muitos filhos Divisão rígida de tarefas – Marido.
Unidade II: Contexto sócio-cultural e jurídico
Mulher e mãe, “novos papéis”, velhas exigências: experiência de psicoterapia breve grupal Grupo: Camila Schultz de Amorim, Nathacha Ferreira da da Silva.
GENOGRAMA.
Aulas 3 e 6 Instituições Sociais
Transcrição da apresentação:

Rosa Macedo e Equipe Outubro 2007 FAMÍLIA Rosa Macedo e Equipe Outubro 2007

O que é família? Exercício de reflexão: 1. Escreva o que é família. 2. Desenhe uma família

O que é família? 3. Desenhe a sua família 4. Reflita: como são as famílias com que iremos trabalhar? 5. Discuta com os seus colegas sobre as diferenças entre os conceitos de família que apresentaram nas descrições anteriores (exercício 1 e 2), as famílias que conhecem, e com as quais trabalham (exercício 3 e 4).

Definições de família segundo Aurélio Pessoas aparentadas, que vivem em geral na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos; Pessoas do mesmo sangue; Ascendência, linhagem, estirpe.

A Família do ponto de vista sistêmico: Seres humanos em relação, influenciando uns aos outros e ao meio de forma contínua, recursiva, complexa e imprevisível. Que família? De que ponto de vista? A família de cada um (Macedo)

NOVAS CONFIGURAÇÕES FAMILIARES ?

NOVAS CONFIGURAÇÕES FAMILIARES ? CERVENY, (1999) “A Família ainda é como era... E a família não é mais a mesma.” FIGUEIRA (1986) O moderno e o antigo convivendo na família brasileira, de modos sutis e complexos, mas pouco estudados. Cerveny - Mudanças tecnológicas, aumento da longevidade, mudanças no comportamento sexual, recasamentos e uniões entre pessoas do mesmo sexo e seus impactos nas relações familiares.

NOVAS CONFIGURAÇÕES FAMILIARES ? Pesquisa de 97 com famílias de classe média de São Paulo mostrou o casamento como uma forte instituição, marido visto como provedor e mulher como amparo emocional. Por outro lado, aumento da escolaridade e profissionalização da mulher, maior divisão das tarefas, menor ênfase em valores como virgindade antes do casamento. No Brasil a socialização continua sob responsabilidade da família, como estudou Smith na década de 50. Há muitas famílias monoparentais. Em parte delas houve a presença de mais de um homem/pai das crianças. Muitas são patriarcais e matrifocais (muito valor dado ao homem e mulher dirigindo o lar e com o controle das tarefas) - Macedo

A família no Brasil Diversidade de modelos, amplitude do território, diferentes colonizações, miscigenação, as imigrações, diferenças socioeconômicas. Modelo patriarcal é o modelo representativo da família brasileira. É o modelo usado tradicionalmente como parâmetro. Mas outras possibilidades existiram. Muitas famílias migrantes, de manor renda, vivem com agrefados e os filhos são cuidados por todos.

A família no Brasil Instituições formadoras da sociedade: América espanhola: Igreja Estados Unidos: Escola Brasil: Família

A família no Brasil “Uma reflexão mais crítica sobre a família permite descobrir que, entre nós, ela não é apenas uma instituição social capaz de ser individualizada, mas constitui também e principalmente um valor. Há uma escolha por parte da sociedade brasileira, que valoriza e institucionaliza a família como uma instituição fundamental à própria vida social.

