GRUPO AGROECOLOGIA: AECIA (IPÊ e Antônio Prado/RS) e Assentamento de Bonsucesso (RN) Pesquisadores: Daniela Oliveira (PGDR/UFRGS) e Joaquim Pinheiro de.

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Transcrição da apresentação:

GRUPO AGROECOLOGIA: AECIA (IPÊ e Antônio Prado/RS) e Assentamento de Bonsucesso (RN) Pesquisadores: Daniela Oliveira (PGDR/UFRGS) e Joaquim Pinheiro de Araújo (FARN)

LOCALIZAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS AECIA Ipê e Antônio Prado Serra Gaúcha/RS Bonsucesso Pedra Grande Território do Mato Grande/RN

CARACTERIZAÇÃO DAS REGIÕES NO RS NO RN Região de colonização italiana, desde 1875 Pequenos municípios Território do Mato Grande, cenário, no RN, da retomada da luta pela conquista da terra no início da década de 1990, consolidação do MST no RN Principais atividades econômicas são a agricultura e a indústria (principalmente de moveis e de alimentos) Região de um grande número de assentamentos, com uma significativa população rural e uma dinâmica socioeconômica em torno da agricultura familiar e camponesa. Predomínio da agricultura familiar Produção diversificada Principais produtos: frangos e suínos em integração, leite, frutas (uva, pêssego e maçã) e hortaliças (alho e cebola) Agricultura diversificada tendo como principais produtos a mandioca, o caju e feijão e pecuária de corte e leite (mercado de Natal).

CARACTERIZAÇÃO DOS CASOS AECIA BONSUCESSO 25 famílias 3 grupos: 7 homens, 4 mulheres, 5 famílias Principais produtos: frutas, hortaliças e agroindustrializados (35 produtos comercializados) Produção em áreas coletivas Produção diversificada de grãos, hortaliças e frutas 5 unidades de produção Secretaria da Saúde, Ministério da Agricultura e certificação como produto orgânico Predomínio da comercialização de produtos in natura Comercialização em feira e no atacado da cooperativa para 21 Estados no Brasil Cestas Agroecológicas para consumidores de Natal Programa Compra Direta (PAA) Vendas diretas nas casas de Pedra Grande Feiras em municípios vizinhos de mato Grande Vendas no próprio assentamento

HISTÓRICO E PROBLEMÁTICA AECIA/RS Em 1988 um grupo de jovens da PJR/Igreja Católica, que discutiam as conseqüências da modernização da agricultura: êxodo rural, principalmente de jovens, e intoxicação por uso de agrotóxicos (maçã). O contato deste grupo em busca de “alternativas” com o Centro de Agricultura Ecológica de Ipê/RS (Projeto Vacaria), dá origem às primeiras experimentações em produção ecológica em UPF na região da Serra do RS. Assentamento Bonsucesso/RN Em 2005 um grupo com dez assentados (todos homens) com objetivo de impulsionar a produção de melão Elaboração de um projeto de irrigação para o PDS. O atraso no repasse do recurso impossibilitou o início das atividades; Empréstimo da TECHNE (Rede Pardal e agroecologia) estava iniciando trabalho de assessoria pela ATES emprestou R$ 800,00 – a fim de viabilizar o início da experiência; Em contrapartida, o grupo se mostrou aberto em buscar uma transição produtiva baseada na diversificação da produção e substituição dos insumos químicos por orgânicos.

EIXOS DE ANÁLISE Formas de inovação (FI) - técnicas, produtivas e sociais; Dispositivos coletivos e agência (DCA) - modos de organização social e mobilização de recursos políticos; processos de diversificação das economias locais (PDEL).

INOVAÇÕES CENTRAIS E DECORRENTES AECIA

ASSENTAMENTO DE BONSUCESSO

SEMELHANÇAS Em ambos os casos a produção agroecológica emerge como resposta/forma de resistência a uma condição de crise no modelo de produção baseado na modernização agrícola. Ação social dos agricultores e a articulação entre agricultores e mediadores sociais na problematização sobre a insustentabilidade da agricultura convencional, no desenvolvimento das inovações e na geração de processos de mudança. Foi possível identificar em ambos os casos o desenvolvimento de um conjunto de novos modos de fazer as coisas decorrentes da proposta agroecológica: inovações produtivas, inovações de produto (agroindustrialização), inovações de mercado e inovações na forma de organização das famílias.

Novas formas de organização coletiva foram fundamentais para o desenvolvimento da proposta agroecológica nas regiões. Foi em grupo que as inovações produtivas foram desenvolvidas e aperfeiçoadas, que as feiras foram viabilizadas e que a agroindústria e as inovações vêm sendo desenvolvidas. Em ambos os casos as experiências trouxeram para a comunidade uma nova perspectiva sobre a possibilidade e sobre a necessidade de trabalho coletivo entre as famílias rurais.

Papel central que a diversificação das atividades assume: AECIA = processamento/agroindustrialização Bonsucesso = a produção agrícola para venda e para consumo das famílias. Em Bonsucesso tem significado, além de melhoria nos rendimentos familiares, uma maior autonomia perante o mercado de insumos (fertilizantes e agrotóxicos) e também o mercado de alimentos: reforço na soberania alimentar. No caso da AECIA também novas possibilidades de atividades produtivas para as famílias rurais dos municípios e da região. Antes da experiência da AECIA o processamento de alimentos não eram atividades realizadas em pequena escala, sendo que eram fabricados somente por grandes unidades de fabricação de alimentos.

DIFERENÇAS Diferença temporal (1988 x 2005) que pode significar um estágio distinto de modernização da agricultura e de busca de alternativas. Importância que as atividades de processamento, e as inovações de processo e produto assumem na AECIA. No caso do RN pouco evoluíram no processamento para agregar valor aos produtos. Estágio de organização da comercialização Os impactos na economia e no desenvolvimento local/regional: agroindustrialização/processamento.

OBSTÁCULOS E DESAFIOS Nos dois casos, os obstáculos e fatores limitantes, mesmo que em dimensões diferentes, estão bastante relacionados às dificuldades técnicas e metodológicas da proposta agroecológica. Isto parece ser um problema/questão inerente a processos de transição de paradigmas, ou de paradigmas e trajetórias tecnológicas ainda marginais em termos de produção de conhecimento e apoio do Estado (crédito, pesquisa, extensão). Desafios: disputa com projetos convencionais ou agronegócio (crédito, pesquisa, extensão entre outros).