RIO GRANDE DO SUL: CALDEIRÃO MULTICULTURAL Tania de Azevedo Weimer Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul 17/9/2009__________________________________________________________ Publicado no site em 23/09/2009
Rio Grande do Sul Pré-colonização: Guarani, Kaingang e Pampeano (Charruas, Minuanos, Guenoas, Iarós, Amboanes e Chanás) Pós-colonização: Europeus (portugueses,espanhóis, alemães, italianos e outros) Africanos (de diferentes regiões da África) Registros históricos migrações africanas: deficientes Rui Barbosa: (Dezembro de 1890) Queima de registros de posse e movimentação patrimonial de escravos Apagar "a mancha" da escravidão do passado nacional Preservar os cofres públicos, evitar indenização dos antigos senhores de escravos
Constituição genética dos Gaúchos tem correlação com a aparência física? Qual o grau de interação dos grupos povoadores na constituição atual das populações do Rio Grande do Sul? Como se caracterizam os habitantes atuais do Rio Grande do Sul?
Como fazer essas inferências históricas com dados biológicos? Como a Genética auxilia no resgate histórico ?
MARCADORES MOLECULARES organismo células cromossomos genes DNA núcleo contendo cromossomos
DNA - diferentes formas de uma característica diferenças na seqüência do DNA: Mutações AGCGTAGCGT produto B ALELOS ACCGTACCGT produto A Marcadores moleculares DNA
Autossomos Cromossomos sexuais
Grande maioria da constituição genética: Transmitida em proporções iguais por ambos progenitores Origem Biparental
X Homem Mulher Prole 1a1b 1a 1b d 1c1d 1c A O O O O B B O A A O B
Pequena fração patrilinear: Transmitida exclusivamente dos homens para sua prole masculina (através do espermatozóide portador do cromossomo Y)
Fecundação Pequena fração matrilinear: Transmitida exclusivamente pelas mulheres para sua prole de ambos os sexos (através do DNA mitocondrial que é transmitido exclusivamente pelo óvulo) X Y Mulher Homem
PatrilinearMatrilinear
Ambos progenitores: marcadores biparentais Masculino: cromossomo Y Feminina: mtDNA Inferência histórica populações atuais:
Homo sapiens sapiens: origem na África, cerca de 130 mil anos atrás. Evidências: 1.maior variabilidade genética no Sul do Saara 2.analises filogenéticas entre populações de diferentes continentes: africanos separam-se antes de todas as demais 3.datações feitas com dados moleculares: origem de um ancestral comum ao redor de 150 mil anos atrás* *Etiópia: 3 crânios datados de mil anos Homo sapiens idaltu (White e cols. 2003; Haile-Salassie e cols. 2004).
Modificado de Underhill & Kivisild, 2007
Mutações distintas foram selecionadas em diferentes ambientes
Variações morfológicas: Cor da pele, a altura, a textura do cabelo, características faciais: adaptação evolutiva das populações geograficamente diversificadas a hábitats distintos Cor da pele: Quantidade e tipo do pigmento: 4-6 genes Total do genoma: cerca de 35 mil genes Peles mais escuras: seleção X efeitos danosos da radiação solar Peles mais claras: seleção > absorção da radiação solar
Maioria das mutações não se refletem em características visíveis Acúmulo de variantes genéticas nas diferentes populações: marcadores para identificar a origem dos distintos grupos
Variantes genéticas : como se distribuem? Estimativas mostram que: 85,4% da variação ocorre entre indivíduos de uma população 8,3% entre populações de uma mesma raça 6,3% entre as chamadas raças (Lewontin, 1972)
As diferenças entre raças Relacionam-se a adaptação ao continente de origem Raça Não é uma entidade biológica É conceito social, político ou cultural
Mesmo pequenas essas diferenças permitem estimar o grau de interação entre populações parentais que colonizaram uma determinada região
