2. O objecto de estudo da Linguística

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
O FIM DA INOCÊNCIA: UMA CRÍTICA DA ETNOMATEMÁTICA Vithal, R
Advertisements

Os sentidos sociais Os meios utilizados para analisar o sentido social não se limita a uma única disciplina.
Conceitos de Linguística
REGRAS GERAIS DE INTERPRETAÇÃO
PROJETO DE PESQUISA.
DIREITO & SOCIEDADE DISCIPLINA: SOCIOLOGIA JURÍDICA TURMA: C-02 PROF
Reflexões teórico-metodológicas sobre a relação atividade de linguagem/ atividade de trabalho docente.
E, o que é Didática? A didática é o principal ramo da Pedagogia que investiga os fundamentos, as condições e os modos de realizar a educação mediante o.
A TEORIA SOCIOCULTURAL A TEORIA DO INSUMO- INTERAÇÃO-PRODUÇÃO
CAPÍTULO 2 – MODELO MONITOR E GRAMÁTICA UNIVERSAL
AULA 1 APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA DA DISCIPLINA
Conceitos básicos da COMUNICAÇÃO HUMANA
Métodos e Técnicas de Investigação Sociológica I
- PROGRAMA DE PORTUGUÊS -
Conhecimento Explícito da Língua (CEL)
Conceitos Básicos.
AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM
LINGUAGEM Filosofia.
MOMENTOS PEDAGOGICOS E AS SITUAÇÕES DIDÁTICAS
TEORIA CONTINGENCIAL SEMINÁRIO ADMINISTRAÇÃO
Cultura, Linguagem e Língua
Prof. Rita de Cássia S. Eger -
Informática Teórica Engenharia da Computação
Docente: Edson Alencar Silva
Introdução à Linguística
Sociologia das Organizações Prof. Robson Silva Macedo
Aula 09 A pesquisa-ação e a pesquisa participante
A general theory of ecology A. Sheiner & M. Willing.
Conhecimento Vulgar e Conhecimento Científico
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
SISTEMA TEORIA DE SISTEMAS ABORDAGEM SISTÊMICA.
Base de dados morfológicos de terminologias do português do Brasil.
REDAÇÃO DE DOCUMENTOS TÉCNICOS
Competências e Habilidades
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS PROFESSORA: LILIAN MICHELLE
INICIAÇÃO À DOCÊNCIA PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA
A PESQUISA E SUAS CLASSIFICAÇÕES
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS PROFESSORA: LILIAN MICHELLE
A Psicologia ou as Psicologias
REGRAS GERAIS DE INTERPRETAÇÃO Quem faz as regras? Uma introdução à hermenêutica.
ENSINO DE LEITURA: MÉTODO INSTRUMENTAL
Escola Estadual Professor João Pereira Valim
Linguagem “A linguagem está em todo o lado, como o ar que respiramos, ao serviço de um milhão de objectivos humanos” (Miller, 1981)
Perguntas de Modelação
RACIONALIDADE E COMUNICAÇÃO Parte II – pg. 16 a 30.
Teoria Geral dos Sistemas
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA Ana Valéria Dacielle Elvys Wagner Rinaldo
O aparecimento da consciência humana
Compreensão oral Expressão oral Competências da oralidade
Concepções de linguagem e ensino de português
3.1. A distinção entre Fonética e Fonologia
Linguagem, língua, fala e comunicação
ELABORAÇÃO DE PROJETO CIENTÍFICO PROFESSORA: MARINEIDE PEREIRA ALMEIDA
Leitura e interpretação de texto
O DIREITO COMO CIÊNCIA (epistemologia jurídica).
LÍNGUAS DE SINAIS As línguas de sinais são línguas naturais, pois surgiram do convívio entre as pessoas. As línguas de sinais podem ser comparadas no que.
A COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA
ELABORAÇÃO DE PROJETO CIENTÍFICO PROFESSORA: MARINEIDE PEREIRA ALMEIDA
O que é Ciência.
Linguística Aprofundamentos
Mª João Rodrigues Linguagem e Comunicação. Mª João Rodrigues LÍNGUA E FALANTE Linguagem – é a capacidade humana de usar símbolos para representar o mundo.
Curso de Ciências Biológicas FILOSOFIA DA CIÊNCIA Faculdade Católica Salesiana Faculdade Católica Salesiana Prof. Canício Scherer.
Ludwig Wittgenstein ( )
PSICOLOGIA SOCIAL CRÍTICA
REFERENTE LOCUTOR intençãointerpretação procura antecipar procura reconstruir expressão linguística CÓDIGO CANAL conhecimentos linguísticos e paralinguísticos.
A pré história da linguagem escrita
O Pensamento Positivista – Augusto Comte
Proposta de trabalho: Os PCNs representam o texto de uma dada proposta curricular, que pode, em princípio, encontrar ressonância nas perspectivas de um.
LÍNGUAS DE SINAIS As línguas de sinais são línguas naturais, pois surgiram do convívio entre as pessoas. As línguas de sinais podem ser comparadas no que.
Transcrição da apresentação:

2. O objecto de estudo da Linguística 2.1. O conhecimento intuitivo dos falantes; o conhecimento da língua como um saber regular: regra e Gramática

Bibliografia Chomsky (1986, 1994) Fromkin & Rodman (1988) Raposo (1992) Pinker (1995) Faria et al. (1996) Fromkin (2000) Mateus et al. (2003)

Todos os seres humanos que falam uma língua sabem ‘gramática’ – todos sabemos usar as palavras num contexto lógico, conhecemos o seu significado geral, sabemos formar frases, etc. Mas será que este conceito de ‘gramática’ é equivalente àquele a que estamos habituamos a referir-nos??