A família no Brasil Assim, a família é um grupo social, bem como uma rede de relações. Funda-se na genealogia e nos elos jurídicos, mas também se faz na convivência social intensa e longa. É um dado de fato da existência social e também constitui um valor, um ponto do sistema para o qual tudo deve tender. (Da Mata, 1987, p.125)

A família no Brasil Datafolha, 2007 3,8 média de pessoas em casa 2,7 média de filhos 91% casados (renda até 10 salários) 35% ganham até 2 salários 24% ganham entre 2 e 3 salários 17% dos solteiros já viveram com alguém O que mais gera briga em casa? 14%problemas financeiros 6% ciúmes 4% bebida 4% desorganização 4% divergência de opiniões Assuntos mais discutidos entre parentes: Dinheiro Doença Violência Datafolha, 2007

A família no Brasil 29, 2% lares chefiados por mulheres Falta vagas em creche; há discriminação no mercado de trabalho p/ 49% entrevistados – mulher só deve trabalhar fora quando O salário dela é realmente necessário p/ 85% é errado fumar maconha (para Velho, na prática é diferente) p/ 87% é errado abortar p/89% é muito grave o filho fazer parte de uma gangue violenta; filha (90%) p/80% é muito grave o filho ser corrupto (83% a filha) Um dos maiores temores nos bairros pobres é que os filhos façam parte das “galeras” – cobrança de pedágio e disputas por pontos de tráfico. As pessoas com renda superior a 20 salários – aceitam mais a homossexualidade; as mentiras no IR, o comportamento de beber excessivamente e o uso da maconha. Datafolha, 2007

A família no Brasil Temas muito importantes : família (69% em 2007 e 61% em 1998);Estudo (65% em 2007 e 61% em 1988, Trabalho 58% em 2007 e 38% em 1998), Religião (45% em 2007 e 38% em 1988), Lazer (32% em 2007 e 38% em 1988, poré mais importante para os de maior renda), Dinheiro (30% em 2007 e 36% em 1988), Casamento (31%) Maior tolerância a orientação homossexual Maior tolerância a namoros com pessoas de outra cor da pele 1 a cada 3 jovens é filho de pais separados A infidelidade é condenada pela maioria Fonte: Folha de São Paulo/Datafolha, 2007

O brasileiro segundo ele mesmo Já foi meio malandro, folgado, cordial, afeito ao jeitinho. Carmem Miranda e Zé Carioca

O brasileiro segundo ele mesmo É um povo trabalhador, esforçado, sério, honesto, confiável, orgulhoso e otimista acerca do futuro do país. (Veja, 1996) Alegria e espontaneidade são consideradas marcas genéticas, mas não a anarquia. Tem posição ambígua em relação ao sexo e questões raciais.

Em relação aos outros povos, o brasileiro se julga: Mais alegre Mais hospitaleiro Mais carinhoso Mais religioso Igual ou mais inteligente Mais esforçado

Característica mais marcante do brasileiro Trabalhador e lutador Divertido Acomodado Solidário e hospitaleiro Sofredor Malandro Honesto Desonesto

Razões para orgulho do Brasil Natureza e clima Os esportes Honestidade do povo Nenhum motivo de orgulho A amizade e a solidariedade Ausência de guerras e catástrofes A liberdade

Razões para vergonha Fome, miséria e pobreza Os políticos A corrupção A violência urbana Desemprego e salário baixo Nenhum motivo de vergonha

Desigualdade e preconceito Exercício de reflexão: Quais as narrativas, que na sua opinião, contribuem para a manutenção dos padrões desiguais presentes na nossa sociedade? De que forma a ideologia dominante ajuda a manter tais padrões? Como o profissional que trabalha com e para a família pode contribuir para a mudança deste cenário social tão desigual?

