A POPULARIZAÇÃO DO SABER

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Auguste Comte (1798 – 1857) Visava resolver os problemas da sociedade de sua época. Como organizar a nova sociedade que estava em ebulição depois da.
Advertisements

Dois modos de ler a Bíblia.
Letramento: um tema em três gêneros
OS CONHECIMENTOS PRÉVIOS PARA A ELABORAÇÃO DO PLANO DE DISCIPLINA
A República faz 100 anos.
Escola Superior de Educação
Escola e Família: quais são suas competências?
Texto do Site: Música: Aurio Corrá - Azul
CONTEÚDOS ESCOLARES E DESENVOLVIMENTO HUMANO : QUAL A UNIDADE ?
Flor Na escola, segundo o professor Manuel, as crianças que se destacam e obtêm boas notas têm um nível de frequência superior a 85%. O problema está nas.
FORUM PERMANENTE DE ARTE & CULTURA
Para onde vai a educação? Tradução de Ivette Braga,
Essa é minha escola.
Apresentação dos Conteúdos Programáticos
Sumário: A educação antes da sociologia: pensar a educação antes de Durkheim. Estado-nação e sistema nacional de ensino. A educação como bem semi-público.
Educação, um direto de todos... Professor Ulisses Mauro Lima
Palavras para um filho(a)...
Direitos e Deveres da Pessoa
Por que lemos a Bíblia, hoje?
Criação: Marlos Urquiza Cavalcanti
Reunião de Pais e Professoras E. M. ERWIN PRADE 2008
Currículo para Escola de Evangelização Espírita Infanto - Juvenil
Profª. Ermelinda Nóbrega de Magalhães Melo
O I L U M N S Professor: Odair.
Psicologia da Educação
Vivei o Presente Abdruschin (Escrito em 1931).
EDUCAÇÃO E CULTURA Aula de 09/05/2012.
FUNDAMENTOS POLÍTICOS-ECONÔMICOS DA EDUCAÇÃO
Abordagens Pedagógicas Libertária e Libertadora
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
Eduacação para a Vida Com o objetivo de ajudar os pais em sua caminhada na educação dos filhos.
EDUCAÇÃO SENSUALISTA 10 E 11 de abril de 2013.
O princípio da interação: “Fé-Vida”
PRESSUPOSTOS EPISTEMOLOGICOS DA EDUCAÇÃO
- Educar - “Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu. O educador diz: “Veja!” - e, ao falar, aponta. O aluno olha na direção apontada e vê o que.
Cidadania Cidadania é o conjunto de direitos e deveres ao qual um indivíduo está sujeito em relação à sociedade em que vive.
Relatório de Proposta de Projeto
Hábitos do bom evangelizador infanto-juvenil
MARCELE MARTINS PROVINCIATTI TEREZINHA H. SCHIGAKI TESSARIM
Metodologia Ensino e Estágio de Língua Portuguesa III
FACULDADE INTERNACIONAL DE CURITIBA – FACINTER
Cap. 6 – Trabalhadores, uni-vos!
O profissional da gestão escolar e suas implicações
METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA
Figura 1 – Alunos realizando atividades sobre literatura infantil
Clique Enter para passar os Slides / Ligue o Som.
ROSANA MARIA FRANCO GRIMALDI
ADELAIDE REZENDE DE SOUZA
VALQUÍRIA MARIA JORGE SANCHES
Os anos das grandes oportunidades
“Apegue-se à instrução, não a abandone; guarde-a bem, pois dela depende a sua vida...
PROGRAMA GESTÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR
Filosofia da Grécia Aline Fernandes; Bruna Santos; Cássia Fernanda;
PROJETO O teatro na escola tem uma importância fundamental na educação, ele permite ao aluno uma enorme sucessão de ideias e de aprendizados onde podemos.
Planejamento: plano de ensino, aprendizagem e projeto educativo
Cidadania.
PRODUÇÃO DE TEXTO PONTO DE PARTIDA ...
Anna Caroline Soares Glenda Aune Conrad 2PPN
Proposta de trabalho nº2 Educação Sexual Nas Escolas
Texto : Sobre a Natureza e Especificidade da Educação
Rondineli Alves Eden Lopes 2PPN Giovanni Iannoni.
Prof. Ricardo Lima Filosofia
Atividade complementar 04
Sócrates “Só sei que nada sei”.
Princípios de Vida 2. “Mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Pelo contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de.
DIDÁTICA A inter-relação da Educação com a Licenciatura, a Pedagogia e a Didática Objetivos: Estabelecer relações entre Educação, Licenciatura e Pedagogia.
Estância Turística de Santa Fé do Sul
Crítica à concepção de currículo cristalizado
ÉTICA A NICÔMACO: visão geral
EMRC, uma disciplina... A EMRC E A CIDADANIA EMRC E A CIDADANIA.
Transcrição da apresentação:

A POPULARIZAÇÃO DO SABER JOÃO DE BARROS JOAQUINA FELÍCIO

«Sou, e nunca desejei ser senão um escritor, e, nas horas de menos modéstia, um poeta que teve ou pretende ter alguma coisa para dizer em seu entusiasmo ou fervor lírico» João de Barros (1950)

Nasceu em Figueira da Foz, no seio de uma família burguesa, em1881; Concluiu o curso de Direito em 1904; Classificou-se em primeiro lugar ao concorrer na função pública como professor do Ensino Secundário, em 1905 ; Partiu em digressão a vários países da Europa para visitar estabelecimentos de ensino secundário, em 1907; Faleceu em 1960.

João de Barros foi professor, estadista e pedagogo republicano, tendo-se destacado como uma figura ilustre da cultura e do ensino em Portugal.

Um homem de pensamento e de palavras, mas antes de tudo um homem de acção. Orientado para pedagogia e para a reforma do sistema educativo português, com tal entusiasmo e fulgor que ainda hoje é considerado pelos estudiosos da história da educação um dos maiores representantes dos educadores republicanos.

Concorreu a uma bolsa oficial no estrangeiro, o que lhe vai permitir visitar estabelecimentos de vanguarda em Espanha, França, Inglaterra, e Bélgica. Nesta visita, começa, verdadeiramente, sua carreira de pedagogo. É onde observa, na prática, como se processa a libertação e a aprendizagem.

Esta viagem permite-lhe observar o progresso da didáctica nos novos centros europeus ligados ao Livre Pensamento, e sobre aquilo que pode ser definido como a primeira fase da sua propaganda escrita em prol da reforma educativa, por dentro, através de modificações na metodologia.

É nesta base que João de Barros publica as duas primeiras obras de educador: A Escola e o Futuro ( 1908); A Nacionalização do Ensino ( 1911).

Nesta primeira obra João de Barros recrimina o modo de ensino onde o aluno somente memorizava e não podia sequer questionar o significado do que lhe estava a ser ensinado. O aluno deveria ser capaz de comentar, interpretar e compreender o que lhe estava a ser ensinado.

«Não dar ao Futuro, almas do passado, almas como as nossas, vivendo do que já viveu, tremendo do que já não existe: -mas energias livres, indomadas, virgens – e aptas a tornar mais belas, e mais intensas e mais complexas as ideias, as lutas, as ambições desse Futuro, que há-de ser o seu presente.» ( Barros, 1908, pp. 10-11)

O objectivo fundamental da educação: criar um homem novo, salvar o indivíduo que a criança representa, pois esta seria a força nova e dinâmica de uma sociedade que emergia, a republicana.

Muitos educadores republicanos se empenhavam nesta árdua tarefa de salvar o aluno como indivíduo pronto para enfrentar um futuro republicano que se aproximava e estes somente o podiam fazer na escola e através da escola e isto só poderia ser feito mediante os seus actos directos nas estruturas do ensino.

João de Barros demonstra uma ideologia em que o educador deveria se preocupar em formar um cidadão. Deve ser uma educação laica e utilizar o ensino da educação cívica como meio de formar os alunos em verdadeiros homens, para que estes se tornassem cidadãos livres para pensar e ambicionar, pois seria através desta ambição que os alunos estariam aptos para trabalhar e buscar mudanças para o seu país.

