A Triste Vida das Galinhas “Quando um indivíduo é mantido em uma situação de inferioridade, ele se torna inferior”. Simone de Beauvoir A Triste Vida das Galinhas Created by Rildo Silveira Adaptado de Dr. Wilson Grassi – Médico Veterinário rildosilveira@yahoo.com.br Cruzília – MG – Brasil Fonte: Libertação Animal, Peter Singer, Ed. Lugano

Se soubesse provavelmente não comeria. Quem come um frango nas grandes cidades dificilmente se pergunta como viveu ou como chegou até sua mesa aquele animal. Se soubesse provavelmente não comeria. Como outros animais de criação industrial, a galinha deixou de ser vista como um ser vivo para ser tratada como uma máquina que converte ração barata em carne e ovos.

Tudo começa com um lote de 50 mil ou mais pintinhos nascidos em chocadeira e que são acondicionados em um galpão. O alimento e a água são fornecidos automaticamente e a luz ligada todo o tempo nas primeiras semanas para fazê-los engordar mais rápido. Conforme as aves crescem, o espaço para cada uma fica tão apertado que chega a ser o equivalente a uma folha de caderno, levando-as ao estresse.

Muitas morrem pisoteadas. Para que elas não se matem com bicadas, os bicos já foram previamente amputados e as luzes são agora diminuídas e nas últimas semanas ficam na penumbra para se acalmarem um pouco. Durante todo este tempo elas vivem sobre seus excrementos e respiram um ar impregnado de amoníaco. Muitas morrem pisoteadas.

Quando em 7 semanas chegam aos 2,5 kg são transportadas sem água nem comida até o frigorífico, penduradas de cabeça para baixo, e mergulhadas em um tanque com água salgada onde levam um choque elétrico, desmaiam e têm o pescoço cortado. Nada fácil.

Já as galinhas poedeiras vivem mais tempo, porém mais tempo sofrendo. Ao nascer os pintinhos vão por uma esteira e passam por um selecionador que separa as fêmeas dos machos que dependendo da empresa são despejados vivos em um triturador para virar farinha para alimentar as fêmeas.

As poedeiras vivem alguns anos presas em uma gaiola pequena e espremidas também com outras galinhas sobre um desconfortável piso de arame onde não raro, suas patas ficam presas e vendo seus ovos escorregarem para longe. Muitas morrem de depressão. Os bicos também podem ser amputados, e às vezes, mais de uma vez durante a vida. Quando diminuem a produção de ovos, são vendidas para fábricas de tortas.

É questionável sob vários aspectos o direito dos homens de comer os animais. Também a ética e o respeito com que são tratados - ou a falta de ética e de respeito em nome da produtividade e do lucro a qualquer custo.

Hoje os governos se preocupam com a gripe aviária. Haverá alguma coincidência?

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