Radiação cósmica de fundo, flutuações primordiais e Inflação

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Radiação cósmica de fundo, flutuações primordiais e Inflação uinta aula Radiação cósmica de fundo, flutuações primordiais e Inflação Review: formação de estrutura A radiação cósmica de fundo (RCF) A RCF e as flutuações primordiais: o espectro das perturbações O mecanismo básico de criação de partículas Criação de perturbações pela inflação: formalismo genérico O espectro de perturbações da inflação power-law Fenomenologia dos modelos inflacionários

5.1 História da formação de estruturas 5.1 formação de estruturas: review 5.1 História da formação de estruturas Na quarta aula, aprendemos que: As perturbações de escala maior que o horizonte (H-1) permanecem sempre constantes: é só quando elas “entram no horizonte” que podem (ou não) começar a crescer e formar estruturas. Na era da radiação não há formação de estruturas, ou seja, o contraste de densidade dr/r permanece constante em todas as escalas. Na era da matéria as perturbações de escalas sub-horizonte começam a crescer: o contraste de densidade cresce proporcionalmente ao fator de escala. Uma das principais consequências disso é que as perturbações em escalas muito grandes têm a mesma amplitude que tinham nos primórdios do universo. Se observarmos perturbações em larguíssimas escalas, estaremos observando uma inomogeneidade que ficou congelada desde o instante em que foi criada.

5.2 A radiação cósmica de fundo Fim da era da radiação No instante do desacoplamento, as perturbações nos fluidos de radiação e de matéria fria têm a mesma amplitude (seus contrastes de densidade são praticamente iguais). As perturbações em escalas grandes são aproximadamente constantes. Mas, como o desacoplamento ocorre um pouco depois do fim da era da radiação, na era da poeira.. ..as escalas pequenas já haviam começado a crescer. Então esperamos que as escalas maiores tenham permanecido constantes, enquanto as escalas menores apresentem algumas oscilações, correspondendo ao colapso gravitacional das primeiras estruturas e sua interação com a radiação (que ainda estava bastante presente).................

Características das flutuações de temperatura (largas escalas): 5.2 a radiação cósmica de fundo De fato: Características das flutuações de temperatura (largas escalas): Mas o que isso realmente nos diz a respeito das flutuações de densidade? Como podemos usar a informação contida na RCF para determinar o espectro primordial das flutuações? Escalas pequenas: oscilações Escalas grandes: constante

5.3 A RCF e o espectro de perturbações 5.3 rcf e espectro de perturbações 5.3 A RCF e o espectro de perturbações A amplitude das flutuações de temperatura em largas escalas dependem de dois fatores: 1) flutuações intrínsecas de densidade (regiões mais densas são regiões mais quentes) 2) os potenciais gravitacionais causados por essas flutuações de densidade (fótons vindo de uma região mais densa têm que emergir de um poço de potencial mais profundo, portanto sofrem maior redshift). A superposição desses dois efeitos dá o efeito Sachs-Wolfe: As observações da RCF indicam que DT/T e F têm um espectro invariante de escala (também conhecido como espectro de Harrison-Zeldovich). O que isso quer dizer é que a média espacial dos quadrados dessas quantidade é aproximadamente independente do tamanho do volume V:

O que isso significa, em termos dos modos de Fourier desses campos é: 5.3 rcf e o espectro de perturbações O que isso significa, em termos dos modos de Fourier desses campos é: Para que essa média (ou valor esperado) seja independente da escala V~L3, é necessário que o espectro dF(k) seja uma função que dependa fracamente de k: É fácil ver que se ns<1, a integral é dominada pelo IR; dizemos nesse caso que o espectro é “vermelho”. Por outro lado, se ns >1 a integral tem uma contribuição maior no UV; nesse caso o espectro é “azul”. As últimas observações indicam que: Melchiorri, Bode, Bahcall and Silk, astro-ph/0212276 (12/12/2002). Em suma, as observações da RCF indicam que o espectro das perturbações é aproximadamente invariante de escala, com amplitude da ordem de 10-10. Além disso, como sabemos que em largas escalas as flutuações são constantes, esse espectro é o espectro primordial. Vamos reproduzi-lo a seguir.

