VIII. PATOLOGIA NUTRICIONAL E AMBIENTAL
RESPOSTA A SUBSTÂNCIAS EXÓGENAS A resposta a substâncias exógenas pode variar devido a: Sistemas enzimáticos: São compostos por várias isoenzimas A presença das diferentes isoenzimas é determinada pelo perfil genético do indivíduo Vias bioquímicas: Várias vias estão envolvidas no metabolismo de uma substância O predomínio de uma via sobre outra é diferente em cada etnia, sexo e grupo etário Estado nutricional e hormonal Afeta a atividade enzimática Outras substâncias exógenas podem induzir ou inibir a atividade de enzimas
LESÃO CELULAR POR OXIDAÇÃO A oxidação de substâncias pode gerar radicais livres derivados do oxigênio, lesivos às células REAÇÃO DE OXIDAÇÃO RADICAIS LIVRE DE O2 LESÃO CELULAR CATALASE SUPERÓXIDO DISMUTASE GLUTATIONA VITAMINAS C e E -CAROTENO NEUTRALIZAÇÃO * SATURAÇÃO OU DEPLEÇÃO DOS MECANISMO PROTETORES LESÃO * UMA DAS TEORIAS DO ENVELHECIMENTO CELULAR APONTA OS RADICAIS LIVRES COMO GRANDES RESPONSÁVEIS Mecanismos protetores
TABAGISMO Maior causa isolada de morte prematura evitável Mais de 40 carcinógenos na fumaça do tabaco já são conhecidos (entre eles, o benzopireno) Causas mais comuns de morte associada ao tabagismo: Cardiopatia isquêmica Câncer pulmonar DPOC
TABAGISMO O tabaco é responsabilizado por: Aumento do risco de: 30% das mortes por câncer 90% das mortes por câncer pulmonar Aumento do risco de: IAM AVE Vasculopatia periférica Eventos agudos desencadeados pelo tabaco: adesão e agregação plaquetária trombose Desencadedamento de arritmias relação demanda/suprimento de O2 isquemia
DEPURAÇÃO TRAQUEOBRÔNQUICA INFECÇÕES DE VIAS AÉREAS TABAGISMO Toxinas contra cílios (cianeto de hidrogênio): TOXINAS CILIARES DEPURAÇÃO TRAQUEOBRÔNQUICA INFECÇÕES DE VIAS AÉREAS BAIXO PESO AO NASCER PREMATUROS ABORTAMENTO DESCOLAMENTO DE PLACENTA PLACENTA PRÉVIA Gestantes: carboxihemoglobina hipóxia fetal
TABAGISMO Problemas ocupacionais: acidentes de trabalho Sinergismo com asbesto e radônio na produção de câncer pulmonar Prejuízo na cicatrização de úlcera péptica Exacerbação de sintomas de asma e bronquite Acredita-se que o fumo passivo esteja associado a um aumente de: Câncer pulmonar Cardiopatia isquêmica IAM Infecções de vias aéreas em crianças
ALCOOLISMO Etanol = maior agente de abuso do mundo Para atingir nível de 100 mg/dl em um adulto de 70 kg são necessários: 90ml de whiskey (50°) 550ml de vinho (8°) 1100ml de cerveja (4°) 45ml de etanol EQUIVALENTE A Bebedores “sociais”: 200 mg/ml embriaguez 300-400 mg/dl coma/ morte Alcoolistas toleram até 700 mg/dl devido à indução da citocromo P-450
ALCOOLISMO Metabolismo do etanol: Ação aguda do etanol: Álcool-desidrogenase (mucosa gástrica) Citocromo P-450 (fígado) Catalase (fígado) Ação aguda do etanol: Depressão do SNC Euforia (devido à depressão das vias inibitórias superiores) Uso crônico provoca diversas alterações por dois mecanismos: Efeitos diretos do etanol Deficiências nutricionais (álcool usado como fonte calórica)
ALCOOLISMO – Alterações hepáticas Alterações HEPÁTICAS do alcoolismo crônico: ACÚMULO DE GORDURA HEPATITE ALCOÓLICA LESÃO IRREVERSÍVEL (CIRROSE) Deposição de gordura hepática: catabolismo de gordura periférica síntese de lipídeos oxidação de ác. Graxos Compromentimento no transporte de lipoproteínas
ALCOOLISMO – Alterações hepáticas Lesão por hepatite alcoólica: Toxicidade direta do etanol radicais livre de O2 produção pelo citocromo P-450 neutralização pela glutationa Estímulo imunológico pelo acetaldeído ligado a proteína Acredita-se ainda em lesão hipóxica devido ao padrão centrolobular Lesão irreversível (cirrose): 10-15% dos alcoolistas Morte hepatocelular Regeneração micronodular cercada por faixas de colágeno Perda da arquitetura hepática Insuficiência hepática Hipertesão do sistema porta
ALCOOLISMO Alterações do SNC: Causadas por deficiência de vitamina B1 (tiamina): Degenarção neuronal Gliose reativa Atrofia cerebelar e de nervos periféricos Síndrome de Wernicke (ataxia + confusão + oftalmoplegia) Síndrome de Korsakoff (graves prejuízos da memória) Alterações CARDIOVASCULARES: Toxicidade direta do etanol cardiomiopatia dilatada Hipertensão arterial sistêmica * uso moderado de álcool tem efeitos benéficos: HDL-colesterol e LDL-colesterol agregação plaquetária
ALCOOLISMO Alterações do TRATO GASTROINTESTINAL: Gastrite aguda toxicidade direta do etanol risco de pancreatite aguda e crônica Alterações MÚSCULO-ESQUELÉTICAS: Lesão muscular com degradação de mioglobina Alterações do SISTEMA REPRODUTOR: Atrofia gonadal fertilidade Etanol e CÂNCER: Acetaldeído pode atuar como promotor risco de câncer de cavidade oral, esôfago e fígado
ABUSO DE DROGAS DEPRESSORES DO SNC: Etanol é o mais usado Barbitúricos: Rápida tolerância e dependência Potencialmente fatais quando usados com álcool Vêm sendo substituídos pelos benzodiazepínicos ESTIMULANTES DO SNC: Cocaína/ crack: Bloqueio da recaptação de catecolaminas no SNC e SNP Efeitos agudos: HAS, FC, euforia, evoluindo para deepressão respiratória e arritmias Uso crônico: insônia, ansiedade, paranóia, risco de IAM e AVE Anfetaminas: Efeitos semelhantes aos da cocaína Age nos receptores dopaminérgicos D4
ABUSO DE DROGAS NARCÓTICOS: Prescritos como analgésicos, mas causam sedação e alt. do humor Heroína: Ansiedade, sedação, alt. do humor, náuseas, deepressão respiratória Uso EV: endocardite infecciosa ALUCINÓGENOS: Naturais: Mescalina (cactos) Psilocibina (cogumelo) Machonha (cânhamo) Maconha: Tetraidrocarbinol (THC) é o ingrediente ativo Relaxamento e euforia LSD (ácido lisérgico) Ilusões e outras alterações de percepção por até 12 horas
AGENTES TERAPÊUTICOS ???? ESTRÓGENOS EXÓGENOS: Causam pequeno aumento no risco de alguns cânceres (endometrial, de mama) Apesar do efeito benéfico sobre o colesterol (HDL) causa pequeno aumento no risco de doenças cardiovasculares ANTICONCEPCIONAIS ORAIS: Diversas mudanças na composição durante últimos anos torna difícil avaliar seus efeitos a longo prazo Aumento no risco de tromboembolismo parece bem definido, apesar de que formulações mais recentes têm um risco menor
POLUIÇÃO EM AMBIENTE FECHADO MONÓXIDO DE CARBONO: Inodoro e incolor Liga-se com Hb com muito mais afinidade que o O2 hipóxia DIÓXIDO DE NITROGÊNIO: Fornos a gás e aquecedores com querosene infecções respiratórias em crianças RADÔNIO: Gás radiativo da decomposição do urânio Presente em minas e algumas residências Maior causa de câncer de pulmão em não fumantes FIBRAS DE ASBESTO: Presente em telhas, canos e calhas Pneumoconiose, câncer de pulmão e mesotelioma em profissionais expostos
EXPOSIÇÕES INDUSTRIAIS HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS POLICÍCLICOS: Estão entre os carcinógenos químicos mais potentes Provenientes da combustão de combustíveis fósseis e processamento de carvão e óleo mineral em altas temperaturas Benzopireno, do tabaco é o protótipo câncer de pulmão e bexiga CHUMBO: Fabricação de baterias, mineradores, soldadores, pintores Se deposita em dentes e ossos em crescimento, sangue e tecidos moles Anemia hipocrômica, desmielinização periférica, insuficiência renal crônica, dor abdominal intensa Orla de Burton (linha gengival cianótica) Pontilhado basofílico em eritrócitos
LESÃO POR RADIAÇÃO Radiação ionizante: Radiação não ionizante: Alta freqüência Ioniza moléculas biológicas Ondas eletromagnéticas (ex.: raio-X) ou radiação particulada (partículas emitidas por radioisótipos) Radiação não ionizante: Baixa freqüência Causa vibração de átomos Ex.: ondas de rádio, microondas, infravermelho, UV ESPECTRO DE LESÃO: Necrose franca Destruição de células em divisão Lesão do DNA APOPTOSE DANO PERMANENTE CÉL. COM DNA MUTANTE MALIGNIZAÇÃO REPARO
LESÃO POR RADIAÇÃO RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA: Efeitos agudos sobre a pele: UVA não absorvido pelo ozônio atmosférico UVB parcialmente absorvido pelo ozônio atmosférico UVC totalmente absotvido pelo ozônio atmosférico Efeitos agudos sobre a pele: Eritema Pigmentação Lesão das cél. de Langerhans e queratinócitos Efeitos crônicos: Envelhecimento da pele: degeneração da elastina e do colágeno Carcinogênese: alterações no DNA epitelial
AMBIENTE FÍSICO FERIMENTOS: QUEIMADURAS: Abrasão: lesão somente da epiderme, sem cicatriz Laceração: rompimento cutâneo com bordos irregulares Incisão: rompimento cutâneo com bordos regulares, causada por objeto cortante Contusão: lesão fechada podendo causar equimose (por ruptura de pqnos vasos) ou hematoma (vasos maiores) QUEIMADURAS: Espessura parcial (1º e 2º graus): rosadas, dolorosas, exsudação abundante Espessura total (3º e 4º graus): brancas/ carbonizadas, anestésicas, secas Complicações: Infecções (Pseudomonas aeruginosa, S. aureus, Candida sp.) Hipotermia Desidratação hipoproteinemia
PATOLOGIA NUTRICIONAL DESNUTRIÇÃO 1ária: deficiência de nutrientes na dieta 2ária: má-absorção, perda excessiva, hipermetabolismo DESNUTRIÇÃO PROTÉICO-CALÓRICA: Kwashiokor: deficiência de proteína na presença de energia adeqüada. Forma 1ária mais comum em crianças Forma 2ária em estados hipermetab. (sepse, trauma...) Perda de peso, anemia, lesões de pele, esteatose Hipoalbuminemia edema generalizado Marasmo: combinação de deficiência protéica e energética. Perda de peso, anemia, imunodeficiência Forma 2ária em doenças crônicas (DPOC, ICC, AIDS...)