Migrações humanas e interações entre grupos distintos Eventos antigos: Registro fóssil Eventos recentes: Não Estudos genéticos: Ferramenta valiosa para o resgate da história evolutiva recente das populações humanas
Porto Alegre 1 os estudos Caracteres biparentais 710 indivíduos Brancos 1070 Negros ou Pardos Brancos: 8% o grau de mistura negra Negros e Pardos : 58% de miscigenação branca Ameríndios? Não significa que ela estivesse ausente Weimer (1979) Franco e colaboradores (1982)
Estudos recentes Identificar contribuição indígena Avaliar diferença nas contribuições materna e paterna Possível origem das populações parentais
Guerreiro Jr., homens e 87 mulheres Patrilineares: no cromossomo Y Matrilineares: mtDNA Cromossomo Y: 99% de origem Europeia 1% Africana mtDNA: 69% de origem Europeia 10% Africana 21% Ameríndia [Guarani, Kaingang e Charrua (?)] Brancos
Hünemeier e cols, homens Cromossomo Y mtDNA Negros e Mestiços mtDNA: 79% origem Africana 15% Ameríndia 6% Europeia Cromossomos Y: 36% origem Africana 5% Ameríndia 59% Europeia Origem africana: 82% sudeste e centro-oeste da África, particularmente em Angola e Moçambique
Porto Alegre Brancos MarcadorComponente (%) EuropeuAfricanoAmeríndio Biparental928?? Masculino9910 Feminino Negros MarcadorComponente (%) EuropeuAfricanoAmeríndio Biparental5842?? Masculino59365 Feminino67915 RESUMORESUMO Independentemente de classificação étnica: indivíduos de Porto Alegre, têm, em seu genoma, componentes de origem Europeia, Africana e Ameríndia
No interior do Rio Grande do Sul Dornelles e cols (1999) 2708 indivíduos Brancos Diferentes regiões do Rio Grande do Sul Marcadores biparentais 82% de ancestralidade Europeia 7% Africana 11% Indígena
MesorregiãoContribuição (%) EuropeiaAfricanaAmeríndia Noroeste85711 Nordeste87310 Centro-ocidental9870 Centro-oriental8776 Metrop. POA Sudoeste80713 Sudeste81127 NO: Cruz Alta, Erechim, Passo Fundo, S. Rosa NE: Caxias do Sul, Guaporé, Vacaria COC: Restinga Seca, Santa Maria, Santiago COR: Cach do Sul, Lajeado, Estrela, S Cruz MPOA: Gramado, Canela, Montenegro, Osório, POA SO: Rosário Sul, S. Livramento, S.Gabriel, Bagé, Alegrete SE: Jaguarão, Pelotas, R.Grande, Chuí, Caçapava
Estudos recentes Identificar contribuição indígena Avaliar diferença nas contribuições materna e paterna Possível origem das populações parentais
Marrero e cols, 2005 Características uniparentais 119 indivíduos Diferentes cidades Cromossomo Y: foi 100% de origem Europeia Exceção: Veranópolis: 97% de ancestralidade Europeia 3% Ameríndia 0% Africana mtDNA: 48% de origem Europeia 36% Ameríndia 16% Africana Brancos
150 homens dos Pampas (Alegrete e Bagé) Marcadores uniparentais Cromossomo Y: 92% origem Europeia 3% Africana 5% Ameríndia mt DNA: 52% de ancestral Indígena* 37% Europeia 11% Africana * Valor próximo ao da Amazônia; Média do País: 33% Marrero e cols., 2007
Cromossomo Y: Europeus: + espanhóis que portugueses Africanos: Angola, Camarões, Guiné Bissau e África do Sul mtDNA: Indígenas: Guarani indicação da contribuição de Charruas Origem? Comparação com populações parentais
RESUMORESUMO Interior RGS MarcadorComponente (%) EuropeuAfricanoAmeríndio Biparental82711 Masculino 100 <1 Feminino Pampas Masculino9245 Feminino Independentemente da região : A população do RGS, têm, em seu genoma, componentes de origem Europeia, Africana e Ameríndia
Independente de Característica genética Grupo racial Região do RGS Extensiva mistura interétnica entre as populações parentais Casamentos Assimétricos: Homens brancos X Mulheres indígenas ou negras Constituição genética da população do RGS: dissociada de sua aparência física CONCLUSÕES: