Cultura Médica em Portugal nos Séculos XIX e XX

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Transcrição da apresentação:

Cultura Médica em Portugal nos Séculos XIX e XX Manuel Valente Alves Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

António Maria de Sena (1845-1890) Médico e político português, funda em 1882 o Hospital de Alienados do Conde de Ferreira no Porto, a primeira instituição a aplicar os princípios orientadores de uma nova política de assistência mental em Portugal, mais eficaz e consentânea com os modelos europeus que procuravam inserir a loucura na lógica da vida natural e do contrato social.

Miguel Bombarda (1851-1910) A utilização da violência e da repressão era uma prática comum nos hospitais de alienados da época. Só a partir do final do século XIX a situação muda no Hospital de Rilhafoles com a nomeação de Miguel Bombarda como seu director em 1892, que procede desde então à sua humanização.

Ricardo Jorge (1858-1939) Este médico e humanista, pioneiro da saúde pública em Portugal, publica em 1885 o famoso tratado Higiene Social aplicada à Nação Portuguesa, que inaugura uma nova era na saúde pública em Portugal, mais de quarenta anos depois de Edwin Chadwick (1800-1890), médico inglês, publicar o Relatório sobre as Condições Sanitárias da População Trabalhadora na Grã-Bretanha, que lança as bases do movimento sanitarista inglês.

Luís da Câmara Pestana (1863-1899) Em 1892, é fundado o Real Instituto Bacteriológico em Lisboa sob a direcção de Câmara Pestana Após a morte de Câmara Pestana em 1899, vítima da peste bubónica que atingiu nesse ano o Porto, Aníbal Bettencourt é nomeado director do Instituto Bacteriológico de Lisboa que, em 1902, passa a denominar-se Instituto Bacteriológico Câmara Pestana, em homenagem ao seu fundador.

Caetano da Gama Pinto (1853-1945) Em 1892, Caetano da Gama Pinto (1853-1945), médico goês, funda o Instituto Oftalmológico de Lisboa, designado a partir de 1929 Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto. Gama Pinto doutorou-se na reputada universidade alemã de Heidelberg, tendo desenvolvido a técnica cirúrgica «Kerotoplastia de Gama Pinto» que lhe granjeou fama e prestígio internacional.

Augusto Celestino da Costa (1884-1956) Médico e humanista, primeiro embriologista de Portugal e Espanha, foi o fundador do Instituto de Histologia e Embriologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

Henrique de Vilhena (1879-1958) Fundador do Instituto de Anatomia, o menos modernizado e progressista dos novos institutos. Porém, a sua seriedade e labor contínuos tornaram-no digno do maior respeito.

Azevedo Neves (1877-1955) Prestigiado anátomo-patologista, é indigitado 1911 para a direcção do Instituto de Anatomia Patológica e Patologia Geral, mas acaba por optar pelo Instituto de Medicina Legal que funda e dirige desde essa data.

Aníbal Bettencourt (1868-1930) Médico bacteriologista, é nomeado director do Instituto Bacteriológico depois da morte de Câmara Pestana em 1899. Em 1901 realiza a Missão do Sono a Angola para investigar a doença do sono (tripanossomíase). Esta missão destinava-se a criar as bases científicas para a investigação no terreno da nova disciplina de medicina tropical, que começa a despontar nos principais países da Europa.

Sílvio Rebello (1879-1933) Fundador do Instituto de Farmacologia, através do qual introduz em Portugal as bases físico-químicas da ciência farmacológica.

Marck Athias (1875-1946) Fundador do Instituto de Fisiologia. Fiel à sua ciência-mãe, a histologia, Athias utilizou quase sempre o método morfológico para os seus estudos fisiológicos, longe do experimentalismo anglo-saxónico.

Francisco Gentil (1878-1964) Em 1911, é incumbido pelo conselho da Faculdade de Medicina de organizar uma enfermaria para doentes com cancro, tornando-se o pioneiro da Oncologia em Portugal.

Abel Salazar (1889-1946) Médico e artista plástico, fundou e dirigiu a partir de 1918 o Instituto de Histologia e Embriologia da Faculdade de Medicina do Porto. Entre 1919 e 1925 o seu trabalho é publicado em várias revistas científicas internacionais.

Ernesto Roma (1886-1979) Funda em 1926 em Lisboa a primeira associação de doentes diabéticos do mundo: a Associação do Diabéticos Pobres, precursora do movimento associativo internacional na luta contra a diabetes.

Escola Portuguesa de Angiografia Surge em 1927 com a descoberta da angiografia cerebral por Egas Moniz e Almeida Lima, num ambiente particularmente propício ao desenvolvimento da investigação científica, não obstante as difíceis relações que alguns dos seus protagonistas tinham com o poder político. Algumas das descobertas mais importantes a nível mundial no campo da imagiologia médica foram realizadas neste contexto.

Egas Moniz (1874-1955) Médico, político e escritor português, inventa em 1927 a angiografia cerebral, o primeiro grande passo no diagnóstico topográfico das lesões intracranianas.

Reynaldo dos Santos (1880-1970) Médico e historiador da arte português, inventa em 1929 a aortografia e da arteriografia dos membros.

Hernâni Monteiro (1891-1963) Desenvolve em 1930 uma técnica de visualização dos vasos linfáticos, a linfoangiografia, a partir do método original da angiografia cerebral de Egas Moniz e da aortografia e angiografia dos membros de Reynaldo dos Santos.

Fausto Lopo de Carvalho (1890-1970) Comunica à Academia das Ciências de Lisboa em 1931 os resultados dos trabalhos que o levaram, juntamente com Egas Moniz e Almeida Lima, à invenção da angiopneumografia, técnica que possibilitou a visualização da circulação pulmonar.

Leucotomia (1936) Em 1936, Egas Moniz inventa a leucotomia, a primeira técnica cirúrgica do mundo utilizada no tratamento de doentes mentais, em particular esquizofrénicos, que abre o vasto campo de investigação das neurociências e da neurocultura.

João Cid dos Santos (1907-1975) Realiza em 1938 a primeira flebografia no ser humano com visualização da veia femoral. Em 1947, Cid dos Santos descobre a endarterectomia, técnica que lhe permite desobstruir, pela primeira vez no mundo, uma artéria femoral superficial ocluída.

Eduardo Coelho (1895-1974) Em 1952, apresenta no 1º Congresso Europeu de Cardiologia, em Londres, as primeiras coronariografias no homem vivo, precedida por um estudo experimental feito em cães. Esta comunicação foi publicada um ano mais depois na revista médica Cardiologia, de Basel.

Corino de Andrade (1906-2005) Médico neurologista, descobre em 1951 a Polineuropatia Amiloidótica Familiar ou Doença de Corino de Andrade, vulgarmente conhecida por “Doença dos Pezinhos”.

Friedrich Wohlwill (1881-1958) Refugiado da Alemanha nazi, este prestigiado anátomo-patologista ocupa em 1934 o lugar de prosector da anatomia patológica do Instituto Português de Oncologia e, em 1936, passa para o Hospital Escolar de Santa Marta, onde permanecerá até à sua partida para os EUA, em 1946.

Francisco Pulido Valente (1884-1963) O mais destacado representante da medicina interna em Portugal, defensor do método anátomo-clínico que teve grandes repercussões na educação médica. Apoiou Wohlwill incondicionalmente, pois via nele a possibilidade de criar em Portugal uma verdadeira escola anátomo-clínica à maneira alemã, baseada no rigor científico.

Relatório Eurostat

Fiona Tan Lift, silkscreen, 2000

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