Histórico de luta dos trabalhadores metalúrgicos da COSIPA

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
E. E. reynaldo massi NTE – NOVA ANDRADINA
Advertisements

RESOLUÇÃO Nº 299, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2008.
TROCA DE SABERES ENTRE O PET CNX EDUCOMUNICAÇÃO E O GESTAR II
Lei da Paridade de vencimentos e vantagens entre os funcionários dos 3 Poderes do Estado Governador Abreu Sodré 1970.
Organização jurídica da subsede Ata de criação ( duas via digitalizada ,com livro próprio de presença) ( com a presença de um diretor da central)
Informática na Educação
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
ERA UMA VEZ….
25 de Abril de 1974.
Nosso país segue o sistema de democracia representativa.
Golpe Militar de 1964 A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em O vice de Jânio era João Goulart, que assumiu a presidência.
Podemos definir a Ditadura Militar como sendo o período da política brasileira em que os militares governaram o Brasil. Esta época vai de 1964 a 1985.
Orientação Educacional
1 - O PERÍODO PROVISÓRIO (1930 – 1934):
1 - Antecedentes: Esgotamento do populismo: manifestações de massa, greves, agravamento de tensões sociais. Temor dos EUA com a possibilidade de “novas.
DIRETORIA DE ENSINO – REGIÃO DE BRAGANÇA PAULISTA
“ TODA A ESCOLA PODE FAZER A DIFERENÇA”
“O que aborreço isso faço” O poder salvador da graça
EXÉRCITO BRASILEIRO DECEx – DEPA – CMF DISCIPLINA: HISTÓRIA 2º ANO DO ENSINO MÉDIO ASSUNTO: A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA OBJETIVOS.
EXÉRCITO BRASILEIRO DECEx – DEPA – CMF DISCIPLINA: HISTÓRIA 2º ANO DO ENSINO MÉDIO ASSUNTO: O CONSULADO E O IMPÉRIO NAPÓLEÔNICO.
EXÉRCITO BRASILEIRO DECEx – DEPA – CMF DISCIPLINA: HISTÓRIA 2º ANO DO ENSINO MÉDIO ASSUNTO: A CRISE DA MONARQUIA OBJETIVOS DISCUTIR A TRANSIÇÃO PARA O.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
SEJAM BEM VINDOS !.
Revolta chibata Nomes: Bruno, Eduardo e Gabriel.B Turma: 82
ESTADO E CLASSES SOCIAIS NO BRASIL PÓS-1930
Plano de Trabalho Docente Título: Quanto custa a escola gratuita? Quanto custa a escola gratuita? Gestora da Aula: Ana Lúcia Bassetto Gestora da Aula:
Curso Direito à Memória e à Verdade
CALENDÁRIO ESCOLAR JANEIRO 30 Início das aulas dos Ensinos Fundamental e Médio FEVEREIRO 01 Início das aulas da Educação Infantil e Supletivos MARÇO 01.
ERA VARGAS (1930 – 1945) PROFESSORA: ROSA MÁRCIA SIMONÁGIO GRANA
Interpretação de Texto
A formação de cidadãos críticos e reflexivos: um paralelo entre os papéis da família e da escola Profa. Kátia Aquino.
A CONFERÊNCIA DA REFORMA URBANA
Cícero paulino dos santos costa
SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
D.E NORTE 1 VIDA ESCOLAR
Encontros Regionais e Nacional dos Trabalhadores de Ensino Médio e Fundamental - SUAS No âmbito do MDS, a Gestão do Trabalho tem sido cada vez mais fortalecida,
Destacar o novo papel dos sindicatos nas reividicações salariais e sua luta por espaços mais democráticos. Objetivo da aula 1/12.
Área de Integração Democracia e cidadania
Identificar as características da transição política no Brasil. Objetivo da aula 1/10.
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
Departamento de Informação e Monitoramento - DEINF Coordenadoria de Informação, Monitoramento e Avaliação Educacional - CIMA SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO.
Quem muda a Cidade somos nós: REFORMA URBANA JÁ!
Da queda da monarquia à formação da URSS.
PROCURADORIA-GERAL DO MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE
ORIENTAÇÕES 2012.
“O caleidoscópio precisa de todos os pedaços que o compõem
04/03/10 Reunião do I Curso de Estudos Estratégicos em Administração Pública: Bem vindos!
CALENDÁRIO SEXY Ele & Ela. CALENDÁRIO SEXY Ele & Ela.
Criação dos Conselhos Somente após a criação dos Sistemas Municipais de Ensino pela CF de 1988, registrou-se um estímulo à criação de Conselhos Municipais.
PENTECOSTES JÁ OBJETIVO Levar o jovem Adventista a buscar a plenitude do Espírito Santo em sua vida. Levar o jovem a tomar parte ativa no dever que Deus.
Rio Verde - Goiás - Brasil
APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA COMPUTACIONAL NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA ESCOLAR: análise de sua contribuição Aluna: Daiely Aparecida de.
CENSO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR
CALENDÁRIO 2013 MÓDULO II.
Rouxinol FM Emissão especial 26 de Abril No dia de hoje vamos ter uma emissão especial na rádio da nossa escola. Toda a emissão está relacionada com.
aula 1 - Niccolò Machiavelli – uma análise do PRÍNCIPE
CENSO ESCOLAR Censo Escolar da Educação Básica
Calendário Janeiro/Fevereiro Calendário Janeiro/Fevereiro
Tema: Abertura política de 1985 até os dias atuais.
ATUALIDADES GOLPE DE 1964.
(1) A presidência Constitucional de Getúlio Vargas; (2) A esquerda e a direita vão à luta; (3) O Golpe de 1937: voltamos à ditadura;
A Evolução Histórica do RH nas Organizações
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica A Identidade do Professor e as Diretrizes para Organização da Matriz.
EXÉRCITO BRASILEIRO DECEx – DEPA – CMF DISCIPLINA: HISTÓRIA 2º ANO DO ENSINO MÉDIO ASSUNTO: A GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA OBJETIVOS.
Movimentos dos Trabalhadores Urbanos
BALANÇO 2015 FIM DE UM CICLO E INÍCIO DE UMA NOVA FASE PARA A FITMETAL.
PROGRAMA UM COMPUTADOR POR ALUNO – UCA MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO II Seminário de acompanhamento do Projeto UCA-UNICAMP Norte UCA-Rondônia Marcelo.
Instituto Estadual de Educação: espaços de participação democrática? Orientanda: Maria Cristina Martins Kamers Orientador: Prof. Dr. Celso João Carminati.
Instituições Políticas Brasileiras Prof. Octavio Amorim Neto EPGE/FGV-RJ.
APRESENTAÇÃO: HÁLISSON TENÓRIO FERREIRA SECRETÁRIO DE ANISTIA DA FENTECT CONTRIBUIÇÕES: COMISSÃO NACIONAL DE ANISTIA (CNA)
Transcrição da apresentação:

Histórico de luta dos trabalhadores metalúrgicos da COSIPA

Santos Cidade Vermelha Santos, porta de entrada das idéias libertárias através dos imigrantes europeus e por isso, a cidade sobressai pelo seu histórico de luta política e sindical desde o século IXX. Foi chamada por Jorge Amado de a Cidade Vermelha. O golpe militar de 1964 invadiu o nosso sindicato e prendeu inúmeros militantes e para impedir o ressurgimento do movimento de luta estabeleceu uma política de arrocho salarial e decretou leis antigreves: Lei nº. 4.330 de 01/06/1964 e Decreto Lei nº. 1.632 de 04/08/1978 e que foram somente revogados em 1989 com a Lei 7.783/89.

Nova forma de organização Diante disso o movimento de luta se recicla e reformula a sua forma de organização: a greve não mais parte do exterior da fábrica através de piquete e sim do interior da fábrica, exigindo com isso maior organização dentro da fábrica através de Comissões de Fábrica com a participação de todos sindicalizados ou não. A bandeira de luta passa a ser a derrubada do arrocho salarial, as liberdades democráticas e a liberdade sindical. O confronto com a ditadura está estabelecido.

Trabalhador e Processo Produtivo Nós trabalhadores da COSIPA na época envolvidos pelas afirmações de Gramsci: “Sempre o homem indivíduo é um homem massa enquanto participa inconscientemente de uma cultura e de determinadas relações sociais; e a passagem do individualismo para consciência pessoal e de grupo leva conscientemente à realização histórica de uma vontade coletiva capaz de fazer e refazer o mundo”. “E o processo de metamorfose passa pela ampliação da consciência social operária, a partir do seu “lugar” de alfinete até a compreensão do sistema de relações econômicas e política.”

E foi dentro dessa perspectiva que a partir de 1977 criamos o Centro Educacional dos Metalúrgicos (CEMETAL), um departamento do Sindicato dos Metalúrgicos, que, com apoio do Centro Educacional Popular do Instituto Sedes Sapientiae, na época ligado a PUC de São Paulo, que nos assistia pedagogicamente. Uma escola que ensinava 1º e 2º grau (hoje fundamental e médio) dentro de uma metodologia que permitia os trabalhadores da COSIPA (em torno de 1000 alunos, em três turnos) a partir da sua realidade concreta: a fábrica, o sindicato, a cidade e a Nação ampliar sua visão de mundo e perceber o quanto estava sendo explorado e o quanto à ausência de liberdade democrática impedia seus direitos.

SERVIÇO NACIONAL DE INFORMAÇÕES PEDIDO DE BUSCA N SERVIÇO NACIONAL DE INFORMAÇÕES PEDIDO DE BUSCA N.3619/ 119 / 1977/ ASP / SNI DATA: 11 de julho de 1977 ASSUNTO: ATIVIDADES SUBVERSIVAS NO SINDICATO DOS METALÚRGICOS DE SANTOS REFERÊNCIA: SP ORIGEM: DIFUSÃO: DOPS/SP – II Ex. - PMESP ANEXO(S): 1. DADOS CONHECIDOS a. Estaria sendo desenvolvido intenso proselitismo esquerdista no Centro Educacional dos Metalúrgicos - CEMETAL, principalmente através das aulas de Educação Moral e Cívica e Organização Social e política do Brasil. b. O CEMETAL é órgão do Sindicato dos Metalúrgicos de Santos/SP. DADOS SOLICITADOS a. O que consta sobre o CEMETAL. b. Antecedentes dos elementos nominados. c. Atividades contestatórias e subversivas desenvolvidas no Sindicato dos Metalúrgicos de Santos/SP.