A este conceito de ‘gramática’ equivale o conhecimento implícito que todos temos sobre a nossa própria língua; Antes de prosseguir, importa distinguir e realçar aqui esta nova noção de Gramática, por oposição às noções tradicionais:

A visão tradicional de ‘Gramática’ Gramáticas prescritivas / normativas – ‘Conjunto de regras impostas por um grupo socioculturalmente aceite a um ou vários grupos de falantes’ (in Xavier e Mateus, 1989. Dicionário de Termos Linguísticos) Associadas à ideia de que a mudança linguística é uma espécie de ‘corrupção’ da língua (purismo); Defendem e aconselham ao uso de formas consideradas ‘correctas’ que todas as pessoas ‘educadas’ devem utilizar; O objectivo é prescrever (i.e. normativizar) e não descrever; Tentam impedir o desenvolvimento de variedades marginais da língua (ex.: ‘black english’, línguas populares).

Em Portugal não há nenhuma gramática normativa, uma vez que não existe uma entidade normativizadora reconhecida legal e institucionalmente como tal.

A visão tradicional de ‘Gramática’ Gramáticas descritivas – ‘Estudo abrangente, sistemático, objectivo e preciso dos sistemas e do uso de uma língua ou dialecto específicos num dado momento. A gramática descritiva não prescreve normas para o uso da língua.’ (ibidem) Procuram dar conta de um modelo da capacidade linguística dos falantes; O objectivo não é dizer como se deve falar, mas dizer como se fala, na realidade; Procura-se formalizar (com base numa teoria) e sistematizar a gramática dos falantes; Nesta abordagem, todas as gramáticas de todas as línguas, são igualmente complexas e lógicas;

Em Portugal há várias gramáticas descritivas (cf Em Portugal há várias gramáticas descritivas (cf. Programa – Bibliografia): Cunha e Cintra (1984, 1996), para uma abordagem da gramática no modelo tradicional; Mateus et al. (2003), para uma abordagem da gramática no modelo generativo.

Nova visão de ‘Gramática’ Gramática Generativa - Modelo teórico desenvolvido a partir do final dos anos 50 (Chomsky, 1957), cujos pressupostos eram os de que o nosso conhecimento (implícito) da língua é uma espécie de ‘gramática’. A partir desse conhecimento da língua ‘geramos’ as estruturas possíveis na nossa língua. O objectivo da GG era simular/formalizar, por meio de regras transformacionais, a geração dessas estruturas

Gramática Generativa ‘Proposta teórica de gramática explícita que compreende um conjunto de regras formais, de princípios e de parâmetros universais subjacentes ao conjunto infinito de enunciados’ (Xavier e Mateus, 1989. Dicionário de Termos Linguísticos).

Gramática Generativa e Gramática Universal Gramática Universal – ‘Objectivo principal da investigação linguística integrada numa teoria que procura especificar, de um modo preciso, a forma possível de uma gramática nas línguas naturais, com especial referência às restrições formais a que essa gramática está sujeita.’ (ibidem)

O objectivo da GG é descobrir o conteúdo da GU. O objectivo da GG é constituir os Princípios que regem a GU e estabelecer os Parâmetros que são fixados para a Gramática particular de cada língua. O objectivo da GG é descobrir o conteúdo da GU.

2 noções-chave Língua-I vs. Língua-E

Língua I Gramática interiorizada / interna / implícita – ‘Sistema linguístico entendido como elemento mental de quem domina uma língua e a usa como falante/ouvinte.’ (Xavier e Mateus, 1989, Dicionário de Termos Linguísticos.) Competência

Língua E Gramática exteriorizada / externa / explícita – ‘Termo utilizado para referir o objectivo da linguística teórica, em particular da análise generativa, pelo qual se visa construir uma gramática que dê conta, de um modo completo e preciso, das regras, condições e princípios subjacentes aos enunciados.’ (ibidem) Performance

GG - programa de investigação (Chomsky, 1957, 1986) 3 questões fundamentais dominavam o programa de investigação da GG: a) O que constitui o conhecimento da língua? b) Como é adquirido o conhecimento da língua? (ponto 1.2. do programa da disciplina) c) Como é usado o conhecimento da língua?

GG - O programa de investigação A linguagem passa a ser encarada como um fenómeno mental/cerebral; Todos possuímos a ‘faculdade da linguagem’ porque nascemos com um mecanismo biológico (equiparável a um ‘orgão’) que nos permite adquirir espontaneamente uma língua (LAD – Language Acquisition Device), desde que estejamos expostos a ela;

O processo de aquisição é feito pela especificação de um conjunto de parâmetros relativamente a determinados princípios universais, ou seja, existe uma Gramática Universal (conjunto de princípios universais que todos possuímos num estado inicial de aquisição de uma língua) que é restringida à medida que vamos interagindo com o input (dados que recebemos).