Era uma formação humanista e nacionalista Era uma formação humanista e nacionalista. A construção de uma sociedade democrática implica a formação da “consciência cívica” necessária à participação dos cidadãos na vida social. É necessário que a educação prepare um cidadão mais consciente e sabedor de seu direito em intervir para a consolidação desta nova sociedade.

O homem deveria ser apto a exercer seus direitos e deveres, entre eles o voto, pois o regime republicano estava assente na organização do sufrágio popular. Defendia uma educação laica, onde todos fossem respeitados consoante as suas opções.

«…a moral pedagógica deve ser a moral do trabalho «…a moral pedagógica deve ser a moral do trabalho. Desse modo o professor terá um vasto campo para expandir as suas ideias, sem bulir com as crenças religiosas dos discípulos.» (Barros, 1908, p. 38)

A questão que é colocada seria a da necessidade de todos acederem a um nível mínimo de instrução, como parte da sua integração cívica na sociedade republicana.

Duas maneiras de fazer educação patriótica: Desenvolvimento do espírito cívico, que se daria pela educação e pelo ensino cívico. Amor à sua terra, à sua paisagem, aos seus produtos, às suas tradições nobres, ao seu pensamento e à sua arte - «por assim dizer, ao seu corpo e à sua alma.»(Barros, 1914, p. 24)

O desenvolvimento do espírito cívico seria um processo que deveria ser transmitido em todos os ciclos escolares. O amor à pátria e o valor ao que é Nacional deve ser algo mais profundo e deveria ser transmitido desde cedo e continuamente para que criasse raízes profundas.

O pedagogo enfatiza que deve manter um ambiente nacionalista nos jardins de infância através das leituras escolhidas e que o professor deve também aproveitar cada assunto a todo momento para enfatizar uma lição de vida portuguesa. Até o final da sua vida João de Barros vai acompanhar a obra dos jardins-escola com todo o carinho.

Para João de Barros educar é muito mais que saber ler, escrever e contar, é formar um cidadão, sob o ponto de vista social. Para que isto aconteça é preciso que seja transmitido o conhecimento necessário para que tenha consciência de seus direitos e deveres enquanto cidadão. Um cidadão que ame e trabalhe pelo seu país e que constitua uma força de acção, de pensamento e de dedicação.

E para que o indivíduo ame a sua pátria é necessário compreender o seu meio, sua História, suas tradições e não memorizar sem perceber o contexto dos factos acontecidos.

João de Barros é um republicano radical, anticlerical e liberal, como tantos que, na sua geração, vêem na República o ponto de chegada de uma evolução que permitirá o exercício da plena cidadania.

As ideias de João de Barros demonstram toda uma preocupação com a popularização do ensino, assim como: Descentralizar o ensino; Democratizar e facilitar o ensino com a criação do ensino primário superior, espalhando-o pelo país;

Procurar melhor forma de obrigatoriedade do Ensino Primário Médio. Criar uma fiscalização para que o ensino fosse verdadeiramente pedagógico.

« A nossa Reforma seria portanto – radical, democrática, prática, e nacional. Nacional – porque não só procuraria não copiar discernimento o que lá fora se fizesse, como também um dos seus fins seria aproveitar todas as forças vivas da nação, valorizando-as pelo Ensino Primário Superior, adaptado, sempre que possível fosse, às várias regiões.» (Barros, 1911, pp. 257 - 259)

Sair da Monarquia, a situação em que se encontravam e tornar-se uma República é muito mais do que uma mudança social, é um passo à frente, é uma transformação do Estado em tudo o que existia de antigo em algo novo e a educação deveria seguir de mãos dadas com todas estas mudanças.

Fontes: Barros, J. d. (1908). A Escola e o Futuro. Porto: Livraria de Lopes & C.a . Barros, J. d. (1911). A Nacionalização do Ensino. Porto: Ferreira Ltda. - Editores. Barros, J. d. (1914). A República e a Escola. Paris: AILLAUD, ALVES & C.a. Neste trabalho, optámos pela actualização da ortografia

joaquinafelicio@hotmail.com