TEMA: FRAGILIDADE E INSTABILIDADE FINANCEIRA

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Macroeconomia Aula 2.
Advertisements

Brasília, março de 2009 A crise internacional e repercussões: situação brasileira em março de 2009 Jorge Abrahão de Castro IPEA.
A CRISE FINANCEIRA: NO OLHO DO FURACÃO
Balanço de Pagamentos 1- Transações correntes
Fundamentos de Economia
Administração Financeira ANÁLISE FUNDAMENTALISTA Aula 10 Prof. Reinaldo Coelho.
Taxa de Câmbio e Balanço de Pagamento
O papel da Moeda e o Sistema Financeiro
ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
A INFLAÇÃO Saindo da recessão
ATUAL CRISE AMERICANA.
MACROECONOMIA Fundamentos de Economia para a Gestão Financeira
Agregando Todos os Mercados: O Modelo AS-AD
OBJETIVOS E CRITÉRIOS DA ANÁLISE DE BALANÇOS
Capital circulante liquido e
Economia Brasileira_26/02/2007
Analise da empresa com índices financeiros e econômicos
Universidade Estadual do Maranhão – UEMA Bacharelado em Administração
Política Monetária no Brasil
POLÍTICAS ECONÔMICAS.
Macroeconomia do Desenvolvimento
CURVA IS EQUILÍBRIO NO MERCADO DE BENS E SERVIÇOS
Aula 12.
Sistema Monetário Aula 6 Prof. Karine R. de Souza.
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
Capítulo 7 A teoria dos recursos esgotáveis e dos recursos renováveis: Visão Geral.
A Influência das Políticas Monetária e Fiscal Sobre a Demanda Agregada
Administração Financeira e Orçamentaria
Macroeconomia Política Fiscal
ANÁLISE DE INVESTIMENTOS PROFESSOR: PIERRE LUCENA
PRINCÍPIOS DE INVESTIMENTOS
Política monetária Por política monetária entende-se o conjunto de ações do Banco Central, que define a quantidade ofertada de moeda numa economia, ou.
Fundamentos de Economia
Poupança, Investimento e Sistema Financeiro
Análise de Demonstrações Financeiras - Aplicação Prática
Macroeconomia Determinação da Renda e Produto Nacional
Unidade I – Introdução e conceitos básicos para análise financeira
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DETERMINAÇÃO DA ESTRUTURA DE ATIVO.
OBJETIVO DA ANÁLISE A análise econômico-financeira tem por objetivo extrair informações das demonstrações financeiras e dos demais relatórios dos últimos.
FUNDAMENTOS NEOCLÁSSICOS PARA A LEI DA OFERTA E DA DEMANDA
Professor Julio Cesar da Silva Tavares
Macroeconomia ..
MOEDA, CRÉDITO E CRESCIMENTO
Fundamentos de Macroeconomia. Parte 2 - O Curto Prazo O Mercado de Bens.
Macroeconomia Introd. Macro. Medidas de Atividade Econômica
Agregados macroeconômicos: introdução à contabilidade social
TÓPICOS ESPECIAIS DE FINANÇAS
Mercado de Capitais.
Ambiente Financeiro Brasileiro
Administração Financeira Prof. Ms. Nilo Valter Karnopp
Introdução à Macroeconomia
ECONOMIA ABERTA As transações internacionais permitem uma série de ganhos de eficiência, como: Especialização na produção/ vantagens comparativas Diversificação.
Cenário Macroeconômico Junho China Economia da China parece estar se estabilizando após ações do governo para estimular o crescimento. Ainda assim,
ECONOMIA E FINANÇAS Quinta Aula Professor Dr. Jamir Mendes Monteiro.
O Arrendamento Mercantil (leasing) na Nova Lei Contábil (Lei 11
 Ching sintetiza o interessa de cada um dos usuários das demonstrações financeiras na seguinte tabela: UsuárioQuestões ProprietáriosRentabilidade,
Demanda por moeda 4.1 Conceitos:
Ariela Diniz.  A relação entre as taxas de juros sobre títulos de dívida com o mesmo vencimento pode ser explicada por 3 fatores: ◦ O risco de default;
Um giro pelo mercado de trabalho
POLÍTICA MONETÁRIA Moeda e Crédito.
Políticas de controle da demanda
Maneiras de classificar o mercado financeiro Quando uma empresa de energia elétrica necessita de recursos financeiros, ou quando um comerciante tem a necessidade.
CRISE FINANCEIRA E ECONÔMICA MUNDIAL RECENTE
GESTÃO FINANCEIRA ADMINISTRAÇÃO CURTO PRAZO
O lado monetário da economia
Fonte: MANKIW (2002). Exercícios 1.Indique e descreva as três funções da moeda Meio de Troca: É algo que os compradores dão aos vendedores quando querem.
Cenário Macroeconômico Abril/2016. Economia Internacional Economia Doméstica.
Prepared by: Fernando Quijano and Yvonn Quijano 7 C A P Í T U L O © 2004 by Pearson EducationMacroeconomia, 3ª ediçãoOlivier Blanchard Agregando Todos.
Objetivos e Instrumentos
Sistema Monetário. O Significado da Moeda Dinheiro é um ativo da economia utilizado pelos indivíduos na aquisição de bens e serviços de outros indivíduos.
Transcrição da apresentação:

TEMA: FRAGILIDADE E INSTABILIDADE FINANCEIRA ECONOMIA FINANCEIRA E DESENVOLVIMENTO TEMA: FRAGILIDADE E INSTABILIDADE FINANCEIRA ALUNAS: LARISSA BENJAMIN – RA:1309293 MAYARA GARCIA – RA: 130936-6 YARA COMMAR CURIA – RA: 130958-7

COMO NASCE A FRAGILIDADE FINANCEIRA E QUAL A TRAJETÓRIA MAIS PROVÁVEL AO SISTEMA?

A relação inevitável entre crescimento e endividamento, aliada à possibilidade, sempre presente, de que este resulte em crise financeira é a essência da "hipótese de fragilidade financeira" de Minsky. A fragilidade inerente ao crescimento nas economias de mercado reside no fato de que, a atividade econômica e as relações financeiras que a viabilizam, derivam e dependem de um "sistema de confiança". Este envolve, de um lado, as expectativas de renda futura daqueles que assumem dívidas (empresas, famílias e instituições financeiras, além do governo) e, de outro, as expectativas de retorno-risco daqueles que adquirem estes ativos (outra empresas, famílias e instituições financeiras).

O problema é que as expectativas que motivam (ou não) a emissão e aquisição de dívidas são em parte baseadas em avaliações objetivas e, no que Keynes chamou de "otimismo [ou pessimismo] espontâneo". O pagamento regular das dívidas depende da confirmação dessas expectativas e, em economias de mercado, não há qualquer garantia neste sentido. Nas palavras de Minsky: “Tal economia capitalista é instável devido a forças endógenas que refletem os processos de financiamento. Esses processos transformam um sistema tranqüilo e relativamente estável em um no qual a contínua expansão acelerada de dívidas, investimentos, lucros e preços é necessária para prevenir uma profunda depressão.”

Quando as expectativas dos agentes não se concretizam, cresce a inadimplência no crédito e/ou desvalorizam-se os títulos negociados no mercado. Em condições normais, esta frustração de expectativas pode resultar em uma simples desaceleração da atividade econômica. A situação se agrava, porém, se as dificuldades de pagamento persistirem. Com esse cenário, os bancos são obrigados a ajustarem seus balanços, por exemplo, elevando as exigências de capital, de provisões contra crédito, etc. Essa crise de crédito pode dar origem à uma crise de confiança (com aumento da preferência por liquidez em detrimento dos ativos financeiros), configurando, assim, uma quadro de crise financeira.

Se tal tendência não for rapidamente contida por uma política macroeconômica que restaure a confiança, desencadeia-se um "comportamento de manada", pelo qual, mesmo aqueles que ainda não têm razões objetivas para se desfazer de ativos, tornam-se também vendedores apressados, apenas porque os que já sofreram perdas estão agindo assim. Esta prevenção individual, porém, em vez de proteger os portfólios, acaba por levar à deflação de ativos, espalhando a crise. Nessa estrutura, as crises estariam relacionadas às expectativas frustradas levando a um sobre-endividamento, retração de crédito pelos bancos, queda no investimento, corridas bancárias e fragilização do sistema financeiro.

