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Transcrição da apresentação:

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Teorias sociológicas comparadas e aplicadas Bourdieu, Foucault, Habermas e Luhmann face ao direito Lição síntese apresentada por Pierre Guibentif no âmbito das provas de agregação Lisboa, ISCTE, 20 de Janeiro de 2006

Teorias sociológicas comparadas e aplicadas

Teorias sociológicas comparadas e aplicadas

Teorias sociológicas comparadas e aplicadas

Niklas Luhmann “O nosso ponto de partida é que os sistemas sociais não são constituídos por sistemas psíquicos, menos ainda por seres humanos em carne e osso.” (Soziale Systeme, 1984, p.346) “Apenas atingimos um fundo sólido, se nos lembrarmos que os sistemas sociais são constituídos por comunicações (…) Para poder dizer que se está perante uma operação jurídica, deve portanto haver uma comunicação (…) Mas não basta obviamente qualquer comunicação (…) Apenas pertence ao sistema jurídico uma comunicação orientada por um código, ou uma comunicação que afirma uma atribuição dos valores ‘de acordo com o direito’ [‘Recht’] e ‘contrário ao direito’ [‘Unrecht’]; com efeito, apenas uma tal comunicação procura e afirma uma conexão recorrente no sistema jurídico (…)” (Das Recht der Gesellschaft, 1993, p. 67) “Pois apenas os sistemas podem servir de meio para as Luzes, não um público a discutir livremente (…) / (…) A positivização do direito é desta maneira um componente essencial do processo civilizacional das Luzes, isto é uma conversão de princípio do direito para um grau mais elevado de complexidade, para uma apreensão mais abrangente e uma redução mais eficaz da complexidade.” (“Soziologische Aufklärung” 1967, p. 77 / 81).

Pierre Bourdieu “Se a noção de universalidade (l’universel) avança, é porque existem microcosmos sociais que, apesar da sua ambiguidade intrínseca, ligada ao seu fechamento no privilégio e no egoísmo satisfeito de uma separação estatutária, são o lugar de lutas nas quais o que está em jogo é a noção de universalidade e nas quais os agentes, tendo, em medidas diferentes, segundo as suas posições e trajectórias, um interesse particular na universalidade, na razão, na verdade, na virtude, se empenham com armas que não são outra coisa senão as conquistas mais universais de lutas anteriores. Desta forma, os juristas, que (…) inventaram o Estado, puderam criar, verdadeiramente ex nihilo, todo um conjunto de conceitos, de procedimentos e de formas de organização próprias a servir o interesse geral, o público, a coisa pública, na medida em que, fazendo isto, se faziam a si próprios, enquanto detentores ou depositários dos poderes associados ao exercício da função pública, e na medida em que podiam, desta maneira, garantir-se a si próprios uma forma de apropriação privada do serviço público, baseada na instrução e no mérito, e já não no nascimento. (…) a ascensão luminosa da razão e a epopeia emancipatória coroada pela Revolução francesa (…) tem um reverso obscuro, a saber a subida progressiva dos detentores do capital cultural, e em particular dos juristas” (Méditations pascaliennes, Paris, Seuil, 1997, p. 146-7)

Jürgen Habermas “A teoria comunicacional da sociedade entende o sistema político constituído em estado de direito como um entre vários sistemas de acção. Este sistema pode, se necessário, oferecer garantias em casos de problemas de integração da sociedade no seu conjunto, (...) na condição de estar enraizado (eingebettet) nos contextos da Lebenswelt pelo meio de um espaço público que se fundamente na sociedade civil.” (Faktizität und Geltung, 1992, p. 527 s.) (...) o espaço público político não é apresentado apenas como antecâmara do aparelho parlamentar, mas sim como a periferia impulsionadora que cerca o centro político. Gerindo argumentos normativos, esta periferia, sem assumir intenções de conquista, tem efeitos sobre todas as partes do sistema político. Pelo meio de eleições gerais e de formas especiais de participação, as opiniões públicas transformam-se num poder comunicacional que autoriza o legislador e legitima uma administração reguladora, enquanto a crítica jurídica, publicamente mobilizada, obriga os tribunais, que intervêm na formação do direito, a um esforço mais rigoroso de justificação.” (Faktizität und Geltung, 1992, p. 532 s.)