O USO DO GENOGRAMA NAS PRÁTICAS SISTÊMICAS Conhecendo a família e ampliando contextos

ABORDAGENS MULTIGERACIONAIS Bowen - busca de diferenciação do self, que depende do grau de diferenciação dos pais/da pressão do sistema relacional Individualidade x fusão Borzomenyi-Nagy – conflitos de lealdade, expectativas, culpa (entre gerações e entre irmãos e cônjuges) Mc Goldrick – ciclo vital, aspectos estressores Cerveny – repetições, segredos, vínculos, alianças, mitos, legados, padrões das famílias de origem – leitura e releitura da história

Categoria de Famílias FAMÍLIA DE ORIGEM- FO FAMÍLIA EXTENSA –FE FAMÍLIA ATUAL – FA FAMÍLIA SUBSTITUTA – FS FAMÍLIA CONSULTANTE – FC Outras famílias…………

GENOGRAMA Mapa/instrumento gráfico que facilita o conhecimento da história da família ao longo das gerações (geralmente 3), facilitando a visualização e a expressão de segredos, repetições, lealdades, rupturas nos relacionamentos, formas de se relacionar, seqüência de eventos, narrativas construídas.

CONSTRUÇÃO DO GENOGRAMA Geralmente iniciamos pelos acontecimentos mais recentes (família nuclear) e “subimos” para as demais seguindo a cronologia Perguntamos sobre os nomes, apelidos, profissões, características pessoais, datas (nasc. casamento, morte), doenças, separações, acontecimentos marcantes, qualidade das relações, distância geográfica, migrações, contexto socioeconômicocultural.

Símbolos Homem Mulher casados 2 filhas gêmeos Gêmeos idênticos Aborto espontâneo Aborto provocado adotado gravidez

Falecidos Conflito “Distância” Separação Fusão Rompimento Fusão e conflito Divórcio

GENOGRAMAS TEMÁTICOS Dificuldades Conjugais Questões de gênero/poder/violência Doenças Abuso de substâncias Luto Resiliência Questões Etnico/Culturais/Religiosas

Exercício Faça o genograma da sua família atual (FA). Ao olhar para a representação da sua família atual, percebe algo contextual relacionado a alguma dificuldade vivida? Há algo que dificulta ou facilita a sua atuação no campo e a compreensão das famílias atendidas?

Aula sobre família - SMADS/out.2007 A presente aula aborda conceitos de família, gerando uma reflexão sobre a existência de diversas configurações familiares no Brasil e sobre a necessidade de se trabalhar com a “família de cada um” de forma sistêmica; gera também reflexão sobre as diferenças culturais e sobre a desigualdade para que os profissionais possam contribuir para a construção de novas narrativas e consequentemente, de relações com maior equidade. A aula introduz o conhecimento sobre o genograma, e sobre as possibilidades de uso deste para conhecimento das famílias dos profissionais e daqueles que por eles serão atendidos. Objetivos: Sensibilizar os profissionais para a necessidade de ampliar o olhar sobre as famílias, e de assumir postura mais sistêmica, buscando o entendimento de aspectos contextuais, processuais e relacionais dos dilemas humanos; incrementar a sua atuação em campo a partir da aquisição do conhecimento sobre o uso do genograma. Método: Exercícios reflexivos: Descrição do conceito de família, desenho de uma família, desenho da sua família (em papel sulfite, separados, para fixar na parede e entregar ao programa); reflexão e discussão sobre as famílias com as quais trabalham – slides 1 e 2 Aula expositiva com participação do grupo exercício reflexivo sobre manutenção da desigualdade (narrativas e relações de poder) – slide 19 Exercício de construção do genograma da família atual do profissional com reflexões sobre aspectos contextuais das dificuldades familiares e sobre as possíveis interfaces no trabalho em campo- slide 28 Material – datashow, powerpoint, 3 sulfites para cada, lápis de cor, flipchart

Bibliografia Cerveny, 1999. A Família como Modelo. Ed. Psy. Macedo, Rosa Maria, Família. Lugar seguro para crescer? Caderno da Fundação Carlos Chagas - artigo Cerveny, C. (org) Família e... Casa do Psicólogo, 2004. Cerveny, C. (org) Família e... Casa do Psicólogo, 2006. Moré e Macedo. A Psicologia na Comunidade Casa do Psicólogo, 2006.. Revista da Folha de 7 de outubro de 2007. Jornal Folha de São Paulo.