As lutas e as greves na COSIPA A partir daí surge a Oposição Sindical Metalúrgica que, se colocando como alternativa de luta, fortalece a luta desencadeando seis greves num espaço de tempo de apenas quatro anos tendo como fundamento a luta pela derrubada do arrocho salarial, as liberdades democráticas e a liberdade sindical.

1ª Greve de 1984 (Ocupação da Usina) de 28, 29 de fevereiro e 01 de março de 1984. 2º Greve de 1984 (de 15 horas) de 19 de setembro até 20 de setembro de 1984. 3ª Greve de 1985 (Ocupação e Conflito na Aciaria) de 05 de novembro até 07 de novembro de 1985, nesta greve somente não houve morte porque não seriam poucos os mortos de ambos os lados. 4ª Greve de 1986 (Manutenção) de 23 de setembro até 26 de setembro de 1986. 5ª Greve de 1987 (Tomada da fábrica de oxigênio) de 11 de fevereiro até 16 de fevereiro de 1987, quase nada faltou para uma grande explosão da fábrica de oxigênio. 6ª Greve de 1987 de 01 de dezembro até 12 de dezembro de 1987, a greve que demite diversos ativistas, após cuidadosa seleção.

O Estado também aparece na repressão deflagrada na greve de 1987 pois contou com a participação efetiva das Forças Armadas, com a presença de efetivos armados do Exército, como está descrevendo a reportagem do jornal “O Estado de São Paulo” de 06/12/1987. Tropas da Polícia Militar do Estado de São Paulo, que à época estava sob controle do Ministério do Exército, ingressaram nas dependências da Cosipa conforme notícias desse mesmo jornal, que se encontram nos autos.

A Intervenção na COSIPA A partir da 1ª greve de 1984 com total ocupação da Usina e da 3ª greve de 1985 quando surge o conflito com a Polícia Militar na aciaria ocupada. E ainda da 5ª greve (que foi a primeira greve de 1987), estando a fábrica de oxigênio ocupada pelos grevistas em profundo estado de tensão, a mesma ampliada pelo eminente risco de conflito com a polícia militar, respaldada pelo exército que se encontrava estrategicamente instalado em torno da usina. Estavam os grevistas convictos de seus direitos inalienáveis e dispostos a irem até o fim, utilizando se necessário o que tinham como grande arma, a possibilidade de arrasar total e definitivamente as instalações do complexo siderúrgico e eles mesmos, com uma explosão de dimensões inimagináveis.

Esses acontecimentos leva a Siderbrás (Holding estatal das Siderúrgicas) a decretar em seguida, ainda em 1987, a intervenção nomeando o Sr. Oscar Leite de Alvarenga como presidente da junta interventora. O interventor era auxiliado pelo Coronel Leal Nogueira e outros auxiliares do Serviço de Inteligência, que representava os órgãos de segurança do governo que tinha “informação” completa de cada um dos ativistas, como hoje se pode verificar consultando a ABIN.

Demissões: conseqüência da Intervenção É necessário destacar que a COSIPA estava sob intervenção quando ocorreu a greve de 1987 que teve a participação de 15.000 funcionários, mas somente os líderes foram demitidos. A própria COSIPA afirma em seus telegramas enviados a cada demitido que a demissão foi motivada pelo seu envolvimento, participação e incentivo do movimento paredista, iniciado em 01/12/1987. Constata-se a motivação política seja pelo fato de terem sido demitidos por incentivar a participação de terceiros no movimento grevista, seja pelo fato de que o restante dos participantes do movimento não sofreu nenhuma reprimenda e em decorrência do cenário político vivido no Brasil naqueles tempos de início de abertura.

A COSIPA, por ser uma empresa de economia mista, ou seja, estatal subordinada ao Ministério de Indústria e Comércio, se enquadrava como serviço público essencial, portanto, Área de Segurança Nacional, conforme o próprio Decreto Lei 1.632 definia. Tanto a Lei 4.330 como o Decreto 1.632, foram revogados em 1989 com a Lei 7.783/89 permitindo, segundo a visão da Cosipa, o arbítrio da demissão, pois havia uma contestação das leis da Ditadura.

Quadro Geral dos Processos a)Do total dos requerimentos de anistia 70% foram deferidos pelo o Ministério do Trabalho e Ministério da Justiça. b)Hoje, somente 30% do total dos requerentes, aguardam o deferimento e concessão da anistia.

Portanto, somente 60 requerentes da Cosipa aguardam julgamento. A Coordenação dos Anistiados e Anistiando da Baixada Santista