A DECISAO DE INVESTIMENTO A decisão fundamental de uma firma é como financiar sua necessidade de capital, quanto através de seus próprios recursos e quanto através de empréstimos. Essa decisão define o tamanho da firma e a taxa de crescimento de seus ativos e vendas. Dois tipos de risco afetam o volume de investimento realizado por uma firma: o do tomador e o do emprestador. O primeiro se refere as dúvidas que o tomador tem de que ganhar os rendimentos que espera, e o segundo trata de um padrão moral ou insuficiência da margem de segurança devido a possibilidade de decepção da expectativa sobre o pagamento do empréstimo.

O risco do tomador tem dois lados: primeiro, em um mundo de incerteza, onde os ativos e firmas podem diferir muito, um agente avesso ao risco deve diversificar sua carteira de ativos. Segundo, o tomador vê as dívidas a serem pagas com certeza e os rendimentos potenciais como incertos, diminuindo sua taxa de segurança. Assim, ele diminui a taxa de capitalização que aplica a seus próprios recursos. O risco do emprestador pode aparecer explicitamente nos contratos, através de um acréscimo sobre as obrigações de pagamentos de dívidas, seja na forma de maiores taxas de juros, menores prazos, restrições ao pagamento de dividendos e limites de crédito que impeçam a contratação de novas dívidas, seja através da exigência de garantias ou colaterais. Tais exigências aumentam, à proporção em que se amplia a razão entre as dívidas e os recursos próprios, o que é uma medida de fragilidade financeira.

curva Qi representa os financiamentos internos que a firma espera que estarão disponíveis em um determinado período (que é independente dos níveis de investimento da firma). PI é o preço de oferta do ativo de capital, que é determinado pelos produtores desses ativos O montante de investimento que pode ser financiado pela firma é: Îi = Qi/Pi. . Se a quantidade de investimento desejada é maior que Î, então a firma terá um débito a ser financiado com pagamento futuro. A firma capitaliza seus recursos a uma taxa K. Para o investimento acontecer é necessário que Pk≥Pi, ou seja, que o preço de uma unidade de capital seja maior ou igual ao preço de uma unidade de investimento.

Sendo assim, o nível de investimento é determinado pela interseção da curva de demanda, que compreende o risco do tomador, com a oferta efetiva de bens de capital – que incorpora o risco marginal do emprestador, levado em conta que uma unidade adicional de dívida pode elevar o risco de todo o montante de financiamentos concedidos. O vínculo entre os preços do produto corrente, da demanda por investimento e dos bens de capital atua na geração de instabilidades endógenas, nas instabilidades financeiras.

A TRAJETÓRIA Dentro do arcabouço teórico desenvolvido por Minsky, a possibilidade ciclos econômicos, isto é, a passagem de um período de expansão, para um boom e a reversão para uma crise financeira, levando a uma recessão e eventualmente a um processo de deflação e depressão, é unicamente um resultado natural do processo capitalista. Além dos elementos apresentados anteriormente, tais quais os lucros, as expectativas e a dinâmica dos dois preços na determinação do investimento, as posturas financeiras prevalecentes na economia são os ingredientes adicionais na dinâmica do sistema.

Uma realidade última em uma economia é o conjunto de balanços inter-relacionados entre as várias unidades. Alguns itens no balanço criam fluxos de caixa. Fluxos de caixa são resultado de : (1) rendimento de produção do sistema (salários, impostos e não-corporativos financeiros); (2) estrutura financeira (juros, dividendos, rendas e reembolsos de empréstimos); As transações em rubricas do balanço geram fluxos de caixa que afetam, também, o preço de mercado de tais ativos. Esta capacidade de gerar fluxos de caixa com a venda de um ativo sem grandes concessões de preços mede a liquidez do ativo.

Sempre que, como resultado de uma melhoria de confiança e do crédito, a alavancagem de investimento aumenta, os proprietários do estoque herdado de bens de capital, cuja responsabilidade é compatível com a estrutura de um estágio anterior de confiança, encontram-se com uma margem não-utilizada de “empréstimo poder”. Esta margem é boa e, fornecer uma base para expansão de propriedade dos bens de capital. Um aumento na confiança e no estado de crédito é equivalente quanto ao seu efeito sobre o potencial de financiamento da dívida de investimento para a melhoria do rendimento atual;

Os banqueiros podem ser especuladores, assim como os empresários Os banqueiros podem ser especuladores, assim como os empresários. Eles estão sempre especulando em sua capacidade de refinanciar as suas posições de ativos como os levantamentos de depósitos. Especulam também sobre a composição de seus ativos. Durante booms banqueiros compram de volta a capacidade de empréstimo com a venda de sua carteira de investimento para as famílias. O efeito de substituições de carteira é gerar, no agregado e no curto prazo, uma curva de oferta elástica de finanças. Como se desenvolve um boom, a curva de oferta de financiamento da substituição da carteira é absorvida, e a curva de oferta de financiamento pode tornar-se menos elástica.

