Universidade Estadual de Maringá Departamento de Engenharia de Produção ANÁLISE DE CONSTRANGIMENTOS ERGONÔMICOS NA LAVANDERIA HOSPITALAR Marina Machado da Silva (marinamachado_@hotmail.com) Maria de Lourdes Santiago Luz (msluz@uem.br) Daily Morales (dmorales@uem.br) INTRODUÇÃO Os hospitais têm como objetivo a prestação de serviços com qualidade, eficiência e eficácia. Para isso é necessário que todos os setores que o compõem (administração, laboratórios, centros cirúrgicos, lavanderia, refeitório, setor de manutenção, entre outros) se interajam a fim de proporcionar condições de trabalho favoráveis para que o atendimento dos pacientes seja o melhor possível. Entre os setores, é fundamental que se destaque a importância do serviço de apoio aos pacientes realizado pela lavanderia hospitalar, que se responsabiliza pelo processamento de roupas em condições perfeitas de higiene e conservação, além da distribuição de quantidades adequadas em cada setor do hospital. Na lavanderia hospitalar verifica-se que os funcionários do local estão expostos a riscos físicos, químicos, biológicos e geralmente trabalham em um local sem estruturas ergonômicas. Segundo Iida (2008), em ambientes com condições desfavoráveis de trabalho, os funcionários podem se tornar vítimas de uma grande fonte de tensão na execução de tarefas, resultando em desconforto, insatisfação, aumento do risco de acidentes, diminuição de produtividade e até mesmo danos à saúde do trabalhador. As atividades na lavanderia hospitalar requerem manipulação de máquinas e roupas que na maioria das vezes é realizada de forma inadequada, sem dar a devida importância para as posturas dos trabalhadores, a falta de rotatividade entre as atividades, a quantidade de tempo que o trabalhador fica em pé na mesma posição, a manipulação de peso excessivo e movimentação inadequada dos carrinhos com roupas. O trabalho desenvolvido na lavanderia do Hospital Universitário de Maringá – HUM teve como objetivo identificar as más posturas dos servidores durante a realização das atividades laborais e analisá-las sob os aspectos ergonômicos a fim de propor soluções ergonômicas para a estrutura da nova lavanderia que está sendo construída. 2. METODOLOGIA Inicialmente foram analisados os processos de cada atividade realizada na lavanderia. Vale ressaltar que a lavanderia é dividida em área suja e área limpa. Como demonstra a Figura 1, a área suja é responsável pelo recebimento das roupas coletadas dos diversos setores do hospital, separação da coleta de acordo com o grau de sujeira, pesagem e lavagem, enquanto a área limpa é responsável pela centrifugação, secagem, calandragem, dobragem e distribuição. Após a análise feita foi aplicado um questionário a 19 funcionários do local, o que corresponde a uma porcentagem de 86,3% do total. O questionário era composto por perguntas simples para identificar as atividades realizadas pelo entrevistado e as áreas que sofriam constrangimentos de acordo com a análise do Diagrama Adaptado de Corlett e Manenica. Figura 1: Fluxograma de Funcionamento da Lavanderia Também foram realizadas filmagens e cronometragem para verificar a quantidade de tempo em percentual que cada atividade afligia os músculos do funcionário, de acordo com da postura assumida pela combinação da posição das costas, braços e pernas durante a realização das atividades. Esses dados foram coletados para serem usado no software WinOWAS, que segundo Iida (2005), o método OWAS é uma ferramenta utilizada para identificação de posturas corporais inadequadas durante a realização das atividades laborais. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Durante a pesquisa foi possível observar que os trabalhadores da lavanderia precisam realizar suas atividades com alta produtividade, sob condições inadequadas de trabalho, sendo essas relacionadas ao ambiente e aos equipamentos. Na Tabela 1 estão representadas algumas reclamações obtidas durante a realização da entrevista que podem ser destacadas. Além disso, deve-se fazer a ressalva que 79% dos entrevistados alegaram que já sentiram algum tipo de desconforto em alguma região do corpo. Segundo eles, o desconforto pode ser atribuído de acordo com determinadas atividades que consideram como sendo mais “pesadas”. De acordo com o questionário aplicado foi identificado que todas as atividades podem ser apontadas como causadoras de desconfortos físicos, no entanto as mais críticas são as atividades de coleta, calandra e dobragem. Os dados em relação aos esforços biomecânicos foram diagnosticados e defendidos por Morales (2010) em monografia do curso de especialização em segurança de trabalho da Universidade Estadual de Maringá sob o título de Análise dos Riscos Ergonômicos para o Trabalhador em uma Lavanderia Hospitalar. Tabela 1: Problemas diagnosticados com a entrevista De fato, é necessário que se tomem soluções emergenciais na lavanderia do HUM devido à gravidade das situações encontradas. A maioria dos funcionários já teve algum problema de saúde e teve que ser afastado do serviço por um tempo, analisando os resultados é fácil notar que caso nenhuma atitude seja tomada a tendência será sempre piorar. Atualmente a pesquisa está sendo desenvolvida para analisar os fatores ambientais do local para que sejam propostas melhorias eficazes de equipamentos ergonômicos e ambiente adequado a fim de se atenuar as conseqüências da falta de estrutura não-ergonômica no local, que atinge os trabalhadores fisicamente e psicologicamente, podendo repercutir até mesmo em relações familiares e sociais. Referências IIDA, Itiro. Ergonomia: Projeto e Produção. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2005.   MORALES, Daily. Análise dos Riscos Ergonômicos para o Trabalhador em uma Lavanderia Hospitalar. 47 f. Monografia - Curso de Pós Graduação em Engenharia e Segurança do Trabalho, Departamento de Engenharia de Produção, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2010.