“Que é poesia? uma ilha cercada de palavras por todos os lados.”

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Transcrição da apresentação:

“Que é poesia? uma ilha cercada de palavras por todos os lados.” (Cassiano Ricardo)‏ “ Poesia é a suprema forma de beleza.” (Mallarmé)‏ “Aprendemos o que é poesia lendo poesia.” (T. S. Eliot)‏

Fanatismo Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida Meus olhos andam cegos de te ver! Não és sequer razão de meu viver, Pois que tu és já toda a minha vida! Não vejo nada assim enlouquecida… Passo no mundo, meu Amor, a ler No misterioso livro do teu ser A mesma história tantas vezes lida! “Tudo no mundo é frágil, tudo passa…” Quando me dizem isto, toda a graça Duma boca divina fala em mim! E, olhos postos em ti, vivo de rastros: “Ah! Podem voar mundos, morrer astros, Que tu és como Deus: princípio e fim!…”

REFLETINDO SOBRE O TEXTO... 1. Em que gênero literário está inserido esse texto? 2. Que características esse texto apresenta?

3. Poema X Poesia. Existe diferença? 4. O que é eu-lírico? 5. O que é verso? 6. O que é estrofe? 7. Como se denominam as estrofes?

Poesia está em toda parte: nas canções de ninar, nas cantigas de roda, nas propagandas, nas letras de música, em uma bela paisagem... A poesia encontra seu núcleo no poema, feito e trabalhado precisamente para consegui-la. Ela é indefinível, porém é definidora.

Poema é o gênero textual que se constrói não apenas com idéias e sentimentos, mas também por meio do emprego do verso e seus recursos musicais – a sonoridade e o ritmo das palavras – , da função poética da linguagem e de palavras com sentido conotativo. Poesia é o subjetivo, o abstrato enquanto que poema é o concreto.

Poesia Gastei uma hora pensando um verso que a pena não quer escrever. No entanto, ele está cá dentro inquieto, vivo. Ele está cá dentro e não quer sair. Mas a poesia deste momento inunda minha vida inteira. (Carlos D de Andrade)

Eu-lírico (eu-poético) É a voz que fala no poema e nem sempre corresponde à do autor “O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente.” (Fernando Pessoa)‏

“Fui sempre um homem alegre. Mas depois que tu partiste, Observemos o lirismo dos versos abaixo, em que o eu-lírico exprime seus sentimentos em face do mundo exterior. “Fui sempre um homem alegre. Mas depois que tu partiste, Perdi de todo a alegria: Fiquei triste, triste, triste.” (Manuel Bandeira)‏

O eu-lírico pode aparecer na forma feminina, mesmo o autor sendo do sexo masculino “(...)E tantas águas rolaram Quantos homens me amaram Bem mais e melhor que você Quando você me quiser rever Já vai me encontrar refeita, pode crer(...)” (Chico Buarque de Holanda)‏

Estrutura do poema Verso corresponde a cada linha do poema. Os versos organizam-se em estrofes. Estrofe é um agrupamento de versos.

Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Observe este poema de Manuel Bandeira, há uma classificação para cada estrofe. O bicho Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem.

A primeira estrofe chama-se sextilha, pois apresenta seis versos. A segunda estrofe chama-se terceto, pois apresenta três versos. A terceira estrofe chama-se monóstico, pois apresenta um verso.

DENOMINAÇÃO DAS ESTROFES QUANTO AO NÚMERO DE VERSOS Monóstico: estrofe com um verso. Dístico: estrofe com dois versos. Terceto: estrofe com três versos. Quadra ou quarteto: estrofe com quatro versos. Quintilha: estrofe com cinco versos. Sextilha: estrofe com seis versos. Sétima ou septilha: estrofe com sete versos. Oitava: estrofe com oito versos. Nona: estrofe com nove versos. Décima: estrofe com dez versos.

MÉTRICA é a medida ou quantidade de sílabas que um verso possui. A divisão e a contagem das sílabas métricas de um verso são chamadas de ESCANSÃO. Essa contagem não é feita da mesma forma que a divisão e contagem de sílabas normais.  

DENOMINAÇÃO QUANTO AO NÚMERO DE SÍLABAS POÉTICAS UMA SÍLABA: Monossílabo DUAS SÍLABAS: Dissílabos TRÊS SÍLABAS: Trissílabos QUATRO SÍLABAS: Tetrassílabos CINCO SÍLABAS: Pentassílabos ou Redondilha menor SEIS SÍLABAS: Hexassílabo SETE SÍLABAS: Heptassílabo ou Redondilha maior

OITO SÍLABAS: Octossílabos NOVE SÍLABAS: Eneassílabos ou Jâmbicos DEZ SÍLABAS: Decassílabos ou Heróicos ONZE SÍLABAS: Hendecassílabos DOZE SÍLABAS: Dodecassílabos ou Alexandrinos MAIS DE DOZE SÍLABAS: Bárbaros

DIVISÃO DE SÍLABAS GRAMATICAIS DIVISÃO DE SÍLABAS POÉTICAS OBSERVE O EXEMPLO DIVISÃO DE SÍLABAS GRAMATICAIS 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 DA DI PER AN TE NHAR SO DE MA AL NHA MI DIVISÃO DE SÍLABAS POÉTICAS DA * 10 DI 9 PER 8 7 TE AN 6 NHAR 5 SO 4 DE 3 MA 2 NH’ AL 1 MI * ÚLTIMA SÍLABA TÔNICA

DIVISÃO DE SÍLABAS GRAMATICAIS DIVISÃO DE SÍLABAS POÉTICAS VEJA OUTRO EXEMPLO DIVISÃO DE SÍLABAS GRAMATICAIS 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 DA LI ZES VE TAS TAN RIA TÓ HIS MA MES A DIVISÃO DE SÍLABAS POÉTICAS DA * 10 LI 9 ZES 8 VE 7 TAS 6 TAN 5 RIA 4 TÓ 3 MA HIS 2 MES 1 A * ÚLTIMA SÍLABA TÔNICA

RITMO Resulta da regular sucessão de sílabas átonas ou fracas e de sílabas tônicas ou fortes. Os acentos tônicos, ou as sílabas tônicas, devem repetir-se com intervalos regulares, de modo a cadenciar o verso e torná-lo melodioso.