A inflação (aceleração) converte 5.4 a física da criação de partículas Parker ‘68-’69, Birrel & Davies ‘82, Mukhanov & Chibisov ‘81, Hawking, Guth & Pi ‘82 5.4 A física do mecanismo de criação de partículas expansão acelerada separa os pares Horizonte H-1 A inflação (aceleração) converte pares virtuais em pares reais

5.5 Perturbações de um campo escalar durante a inflação: formalismo 5.5 perturbações durante a inflação 5.5 Perturbações de um campo escalar durante a inflação: formalismo Após diagonalização e integração por partes, os termos quadráticos são: Soluções no ultravioleta (k2>>m2) e no infravermelho (k2<<m2):

Inflação gera inomogeneidades no “fluido primordial” 5.5 perturbações durante a inflação Quantização: Vácuo: ak|0>=0 Porém, => Mistura entre modos com energias positivas e negativas => Amplificação da energia de ponto-zero pelo “campo externo” (expansão) => Criação de partículas Inflação gera inomogeneidades no “fluido primordial”

UV lphys IR UV H-1 t Hoje Fim da inflação 5.5 perturbações durante a inflação lphys t UV H-1 Hoje Fim da inflação IR UV

5.6 O espectro de perturbações dos modelos “power law inflation” 5.6 espectro dos modelos power-law 5.6 O espectro de perturbações dos modelos “power law inflation” O background ao redor do qual desenvolveremos teoria de perturbações é homogêneo e isotrópico, de curvatura zero, onde o fator de escala é uma lei de potència: O campo escalar e o potencial que causam essa expansão acelerada são:

5.6 espectro dos modelos power-law Tanto a métrica quanto o campo escalar têm flutuações em torno de seus backgrounds. Vamos fixar o gauge longitudinal usado na aula passada: A equação de Einstein 0-i é um vínculo entre a perturbação do campo, j(x), e a perturbação da métrica, F(x): Substituindo as perturbações na Lagrangeana, expandindo até segunda ordem e eliminando j e F por c, temos a seguinte expressão: o que evidentemente significa que o campo c obedece à equação D c = 0 . Abramo & Woodard, Phys. Rev. D60: 044011

Os operadores ak e a+K obedecem as relações de comutação usuais: 5.6 espectro dos modelos power-law Podemos agora proceder à quantização do campo c. Primeiro, escrevemos o campo em termos de operadores de criação e aniquilação: Os quanta de energia negativa são associados com modos de frequências negativas e com os operadores ak . Os operadores ak e a+K obedecem as relações de comutação usuais: e os modos são normalizados pelo Wronskiano: No caso de power-law inflation, os modos têm soluções exatas:

obtemos que o Wronskiano é: 5.6 espectro dos modelos power-law As funções de Hankel oscilam no limite UV kh<<1, mas são as funções de Hankel do segundo tipo, H(2), que têm frequência negativa e portanto estão associados aos modos ck e aos operadores de aniquilação. Portanto, escrevemos: onde as constantes Ak são determinadas pelo Wronskiano. Usando as relações de comutação das funções de Hankel: obtemos que o Wronskiano é: E portanto os modos já normalizados têm a seguinte expressão:

A função de Hankel tem a seguinte forma assintótica: 5.6 espectro dos modelos power-law Lembre-se de que o campo c é o mesmo que o potencial newtoniano F, a menos de uma normalização: e que, portanto, o potencial newtoniano já normalizado tem a seguinte expressão: Agora podemos calcular o espectro de perturbações da inflação power-law. Estamos interessados no limite IR do espectro (kh <<1) – ou seja, a região do espectro que de fato sofreu amplificação da energia de ponto zero. A função de Hankel tem a seguinte forma assintótica: e portanto o espectro é:

5.6 espectro dos modelos power-law Vamos repetir o resultado obtido quantizando um campo escalar/gravitacional: k2 = 16p G e comparar com aquilo que esperamos analisando os dados observacionais: 1. A amplitude das perturbações C fixa o parâmetro livre Hi que fixa a escala do potencial: 2. O “índice escalar” ns no modelo power-law é portanto:

O Futuro O estudo das perturbações é a principal chave para se testar modelos cosmológicos. As perturbações não só explicam alguns dos porquês da história do universo, como revelam até mecanismos quânticos que podem ter sido a chave para o aparecimento das estruturas do universo.l Há uma multiplicidade brutal de “modelos cosmológicos” no mercado; apesar disso, o “modelo padrão inflacionário” tem se mantido de longe a teoria mais consistente e bem testada. As possibilidades para aplicações de física teória em cosmologia são ilimitadas: hoje em dia a qualidade das observações é tal que podemos seriamente começar a fazer perguntas que até pouco seriam consideradas absurdas. Os limites do universo observável estão sendo empurrados num ritmo tal que este curso corre sério risco de caducar (ou até se tornar irrelevante) nas próximas semanas. Então, fique esperto!