Isso significa que na fase inicial de crescimento, condições de financiamento não mudam muito até que a dívida-financiamento se expanda rapidamente. Em fases posteriores ao do crescimento, condições de financiamento podem subir abruptamente. Assim o progresso de um boom vê experimentação em três níveis: As empresas se engajam mais fortemente no financiamento da dívida; Empresas e famílias cortam o dinheiro e o líquido de ativos, respectivamente, em relação a sua dívida; E os bancos aumentam os seus empréstimos à custa das detenções de títulos, especialmente da dívida pública.

A especulação tem três aspectos: Os proprietários de capitais de ativos especulam por dívidas de financiamento de investimento e as posições no estoque de bens de capital; Os bancos e outras instituições financeiras especulam sobre o mix de responsabilidades que eles devem; E as empresas e famílias especulam sobre os ativos financeiros de sua propriedade e sobre como eles financiam suas posições nesses ativos. Durante um boom a demanda especulativa por moeda diminui e portfólios tornam-se mais fortemente ponderados com posições de dívida financiada. Os proprietários de bem de capital cometem parcelas maiores de seus fluxos de caixa esperados em operações de formulário. Os bancos aumentam a sua propriedade de empréstimos às custas de investimentos,por gestão de passivos aumentam a sua escala de investimentos, e por gestão de responsabilidade aumentam a sua escala de operações para as reservas de dinheiro.

Outras instituições financeiras também aumentam a sua escala de operações buscando ativamente fundos. Famílias e empresas substituem os ativos não-financeiros de dinheiro para o dinheiro como suas reservas líquidas. Como um boom desenvolve famílias, empresas e instituições financeiras, estas são obrigadas cada vez mais a se aventurar em atividades de tomada de posições. Quando o limite de sua capacidade de tomar emprestado de um para pagar o outro é atingido, a opção é ou vender alguma posição ou levar a um impasse no que se refere a aquisição de ativos.

Como os efeitos da dívida-deflação desgastam, como ocorre o desinvestimento e as posições financeiras são reconstruídas durante a fase de estagnação, uma recuperação e expansão começa. Uma recuperação começa com lembranças fortes da sanção extraída por causa de posições passivas expostas durante a deflação da dívida e com estruturas de responsabilidade que foram removidos da dívida. Estabilidade - mesmo de uma expansão - é desestabilizadora ao passo que se o financiamento mais aventureiro de investimentos vale a pena para os líderes, os outros os seguem. Assim, uma expansão, em ritmo acelerado, alimentar o boom.

Para Minsky, o gasto do governo poderia ao menos atenuar a queda no fluxo de lucros resultante do declínio do investimento, ou da reversão de expectativas excessivamente otimistas, e dessa forma, dar suporte ao preço dos bens de consumo. Contudo, o governo não é capaz de conter a instabilidade. Ele também acredita que o governo (Big Government) e um banco central ativo (Big Bank) são os dois grandes ‘estabilizadores’ necessários ao bom funcionamento da economia. O motivo pelo qual as economias capitalistas foram capazes de escapar das implicações catastróficas da instabilidade financeira é porque, na crença de Minsky, tais estabilizadores foram suficientemente hábeis em manter a economia no limiar de um eventual colapso.

Concluindo: A partir dessa trajetória, pode-se extrair a visão de um setor público atento com uma estrutura institucional que incentive o setor privado, privilegiando o bem-estar da população e dificultando a emergência endógena de crises financeiras mais severas. O Estado deve funcionar como um ‘sistema preventivo’. Estando ciente do caráter eminentemente instável do sistema capitalista, a mensagem de Minsky é que a sociedade deve perseguir o desenvolvimento e manutenção de instituições e de políticas que assegurem uma ‘‘good financial society’ (uma “boa sociedade financeira“), em que a tendência por parte das empresas e banqueiros em se engajar em finanças especulativas é limitada.