Michel Foucault “Num regime disciplinar, a individualização é, por assim dizer, descendente. À medida que o poder se torna mais anónimo, aqueles sobre quem o poder se exerce tendem a ser mais fortemente individualizados; e exerce-se por vigilâncias mais do que por cerimónias, por observações mais do que por narrativas comemorativas, por medidas comparativas que têm a ‘norma’ como referência, e não por genealogias que apresentam antepassados como marcos de orientação, por ‘desvios’ mais do que por grandes feitos. (…) O momento em que se passou de mecanismos histórico rituais de formação da individualidade para mecanismos científico-disciplinares, substituindo o homem memorável pelo homem calculável (…), momento em que as ciências do homem se tornaram possíveis, é o momento em que é accionada uma nova tecnologia do poder (…). De facto, o poder produz; produz realidade (…) O indivíduo e o conhecimento que se pode ter dele fazem parte desta produção.” (Surveiller et punir, 1975, p. 194-6) “Creio que o direito penal faz parte do jogo social (…). Quer isto dizer que os indivíduos que fazem parte desta sociedade têm que reconhecer-se como sujeitos de direito que, nesta qualidade, são susceptíveis de serem punidos e castigados se infringem uma determinada regra. Nada de escandaloso. Mas o dever da sociedade é fazer com que os indivíduos concretos possam efectivamente reconhecer-se como sujeitos de direito.” (“Punir, mon beau souci”, 1984, Dits et écrits, vol. IV, p. 645-6)

Agir Instâncias ~ Foucault 2 ~ Foucault 1 ~ Luhmann Individuação Sujeitos Actores Discursos Sistemas sociais Discussão Dispositivos Organizações Individuação Campos Solidariedade cidadã Diferenciação (Medium) “Grondement de la bataille” Habitus Habitus Lebenswelt ~ Habermas filósofo ~ Habermas ~ Bour- -dieu sociólogo

Jürgen Habermas ““A teoria comunicacional da sociedade entende o sistema político constituído em estado de direito como um entre vários sistemas de acção. Este sistema pode se necessário oferecer garantias em casos de problemas de integração da sociedade no seu conjunto, (...) na condição de estar enraizado (eingebettet) nos contextos da Lebenswelt pelo meio de um espaço público que se fundamente na sociedade civil.” (Faktizität und Geltung, 1992, p. 527 s.) (...) o espaço público político não é apresentado apenas como antecâmara do aparelho parlamentar, mas sim como a periferia impulsionadora que cerca o centro político. Gerindo argumentos normativos, esta periferia, sem assumir intenções de conquista, tem efeitos sobre todas as partes do sistema político. Pelo meio de eleições gerais e de formas especiais de participação, as opiniões públicas transformam-se num poder comunicacional que autoriza o legislador e legitima uma administração reguladora, enquanto a crítica jurídica, publicamente mobilizada, obriga os tribunais, que intervêm na formação do direito, a um esforço mais rigoroso de justificação.” (Faktizität und Geltung, 1992, p. 532 s.)

Jürgen Habermas

Jürgen Habermas “Podemos distinguir entre o poder produzido comunicacionalmente e o poder utilizado administrativamente.” (“Volksouveränität als Verfahren”, 1988, in FuG, 1992, p. 622) A soberania, agora fluidificada na comunicação, faz-se valer no poder dos discursos públicos, poder que tem a sua fonte em espaços públicos autónomos, mas que deve revestir a forma (Gestalt) de decisões emanando de instituições de formação da opinião e da vontade democraticamente constituídas, porque a responsabilidade por decisões de grande alcance prático exige uma clara imputação institucional. O poder comunicacional é exercido no modo do cerco. Age sobre as premissas dos processos de apreciação e de tomada de decisão do sistema político sem intenções de conquista, e faz valer os seus imperativos na única linguagem que a fortaleza cercada entende: gere o conjunto dos motivos com os quais o poder administrativo pode lidar instrumentalmente, sem, no entanto, dada a sua constituição jurídica, poder ignorá-los.” (“Volksouveränität als Verfahren”, 1988, in FuG, 1992, p. 626)

Agir Instâncias ~ Foucault 2 ~ Foucault 1 ~ Luhmann Individuação [Projecção 5:] Agir Instâncias ~ Foucault 2 ~ Foucault 1 ~ Luhmann Sujeitos Actores Discursos Sistemas sociais Discussão Dispositivos Organizações Individuação Campos Solidariedade cidadã Diferenciação (Medium) “Grondement de la bataille” Habitus Habitus Lebenswelt ~ Habermas filósofo ~ Habermas ~ Bour- -dieu sociólogo