DEFICIÊNCIAS VITAMÍNICAS DEFIC. VITAMINA D Prejudica absorção intest. De Ca++ Ocorre por exposição solar inadequada, malnuntrição ou absorção inadeqüada Osteomalácia/ raquitismo DEFIC. VITAMINA E Geralmente decorrente de má absorção severa Arreflexia, distúrbios da marcha, propriocepção, oftalmoplegia DEFIC. VITAMINA K Dieta deficiente ou destruição da flora intestinal por ATB Fatores de coagulação dependentes: II, VII, IX e X Diátese hemorrágica DEFIC VITAMINA A Dieta deficiente, má absorção, uso de laxantes Cegueira noturna, xeroftalmia, hiperqueratinização da pele
DEFICIÊNCIAS VITAMÍNICAS DEFIC. TIAMINA (VIT B1): Alcoolismo é a causa mais comum Beribéri seco: alt. do sistema nervoso Beribéri úmido: alt. do sistema cardiovascular Encefalopatia de Wernicke: ataxia, confusão e nistagmo/ oftalmoplegia Sd. De Korsakoff: amnésia retrógrgada, prejuízo no aprendizado e confabulação DEFIC. DE RIBOFLAVINA (B2): Desnutrtição ou uso de medicamentos inib. Da flavocinase Queilite angular, glossite, anemia, estomatite, dermatite seborréica DEFIC DE PIRIDOXINA (B6): Alcoolismo ou medicamentos Dermatite seborréica, queilose, glossite, neuropatia perif., convulsões
DEFICIÊNCIAS VITAMÍNICAS DEFIC. DE VIT. C Dieta inadequada e alcoolismo Mal-estar, fraqueza Hemorragias, artralgias Escorbuto: febre baixa, lesões de gengiva, fragilidade óssea, cicatrização retardada DEFIC. DE COBALAMINA (B12): Causas: fator intrínseco (anemia perniciosa, gastrectomia) Insuf. pancreática Má absorção Anemia macrocítica Glossite Diarréia, anorexia Neuropatia periférica
DEFICIÊNCIA DE SAIS MINERAIS DEFICIÊNCIA DE FERRO: Causa mais comum: perda crônica de sangue Componente do heme anemia hipocrômica DEFICIÊNCIA DE ZINCO: Zinco é componente de enzimas Acrodermite enteropática, retardo no crescimento DEFICIÊNCIA DE IODO: Iodo é componente de hormônios tireóideos Bócio e hipotireoidismo DEFICIÊNCIA DE SELÊNIO: Selênio é componente da glutationa-peroxidase Miopatia DEFICIÊNCIA DE COBRE: Cobre é componente da enzimas Fraqueza, alt. Neurológicas, hipopigmentação
OBESIDADE Definida pelo índice de massa corpórea (IMC): Obesidade superior (abdome e flancos) tem piores efeitos à saúde que obesidade inferior (nádegas e coxas) IMC Classe 18,5-24,9 NORMAL 25-29,9 SOBREPESO 30-34,9 I. OBESIDADE LEVE 35-39,9 II. OBESID. MODERADA >40 III. OBESID. EXTREMA circunferência abdominal (>102cm em homens; >88cm em mulheres) ou índice cintura/ quadril (>1 em homens; >0,88 em mulheres) maior risco de DM, AVE, doença coronária Deposição de gordura visceral é mais danosa do que deposição subcutânea (lutadores de sumô) Associação com vários distúrbios (DM, HAS, hiperlipidemia)
DIETA E DOENÇAS SISTÊMICAS Dieta que atende às necessidades calóricas do indivíduo pode ser danosa a indivíduos propensos a desenvolver doenças como: Hipertensão arterial (excesso de NaCl) Diverticulose (carência de fibras) IAM (excesso de carne hiper-homocisteinemia) Alimentos com efeito protetor: Tomate (licopeno) proteção contra Ca de próstata Uva escura (tanino) proteção contra doenças cardiovasculares Álcool em doses moderadas e cereais HDL; LDL proteção cardiovascular