Observe o ritmo nas estrofes a seguir, sempre na 2ª sílaba poética. “Quem dera Que sintas as dores De amores Que louco Senti! Quem dera Que sintas!... - Não negues, Não mintas... Eu vi!...” (Casimiro de Abreu)‏

Agora observe estes versos que apresentam acentuação na 3ª, na 6ª e na 9ª sílabas. “Contemplando o teu vulto sagrado, Compreendemos o nosso dever; E o Brasil, por seus filhos amado, Poderoso e feliz há de ser.” (Hino à Bandeira – Olavo Bilac)‏

RIMA São coincidências sonoras que podem ocorrer em qualquer lugar dos versos, dependendo da escolha do poeta. Obedecem a diversas classificações. As rimas de dentro do verso são chamadas internas e as rimas nas últimas palavras do verso são chamadas de finais.

QUANTO À TERMINAÇÃO DO SOM 1) PERFEITAS: sereno e moreno; neve e leve 2) IMPERFEITAS: Deus e céus; estrela e vela

QUANTO À TONICIDADE 1) AGUDAS (oxítonas)‏ feroz e atroz; amor e clamor 2) GRAVES (paroxítonas)‏ festa e manifesta; flores e cores 3) ESDRÚXULAS (proparoxítonas)‏ mágico e trágico; lírico e onírico

QUANTO AO VOCABULÁRIO POBRES Mesma classe gramatical Ex: Coração e oração RICAS Classe gramatical diferente Ex: Prece e adormece

RIMA INTERIOR Veja alguns exemplos: “Como são cheirosas as primeiras rosas” (A. de Guimarães)‏ “Donzela bela, que me inspira a lira Um canto santo de fremente amor Ao bardo o cardo da tremenda senda Estanca arranca-lhe a terrível dor.” (Castro Alves)‏

RIMAS EMPARELHADAS (AABB)‏ DISPOSIÇÃO DAS RIMAS NAS ESTROFES RIMAS EMPARELHADAS (AABB)‏ “Ele deixava atrás tanta recordação! A E o pesar, a saudade, até no próprio chão, A Debaixo dos seus pés, parece que gemia, B Levanta-se o sol, vinha rompendo o dia(...)” B (A. de Oliveira)‏

RIMAS ALTERNADAS (ABAB)‏ “Tu és um beijo materno! A Tu és um riso infantil, B Sol entre as flores de inverno, A Rosa entre as flores de abril! ” B ( J. de Deus)‏

RIMAS INTERPOLADAS OU OPOSTAS (ABBA)‏ (Da Costa e Silva)‏ “ Saudade! Olhar de minha mãe rezando A E o pranto lento deslizando em fio... B Saudade! Amor dminha terra... O rio B Cantigas de águas claras soluçando. “ A (Da Costa e Silva)‏

VERSOS BRANCOS São os versos sem rima. Envelhecer “Antes, todos os caminhos iam. Agora todos os caminhos vêm. A casa é acolhedora, os livros poucos. E eu mesmo preparo o chá para os fantasmas.” (Mário Quintana)

VERSO LIVRE São os versos que não obedecem aos preceitos da versificação tradicional, em relação à métrica e ao ritmo. Observe este poema de Ferreira Gullar:

Não há vagas O preço do feijão Como não cabe no poema O preço do arroz Não cabem no poema o gás a luz o telefone a sonegação do leite da carne do açúcar do pão O funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome sua vida fechada em arquivos. Como não cabe no poema o operário que esmerila seu dia de aço e carvão nas oficinas escuras – porque o poema, senhores, Está fechado: “não há vagas” Só cabe no poema O homem sem estômago a mulher de nuvens A fruta sem preço O poema, senhores, Não fede nem cheira. Ferreira Gullar

AS FORMAS FIXAS Há poemas que têm forma fixa, isto é, submetida a regras quanto à combinação dos versos, das rimas e das estrofes. Assim, há, por exemplo, o soneto, cujos versos são agrupados em dois quartetos e dois tercetos; a balada (três oitavas e uma quadra); o rondó (somente quadras ou quadras combinadas com oitavas); o haicai (um terceto em que o 1º e o 3º versos são pentassílabos e o 2º é heptassílabo).

Fanatismo Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida a Meus olhos andam cegos de te ver! b Não és sequer razão de meu viver, b Pois que tu és já toda a minha vida! a Não vejo nada assim enlouquecida… a Passo no mundo, meu Amor, a ler b No misterioso livro do teu ser b A mesma história tantas vezes lida! a “Tudo no mundo é frágil, tudo passa…” c Quando me dizem isto, toda a graça c Duma boca divina fala em mim! d E, olhos postos em ti, vivo de rastros: e “Ah! Podem voar mundos, morrer astros, e Que tu és como Deus: princípio e fim!…” d